terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Opinião do dia: Fernando Henrique Cardoso*

Posta a dúvida, construamos caminhos mais razoáveis. Pelo menos no que está ao alcance da nossa mão. O Brasil precisa, urgentemente, de bom senso. Se as forças não extremadas se engalfinharem para ver quem entre vários será o novo líder e não forem capazes de criar consensos em favor do País e do povo, o pior acontecerá. No afã de juntar, importa diminuir as divergências sobre o que não é essencial. Com esperança, e falo simbolicamente, as forças representadas (ou que os adiante mencionados gostariam de representar) por Alckmin, Marina, Meirelles, Joaquim Barbosa, ou quem mais seja (incluídos os setores ponderados da esquerda) precisam entender que os riscos se transformam em realidade pela inércia, pela covardia ou pela falta de visão dos que poderiam a eles se opor.

Bom 2018!
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*Sociólogo, foi presidente da República. “Ainda há tempo?”, O Estado de S. Paulo, 7/1/2018

*Sergio Amaral: A volta de um mundo bipolar?

- O Estado de S.Paulo

Relações entre EUA e China despontam como principal eixo de novo ordenamento mundial

Com o fim da guerra fria, o confronto entre Washington e Moscou parecia ceder lugar a um mundo unipolar, sob a égide dos Estados Unidos, de sua visão de mundo e de suas instituições, assim como de sua supremacia econômica e militar. Aos poucos, no entanto, os fatos mostraram que não era bem assim.

Os Estados Unidos continuavam a ser, como serão por um bom tempo, o primus inter pares. Mas a China já afirmava sua aspiração a ser um entre os grandes. A Rússia buscava com determinação restaurar o poder e o território que havia perdido, como evidenciou na ocupação da Crimeia. A Europa, desvendava a força de seu soft power ao seduzir a Ucrânia a deixar a órbita de influência russa. Sem falar no Japão, que conta com o peso político que corresponde ao tamanho de sua economia.

O fato é que o novo século trouxe de volta a geopolítica e, com ela, a fisionomia de um novo mundo multipolar, que inclui igualmente potências médias e líderes regionais, tais como a Índia, o Brasil, o México, a Indonésia e a África do Sul, entre outros.

*Rubens Barbosa: O Brasil e as perspectivas globais para 2018

- O Estado de S.Paulo

A eleição presidencial representará um divisor de águas para as próximas gerações

O cenário político e econômico global dos últimos anos, em linhas gerais, deverá manter-se em 2018. A instabilidade política e as incertezas na economia deverão continuar a ser algumas das referências mais significativas dos formuladores de decisão em todos os países.

O Grande Oriente Médio permanecerá como um dos principais focos de atenção pelo acirramento das tensões entre Israel e palestinos em razão da decisão do governo de Washington de considerar Jerusalém a capital de Israel e pelo fim dos conflitos na Síria e no Iraque e o início da reconstrução desses países. A situação interna na Arábia Saudita, a rivalidade com o Irã e a guerra com o Iêmen, além da contestação política contra o governo de Teerã, são elementos adicionais que a qualquer momento podem perturbar nas relações internacionais.

O programa balístico e nuclear da Coreia do Norte, contestado abertamente pela comunidade internacional liderada pelos EUA, é o único exemplo em que a eventual perda de controle da situação poderá significar uma ameaça de guerra nuclear, pela imprevisibilidade das reações de Donald Trump e Kim Jong-un.

O comportamento errático de Trump em relação à Rússia de Vladimir Putin e à China de Xi Jinping, ambos com projetos de ocupação de maiores espaços globais, acrescenta incertezas geopolíticas, sobretudo à luz da nova doutrina americana de segurança nacional, que considera esses países como inimigos. A economia dos EUA deve crescer em virtude das medidas econômicas da administração republicana, enquanto não ficar claro se o equilíbrio macroeconômico será prejudicado pela redução dos impostos e pelo prometido aumento nos gastos públicos com programas de infraestrutura.

Merval Pereira: Huck e Oprah

- O Globo

O que Oprah e Luciano Huck têm em comum. A televisão de entretenimento no domingo trouxe ao debate dois fatos políticos importantes, aqui e nos Estados Unidos, por motivações idênticas, levando a especulações sobre candidaturas presidenciais de Luciano Huck e Oprah Winfrey, ambos, guardadas as devidas proporções, apresentadores de programas de grande audiência em seus países.

Odesgaste dos políticos profissionais é um fenômeno presente em vários países do mundo, e já teve sua consequência máxima ao ajudar a eleger Donald Trump presidente dos Estados Unidos. Daí a especulação sobre Oprah, que na festa do Globo de Ouro fez um discurso típico de candidata, e foi ajudada pelo apresentador da noite, o ator e comediante Seth Meyers, que foi sutil ao sinalizar essa possibilidade.

