quarta-feira, 18 de abril de 2018

Opinião do dia: Editorial | O Estado de S. Paulo

Reconhecer essa incerteza não é o mesmo que transformar o futuro do País em obra do acaso, num terrível jogo do imprevisível. O cenário eleitoral aberto joga luzes sobre uma questão fundamental: a responsabilidade dos partidos políticos, minimamente preocupados com o interesse nacional, de congregarem esforços para o lançamento de candidatos viáveis, que apresentem propostas maduras, capazes de entusiasmar os brasileiros. As lideranças partidárias têm a desafiadora tarefa de construir alianças que assegurem viabilidade eleitoral às melhores propostas para o País.

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Sobre a última pesquisa DataFolha em que 67% - à intenção de voto espontâneo – declarou sem candidato, voto nulo ou branco. Editorial “O desafio das eleições”, O Estado de S. Paulo, 17/4/2018.

Merval Pereira: PSDB sem rumo

- O Globo

A decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de, por unanimidade, aceitar a denúncia contra o senador Aécio Neves, tornando-o réu de uma ação penal por corrupção ativa e obstrução da Justiça devido a um suposto empréstimo recebido em malas de dinheiro de Joesley Batista é um duro golpe não apenas no ex-candidato tucano à presidência da República como em todo o PSDB.

No plano regional, fica quase impossível Aécio Neves tentar a reeleição ao Senado, e até mesmo uma cadeira na Câmara dos Deputados em Brasília parece fora de seu alcance neste momento. Além disso, a pré-candidatura ao governo de Minas do senador Antonio Anastasia deve naufragar.

O ex-governador mineiro aceitou o encargo como uma missão partidária, para dar um palanque forte a Geraldo Alckmin em Minas, o segundo maior colégio eleitoral do país. Com essa carga que representa o processo contra Aécio Neves no Supremo, dificilmente ele manterá sua candidatura, pois a esta altura não há mais serventia para os tucanos nesse sacrifício.

Se continuar será por um dever partidário, mas não há mais razão para acreditar na possibilidade de os tucanos mineiros serem competitivos em Minas. Sem contar que o ex-presidente do partido Eduardo Azeredo pode ser condenado em segunda instância nos próximos dias pelo chamado mensalão mineiro.

O candidato tucano Geraldo Alckmin estará enfraquecido em Minas e também em São Paulo, onde o atual governador Marcio França prepara-se para uma guerra com o tucano João Dória pelo governo do Estado e terá provavelmente um candidato a presidente a apoiá-lo que não será Alckmin, mas o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa.

Vera Magalhães: Dilma, Aécio e a Lava Jato

- O Estado de S.Paulo

O que une o destino dos dois finalistas de 2014 novamente é a Lava Jato

Se havia alguma dúvida de que a Lava Jato mudou os alicerces nos quais estava fundada a política brasileira até 2014, a decisão do STF que tornou réu o senador Aécio Neves acabou de dirimi-la. Dilma Rousseff foi apeada da Presidência provisoriamente em 17 de abril de 2016. Dois anos depois, no mesmo dia, seu adversário no mais disputado segundo turno desde a redemocratização passa a responder a um processo criminal.

O que une o destino dos dois finalistas de 2014 novamente é a Lava Jato. Sim, Dilma caiu em grande parte porque conduziu a economia ao abismo. Mas o que levou as pessoas às ruas para fornecer à receita do impeachment o ingrediente de apoio popular foi a revelação de que os governos petistas tinham montado um mecanismo (ops) de corrupção sistemática para financiar seu projeto de poder.

Aécio foi, em 2016, um dos artífices do impeachment. Foi um condestável na transição do governo Michel Temer, fiador do apoio do PSDB a ele e da indicação de ministros. A partir daí, passou a dizer para quem quisesse ouvir que era preciso separar o “joio do trigo” nas investigações. Por trigo devia compreender a si próprio, então já implicado lateralmente em delações como a de Delcídio Amaral.

Estava tão confiante na tese – similar à do senador Romero Jucá sobre a necessidade de “estancar a sangria” – que ousou ter a conversa que teve com Joesley Batista e combinar o repasse de R$ 2 milhões em dinheiro vivo mesmo depois de tudo que a Lava Jato já havia revelado até ali. Dilma e Aécio caíram pelos próprios malfeitos. Ver na ação da Justiça uma tentativa de criminalizar a política significa inverter as responsabilidades.

Hélio Schwartsman: Aécio e a rainha vermelha

- Folha de S. Paulo

Processo dará ao senador a oportunidade de provar sua inocência, se ela for real

Não seria a Primeira Turma do STF, apelidada de câmara de gás, que iria aliviar para Aécio Neves. De todo modo, diante das provas contra o senador, os ministros não tinham alternativa que não a de torná-lo réu. O argumento é um pouco cínico, mas nem por isso menos verdadeiro: é o processo que dará a Aécio a oportunidade de provar sua inocência, se ela for real.

Um ponto central deste caso, como de tantos outros da Lava Jato, é determinar se há necessidade do ato de ofício para caracterizar o crime de corrupção. A jurisprudência está em evolução. Ao menos desde o mensalão, o STF vem dispensando a descrição da ação específica da autoridade que beneficia o corruptor ativo.

Creio que o Supremo tem razão. Podemos pensar a lei como algo fixo, ditado por Deus do alto do monte Sinai, ou como parte de um processo dinâmico, no qual atos do legislador engendram mudanças na conduta dos criminosos, que exigem respostas de juízes –uma verdadeira corrida armamentista.

Bruno Boghossian: Ideias de Barbosa mesclam pauta liberal e questões sociais

- Folha de S. Paulo

Em conversas com PSB, ex-ministro do STF cita privatizações e combate à desigualdade

Em seu lento processo de aproximação com o PSB, Joaquim Barbosatraçou, em linhas gerais, uma visão sobre economia que deve nortear sua possível candidatura presidencial. As ideias expostas pelo ex-ministro a dirigentes da sigla apontam para o centro do espectro ideológico: mesclam bandeiras liberais da direita e plataformas de proteção social da esquerda.

Barbosa se apresentou a integrantes de seu novo partido como um defensor de reformas estruturais, de privatizações e da livre concorrência. Ponderou, ainda, que o governo deve trabalhar pela redução de desigualdades e pela preservação de garantias fundamentais dos cidadãos.

Quatro políticos que estiveram com o ex-ministro afirmaram que Barbosa se posicionou claramente a favor da venda de estatais à iniciativa privada, mas sem tocar nas joias da coroa, como a Petrobras.

