terça-feira, 11 de setembro de 2018

Paulo Celso Pereira: Solidariedade não reverteu rejeição a Jair Bolsonaro

- O Globo

A facada desferida em Jair Bolsonaro (PSL) gerou ampla solidariedade de seus adversários na disputa presidencial, mas não reverteu a crescente rejeição ao deputado. Apesar de ter flutuado de 22% para 24% nas intenções de voto, a pesquisa Datafolha de ontem, a primeira após o atentado, mostrou que o percentual dos eleitores que não votariam de forma alguma no ex-capitão foi para 43%. Há 20 dias, quando Lula ainda era citado, ela estava em 39%.

Para piorar sua situação, Bolsonaro não lidera nenhum cenário de segundo turno. Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) ampliaram a vantagem que tinham contra ele, mas a grande novidade é que, agora, até Fernando Haddad (PT) já surge numericamente à sua frente, com 39% a 38%, em empate técnico. Na sondagem anterior, Bolsonaro tinha os mesmos 38%, mas o petista figurava com 29%. Na semana que antecedeu a facada, o deputado foi alvo de campanha de desconstrução no rádio e na TV.

Analisando apenas o cenário de primeiro turno, Marina Silva (Rede) é quem sai pior. Antes consolidada na segunda posição, com 16%, a ex-senadora caiu cinco pontos percentuais, chegando a 11%, e embolou-se em um quádruplo empate, numericamente atrás de Ciro, que, como já havia mostrado o Ibope, cresceu três pontos e chegou a 13%, e logo à frente de Alckmin, com 10%.

O impacto da TV, observado no crescimento da rejeição a Bolsonaro, também foi visto no forte avanço de Haddad. Antes mesmo de ser oficializado candidato, o que só deve ocorrer hoje, o petista saltou de 4% para 9% —o que o coloca nesse amplo empate, no limite da margem de erro. O ex-prefeito conseguiu avançar em todos os cenários de segundo turno.

Outro que colheu boas notícias foi Ciro Gomes. O pedetista não só cresceu acima da margem de erro no primeiro turno, como também avançou nas simulações de segundo turno —venceria hoje Marina, Bolsonaro e está numericamente à frente de Alckmin, empatado no limite da margem de erro.

O tucano, por sua vez, colheu más e boas notícias. A boa é que sua estratégia de atacar Bolsonaro comprovou-se efetiva mesmo depois do atentado, facilitando o avanço de sua estratégia de mostrar-se como único candidato com condição de derrotar a esquerda. A má notícia é que, apesar de quase monopolizar a TV, seu crescimento no primeiro turno foi pífio: um ponto.

A dúvida sobre a possibilidade de ocorrer uma “onda laranja” em torno de João Amoêdo não se confirmou. O candidato flutuou de 2% para 3% e acabou empatado com Alvaro Dias (Podemos) e Henrique Meirelles (PMDB) no pelotão de trás.

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