segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Opinião do dia: Luiz Sérgio Henriques*

Obviamente, a esquerda cuja necessidade postulamos, e sem a qual o País perde uma escora fundamental, opera em outro registro: instrumento da presença dos subalternos na cena pública, não perde de vista o centro político nem com ele se relaciona em termos de cooptação e domínio. Dividir o País em metades antagônicas, para ela, é e sempre será uma irresponsável alternativa anunciadora de tensões e retrocessos, como era previsível que acontecesse e, de fato, veio a acontecer.

São tempos difíceis para as democracias, muitas das quais mais amadurecidas e testadas do que a nossa. Partidos e representação estão sob ataque de adversários daquilo que, de modo não raro equívoco, se passou a chamar de “sistema”. A verdade é que, sem um centro e uma esquerda de novo tipo, o caminho para a transformação das relações entre cidadãos e poder, gente comum e elite política, estará fechado. E o risco será o da crescente ingovernabilidade de fatos e processos que, ainda que os chamássemos de inéditos, estaríamos recorrendo a um eufemismo.

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✽Tradutor e ensaísta. É um dos organizadores das ‘obras’ de Gramsci no Brasil, ‘A esquerda é necessária’, O Estado de S. Paulo, 16/12/2018.

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