Também argumentou, segundo esses relatos, que o Estado ajuda a gerar emprego e renda se seu peso for reduzido —caminho em que se inclui a reforma da Previdência. O ex-ministro diz reconhecer a necessidade de mudança nas aposentadorias, mas com regras mais moderadas do que as propostas por Michel Temer.

Murillo Camarotto: Esquerda virou palavrão e direita continua sendo

-Valor Econômico

Em busca de votos, presidenciáveis se escondem no centro

Antes mesmo de desocupar a Prefeitura de São Paulo, o administrador João Doria Jr. já estava disparando adjetivos contra um de seus principais concorrentes ao Palácio dos Bandeirantes. Valendo-se do "Socialista" presente no nome do partido do governador Márcio França (PSB), Doria colocou em marcha a "estratégia" eleitoral de pregar no rival a pecha de esquerdista.

Semana passada, em entrevista à Rádio CBN, a presidenciável Marina Silva foi questionada se ainda se considerava uma liderança identificada com a esquerda. A ex-senadora não fugiu ao seu estilo. "Quando me perguntam e ficam insistindo nisso, digo que eu sou sustentabilista progressista, que é uma outra visão de mundo".

Chamado por Doria de Márcio "Cuba", o governador de São Paulo se defendeu. Disse que, se de extrema esquerda fosse, não teria apoiado a candidatura de Doria em 2016. A despeito da tática empregada agora contra França, o ex-prefeito não se assume direitista. Indagado, responde que é "brasileiro".

O fim do ciclo de expansão econômica protagonizado por governos de esquerda vem deslocando para a direita o pêndulo político da América Latina. O movimento abriu espaço para ataques mais contundentes à esquerda, mas não foi capaz de eliminar o ranço de autoritarismo que há décadas persegue a direita - especialmente por conta dos regimes militares na região.

Roberto DaMatta: As leis e o purgatório

- O Globo

Nosso regime legal tem variados mecanismos destinados a salvar as pessoas especiais do inferno dos cárceres, pondo-as nos purgatórios da ausência de julgamento

Quando aprendi Antropologia, era comum começar pelas diferenças entre animais e homens. Ambos são seres da natureza, como são as sociedades, mas, não obstante, possuem características distintas. Os animais são programados. Um tigre não vira uma anta, mas nós, embora brasileiros, podemos ser ingleses ou franceses. Como dizia Sartre, somos condenados ao duro aprendizado da liberdade, cujo diálogo é com a divergência, a exclusão, a indecisão e o purgatório.

Somos, assim, infatigáveis buscadores de âncoras e bússolas, de leis e juízes, pois quem nos embala são circunstâncias dadas por situações e costumes. Nossa natureza, como diz Marshall Sahlins, é a cultura. Somos feitos pelo arbitrário de nossas línguas, que obrigam a falar e a ouvir de modo particular e a seguir categorias gramaticais de modo inconsciente.

Vivemos em mundos diferenciados, que podem ou não excluir outras humanidades ou incluir todos os seres vivos como nossos semelhantes. Graças à linguagem articulada, vivemos numa roupagem espiritual.

Na velha fórmula: nós fazemos a nós mesmos e, em consequência, somos feitos pelo que fazemos — porque não há nada mais irônico do que criar leis e deuses e, ato contínuo, rejeitá-los; ou por eles morrer ou matar.

Marx falava em fetichismo da mercadoria. Os antropólogos falam no animismo que “anima” o mundo, atribuindo intenção às certas coisas. A imagem de barro torna-se milagrosa; a aliança de ouro bloqueia certas relações. As nossas arbitrárias reinvenções e nós mesmos demandamos tribunais, árbitros, mediadores, representantes e juízes.
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Os professores de Direito Constitucional dizem que a “Constituição” constitui a sociedade. O quadro se complica quando, ao reverso, os antropólogos afirmam que as constituições é que são instituídas pelas sociedades. Por isso, elas reafirmam seus ideais, tabus e privilégios. Ademais, as “constituições” surgiram quando inventou-se a escrita. Foi a capacidade de fixar normas em pedra ou em bronze, como dizia Rousseau, que permitiu a sua leitura como normas eternas, impessoais, divinas e, nas democracias, imparciais. Sujeitas a divergências e interpretações mas acima — eis o ponto — de sua destruição. Tornar a lei neutra ou nela criar um espaço intermediário de espera é nelas abrir o espaço do purgatório. Um lugar para onde são enviados cidadãos especiais cujos julgamentos são embargados ou protelados.
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Luiz Carlos Azedo: Vinte minutos

- Correio Braziliense

Aécio é acusado de pedir propina de R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, dono da J&F, em troca de favores políticos; e também de tentar atrapalhar o andamento da Operação Lava-Jato

Uma conversa pelo telefone volatilizou o projeto político do senador Aécio Neves (PSDB-MG) — “tudo o que é sólido se desmancha no ar” —, iniciado há 32 anos, sob a proteção de um dos políticos mais hábeis, probos e sagazes da história republicana, o presidente Tancredo Neves, que faleceu antes de tomar posse. Seu sonho era resgatar o mandato do avô e se tornar presidente da República. Por unanimidade, os cinco ministros da primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Rosa Weber e Alexandre de Moraes, admitiram a abertura de processo contra o tucano por corrupção; por 4 votos a 1, por obstrução de Justiça, graças ao voto contrário de Moraes.

Aécio é acusado pela Procuradoria-Geral da República de pedir propina de R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, dono da J&F, em troca de favores políticos; e também de tentar atrapalhar o andamento da Operação Lava-Jato. Uma conversa de 20 minutos entre os dois foi gravada pelo empresário. Agora, o tucano é mais um político seriamente enrolado na Operação Lava-Jato, embora sustente que o pedido de dinheiro a Joesley era uma operação pessoal: “Não houve dinheiro público envolvido, ninguém foi lesado nessa operação. O que houve foi uma gravíssima ilegalidade, no momento em que esses empresários, réus confessos de inúmeros crimes, associados a membros do Ministério Público, o que é mais grave, tentaram dar impressão de alguma ilegalidade em toda essa operação, repito, privada, para se verem livres dos inúmeros crimes que cometeram”, disse o tucano em entrevista logo após a decisão.