Ao se referir a ela, que recebia naquela noite o Prêmio Cecil B. DeMille, lembrou que em 2011 contara algumas piadas sobre o atual presidente no jantar dos correspondentes da Casa Branca, sobre como ele não tinha qualificação para ser presidente, e alguns garantem que naquela noite ele se convenceu a concorrer. “Então, se isso for verdade, só quero dizer: Oprah, você nunca será presidente! Você não tem o que é preciso!”.

Raymundo Costa: Governo novo, Congresso velho

- Valor Econômico

Renovação da Câmara deve ficar abaixo dos 45%

Seja um nome novo ou mais experiente, o presidente a ser eleito em outubro terá de conviver com um Congresso não muito diferente do atual. De acordo com as previsões mais atualizadas do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), a renovação da Câmara deve ser de 45% dos deputados ou menos, abaixo da média histórica de 49%. O número de partidos representados no Congresso deve cair de 28 para algo em torno de 18, o que ainda é muito para uma relação política saudável e eficiente entre o Legislativo e o Planalto.

O Congresso provou e gostou de compartilhar o governo. O governo Temer pediu muito do Legislativo e levou bastante, sendo sempre com reciprocidade. Não é à toa que se fala nos corredores do Congresso que é difícil distinguir se Temer tem uma base de apoio ou se é a base que tem um presidente. É nesse contexto, por exemplo, que a candidatura do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), floresce entre partidos aliados do Planalto. O pai, Cesar, é contra, acha que o filho tem ainda muita estrada pela frente, mas os simpatizantes de Rodrigo falam que não vão entregar os êxitos das reformas para o ministro Henrique Meirelles (Fazenda). Rodrigo seria uma espécie de "candidato da geração" capaz de conduzir com profissionalismo as relações do Executivo com o Legislativo.

Hélio Schwartsman: Casa soturna

- Folha de S. Paulo

"Fire and Fury" (fogo e fúria), o livro de Michael Wolff sobre o governo Trump, é definitivamente um "page-turner". Depois que você começa a lê-lo, é difícil largar. Numa descrição sumária, trata-se de uma contundente, quase cruel, coleção de fofocas que pintam Trump como um narcisista no limite do retardo mental cercado de familiares e assessores que travam uma guerra civil para tentar, quase sempre em vão, influenciar o presidente. O que confere gravidade àquilo que, em condições normais, não passaria de um amontoado de mexericos é o fato de que Trump comanda a maior potência econômica e militar do planeta.

Deve haver muitas verdades no livro, mas, como o autor não é a "mosca na parede" que diz que gostaria de ter sido, ele não presenciou os diálogos que registra. Sua narrativa se apoia em entrevistas com pessoas que participaram, testemunharam ou ouviram relatos dessas conversas. E, como todos os envolvidos são parte interessada, não é trivial reconstituir uma versão coerente dos fatos. Esse, contudo, é o desafio do trabalho jornalístico, que, em algum sentido, pode ser descrito como a realização diária de uma impossibilidade teórica.

Eliane Cantanhêde: De audácia a masoquismo

- O Estado de S.Paulo

O governo Temer sacoleja de recuo em recuo; o último deles na PEC da ‘regra de ouro’

Depois de atrair chuvas e trovoadas, até fora do País, com a intenção de flexibilizar a “regra de ouro” do equilíbrio fiscal, o presidente Michel Temer decidiu mais uma vez voltar atrás. Henrique Meirelles alegou que a discussão “não é adequada ao momento”. Óbvio que não é. E, se não é, por que foi lançada? Para causar mais um enorme desgaste por nada?

Já se escreveu neste espaço sobre a audácia de Temer, mas essa audácia tem pitadas de masoquismo. Ele se mete nas maiores confusões, passa dias “apanhando” mais de aliados do que de adversários, de especialistas de diferentes tendências e até de analistas do exterior, e depois é obrigado a recuar. O governo sacoleja com um recuo atrás do outro.

Se a prioridade das prioridades é tentar aprovar a reforma da Previdência em fevereiro na Câmara, para que meter no meio a mudança na regra de ouro? Não bastava uma guerra? Temer não consegue votos nem para a Previdência e, não custa lembrar, foi formalmente por pedaladas fiscais, para dissimular o rombo e continuar gastando em ano eleitoral, que Dilma caiu.

Pela regra, a União só pode emitir dívida para amortizar dívida ou para investimento, mas Temer articulava uma Proposta de Emenda à Constituição para poder cobrir também as despesas correntes, ou seja, para manter a máquina. O deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) alertou: se a PEC passa, no dia seguinte as agências de risco rebaixam de novo a nota brasileira. A Espanha, por exemplo, tem pesados investimentos na telefonia e na exploração do pré-sal e está atenta ao descontrole fiscal no Brasil.

