quinta-feira, 17 de maio de 2018

*Zander Navarro: Marx, o marxismo e a esquerda brasileira

- O Estado de S.Paulo

A utopia do novo paraíso societário, à luz do socialismo real, não atraiu maiorias sociais...

Eis uma tarefa de alto risco. São temas vastíssimos, associados a uma literatura oceânica. Uma biblioteca dedicada a esses assuntos seria gigantesca, 200 anos após o nascimento de Karl Marx. Ao propor uma sociedade radicalmente diferente em nome do socialismo, essa foi uma tradição política que estimulou amor e ódio, ideologias sacrossantas e também guerras e extermínios. E foi um ideário dominante durante quase meio século, pois entre 1949, a chegada de Mao ao poder na China, e 1989, com a queda do Muro, quatro em cada dez cidadãos do mundo viveram sob governos que se diziam marxistas.

Li tudo o que foi escrito por Marx, desde que me apaixonei pelas aparentes certezas defendidas pelos marxistas brasileiros na lendária revista Encontros com a Civilização Brasileira, na década de 1960. Jovem, quem não seria magnetizado por promessas de igualdade e uma sociedade justa? Não consegui concluir apenas os três volumes das áridas Teorias da Mais-Valia, que o autor alemão escreveu disciplinadamente entre 1861 e 1863 na biblioteca do Museu Britânico, em Londres. Eram os volumes preparatórios para sua maior obra, O Capital, cujo primeiro volume veio a lume em 1867.

No doutoramento, também na Inglaterra, continuei estudando essa tradição política. São quase cinco décadas de pesquisa. Assim, submeto curtas e simplificadas formulações sobre os três temas principais deste comentário.

Sobre Marx: um autor genial, um dos maiores pensadores de todos os tempos. Febrilmente criativo e capaz de interpretar a sociedade humana como um todo, Marx foi leitor insaciável, movido por raríssima inteligência.

Percebeu como nenhum outro autor a chegada de um novo modo de vida, o capitalismo. Ainda que sua obra contenha inúmeros erros, ninguém, antes ou depois, identificou tão claramente os mecanismos essenciais desse regime econômico, em especial a sua intrínseca instabilidade, o que produz crises cíclicas. Causa perplexidade a sua capacidade analítica, considerando que escreveu quando inexistiam dados factuais adequados. A leitura de Marx, se feita desapaixonadamente, é essencial para todos os que desejarem entender o mundo dos humanos.

Matias Spektor: Memória contestada

- Folha de S. Paulo

Regime autoritário continua sendo tema quente de campanha eleitoral

A memória histórica sobre a ditadura militar continua sendo contestada, mas o embate brasileiro é totalmente singular: somos a única nação sul-americana onde os regimes autoritários da segunda metade do século passado continuam sendo tema quente de campanha eleitoral.

Há dois motivos para isso.

O primeiro é que a sociedade ainda desconhece detalhes importantes daquilo que aconteceu. A ferida segue aberta porque tanto as forças que ocupavam o poder quanto seus opositores na luta armada esconderam os aspectos mais nefastos de sua atuação. Diante da limitação de informações e de documentos brasileiros, ficamos à mercê de evidência empírica estrangeira para contar a história mais completa.

O segundo motivo pelo qual a memória da ditadura permanece sob disputa é que, agora, os militares estão de volta na política. Seja na intervenção federal no Rio de Janeiro, seja em candidaturas para o Legislativo e para o Executivo, a corporação militar entrou mais uma vez no jogo.

Desta vez, tudo corre sob as regras da democracia, mas há um choque ferrenho.

Carlos Alberto Sardenberg: Abaixo a ditadura, pô!

- O Globo

Defensores da ditadura dizem que pelo menos não havia corrupção. Errado. Havia. Apenas não podia ser descoberta

Estamos em 1969, o governo militar havia editado o Ato Institucional número 5, no que foi um endurecimento do regime e uma escalada da repressão. Em São Paulo, na esquina de Rua Itambé com Avenida Higienópolis, havia um casarão protegido por muros altos e compridos. Tela ideal para as pichações a que se dedicavam os movimentos estudantis alojados na Faculdade de Filosofia, ali ao lado, na Rua Maria Antônia.

