sexta-feira, 19 de outubro de 2018

PT pede ao TSE inelegibilidade do candidato do PSL

A campanha de Fernando Haddad entrou com ação no TSE pedindo a inelegibilidade de Bolsonaro caso investigação do órgão comprove abuso de poder econômico pelo adversário. Reportagem da “Folha de S. Paulo” informou que empresas custearam divulgação de mensagens pelo WhatsApp contra o PT, o que é proibido.

WhatsApp: PT vai à Justiça contra Bolsonaro

Após jornal publicar que empresários financiaram irregularmente a divulgação em série de mensagens no aplicativo, campanha de Haddad pede investigação; presidente do PSL diz ser ‘impossível controlar rede’

Bruno Góes, Sérgio Roxo e Dimitrius Dantas | O Globo

BRASÍLIA E SÃO PAULO – A campanha do candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, protocolou ontem uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que a Corte abra uma investigação com o objetivo de apurar possíveis crimes eleitorais cometidos pela candidatura de seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL). O PT afirma que a campanha cometeu “abuso de poder econômico” e “uso indevido de comunicação digital”.

O pedido é baseado em reportagem publicada ontem pela “Folha de S. Paulo”, segundo a qual empresas estariam favorecendo a campanha de Bolsonaro ao comprar pacotes de divulgação em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp. Segundo a reportagem, a prática é ilegal porque representa doação eleitoral de empresas a políticos, ação já proibida pela Justiça Eleitoral e que configuraria o uso de caixa dois.

FACHIN PEDE “FAIR PLAY”
Os contratos, diz a reportagem, chegariam a até R$ 12 milhões pelos disparos de centenas de milhões de mensagens, com o uso de bases irregulares de números de telefone. A distribuição de conteúdo seria feita a partir de administradores de grupo no aplicativo que usam celulares com códigos de outros países para escapar de limitações do WhatsApp, como o número máximo de encaminhamentos de mensagens.

Haddad subiu o tom contra o adversário:

— O meu adversário, deputado federal por 28 anos, criou uma organização criminosa de empresários que, mediante caixa dois, dinheiro sujo, está patrocinando mensagens, pelo WhatsApp, mentirosas — disse o candidato do PSL à “Rádio Tupi”.

Ainda no documento protocolado pelos advogados do PT —um pedido para a abertura de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) —, há também a indicação para que, caso sejam comprovados os crimes, o candidato do PSL seja declarado inelegível por oito anos.

“SEM FAKE NEWS"
Em transmissão ao vivo em rede social, Jair Bolsonaro negou que tenha feito uso irregular de impulsionamento no aplicativo:

— Não precisamos de fake news para combater o Haddad. A verdade é mais que suficiente. Todos lembram dos 13 anos de PT. Aí sim: caixa dois, corrupção generalizada, assalto à Petrobras, queda nos fundos de pensão... esse é o PT.

O presidente do PSL, Gustavo Bebianno, disse ontem que é impossível controlar a ação de apoiadores da candidatura de Bolsonaro e que não tem nada a temer:

— Nem o PSL, nem a campanha do candidato, e muito menos Jair Bolsonaro se prestam a esse tipo de papel. Toda e qualquer doação feita até hoje, fosse para o PSL ou para a campanha do candidato, são recursos doados via nossa plataforma, de acordo com a legislação.

O presidente do PSL afirmou que nunca houve a contratação de impulsionamento para ampliar o alcance das publicações nas redes sociais, e que o aumento da rede de Bolsonaro é fruto de um crescimento “orgânico”. Bebianno disse ainda que Haddad será processado pelas acusações.

— Óbvio que existe sempre a possibilidade de apoiadores de um lado e de outro lançarem mão de suas redes sociais para se manifestar. Impossível você controlar — disse Gustavo Bebianno. Óbvio (que defende a investigação), mas não depende de nós —acrescentou.

Em reunião com advogados de Bolsonaro e Haddad, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse ontem que as fake news são negativas para a democracia e o eleitor:

—Construir a democracia é elaborar proposta de campanha, todas elas destinadas a conquistar a vontade do eleitor. E o eleitor, nessa parte, é o ator principal. Ele tudo pode, mas nem tudo convém. As fake news, certamente, não convêm ao eleitor nem à democracia.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin também foi do encontro e pediu jogo limpo às campanhas:

— Pratiquemos o fair play que significa cumprir e fazer cumprir as regras do jogo. Haverá um Estado a gerir e uma sociedade a atender em todas as manhãs seguintes ao pleito eleitoral.

(Colaboraram Jussara Soares e Marco Grillo)

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