Joel Pinheiro da Fonseca: Transparência e sigilo

- Folha de S. Paulo

O uso do poder para o bem comum e o cálculo amoral de como conquistar e manter poder andam juntos

Os desejos do público nem sempre coincidem com o real interesse do público. Por exemplo: a população está -com razão- preocupada com a segurança, e a resposta espontânea para esse problema são punições mais severas, inclusive a pena de morte. Contudo, as melhores evidências apontam que esse não é um caminho eficaz para reduzir a violência.

Nessa situação, o que um político pode fazer? Ele pode abertamente ignorar o desejo popular, ou tentar persuadir o eleitorado a mudar de ideia. Em ambos os casos, não terá sucesso. O tempo da política é muito diferente do tempo de uma campanha educacional ou cultural, que pode levar décadas. Ou então ele pode surfar a opinião pública e, uma vez no poder, implementar as medidas que realmente funcionam.

Luiz Carlos Azedo: O poderoso Huck

- Correio Braziliense

As velhas raposas políticas costumam dizer que ninguém é candidato de si mesmo. É um princípio basilar que precisa ser levado a sério por todos que têm pretensões eleitorais

Uma entrevista como a de Luciano Huck no Faustão de domingo não acontece por acaso, nem pode ser avaliada como algo trivial, sem conotação política. Mesmo que as intenções do apresentador e da direção da TV Globo fossem desfazer a ideia de que ele pode vir a ser candidato a presidente da República, o que todo mundo tem o direito de duvidar, o efeito de sua entrevista ao lado da mulher, a também apresentadora Angélica, foi posicioná-lo novamente como possível candidato. E mais do que isso, alavancá-lo nas próximas pesquisas de opinião. Na ambiguidade que costuma tecer o processo político, Huck pode não ser candidato, mas sua candidatura, eleitoralmente falando, já existe.

As velhas raposas políticas costumam dizer que ninguém é candidato de si mesmo. É um princípio basilar que precisa ser levado a sério por todos que têm pretensões eleitorais. Na entrevista, Huck negou mais uma vez que é candidato, mas se colocou aberta e francamente como um protagonista do processo eleitoral de 2018: “Neste momento, se eu me isentar de tentar melhorar, eu estaria sendo covarde. Não quero que seja uma pretensão minha (ser presidente) e não quero ser pretensioso de maneira nenhuma. O que estou fazendo, e vou continuar fazendo, é tentar mobilizar uma geração inteira, não importa se é de direita ou de esquerda, não acredito mais nisso. E não queria fazer isso pelos partidos políticos, porque eles estão derretendo, temos que ocupar de novo. Optei por fazer pelos movimentos cívicos, gente da sociedade civil que está a fim de se juntar para ter ideia e falar ‘quero ser deputado’, ‘quero ser governador’, ‘quero ser senador’, e mobilizar essas pessoas a se lançarem na política para tentar renovar”.

Marco Antonio Villa: Anitta e a República dos Rastaqueras

- O Globo

A decadência cultural do país é inquestionável. A ignorância se transformou em política oficial. Quanto mais medíocre, melhor

O Brasil vive uma crise de identidade cultural. Ao longo do século XX, foi recorrente a busca incessante de interpretações do nosso país. A grande migração do Nordeste para o Sudeste e os deslocamentos do campo para a cidade transformaram radicalmente o país. O nascimento das primeiras metrópoles e suas profundas contradições sociais e políticas fomentaram a necessidade de compreender o momento histórico. Tudo era novo, e as antigas leituras não davam conta das transformações que estavam ocorrendo em ritmo acelerado. O velho ufanismo do Conde de Afonso Celso era ridicularizado. O Brasil moderno necessitava da crítica, e não da apologia despolitizada do passado e do presente.

Na literatura, no cinema, nas artes plásticas, na música foi sendo construída a nossa identidade cultural, produto complexo, contraditório, mas que possibilitou estabelecer diálogo entre as diferentes regiões do país, as classes sociais, os desafios políticos e a elite dirigente. A cultura brasileira tinha uma presença no mundo ocidental. Dialogava com o que havia de mais moderno. Em algumas áreas, acabou se transformando em referência para outras culturas.

Affonso Celso Pastore*: A regra de ouro e a trindade impossível

- O Estado de S.Paulo

Em vez de acentuar o ajuste fiscal, o governo o afrouxa e libera mais gastos para tentar aprovar a reforma da Previdência

Quando o Plano Real optou pela âncora cambial, mas queria também o peso de uma âncora monetária, foi obrigado a elevar os controles aos ingressos de capitais e o recolhimento compulsório sobre os depósitos bancários, evitando o que Mundell chamou de “trindade impossível” – a impossibilidade de ter simultaneamente câmbio fixo; liberdade de fluxos de capitais; e controle monetário. Questionado sobre qual âncora lançaria para sustentar a estabilidade de preços, Gustavo Franco deu a resposta de Vasco Moscoso de Aragão ao marinheiro que se preocupava com a aproximação da tempestade: lance todas as âncoras.