Assim, numa manhã, o muro apareceu com letras enormes: Abaixo a ditadura. Logo no dia seguinte, porém, as paredes estavam branquinhas de novo. Mais um dia e, lá estava, Abaixo a ditadura, slogan da época, posto durante a noite. Mais um dia, e o muro amanhece lavado e pintado. Na quinta manhã dessa disputa, os pichadores perdiam a paciência, mas não o humor. Escreveram: Abaixo a ditadura, pô!

Lembrei-me do slogan nos últimos dias, quando ouvintes do meu programa na CBN enviaram e-mails defendendo a ditadura militar dos anos 60 e 70 e pedindo a sua volta. Reagiam ao noticiário sobre documentos da CIA que mostravam que os presidentes Ernesto Geisel e João Figueiredo não apenas sabiam como autorizavam a execução de “subversivos perigosos”.

Confesso que me surpreendi com essa reação. Pensava que a ideia de ditadura militar estava sepultada na nossa história, sendo defendida, talvez, por pequenos grupos desavisados. Parece que é mais gente do que isso.

O que exige o comentário, aqui reproduzindo e ampliando o que disse na CBN.

Os que defendem a ditadura militar recorrem a quatro argumentos.

Bruno Boghossian: Temer tremeu

- Folha de S. Paulo

Presidente queimou capital político para comprar fidelidade e fragilizou governo

O gabinete ministerial de Michel Temer por pouco não se esfarelou. Nas primeiras 24 horas após a divulgação da delação da JBS, aliados que davam sustentação ao presidente ameaçaram pedir demissão em bloco para se distanciar da crise.

Foi “uma conspiração”, nas palavras de um auxiliar direto de Temer que relembrou a quarta-feira que incendiou a política do país, há um ano.

Em conjunto, cinco partidos começaram a articular um desembarque. Horas depois da publicação pelo jornal O Globo de informações sobre a conversa gravada entre Joesley Batista e Temer, alguns ministros se reuniram para discutir o assunto na casa de Rodrigo Maia (DEM).

Logo na manhã seguinte, três deles telefonaram ao Palácio do Planalto para dar um aviso prévio: prometeram entregar suas cartas de demissão e alertaram que outras viriam.

Naquele 17 de maio, o governo quase explodiu. O movimento daria início a um desmanche da base congressual. Não haveria outra saída senão renunciar, admitem aliados.
A bomba foi desarmada com duas ferramentas. Primeiro, Temer jogou uma nuvem sobre a gravação e pediu aos ministros que esperassem até que detalhes viessem a público.

Maria Cristina Fernandes: O melhor cabo eleitoral do lulismo

- Valor Econômico

Gilmar Mendes está por merecer uma estátua do PT

O ministro Gilmar Mendes está por merecer, do PT, uma estátua, a ser fincada diante das dependências da Polícia Federal em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso em Curitiba. O ministro foi um dos principais artífices da saída que tinha por objetivo manter Lula livre, mas longe das urnas. Obstruída a alternativa, com a qual também se beneficiaria seu grupo político, instalou uma linha de produção de habeas corpus para operadores do PSDB e MDB. Não se ouviram panelas ou generais. Nessa toada, só vai entrar na cadeia quem tiver crachá do PT. Em sua desabalada produtividade, o ministro terá conseguido o inverso do pretendido. Se o ex-presidente pagar esse pato sozinho, o lulismo sobreviverá eleitoralmente ainda que sua principal liderança permaneça encarcerada.

O ex-presidente sempre tomou decisões a partir de suas conversas. Ouve todos os lados e opta por um caminho. Como as visitas só acontecem às quintas-feiras, em duplas, desde que foi encarcerado, Lula só conseguiu conversar com quatro petistas: a presidente do partido, a senadora Gleisi Hoffmann, o ex-governador Jaques Wagner, o tesoureiro do partido, Emídio de Souza e o diretor do Instituto Lula, Paulo Okamotto. Hoje Gleisi voltará a Curitiba na companhia do ex-prefeito Fernando Haddad. Por enquanto, é ao PT que se restringe. Pode até receber cartas, mas estará privado de observar as reações e ler pelas entrelinhas.

Se os interlocutores são escassos, os fatos não o são. Desde sua prisão, a melhor notícia para o ex-presidente foi a saída do ex-ministro Joaquim Barbosa do páreo. Some-se aí a reiterada sorte de Gilmar Mendes com a distribuição de habeas corpus no Supremo. O lulismo perdeu um adversário que ameaçava reconfigurar a esquerda e ganhou um cabo eleitoral para a estratégia de vitimização. Sua causa, para além do circuito militantes, igreja, artistas e intelectuais, ganhou esta semana a subscrição de seis ex-chefes de Estado europeus, entre eles François Hollande e José Zapatero.