A aceitação da denúncia era pedra cantada até para o advogado de Aécio, Alberto Zacharias Toron: 

“Não vejo como um revés. Como nós dissemos e como disse o ministro Luiz Fux, com muita propriedade, neste momento, a decisão se faz pró-sociedade. Então é um momento muito peculiar do processo penal. Na dúvida, não se decide a favor do réu, se decide a favor da sociedade. É isso que o Supremo Tribunal Federal, por sua primeira turma, entendeu. Portanto, vamos aguardar o desenvolvimento do processo”. Como todo político, Aécio acredita em ressurreição: “Não esmorecerei enquanto não provar minha inocência. Vou fazê-lo em respeito à minha vida pública, à minha família e aos milhares de brasileiros, e especialmente mineiros, que confiaram em mim durante 32 anos de mandatos consecutivos”.

Até a divulgação do acordo de delação premiada da JBS, Aécio Neves era a bola da vez na disputa pela Presidência da República. Derrotado por Dilma Rousseff no segundo turno das eleições de 2014, praticamente bateu na trave, com 51 milhões de votos (48,36%). Com o impeachment de Dilma Rousseff, do qual foi um dos artífices, seria um candidato natural às eleições deste ano, com a vantagem de não ter que enfrentar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Pau que dá em Chico dá em Francisco”, como disse o ex-procurador-geral da Republica Rodrigo Janot. Aécio caiu na armadilha de Joesley Batista, em condições ainda piores do que as do presidente Michel Temer, que também foi gravado, em conversa tête a tête no Palácio do Jaburu, mas que dá margens a dúvidas quanto à interpretação de seu teor por causa do formalismo institucional, enquanto a do tucano escandaliza pela linguagem mundana, completamente fora do padrão que ele próprio utiliza nas conversas em público.

Ricardo Noblat: Quem, Aécio? Aproxime-se pra lá!

- Blog do Noblat | Veja

Alckmin tenta escapar ao desastre do colega de partido

Candidato do PSDB à presidência da República, Geraldo Alckmin tinha um sonho: livrar-se o mais breve possível da companhia incômoda de Aécio Neves, seu indigitado colega de partido, que teimava em sobreviver às conversas comprometedoras gravadas pelo empresário Joesley Batista, um dos donos do Grupo JBS.

O Supremo Tribunal Federal fez por Alckmin o que nem ele e nem o PSDB tiveram coragem de fazer. Ao tornar Aécio réu pelos crimes de corrupção passiva e tentativa de obstrução da Justiça, o Supremo tirou-o em definitivo do palanque de Alckmin em Minas Gerais como candidato outra vez ao Senado ou a deputado federal. Que alívio!

Até aqui, por razões compreensíveis, não se ouviu uma única declaração de nomes do PT de abandono a Lula, embora ele tenha há sido condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e cumpra pena há mais de 10 dias. Lula é Lula, e o PT depende dos votos dele para não ser massacrado nas eleições de outubro.

‘Decisão judicial se respeita e lei é para todos’, diz Alckmin

Pré-candidato do PSDB à Presidência, ex-governador paulista afirma que ‘não existe Justiça verde, amarela, azul, vermelha, existe Justiça’

Renan Truffi Julia Lindner / O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - O presidente do PSDB e pré-candidato ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin, disse ontem que a decisão do Supremo Tribunal Federal de tornar réu o senador Aécio Neves (MG) “precisa ser respeitada” e ressaltou que a “lei é para todos”. “Não existe Justiça verde, amarela, azul, vermelha, existe Justiça. Decisão judicial se respeita e a lei é para todos, não tem distinção. Claro (que vejo com tristeza), mas ele (Aécio) vai ter a oportunidade de se defender”, disse o tucano em evento.

A declaração de Alckmin deu o tom da postura do PSDB em relação ao envolvimento de um dos seus principais quadros em ação que apura suspeita de corrupção e obstrução da Justiça. Senadores tucanos e até deputados do grupo mineiro procuraram dissociar o caso de Aécio, que já foi presidente do PSDB, da conduta geral do partido.

Parlamentares do grupo ligado a Alckmin defendem nos bastidores que Aécio desista de disputar cargo nas eleições deste ano para evitar desgastes à campanha presidencial e à do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) ao governo de Minas. Aécio estuda concorrer à reeleição.

“Para o conjunto do partido, é melhor (que Aécio não seja candidato). Mas é uma decisão de foro íntimo”, disse ao Estadão/Broadcast o deputado Lobbe Neto (PSDB-SP). Para o deputado João Gualberto (PSDB-BA), o desgaste depende do cargo ao qual Aécio seria candidato. “Se ele for a senador, é uma coisa, se for para deputado federal, é outra”, afirmou.

Aliados de Aécio dizem que ele ainda não decidiu o que fazer. “Ele está focado na defesa. A questão da candidatura só vai ser colocada em junho e a decisão será dele”, declarou o deputado Marcus Pestana (MG), secretário-geral do PSDB.

‘A lei é para todo mundo’, afirma Alckmin

Pré-candidato do PSDB à Presidência evita defender colega que virou réu

Maria Lima | O Globo

-BRASÍLIA- Com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tornado réu pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e obstrução de Justiça, o pré-candidato tucano à Presidência da República, Geraldo Alckmin, evitou defender o colega de partido e disse que a lei é para todos. O partido definiu como estratégia tratar o caso como um processo “pessoal” do parlamentar mineiro.

— Não existe Justiça amarela, azul, verde ou vermelha. Existe Justiça. E, primeiro, decisão judicial se respeita. E, segundo, a lei é para todo mundo — afirmou Alckmin.

Em um encontro de vereadores realizado ontem em Brasília, Alckmin foi questionado sobre o que faria, se eleito, para combater a corrupção. O pré-candidato respondeu que “quem fica rico na política é ladrão”. Depois, questionado se Aécio se enquadrava nessa sua afirmação, esquivou-se:

— Não vou fazer prejulgamento. Aécio é de família abastada — disse.

Se eleito, Alckmin quer apresentar 4 reformas no 1º mês de mandato

Por Claudia Safatle | Valor Econômico

BRASÍLIA - O pré-candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, pretende, se for eleito, apresentar um pacote de reformas estruturais logo nos primeiros dias de janeiro de 2019. São elas as reformas tributária, da Previdência, do Estado e a política, que ele considera a "mãe de todas as reformas", com a aprovação do voto distrital puro ou misto.

Alckmin quer aproveitar o capital político dado por mais de 60 milhões de votos que deverá ter o candidato vitorioso em outubro para, nos primeiros seis meses de governo, obter do Congresso a aprovação dessas reformas. O Estado brasileiro "não cabe no PIB" e a situação das contas públicas "é extremamente grave".

Será um grande desafio para a próxima gestão fazer o ajuste fiscal que o atual governo não conseguiu fazer, disse. Para isso será preciso, também, um vigoroso programa de privatização.