Para truncar o crescimento explosivo da dívida pública o governo tinha de controlar o crescimento dos gastos, e deu um sinal forte com a aprovação do congelamento dos gastos primários em termos reais. Mas pontas ficaram soltas, a mais importante das quais é que mais de 40% dos gastos primários vêm do déficit da Previdência. Como os gastos com a Previdência estão fora do congelamento, e a dinâmica demográfica vem reduzindo a proporção de jovens, que contribuem, e aumentando a de idosos, que recebem os benefícios, a menos que se aprove uma reforma da Previdência, o teto de gastos não se sustenta.

Míriam Leitão: Para sair do impasse

- O Globo

Orçamento de 2019 não poderá ser feito enquanto a lei não for alterada, e governo prepara uma série de medidas que ainda serão apresentadas como contrapartida. O governo quer a suspensão da regra de ouro junto com um conjunto de medidas: a possibilidade de usar recursos de superávits passados que estão na conta única, mudar o artigo constitucional que dá aos servidores direito a aumento salarial todo ano, reduzir carga horária e salário de servidor. Para o governo, 2019 é o ano que já começou. Ele tem que preparar o Orçamento e há um impasse.

Quando o ministro Henrique Meirelles fala em adiar a discussão é porque houve forte reação. Mas no governo admite-se que dá para fechar as contas de 2018, mas não dá para fazer o Orçamento do próximo ano. A ideia é apresentar um conjunto de propostas junto com a suspensão da regra de ouro.

Algumas delas: na conta única estão receitas de impostos que tinham destinação específica, não usadas nos anos em que houve superávit. Pela lei, essa receita só pode ser usada naquele objetivo para a qual estava destinada. A Cide, por exemplo, que é para investimento em estradas. O governo quer a liberdade de remanejar esses recursos. Outra mudança é no artigo da Constituição que dá ao funcionário público o direito a reajuste anual. O governo quer não reajustar durante a crise. A terceira medida seria a possibilidade de reduzir horas trabalhadas de servidores de áreas não essenciais para diminuir os salários. O ministro Teori Zavascki morreu antes de julgar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo sobre isso.

Yoshiaki Nakano: Incerteza política e economia

- Valor Econômico

Incertezas políticas agudas foram incorporadas nas decisões dos agentes econômicos como a nova normalidade

O quadro político ainda é de grande incerteza e, como 2018 será o ano de eleição presidencial, a indefinição sobre o futuro que nos espera é ainda maior. Com o nível tão alto de incerteza, é até contraditório que a economia esteja em plena recuperação, ainda que lentamente. Desde 2014, o quadro político quebrou a confiança da sociedade e nos lançou numa profunda recessão. Mas isto já é o passado. Precisamos olhar para o futuro e construir novas esperanças e sonhos.

Olhando para este ano, os otimistas esperam que a economia brasileira cresça pelo menos 3 %. Os mais cautelosos ficam entre 2,5% e 3%. Portanto, há uma grande convergência e concordância de que estamos em plena recuperação cíclica. Entretanto, ninguém espera uma retomada do crescimento, muito menos de forma sustentada, e todos tendem a concordar que o crescimento potencial da economia brasileira, se mudou, foi para pior.

A atual conjuntura econômica indica que houve um certo descolamento entre a incerteza e instabilidade políticas e a economia. Isto é até compreensível, pois o comportamento humano é flexível e tende a se adaptar e aceitar como "normais" situações antes consideradas caóticas e de quase pânico, o que tipicamente geraria uma crise econômica de confiança. Esse tipo de comportamento humano é confirmado quando construímos índices de percepção de criminalidade da população. Por exemplo, o índice de percepção de criminalidade da população, em cidades nas quais a ocorrência de fatos como assassinatos e assaltos é elevada e recorrente há muito tempo, é muito menor do que em cidades em que esses crimes não ocorriam e passaram a ocorrer recentemente. Até mesmo os altos índices de ocorrência de crimes fazem com que a população se acostume e passem a ser "normais".

Maia trabalha para minar candidatura de Meirelles

Cotado pelo DEM para ser candidato ao Planalto, presidente da Câmara atua para atrapalhar movimentação de ministro da Fazenda na disputa pela Presidência

Igor Gadelha - O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), atua para minar a candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), ao Palácio do Planalto. Aposta de seu partido para disputar a Presidência da República, o parlamentar fluminense, antes alinhado com o chefe da economia do governo Michel Temer, agora busca distinguir o seu perfil e o de Meirelles.