Ricardo Noblat: Henrique “bucha de canhão” Meirelles

- Blog do Noblat | Veja

Para que serve o ex-ministro da Fazenda

Uma vez que se dispõe a pagar do próprio bolso todas as despesas de sua campanha a presidente da República, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles passou a ser usado por Michel Temer como bucha de canhão preferida – pelo menos no momento, e até quando lhe servir.

Sem chances de ele mesmo disputar as eleições, Temer dá corda em Meirelles para que o faça. Na pior das hipóteses, o ex-ministro será a única voz a defender a obra do atual governo e a reconhecer-lhe os méritos – nada mal para Temer cuja companhia é rejeitada por todos.

Na melhor, Meirelles funcionará para Temer como moeda de troca com o candidato que de fato venha a ganhar o seu apoio. O apoio do PMDB, Temer não poderá garantir. O PMDB são muitos, cada um com seus interesses particulares. Mas o apoio de Temer não é tão desprezível assim.

Ele tem a caneta. E ela ainda está cheia de tinta. Pode manejar, remanejar verbas e alocar pessoas em cargos chaves do governo. Isso tem lá seu valor principalmente às vésperas de eleições. Geraldo Alckmin, por exemplo, finge manter distância de Temer, mas sonha com a ajuda dele.

O desafio de Meirelles é crescer alguns pontinhos nas pesquisas para despertar algum entusiasmo nos que debocham da sua pretensão de ser candidato. Por ora, não há sinais de que crescerá. Por ora, Meirelles só está dilapidando uma fatia ainda pequena de sua imensa fortuna.

William Waack: Dois heróis

- O Estado de S.Paulo

Juiz Sérgio Moro e PM Katia – nessa dupla a população acredita

No dia em que Michel Temer organizou uma cerimônia para lembrar seus dois anos de governo as atenções estavam em Nova York, na entrega de um prêmio como personalidade do ano ao juiz Sérgio Moro. E na reprodução incessante de um vídeo no qual uma corajosa mãe PM mata um bandido assaltante na porta de uma escola na Grande São Paulo. Um símbolo perfeito para o estado atual da política brasileira. O que o governo diz que tem para mostrar importa pouco, muito menos nas eleições. Os heróis não são da política – ao contrário, são os que resolveram passar as coisas a limpo.

Existe alguma comparação entre o que está acontecendo agora e períodos que antecederam pleitos anteriores? As atuais são inéditas numa feição da qual nem suspeitávamos ainda em 2014. Quanto ao clima pré-eleitoral há, sim, alguma semelhança, como num espelho sujo, com 1989, quando a votação teve lugar ao final de outro governo impopular, o de José Sarney (que, como Temer, não tinha chegado lá pela disputa nas ruas), abominado por quase todos os candidatos e incapaz de colocar a máquina pública a serviço de qualquer deles.

Ao contrário de Sarney, que conduziu o País à hiperinflação e à moratória, Temer tem alguma coisa para dizer que fez, mas não há muita gente disposta a ouvi-lo. Ninguém liga a queda dos juros ou da inflação ao nome dele. Muitos acham que a Petrobrás se recuperou sozinha do desastre petista. O “legado” desse governo – mesmo uma equipe econômica na qual se confia na competência – não constitui um fator eleitoral de peso.

Luiz Carlos Azedo: Pintados para a guerra

- Correio Braziliense

A decisão de Fachin amplia o foco da Lava-Jato em relação ao MDB, que estava concentrado no Palácio do Planalto, mas agora chegou à cúpula do Senado

O ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da Operação Lava-Jato, determinou a investigação dos repasses milionários de recursos da J&F para políticos do MDB, principalmente do Norte e Nordeste, na eleição de 2014, ou seja, na reeleição da presidente Dilma Rousseff, irrigando com recursos financeiros seus palanques regionais. São os mesmos políticos “golpistas” que depois apoiaram o impeachment da petista, mas já se reaproximaram do PT nas coligações regionais dos seus respectivos estados. Os repasses somam mais de R$ 40 milhões.