No aspecto fiscal, ele tem o que mostrar: dos R$ 8,5 bilhões de superávit dos Estados e municípios, no ano passado, R$ 5,3 bilhões foram gerados pelo Estado de São Paulo.

A síntese da reforma da Previdência seria o fim da separação dos regimes para trabalhadores da iniciativa privada e para os servidores públicos. O enfoque não será apenas fiscal, mas de justiça, assinalou. Todos vão receber o teto do INSS como benefício máximo. Hoje a situação é díspare. Enquanto a aposentadoria média dos trabalhadores do setor privado é de R$ 1.391,00, para os três Poderes a média é muito maior: R$ 7 mil para o Executivo, R$ 16 mil para o Legislativo e R$ 27 mil para os funcionários do Judiciário, salientou o ex-governador.

Na reforma tributária, Alckmin citou a proposta do economista Bernardo Appy, de reunir cinco impostos e contribuições existentes em um Imposto de Valor Agregado (IVA). A medida destravaria a economia cujo objetivo é o crescimento e a geração de emprego e renda.

Para a reforma política, reforçou a importância das regras aprovadas em 2016, como o fim das coligações em eleições proporcionais e a criação da cláusula de desempenho. Mas é necessário ir além. "Sou a favor do distrital puro, mas acho que o sistema distrital misto já seria um grande avanço", adiantou.

O Estado, que também passará por uma profunda reforma se ele for eleito, terá que gastar menos e se voltará para a regulação e fiscalização. Não há a menor razão para a União deter 146 empresas estatais, por exemplo. O candidato mencionou, ainda, a desvinculação do orçamento e a desconstitucionalização do país. Ele não advoga uma mini Constituinte nem nada do gênero, mas defende uma lipoaspiração da Carta de 1988, transferindo parte dos direitos e deveres nela abrigados para a legislação infraconstitucional.

Concentração bancária preocupa

Por Claudia Safatle | Valor Econômico

BRASÍLIA - Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB, disse ontem que se for eleito presidente da República convidará o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, a permanecer no cargo. Ele enfatizou que uma de suas plataformas de governo será o combate à concentração bancária, que seria uma das responsáveis pela lenta queda dos juros ao tomador final, enquanto a taxa Selic está no seu patamar mais baixo, de 6,5% ao ano.

O coordenador do programa econômico do candidato, o economista Persio Arida, que estava presente ao jantar de um grupo de jornalistas e empresários a convite do site "Poder 360", foi instado pelo ex-governador de São Paulo a complementar o que seria a posição de governo frente aos temas da concentração bancária e do elevado custo do capital no país.

Arida disse que essa é uma questão que deve ser enfrentada através da regulação. Ele explicou: "De um lado há que aumentar a oferta de crédito, encorajando a concessão de empréstimos por instituições não bancárias, como fundos de crédito, fintechs, cooperativas. Nesse sentido as exigências regulatórias devem, naturalmente, ser maiores para os bancos com risco sistêmico como é o caso dos grandes bancos. Por outro lado, há que encorajar o compartilhamento de informações para permitir aos novos ofertantes de crédito a mesma base de dados disponível aos grandes bancos".

Executiva Nacional do PPS debate mudança de nome e reforça intenção de diálogo com Geraldo Alckmin

- Portal PPS

O presidente do PPS, Roberto Freire (SP), classificou como “excelente” a reunião da Executiva Nacional do partido realizada nesta terça-feira (17), em Brasília. Segundo o dirigente, o encontro permitiu o debate da conjuntura política, as eleições deste ano e questões internas do partido, como a mudança de nome da legenda.

“A minha avaliação é que [a reunião] foi excelente. Tivemos uma certa renovação da Executiva Nacional que gerou um debate muito produtivo. Debatemos a conjuntura [política], as questões do processo sucessório e algumas questões que são muito presentes desde a realização do 19º Congresso Nacional do partido, em São Paulo, no mês passado. Até porque algumas das questões foram encaminhadas por meio de resoluções e outras para serem decididas pelo Diretório Nacional”, disse.

O secretário-geral do PPS, deputado estadual Davi Zaia (SP), disse que reunião da Executiva Nacional aprofundou as discussões do 19º Congresso – renovação política e a abertura do diálogo com a sociedade -, e os trabalhos de organização partidária visando as eleições de outubro, com o balanço das filiações depois do fechamento da janela partidária no início do mês.

Segundo ele, o resultado do ingresso de diversas lideranças nos estados e de membros de movimentos sociais – Agora!, Livres, RenovaBR e Acredito – amplia a expectativa de o partido aumentar as bancadas de deputados estaduais e federais para atingir a cláusula de desempenho, de 1% dos votos em nove estados. “Vamos intensificar o trabalho para garantir a eleição de uma bancada federal expressiva. Esse agora é o principal desafio do PPS”, afirmou

Troca de nome
Roberto Freire destacou que além das eleições, uma das questões que mais mobiliza o partido atualmente é a troca de nome da legenda. Para ele, a mudança é necessária diante dos novos paradigmas e concepções enfrentadas atualmente em todo mundo.

“Entre as questões, [nós] temos aquela que mobiliza o partido como um todo que é a discussão da mudança de nome. Ela se mostra necessária em função da mudança de concepção e de alguns paradigmas, de concepções de superação em função desse mundo novo que aí está, como a capacidade de diálogo que os sociais democratas têm com a visão liberal. O mundo todo começa a falar sobre o chamado social-liberalismo. O melhor exemplo que temos é o governo de coalização na Alemanha. Essa é a grande tarefa [a mudança de nome] que será solucionada em reunião do Diretório Nacional”, afirmou.

Sucessão presidencial
O presidente do PPS destacou ainda que houve um “bom encaminhamento” em relação ao indicativo de apoio ao ex-governador Geraldo Alckmin à Presidência da República e adiantou que o PPS buscará ter um encontro com o pré-candidato.

“Acho que tivemos um bom encaminhamento em relação ao indicativo da candidatura de Geraldo Alckmin [no Congresso do PPS]. Vamos buscar um encontro com ele para dar uma contribuição efetiva do PPS neste processo, para que possa se transformar nunca candidatura que unifique as forças democráticas que convencionou-se a chamar de centro democrático do Brasil”, disse Roberto Freire.

PPS abre espaço para movimentos de renovação e estuda mudar de nome

César Felício e Ricardo Mendonça | Valor Econômico

SÃO PAULO - Vinte e seis anos após a fundação do Partido Popular Socialista (PPS), oriundo do antigo Partido Comunista Brasileiro ou "Partidão" (PCB), a legenda comandada pelo atual suplente de deputado federal Roberto Freire (SP) deve trocar de nome. O político aceitou a sugestão de novos dirigentes militantes de movimentos que pregam renovação e autorizou a realização de estudos para criação de uma marca partidária.