A movimentação ocorre em meio à crescente “agenda eleitoral” do titular da Fazenda – na sexta-feira, Meirelles participou de evento evangélico em Brasília, por exemplo. Aliados de Maia e integrantes do próprio governo passaram a intensificar ataques ao ministro. “Em vez de falar em eleições, ele deveria estar centrado na estratégia para aprovar a reforma da Previdência”, disse o deputado Pauderney Avelino (AM), secretário-geral do DEM.

O ministro da Secretaria-Geral, Moreira Franco, afirmou em entrevista ao Estadão/Broadcast que Meirelles, para ser candidato ao Planalto, “tem de trabalhar” e disse que a porta está “aberta” para o PSDB.Maia, Meirelles e o governador tucano Geraldo Alckmin tentam se apresentar como a candidatura de centro e sonham com o apoio dos partidos da base governista. Temer, para aglutinar essas forças em torno de um nome, tem exigido a defesa de seu legado econômico.

Maia traça agenda com aliados para tentar viabilizar candidatura

Marina Dias, Bruno Boghossian / Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já selou acordo com dois partidos da base do governo de Michel Temer e tenta traçar uma agenda de viagens pelo país para viabilizar sua candidatura ao Palácio do Planalto.

As conversas com PP e Solidariedade começaram a ganhar corpo há pouco mais de dois meses, às vésperas da votação da segunda denúncia contra Temer na Câmara.

Naquela metade de outubro, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), foi à residência oficial do presidente da Câmara e ofereceu apoio de seu partido a qualquer projeto político que ele tivesse para as eleições de 2018.

Ele argumentava que não endossaria nenhum movimento para derrubarTemer e levar o deputado naquele momento ao Palácio do Planalto -mas a dupla selava ali um acordo que os unia em um projeto ainda mais ousado: a candidatura de Maia à Presidência da República.

O encontro foi o embrião de negociações que se intensificaram nos meses seguintes. Desde então, Maia passou a admitir explicitamente, em conversas reservadas, que tentará construir uma aliança para se lançar à sucessão de Temer em outubro.

O presidente da Câmara decidiu procurar empresários e outros partidos para dar sustentação a essa candidatura, além de traçar uma agenda de viagens para se tornar mais conhecido e elaborar discurso para conquistar o voto do eleitor de centro.

Nas últimas semanas, Maia discutiu essa potencial campanha em novas conversas com a cúpula do PP e com dirigentes do Solidariedade.

Na sexta-feira (5) em São Paulo, o presidente da Câmara se reuniu com um dos principais entusiastas de sua candidatura, o deputado Paulinho da Força (SD-SP).

Maia defende mais de um candidato de centro

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirma que é “arrogante” a tese de que o centro só vencerá a eleição presidencial se tiver apenas um nome na disputa. Pela primeira vez, ele não descarta concorrer ao Planalto caso consiga formar uma ampla aliança de partidos.

O presidente da Câmara dos Deputados considera que o centro pode ter mais de um candidato nas eleições presidenciais e, pela primeira vez, não descarta o seu próprio nome como uma das opções para a disputa em outubro. No Rio de Janeiro, Maia também sugere seu pai como a melhor alternativa para suceder Luiz Fernando Pezão no Palácio Guanabara

Entrevista Rodrigo Maia: ‘Sou cogitado porque há uma avenida aberta

Maiá Menezes, Thiago Prado e Jeferson Ribeiro / O Globo

• O senhor acha que o centro deveria ter apenas um candidato para enfrentar Lula e Bolsonaro?

Acho arrogante a tese de que só um pode ser candidato no nosso campo. Serão construídas as candidaturas que tiverem êxito em viabilizar seus projetos. Como há muitos partidos hoje no Brasil, uma sigla pode construir apoios com três alianças e outra, com quatro. Ir para a eleição de primeiro turno com a preocupação de que vai dividir muito um campo ou outro, que vai inviabilizar A, B ou C acho um erro. Considero importante que se construa de forma natural uma ou duas alianças. Ou três. O que for melhor. O que não pode é a imposição ao outro de uma aliança. Se, por exemplo, o (Geraldo) Alckmin se viabilizar por um lado e o (Henrique) Meirelles se viabilizar por outro, por que um tem que abrir mão para o outro?

• Estamos em janeiro e outros précandidatos do centro não conseguiram emplacar. Por quê?

