sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Jornais e agências são barrados em entrevista coletiva

Equipe de Bolsonaro dá acesso somente a emissoras de televisão e sites; questionado, presidente eleito diz que não faz restrição

- O Globo

O staff do presidente eleito, Jair Bolsonaro, proibiu a entrada de parte dos profissionais de imprensa que aguardavam o começo de uma entrevista coletiva, na tarde de ontem. Apenas emissoras de televisão e sites foram autorizados a entrar no seu condomínio, na Barra da Tijuca, apesar da solicitação de credenciamento ter sido feita por todos os repórteres. Jornais e agências internacionais foram barrados.

Uma agente da Polícia Federal destacada para fazer a triagem dos veículos autorizados alegou questões “de espaço físico” para impedir a entrada de representantes de todos os jornais e das rádios presentes. Em outro momento, ela afirmou que a autorização dos profissionais era “de dentro para fora”, explicando que a ordem partiu de dentro da casa do Bolsonaro. Ao todo, 21 pessoas tiveram a permissão para ir à entrevista.

Questionado sobre os critérios para a seleção dos repórteres, Tercio Arnaud Tomaz, que se apresentou como assessor de comunicação do presidente eleito, afirmou que apenas TVs participariam da entrevista, apesar de profissionais de sites terem sido autorizados. É praxe, no entanto, que coletivas de autoridades permitam a participação de todos os meios profissionais de comunicação.

Durante a entrevista, questionado sobre o porquê de veículos impressos, como O GLOBO, Valor, “Folha de S.Paulo” e “Estado de S.Paulo”, além de agências internacionais, terem ficado fora da coletiva, Bolsonaro respondeu:


—Ah, não sei. Quem marcou isso não fui eu, tá ok? Eu tenho consideração com vocês, eu não mandei restringir ninguém, não.

Outros integrantes da equipe de Bolsonaro também foram questionados sobre os critérios da escolha de profissionais e o porquê de Bolsonaro não se colocar à disposição para responder perguntas de todos os veículos. Não houve resposta.

Desde que voltou ao Rio no fim de setembro, após 23 dias internado no Hospital Albert Einstein em São Paulo, Bolsonaro tem aberto sua casa para receber grandes grupos de apoiadores, como ocorreu ao ser visitado por dezenas de parlamentares das bancadas da bala, evangélica e do agronegócio, por exemplo.

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