"O diretório ficou de definir em reunião que vamos convocar em breve. Depois da troca de nome que fizemos em 1992, que mexia com a história das pessoas, mudar de novo agora não tem problema", afirmou. A sigla recebeu a filiação de diversos integrantes de movimentos como o Agora!, Renova BR, Livres e Acredito. Grande parte deles orbitava em torno do apresentador Luciano Huck, que foi cogitado como candidato a presidente, mas desistiu de concorrer e não se filiou este ano.

"Nós temos motivo para mudar de novo, porque o partido mudou com estas filiações. Estamos nos aproximando do modelo da Alemanha, onde governa uma coalizão de democratas-cristãos, liberais e sociais-democratas. Só que a gente repete isso no microcosmo de uma sigla", afirmou.

Os envolvidos preferem não citar as sugestões de nomes em análise. Um que tem sido mencionado em conversas informais é Movimento 23, em alusão ao número eleitoral. Freire afirma que, caso haja concordância no diretório nacional, é possível fazer a mudança até junho, a tempo de ser usado nas campanhas deste ano.

Um dos entusiastas da ideia é o economista Humberto Laudares, recém-filiado, integrante do movimento Agora!. Ligado a Luciano Huck e bolsista do RenovaBR (que financia a formação de jovens interessados em exercer influência na política), ele é pré-candidato a deputado federal em São Paulo. A sugestão de aposentar a sigla PPS foi feita por meio de uma carta à direção partidária, assinada em conjunto com representantes de outros dois movimentos, o Livres e o Acredito.

"O nome do PPS não diz muito para os movimentos. Popular Socialista não combina nem com os posicionamentos do partido no Congresso", diz ele. "A ideia é ouvir profissionais que possam trazer sugestões de nomes que tenham mais identidade com os movimentos que estão ingressando no partido."

Quatro representantes de movimentos pró-renovação ganharam assento no Diretório Nacional do PPS, formado por 90 filiados. Laudares, um deles, também ganhou posição na Executiva do partido, que reúne 30 dirigentes.

Ele demonstra entusiasmo com a missão: "Há uma crise de descrédito muito grande com os partidos e a política. O PPS reconhece essa crise e está se mostrando aberto a pensar como deve ser o partido do futuro. Com mais participação, mais engajamento. Os partidos grandes não abriram nenhuma porta para renovação".

Embora patrocine o ingresso de novos nomes no PPS, Freire é o mais longevo comandante de partido político relevante no país. A última troca de presidente foi em 1991, quando a sigla ainda se chamava PCB. Laudares reconhece a contradição, mas louva o que chama de disposição do PPS em começar a agir diferente. "O PPS não é diferente dos outros, quase todos até hoje controlados por grupos que lideraram a redemocratização. Ele [Freire] tem honrado tudo o que a gente combinou. Vai ter democracia interna? Vamos ver. É uma construção em conjunto."

Alvaro Dias defende ajuste fiscal em almoço com ruralistas

Por Cristiano Zaia | Valor Econômico

BRASÍLIA - O pré-candidato à Presidência, senador Alvaro Dias (Podemos-PR), defendeu ontem um ajuste fiscal "duro" no orçamento federal a partir do ano que vem como primeira prioridade de seu governo, caso eleito.

"Precisamos em primeiro lugar tirar a economia do país da situação catastrófica nas contas públicas, uma vez que o próximo governo terá que aplicar medidas duras de ajuste fiscal para recolocar a economia nos trilhos", disse Dias, após almoço com parlamentares da bancada ruralista.

Para uma plateia de cerca de 30 deputados e senadores, Dias disse que o país vai depender ainda muito da força do agronegócio para reestruturar sua economia de mandei a mais consolidada. E defendeu medidas para melhorar a infraestrutura logística no país e a armazenagem de produtos agropecuários.

"Ultimamente temos tido governantes muito urbanos que não pisaram o chão barrento de lugares do nosso Brasil. É preciso que os governantes valorizem a força que vem do campo", afirmou Dias.

Parte do setor do agronegócio brasileiro vem demonstrando simpatia pela candidatura de Alvaro Dias, que é senador por Paraná, onde foi governador e um dos principais polos agropecuários do país.

Estado perdulário deve acabar, diz Marina Silva

Candidata da Rede faz defesa enfática da Lava Jato e afirma que pode governar com pessoas do PT, MDB e PSDB

Fernando Canzian, Fábio Zanini | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Marina Silva, 60, pré-candidata da Rede à Presidência, defende a Lava Jato, é contra o conteúdo das reformas do governo Temer e diz que poderá governar com gente do PT, MDB e PSDB pelo fim de um "Estado perdulário".

"A Lava Jato é uma das maiores contribuições desde a redemocratização do Brasil", disse à TV Folha.

Sem Lula, Marina aparece com 15% das intenções de voto no Datafolha, empatada tecnicamente com Jair Bolsonaro (PSC), que tem 17%.

Questionada sobre uma possível aliança com Joaquim Barbosa, do PSB (ex-partido de Marina) e que tem até 10% das intenções de voto, afirma: "É uma pessoa que vai dar uma contribuição para o processo político".

DERROTA EM 2014
Tínhamos a avaliação de que estávamos concorrendo de forma equânime, mas vimos que foi uma eleição fraudada, onde o uso do caixa 2, a violência política e atitudes autoritárias prevaleceu.

A Lava Jato revelou quem é quem e vamos participar sabendo que muitos estão concorrendo a um habeas corpus ou a um salvo conduto.

A autocritica que faço é que tínhamos a compreensão de que iríamos fazer uma disputa com base nas regras do jogo, de acordo com a lei. E não foi uma campanha assim.

LAVA JATO
É uma das maiores contribuições desde a redemocratização do Brasil. Está ajudando a desmontar uma estrutura criminosa de uma corrupção institucional que há décadas assola as finanças públicas.

Temos uma situação em que devemos institucionalizar as conquistas da Lava Jato para não enxugar gelo.

Por isso é importante agora a mobilização para combinar a prisão em segunda instância com o fim do foro privilegiado dos políticos.

Marina cita Lara e Giannetti como colaboradores

Por André Guilherme Vieira | Valor Econômico

SÃO PAULO - Pré-candidata do Rede à Presidência, Marina Silva confirmou ontem que os economistas Eduardo Gianetti da Fonseca e André Lara Resende e o engenheiro Bazileu Margarido serão coordenadores do programa econômico de seu plano de governo. Marina disse também que o economista Bernard Appy está colaborando de forma "institucional" para seu projeto de reforma tributária, por intermédio do Instituto da Cidadania Fiscal.