É mais fácil um discurso populista sobreviver em um país com tanta desigualdade como o nosso. É mais fácil, e aí é competência do (Jair) Bolsonaro, que tem um discurso mais radicalizado na questão dos valores e da segurança. A agenda mais racional, que é a que defendemos, demora mais para entrar na agenda no cidadão. E será mais difícil ainda crescer num cenário onde não haverá inserções partidárias no primeiro semestre. Aquele que disputar a eleição com esse perfil, não sonhe com indicadores de intenção de voto muito promissores nos primeiros meses do ano. Vai ser eleição de chegada.

• É neste contexto que o senhor acha que o seu nome começou a ser especulado para o Planalto?

Acho que é por termos um cenário de deserto na política. Se olhar o que aconteceu comigo, de julho de 2016 até agora, faço uma analogia com a revolução tecnológica. Eu saí do mundo analógico e fui para o mundo digital. Quando terminou a eleição 2014 disse que, se não me reinventasse, não teria mais de onde tirar voto. De fato, há partidos e pessoas de vários segmentos falando nessa possibilidade (candidatura Maia). Mas isso aí não significa intenção de voto. Significa que tem falta de alternativas. A posição de presidência da Câmara me dá muita exposição. Mas eu tenho dito a todos que tenho certeza que não é hora de decidir. E, segundo, não abro mão da agenda que eu acredito. Não abro mão de defender a Reforma da Previdência. De mostrar para a sociedade que não há outra solução no Brasil que não seja cortando gastos. A gente vai ter que cortar 3%, 4% do PIB nas despesas. É uma agenda polêmica, eu sei. Portanto, não é hora de decidir candidatura e, segundo, não posso criar um projeto personalista. No nosso campo hoje, infelizmente, não há ninguém com essa liderança. Portanto, esta decisão não pode ser tomada isoladamente, precisa ser construída com vários partidos.

• Mas o senhor teria coragem de se candidatar à Presidência e correr o risco de ficar sem mandato em 2019?

Uma coisa é risco e outra coisa é aventura. Eu não tenho problema de correr risco, mas não estou disposto a participar de uma aventura. Não vejo problema em discutir o assunto. Há partidos achando que eu devo avaliar. Agora, admito que o salto que preciso dar para ser candidato a algo que não seja deputado federal é muito grande. Sou deputado, nunca fui majoritário. Sei que esta seria uma construção que seria feita num ambiente em que a possibilidade de crescer nas pesquisas não é grande. Mas, se estou sendo cogitado como uma alternativa, é porque há uma avenida aberta. E quem vai dirigir por essa avenida? Quem não antecipar o processo, tiver uma base política importante e segmentos da sociedade que possa representar para largada.

• Como convencer que o centro é melhor que a polarização?

O centro não é um ponto entre direita e esquerda, ou seja, um meio do caminho entre o Bolsonaro e o Lula. O centro tem que representar um ponto em que se tenha um espaço de diálogo com todas as correntes e que represente essa capacidade de transformação que o Brasil precisa. Centro não é não querer estado máximo ou mínimo. Centro é campo político onde vai se dialogar com a sociedade.

Cobrança para deslanchar é 'sem sentido', diz

Fernando Taquari | Valor Econômico

SÃO PAULO - O governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), criticou ontem a pressão de estrategistas tucanos e dirigentes partidários que lhe cobram um desempenho melhor nas pesquisas de intenção de voto para consolidar sua candidatura à Presidência da República. A cobrança, segundo o tucano, não tem "nenhum sentido" neste momento de pré-campanha.

"Na realidade, as mudanças nas pesquisas só vão ocorrer mais perto do processo eleitoral, quando a população estiver mais focada na questão da disputa e quando os candidatos estiverem definidos. Hoje, você não sabe quem vai ser candidato", disse Alckmin, que aparece com 8% das preferências no levantamento realizado pelo Datafolha no fim de 2017.

O presidenciável tucano ainda procurou manifestar confiança em seu potencial eleitoral. "O eleitor é muito sábio. Ele observa, ele acompanha, ele se informa e compara. Então, as grandes mudanças vão ocorrer no segundo semestre. Não vai ter nenhuma mudança extraordinária neste começo de trabalho", acrescentou o governador paulista.

Reportagem do jornal "Folha de S. Paulo", publicada na edição de domingo, mostrou que parte dos tucanos e dos partidos aliados ao governo Michel Temer (MDB) entendem que, se Alckmin não atingir pelo 10% das preferências até abril, prazo máximo para desincompatibilização, será preciso buscar um novo nome para a corrida presidencial.

Alckmin diz que pressão do PSDB para que deslanche 'não tem sentido'

Thais Bilenky / Folha de S. Paulo

SÃO BERNARDO DO CAMPO (SP) - O governador Geraldo Alckmin reagiu nesta segunda-feira (8) à pressão interna no PSDB pela melhora de seu desempenho em pesquisas eleitorais como critério para a consolidação de sua candidatura à Presidência e minimizou o tom cético adotado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

"Isso não tem nenhum sentido, porque na realidade as mudanças de pesquisa só vão ocorrer mais perto do processo eleitoral, quando a população estiver mais focada na questão da disputa, quando os candidatos estiverem definidos", afirmou Alckmin.

