segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Presidenciáveis são confrontados com casos de corrupção

Alckmin diz que situação de Aécio é diferente da de Lula, já condenado; Marina é questionada sobre não ter deixado PT logo depois do mensalão

Adriana Ferraz, Gilberto Amendola, Marianna Holanda e Pedro Venceslau | O Estado de S. Paulo

O primeiro debate após o atentado contra o candidato Jair Bolsonaro (PSL), promovido ontem pelo Estado em parceria com a TV Gazeta, a Rádio Jovem Pan e o Twitter, retomou a discussão sobre o combate à corrupção nos embates entre os postulantes ao Planalto. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) respondeu pela primeira vez em um encontro com adversários sobre a acusação de improbidade administrativa em ação apresentada pelo Ministério Público de São Paulo, no dia 5. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT também foram alvo.

O tema da corrupção dominou o segundo bloco do debate. Já na primeira pergunta, Alckmin teve de responder sobre a ação na qual é acusado de enriquecimento ilícito por suposto caixa 2 da Odebrecht na campanha de 2014. “Estranho que isso (a acusação) ocorra a menos de 30 dias das eleições.”

Ao ser questionado por Marina Silva (Rede), o tucano disse que é preciso diferenciar o caso de Lula, condenado a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, e do senador Aécio Neves. “Ele (Lula) foi condenado em segunda instância. Aécio nem julgado foi. Lei é para todo mundo. Quem deve, deve responder, deve ser punido. Quem não deve, deve ser absolvido.”

Marina respondeu que “PT e PSDB passaram a ser faces da mesma moeda”. “O que diferencia

Aécio é o fato de ter foro privilegiado. Por isso, somos a favor de acabar com o foro, para não criar dois pesos e duas medidas no processo de combate à corrupção”, disse Marina. Na tréplica, Alckmin relembrou o passado petista da candidata. “Marina esteve 20 anos no PT. Em 2006, ocorreu o mensalão. Ela não saiu do PT. Só saiu em 2008. Nós sempre estivemos do outro lado de onde estava o PT.”

Já o candidato do MDB, Henrique Meirelles, foi questionado sobre investimentos que possui nas Bermudas, no Caribe. O emedebista disse que seus investimentos estavam em uma fundação “com finalidade de investir em educação no Brasil” depois que ele morrer.

Ciro Gomes (PDT), que levantou a questão em entrevistas recentes, chegou a elogiar o adversário. “Fui colega do Meirelles e tenho apreço por ele. Não é uma pessoa desonesta. Mas o Brasil permite de forma imoral a ele, que comandou a autoridade monetária, que vigia taxa de juros, e aos brasileiros abastados manterem mais de R$ 500 bilhões no estrangeiro.”

Lava Jato. Ciro foi questionado se vai apoiar a Lava Jato ou vai colocá-la “na caixinha”. O pedetista afirmou que operação “pode ser uma virada histórica”, mas criticou a “Justiça barulhenta”. Alckmin disse dar “total apoio à Lava Jato”.

Os dois discordaram sobre a prisão de Lula. Ciro disse que “política é política e direito é direito”. “O Brasil garante quatro graus de jurisdição, o que é uma aberração. Lula está com pena executada na segunda instância. Isso é novo”, disse Ciro. Alckmin afirmou que a prisão em segunda instância é correta.

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