"Não devemos aumentar tributos, devemos simplificá-los. Sou simpática ao imposto único, mas precisa ser debatido", disse, em evento promovido pelo Banco Santander, em um teatro em São Paulo. Ela estava acompanhada por Bazileu e Giannetti.

Marina sinalizou desinteresse em compor chapa com Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) recém-filiado ao PSB. "Como eu já disse, eu tenho muito respeito pelo ministro Joaquim Barbosa. Acho que ele vai dar uma grande contribuição para o debate político e tenho respeito pela dinâmica interna do PSB. Continuamos no processo de diálogo sem que necessariamente esse diálogo implique em que se tenha de abrir a mão das candidaturas", afirmou ontem, após palestrar a grupo de cerca de 600 investidores e agentes de mercado em São Paulo, durante evento promovido pelo banco.

Marina: adversários disputavam organização criminosa em 2014

Ex-senadora, que apoiou Aécio no segundo turno, critica corrupção

Dimitrius Dantas | O Globo

-SÃO PAULO- Embora não tenha citado os nomes do tucano Aécio Neves e da petista Dilma Rousseff, a pré-candidata da Rede Sustentabilidade à Presidência, Marina Silva, disse ontem que seus adversários na última eleição não estavam disputando o cargo, mas uma “organização criminosa”. Em discurso no qual destacou de forma genérica o envolvimento de políticos em escândalos de corrupção, Marina subiu o tom normalmente ameno de suas falas e afirmou que, este ano, alguns de seus exadversários estão em busca de um habeas corpus.

— Todos nós aprendemos que boa parte daqueles que estavam disputando a eleição (em 2014) não estavam disputando a Presidência, mas o controle de uma organização criminosa. Fazer uma disputa imaginando que estávamos discutindo ideias e propostas criou um problema. É um aprendizado meu, de saber que tem muita gente disputando uma espécie de salvo conduto, quase um habeas corpus — disse a pré-candidata, que participou de uma conferência com clientes do Banco Santander, em São Paulo, antes de falar com a imprensa.

HERDEIRA DE VOTOS DE LULA
A pesquisa Datafolha do último fim de semana indica que a candidata da Rede é quem mais se beneficia com o expresidente Lula fora da eleição. Ela cresce em alguns segmentos de eleitores clássicos do PT, como mais pobres, menos escolarizados e do Nordeste.

A presidenciável não foi atingida pelas denúncias da Operação Lava-Jato, mas teve seu nome associado politicamente a dois personagens sobre os quais pesaram suspeitas.

Um deles, o próprio Aécio, a quem apoiou no segundo turno das eleições presidenciais de 2014. O outro foi o ex-governador Eduardo Campos, morto naquele ano. Segundo as investigações, Campos teria sido beneficiado por propina da Odebrecht em obras portuárias em Pernambuco.

A ex-ministra defendeu a importância do fim do foro privilegiado, que deverá ser votado no início de maio no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ela, mais de 200 parlamentares são investigados, além daqueles que, de acordo com ela, se escondem às claras no Palácio do Planalto.

Marina foi a terceira colocada nas eleições de 2014, atrás de Dilma Rousseff e Aécio Neves após chegar a disputar a liderança e perder votos na reta final. Apesar disso, a pré-candidata da Rede afirmou que permanecerá com a mesma estratégia de abrir mão de alianças em troca de recursos financeiros e tempos de TV. A ambientalista disse que fará uma campanha “franciscana”, usando voos de carreira na madrugada para economizar.

Desafio será atrair segmentos populares alinhados ao lulismo

Barbosa tem apoio entre mais escolarizados; Alckmin vai bem no Sudeste

Mauro Paulino, Alessandro Janoni | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A indefinição no cenário deste ano para a eleição de presidente da República justifica fazer testes com diferentes combinações de candidaturas.

Na última pesquisa nacional do Datafolha, por exemplo, foram estimuladas nove situações diferentes com até 16 nomes, cada.

Para o segundo turno, foram 12 simulações. Se por um lado, a disponibilidade dos dados garante um leque considerável de informações, por outro dificulta a análise dos resultados.

Mesmo com a perspectiva de inelegibilidade, a liderança com folga do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é nítida quando seu nome é incluído.

Da mesma forma, fica claro que sua ausência na disputa produz como principal herdeira sua ex-ministra Marina Silva (Rede), que empata com Jair Bolsonaro (PSL) na liderança, apesar de ambos serem batidos pelos votos brancos e nulos.

Mas dúvidas ficam no ar sobre o alcance real não só dos líderes como também sobre os candidatos que compõem o segundo pelotão.

Ciro Gomes (PDT), Joaquim Barbosa (PSB) e Geraldo Alckmin (PSDB) alcançam patamar próximo de 10%.

Marina e Ciro de um lado, Barbosa e Alckmin do outro, dividem de fato segmentos correlatos do eleitorado?

E Jair Bolsonaro, estacionado próximo aos 20% chegou no seu teto de intenção de voto?

Para revelar nichos e calcular o potencial imediato de cada candidato, o Datafolha aplicou uma análise conjunta nas nove situações da última pesquisa.

Sem considerar Lula, que está presente em apenas três situações e chega a ser citado por 36% dos brasileiros, Marina é a candidata com maior alcance —é apontada por 26% dos eleitores em pelo menos uma das nove simulações.

Na combinação dos cenários, Bolsonaro chega a ser mencionado, pelo menos uma vez, por 22% dos entrevistados, Joaquim Barbosa por 17%, Ciro por 16% e Alckmin por 14%.

Aécio convertido em réu abala teoria persecutória do PT: Editorial | O Globo

Opinião dos ‘partidos fundamentais’
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A decisão da Primeira Turma do STF reforça o caráter pluripartidário da atuação dos organismos do Estado de combate à corrupção

A Primeira Turma do Supremo prestou um serviço ao Judiciário, ao Ministério Público e a todo organismo do Estado que atua contra a corrupção nos elevados escalões públicos. A aceitação da denúncia contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG) por corrupção, pela unanimidade dos cinco ministros da Turma — Marco Aurélio Mello, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Alexandre de Moraes —, e por obstrução da Justiça, esta acusação acolhida por 4 votos a 1, reforça a imagem de independência do MP e do Judiciário, acusados em discursos políticos de visar apenas ao PT.