"O eleitor é muito sábio. Ele observa, ele acompanha, ele se informa, ele compara. Então, as grandes mudanças vão ocorrer no segundo semestre. Não vai ter nenhuma mudança extraordinária nesse começo de trabalho."

Hoje no PSDB, partido que o governador preside, há uma pressão para que ele cresça em pesquisas de intenção de voto até abril para que haja consenso em torno de seu nome.

O Datafolha mostrou que o governador alcança no máximo 9% a depender do cenário testado.

Diante desse desempenho e especulações sobre candidaturas de centro e que defendam o governo Temer, FHC chegou a aventar a possibilidade de o PSDB apoiar outro nome.

"Se houver alguém com mais capacidade de juntar, que prove essa capacidade e que tenha princípios próximos aos nossos, tem que apoiar essa pessoa", disse o ex-presidente ao jornal "O Estado de S.Paulo".

Para Alckmin, é "absolutamente normal" que caciques tucanos não sejam unânimes em torno de seu nome.

"Acho até que foi deturpada a fala do Fernando Henrique. O que ele falou é o que nós defendemos. Que o Brasil está cansado de divisão, que nós precisamos ter união, para que o país retome uma agenda de reforma, de competitividade, de desenvolvimento", concluiu.

Ricardo Noblat: Fogo-fátuo

- Veja

Só para fazer barulho, mais nada

Sabe no que dará a ação do PT que deu entrada na Justiça Eleitoral contra Luciano Huck, Faustão e a TV Globo por abuso de poder econômico e dos meios de comunicação?

Em nada. Mas se provocar barulho na imprensa e nas redes sociais, o partido já se dará por satisfeito. Na verdade, a ação foi apresentada só para provocar barulho, mais nada.

Assinada pelos líderes do PT na Câmara e no Senado, a ação pede a punição dos seus alvos sob a alegação de que Huck fez campanha antecipada durante sua entrevista a Faustão no último domingo.

Huck jamais disse que é candidato ou que pretende ser – embora se comporte como candidato. Na condição de cidadão, ele pode dizer o que quiser e onde quiser.

A Justiça negou-se a punir Lula por fazer campanha antecipada. E é tudo o que ele faz. Diz que é candidato, que está pronto para governar, que será eleito, e realiza comícios pelo país a fora.

Espetacularização perniciosa: Editorial/O Estado de S. Paulo

Está previsto que no próximo dia 24 os desembargadores que compõem a 8.ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, julgarão o recurso impetrado pela defesa do ex-presidente Lula da Silva contra a sentença do juiz Sérgio Moro, que em julho do ano passado o condenou a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex no Guarujá.

Tratar o julgamento como mais um caso ordinário entre os milhões de processos que tramitam nas mais variadas esferas do Poder Judiciário é fechar os olhos para a realidade. Lula da Silva foi presidente da República por dois mandatos e, não obstante os severos danos que causou ao País, seja por seus crimes, seja por seus erros, ainda tem apelo popular para mobilizar uma expressiva parcela da sociedade em torno de seu nome, a ponto de tornar o seu status jurídico uma importante variável no cenário eleitoral deste ano.

Em contrapartida, em nada ajuda na afirmação de nossas instituições – e, em última análise, da democracia brasileira – a espetacularização do julgamento no TRF-4 que vem sendo feita tanto por grupos aliados ao ex-presidente como pelos que a ele se opõem.

Há os que vociferam por uma “invasão” de Porto Alegre no dia do julgamento, ou o “dia da ira”, como classificado pelo ex-ministro petista José Dirceu, que hoje tem os passos monitorados por um apetrecho eletrônico preso ao tornozelo enquanto também aguarda um julgamento que pode mandá-lo de volta à prisão.

Retomada da economia deve refrear o superávit comercial: Editorial/Valor Econômico

O superávit recorde de US$ 67 bilhões da balança comercial em 2017 deixou o governo entusiasmado. "Esse crescimento extraordinário mostra a retomada da economia brasileira", comemorou o presidente Michel Temer em mensagem no Twitter. O desempenho também chamou a atenção do Financial Times, que o atribuiu à expansão econômica não só do Brasil, mas da América Latina. O jornal britânico destacou especialmente o aumento das exportações de automóveis: quase um em cada três veículos produzidos no país foi para o mercado externo; e mais de 60% dos veículos Volkswagen vendidos na Colômbia foram fabricados no Brasil.