Por coincidência pedagógica, a aceitação da denúncia contra o senador da oposição, feita ainda pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot e referendada por Raquel Dodge, sua sucessora, ocorre não muito tempo depois da rejeição, pelo STF, de pedido de habeas corpus em favor de Lula, com a consequente prisão do ex-presidente, condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro. Assim avança a República.

Como se já não fossem suficientes demonstrações da atuação pluripartidária do Estado na operação de limpeza da vida pública — há tucanos, emedebistas e outros em diversas fases de inquéritos no ramo da corrupção —, agora o senador mineiro Aécio Neves, ex-presidente do partido, último dos candidatos da legenda a presidente da República, terá de se defender no STF da acusação de corrupção no relacionamento com Joesley Batista, da JBS, e de atuar contra a Lava-Jato (obstrução de Justiça).

Candidatos de centro ficam para trás nas pesquisas: Editorial | Valor Econômico

Opinião dos ‘partidos fundamentais’
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As pesquisas eleitorais mostram a indefinição de rumos do eleitorado, que caminha ao lado da grande oferta de candidatos (21), e o espectro de Lula a definir o resultado. A pesquisa feita pelo Datafolha confirma isso e traz novos dados, como o teste do independente Joaquim Barbosa, que finalmente se filiou ao PSB e pode ser considerado um competidor.

Para os investidores, que não estavam prestando muita atenção ao ciclo eleitoral e partiam da presunção de que com tantos candidatos de centro, um deles, munido de um programa de reformas, era a hipótese mais provável, os números da pesquisa foram um choque. Sem Lula na urna, boa parte desses candidatos têm desempenho pífio e nenhum chega sequer perto mesmo do segundo colocado - Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede) predominam até agora com folga nos seis cenários em que Lula é impedido legalmente de concorrer.

O ex-presidente Lula é imbatível entre os 16 candidatos listados pelo Datafolha e venceria com grande facilidade em um provável segundo turno contra Bolsonaro, Alckmin ou Marina Silva. Lula é um grande eleitor e dois terços de seus apoiadores convictos disseram que votariam em quem ele indicasse como candidato, o que somaria, grosso modo, potencial eleitoral perto de 20%. Nem o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, nem o ex-governador da Bahia, Jaques Wagner conseguem, na atual pesquisa, mais de 2% dos votos. O relevante, no caso, é que Lula não definiu sua preferência, até porque seria um reconhecimento explícito de que está fora do páreo e isso não lhe é conveniente ainda.

Segundo o Datafolha, com a exclusão dos bolsonaristas e dos radicais da esquerda, há 37% dos eleitores qualificados de "pêndulos", abertos a candidatos com boas propostas. É para correr nesta faixa que mais uma novidade eleitoral se apresenta, a do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Se havia resistências no PSB a lançá-lo, a preferência registrada de 8% a 10% dos entrevistados deve acabar com elas. Essa é uma mensagem alentadora para ele, que não entrou em campanha, não tem tido visibilidade diária de mídia e cujas ideias para o Brasil quase ninguém conhece. Trata-se de prestígio pessoal, pois em todos os cenários, sem Lula ou com Lula, sua performance praticamente não se altera.

Truculentos e pueris: Editorial | Folha de S. Paulo

Opinião dos ‘partidos fundamentais’
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Invasões promovidas por MST e MTST só revelam a ausência de ideias e o vazio de lideranças

Desde os estertores do governo Dilma Rousseff, dirigentes do PT, entidades e movimentos que gravitam em torno do partido falam na iminência de grandes e talvez sangrentas manifestações populares —ainda mais na hipótese, afinal tornada realidade, da prisão de Luiz Inácio Lula da Silva.

De genuinamente popular, como se sabe, muito pouco aconteceu desde então, em que pese o indiscutível apelo de Lula para expressiva parcela do eleitorado.

A deposição de Dilma e o encarceramento do líder petista contaram com o apoio da maioria da população. Se há ampla rejeição ao governo que sucedeu ao impeachment, ainda mais generalizado é o endosso à Lava Jato.

Atos violentos, como de costume, partem de militantes exaltados e agremiações organizadas como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) —cujos propósitos, nesses momentos, guardam escassa relação com o significado das siglas.

Não devessem ser chamadas antes de criminosas, algumas de suas ações recentes beiram o pueril.

Nesta terça-feira (17), o MST invadiu uma fazenda em Araçatuba (SP)pertencente a Oscar Maroni, dono também de uma famosa casa noturna na capital do estado. Ao que parece, o empresário, que costuma exibir comportamento abjeto, foi alçado à condição de inimigo preferencial por ter distribuído cerveja grátis para comemorara ordem de prisão de Lula.

A necessária segurança jurídica: Editorial | O Estado de S. Paulo

Opinião dos ‘partidos fundamentais’
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Aprovado pelo Congresso Nacional, o Projeto de Lei (PL) 7.448/2017 foi encaminhado ao Palácio do Planalto para sanção presidencial. De autoria do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), trata-se de um projeto sumamente importante, que fixa regras claras para a aplicação do Direito Público e, assim, contribui para uma maior segurança jurídica. Justamente por enfrentar com rigor jurídico temas considerados polêmicos, o PL 7.448/2017 vem recebendo críticas de quem deseja a manutenção de amplas e discricionárias margens interpretativas.

Recentemente, a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), em conjunto com outras sociedades recreativas, solicitaram ao presidente Michel Temer o veto integral do PL 7.448/2017. Protestaram pela necessidade de aperfeiçoamento do texto, já que no debate ocorrido no Congresso não teria havido suficiente envolvimento dos “potencialmente envolvidos”. Desprovidos de melhores razões, os signatários dizem que, “acaso aprovadas as disposições (do PL 7.448/2017), a futura norma poderá servir como claro reduto para a impunidade”. Houve até quem dissesse que o projeto dificultaria o futuro da Lava Jato.

Míriam Leitão: O mundo pode piorar

- O Globo

O mundo pode estar às vésperas de uma crise. É o que acha o economista José Roberto Mendonça de Barros. A economia dos Estados Unidos está recebendo estímulo demais, em momento de pleno emprego e elevando muito o déficit público. Isso pode produzir, a curto prazo, uma alta da inflação, subida de juros e volatilidade. O próximo governo brasileiro pode encontrar a economia externa em pior situação.

OFundo Monetário Internacional divulgou ontem seu relatório da economia mundial dizendo que ela está mais forte. Segundo o FMI, os países avançados estão crescendo acima do seu potencial, o que abre muitas possibilidades para as economias emergentes. Mas alerta que os governantes devem aproveitar o momento e criar as condições de sustentar o crescimento em cenários mais adversos.

O Brasil nem está, de fato, aproveitando o momento. Saiu da recessão, mas cresce num nível muito baixo. “Não é a recuperação dos sonhos, mas é recuperação", consola José Roberto. O problema é que em relação ao Brasil há a incerteza sobre o que será a política econômica do próximo governo. Enquanto decidimos o rumo do país, o mundo pode piorar.

— A economia americana está com pleno emprego, e nos últimos quatro meses recebeu o impacto de uma alta de demanda de US$ 1 trilhão através da redução de impostos. Além disso, foi enviado ao Congresso um orçamento altamente expansionista. O governo Trump está, ao mesmo tempo, subindo as tarifas para bens que estão na base da produção, como aço e alumínio. Bobinas a quente de aço tiveram alta de preço de 37%. O governo Trump está provocando um choque de demanda, com aumento de gastos e redução de impostos, e um choque de oferta com decisões que elevarão preços básicos — explicou José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados.

Monica De Bolle: Confie em ninguém

- O Estado de S.Paulo

Recusar-se a dar dinheiro para o Estado não é questão ideológica, mas espécie de instinto de sobrevivência

“As únicas estatísticas em que você pode confiar são aquelas que você mesmo falsificou.”
Winston Churchill

Para abusar de um clichê, há uma espantosa crise de confiança não importa para onde se olhe. No Brasil, ela está firmemente enraizada na política, nos rumos da economia, nas perspectivas para o País após as eleições de outubro. Não à toa serão, provavelmente, os votos brancos e nulos os grandes vitoriosos nas urnas, como mostram sistematicamente as pesquisas de opinião. Mas, mesmo que você seja um cínico inveterado, adepto ferrenho das leis que governam a estupidez humana elaboradas pelo historiador Carlo Cipolla – quem acompanha o que escrevo há algum tempo sabe que Cipolla é meu compasso – cabe analisar as tendências da desconfiança no Brasil, e o que isso pode significar para a política econômica.

O mais recente relatório da OCDE sobre a América Latina traz interessante análise sobre como os contribuintes enxergam a estrutura de impostos na região e mostra que latino-americanos estão entre os mais propensos a evadir impostos e a achar tal postura plenamente justificável. Pesquisa baseada nos dados compilados pelo Latinobarômetro revela que na América Latina, 20% da população acham perfeitamente justificável não pagar tributos, enquanto na Ásia e na África apenas 10% da população descrevem a mesma postura. O relatório discute vários artigos acadêmicos que tentam encontrar razões para a aversão latino-americana aos impostos, mas os motivos citados são pouco convincentes. Afinal, fragilidades institucionais e governos cambaleantes abundam nessas e em outras partes do planeta. Curiosa, resolvi ir direto à fonte e analisar os dados para o Brasil.

Cristiano Romero: Leis exigem compliance também de fornecedor

- Valor Econômico

Caso Siemens criou as bases do que hoje se chama de 'compliance'

Em 2006, Wagner Giovanini aspirava assumir o comando da diretoria de recursos humanos da Siemens no Brasil. Engenheiro eletricista formado na Escola Politécnica da USP, estava na empresa há mais de duas décadas e, naquela ocasião, achava que chegara a hora de fazer algo diferente em sua carreira na multinacional alemã. De fato, chegou, mas o destino tratou de desviar Giovanini da sonhada área de recursos humanos e encaminhá-lo para o então desconhecido mundo do "compliance", encardida palavra inglesa que define conformidade, integridade, isto é, a necessidade de empresas estatais e públicas de cumprir padrões éticos e legais para prevenir a corrupção.

A gigante alemã foi protagonista, no início deste século, de um mega-escândalo de corrupção, envolvendo o pagamento de propinas a agentes públicos em dezenas de países, inclusive, na Alemanha. Os casos vinham de longe, desde a década de 1990. Em 1999, a Alemanha assinou convenção internacional, patrocinada pela OCDE, que trata do combate ao pagamento de propinas a autoridades no exterior. Isso não impediu que, na década seguinte, a Siemens pagasse suborno a agentes públicos de dezenas de países.

Vinicius Torres Freire: Para onde vai o dólar?

- Folha de S. Paulo

Baixa dos juros aqui e altas nos EUA e fraqueza econômica explicariam altas recentes do dólar

O dólar passa apenas uma temporada na casa dos anos R$ 3,40 ou vai se mudar de novo? Muda-se de volta para o andar de baixo, para os R$ 3,25 onde viveu mais ou menos no ano passado? Ou sobe mais andares?

Sobe. Isto é, sobe caso continue a diminuir a diferença entre taxas de juros de EUA e Brasil (e nenhum outro fator de influência na taxa de câmbio se altere de modo relevante). É a hipótese de Julia Gottlieb, economista do Itaú, explicada em relatório divulgado nesta terça (17).

Recorde-se que, nessas corridinhas recentes do dólar, especulou-se que o risco de guerra comercial no mundo e a baixa votação de presidenciáveis “reformistas” no Brasil teriam contribuído para a desvalorização do real. No entanto:

1) moedas de países emergentes se moveram em direção contrária à do real. Não parece que um problema global tenha afetado o câmbio aqui;

2) candidatos preferidos pelos donos do dinheiro vão mal faz tempo, sem perspectiva razoável de mudança em breve;

3) os indicadores financeiros brasileiros começaram a azedar de leve desde meados do mês passado.

Fernando Pessoa: Acaso

No acaso da rua o acaso da rapariga loira.
Mas não, não é aquela.

A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro.

Perco-me subitamente da visão imediata,
Estou outra vez na outra cidade, na outra rua,
E a outra rapariga passa.

Que grande vantagem o recordar intransigentemente!
Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga,
E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado para esta.

Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso!
Ao menos escrevem-se versos.
Escrevem-se versos, passa-se por doido, e depois por gênio, se calhar,
Se calhar, ou até sem calhar,
Maravilha das celebridades!

Ia eu dizendo que ao menos escrevem-se versos...
Mas isto era a respeito de uma rapariga,
De uma rapariga loira,
Mas qual delas?
Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade,
Numa outra espécie de rua;
E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade
Numa outra espécie de rua;
Por que todas as recordações são a mesma recordação,
Tudo que foi é a mesma morte,
Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã?

Um transeunte olha para mim com uma estranheza ocasional.
Estaria eu a fazer versos em gestos e caretas?
Pode ser... A rapariga loira?
É a mesma afinal...
Tudo é o mesmo afinal ...

Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isto é o mesmo também afinal.