De fato, a indústria automobilística acaba de divulgar que exportou 762 mil veículos em 2017, 28% dos quase 2,7 milhões produzidos no ano, volume 25% superior ao de 2016, o que permitiu às montadoras contratarem 5,5 mil trabalhadores, depois de terem fechado 35,7 mil vagas nos três últimos anos. Os principais produtos exportados pelo país continuam sendo minério de ferro (em valor) e soja (em volume). As vendas externas de produtos básicos cresceram 28,7%; os semimanufaturados 13,3%; e os manufaturados, 9,4%. Depois de cinco anos em queda, as exportações voltaram a ganhar impulso, aumentando 18,5%, para US$ 217,7 bilhões; e as importações tiveram a primeira expansão, após três anos seguidos de retração, de 10,5%, para US$ 150,7 bilhões.

Princípio da regra de ouro é intocável: Editorial/O Globo

É preciso flexibilizar Orçamento e desindexar despesas obrigatórias, para que não haja o risco de o endividamento financiar gastos de custeio

Constam dos arcabouços jurídicos dos regimes republicamos pesos e contrapesos para manter o equilíbrio entre os poderes, sem tolher sua independência. Servem também de barreira para impedir avanços do Estado sobre os cidadãos, passíveis de ocorrerem de várias formas, às vezes muito sutis, como agora na tentação de políticos de romperem a chamada regra de ouro, uma das formas mais eficazes para impedir crises fiscais deflagradas por poderosos de ocasião.

Baixar as defesas a fim de permitir ao governo se endividar para arcar com despesas correntes — salários, aposentadorias, pensões, por exemplo — é revogar o princípio da responsabilidade fiscal, pilar da construção da estabilidade econômica empreendida a partir do Plano Real.

Por permitir a volta da inflação, a revogação ou “flexibilização” da regra de ouro não deixa de ser um ataque à cidadania. Além disso, o endividamento para gastos em custeio que se esfumaçam compromete hoje a renda de gerações futuras.

Sem fim, sem fins: Editorial/Folha de S. Paulo

A Zona Franca de Manaus é o exemplo de almanaque de como programas de benefício tributário se perpetuam e se agigantam, sob os mais variados pretextos, à medida que interesses privados e políticos passam a prevalecer sobre os objetivos originais da medida.

Criada em 1967 pelo regime militar, a ZFM proporcionaria incentivos para o desenvolvimento econômico da Amazônia. Seu prazo era de três décadas; no ano passado, ela completou meio século de vida; após sucessivas alterações, sua vigência está estabelecida na Constituição até o longínquo 2073.

Metas de fomento industrial ou regional pouco importam a esta altura. Pode-se apostar que, em qualquer cenário futuro, um poderoso lobby empresarial e parlamentar buscará nova prorrogação das benesses.

Brasil, país poupador de terras: Editorial/ O Estado de S. Paulo

Devastação de matas e agricultura predatória são dois temas frequentes quando se avalia a preservação ambiental no Brasil, num falatório mal informado, muitas vezes desonesto e frequentemente repetido, no País, pelos bem-pensantes de plantão. Quem se dispõe a discutir seriamente o assunto pode agora recorrer a informações da Nasa, a agência espacial americana. Segundo a agência, as lavouras ocupam 65,91 milhões de hectares, apenas 7,6% do território brasileiro, e a vegetação nativa é preservada em mais de dois terços da superfície do País. Esses números são muito mais compatíveis com os objetivos de conservação ambiental do que os encontrados na maior parte do mundo, incluídos os países mais desenvolvidos e apontados, costumeiramente, como os menos devastadores.

A informação da Nasa, divulgada no fim de dezembro, foi pouco difundida e escassamente comentada no Brasil. Nenhuma pessoa honestamente interessada no assunto deveria, no entanto, desconhecer os dados e negligenciar as comparações. A agricultura ocupa entre 20% e 30% da área na maior parte dos países, de acordo com o relatório, e em algumas economias importantes a parcela usada na produção rural é muito maior.

Fernando Pessoa: As quatro canções

As quatro canções que seguem
Separam-se de tudo o que eu penso,
Mentem a tudo o que eu sinto,
São do contrário do que eu sou ...

Escrevi-as estando doente
E por isso elas são naturais
E concordam com aquilo que sinto,
Concordam com aquilo com que não concordam ...
Estando doente devo pensar o contrário
Do que penso quando estou são.
(Senão não estaria doente),
Devo sentir o contrário do que sinto
Quando sou eu na saúde,
Devo mentir à minha natureza
De criatura que sente de certa maneira ...
Devo ser todo doente — idéias e tudo.
Quando estou doente, não estou doente para outra cousa.

Por isso essas canções que me renegam
Não são capazes de me renegar
E são a paisagem da minha alma de noite,
A mesma ao contrário ...