Segundo a procuradora-geral, Raquel Dodge, as investigações serão feitas com base nas delações premiadas do ex-senador Sérgio Machado, que presidiu a Transpetro, e de Ricardo Saud, ex-executivo da J&F, e miram os senadores Renan Calheiros (AL), Jader Barbalho (PA), Romero Jucá (RR), Eunício Oliveira (CE), Vital do Rêgo (PB), hoje ministro do Tribunal de Contas da União, Eduardo Braga (AM), Edison Lobão (MA), Valdir Raupp (RO), Dario Bergher (SC) e Roberto Requião (PR). Também serão investigados o ex-ministro da Integração Helder Barbalho (PA), o ex-ministro do Turismo Henrique Alves (RN) e o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, que teria determinado os repasses da J&F, a pedido do PT.

A decisão de Fachin amplia o foco da Lava-Jato em relação ao MDB, que estava concentrado no Palácio do Planalto, mas agora chegou à cúpula do Senado, hoje presidido pelo senador Eunício Oliveira. A Casa é um bunker para a legenda, cujo poder no Norte e Nordeste do país deriva muito dessa posição de força em relação ao Executivo, qualquer que seja o presidente da República. Nem mesmo o presidente Michel Temer tem ascendência sobre esse grupo de senadores, que é muito unido. A abertura do inquérito, às vésperas de uma eleição em que os envolvidos disputam a recondução ao Senado ou pretendem concorrer aos governos locais, fragiliza-os eleitoralmente e deve provocar alguma reação política contra o ministério Público Federal (MPF), em linha com a Câmara.

A mais provável retaliação será a tentativa de acabar com o foro privilegiado para juízes e procuradores, restringindo-o aos presidentes dos três poderes da República. Já existe uma articulação para isso na Câmara, que deve ganhar força com o engajamento dos senadores do MDB. Eles influenciam outras bancadas e, também, os deputados federais a eles ligados. A legenda funciona como uma federação de caciques regionais, que operam com maestria a política nos estados. A Lava-Jato é outro alvo desses senadores, que já tentaram inclusive retirar as garantias constitucionais que protegem os juízes em relação às suas sentenças. São todos políticos muito experientes, com grande capacidade de articulação e sobreviventes de várias crises políticas nacionais. Destacam-se, nesse aspecto, Renan Calheiros e Jader Barbalho, que já presidiram o Senado, e Romero Jucá, atual presidente da legenda, que foi líder dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Hoje, é o líder do governo Temer.

Manifesto prega união do centro por agenda reformista

Texto assinado por FHC fala em mobilização por ‘polo democrático’; grupo vê pré-candidato tucano como nome ideal para liderar bloco

Pedro Venceslau | O Estado de S.Paulo

Em uma tentativa de evitar a fragmentação dos partidos do “centro” na eleição presidencial, lideranças de PSDB, DEM, MDB e PTB uniram esforços para articular um palanque único na disputa. O movimento conta com a chancela do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
FHC, o chanceler Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) e o deputado Marcus Pestana (MG), secretário-geral do PSDB, são os primeiros signatários do manifesto intitulado “Por um polo democrático e reformista”, que será lançado em um evento na última semana de maio. O documento defende uma “urgente unidade política nas eleições”.

O projeto surgiu na semana passada, em um jantar na casa do deputado Heráclito Fortes (DEM-PI), em Brasília. Também participaram do encontro o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann (PPS-PE), o ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM-PE) e os deputados Jarbas Vasconcelos (MDB-PE), Danilo Forte (PSDB-CE), José Carlos Aleluia (DEM-BA), Benito Gama (PTB-BA), além de Pestana.

O movimento surge no momento que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tenta formar um bloco partidário para isolar uma possível aliança eleitoral entre o Palácio do Planalto e o ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência da República.

A maioria do grupo entende que Alckmin é, hoje, o nome com mais condições de liderar o bloco, apesar de patinar nas pesquisas de intenção de voto. A cabeça da chapa, porém, não será discutida em um primeiro momento.

“Depois do lançamento, vamos buscar em junho bilateralmente cada um dos candidatos. Esse campo vai dos liberais, como João Amoedo (Novo) e Flávio Rocha (PRB), passa por Paulo Rabelo de Castro (PSC), Rodrigo (Maia), Alckmin e Alvaro Dias (Podemos) – e, no limite, vai até a Marina Silva (Rede)”, disse Pestana.

Perigo. O manifesto, que foi obtido pelo Estado, afirma que essa eleição será a mais “complexa e indecifrável” desde a redemocratização. O texto alerta, sem citar nomes, para o risco de uma disputa polarizada entre um candidato de esquerda e o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que lidera as pesquisas de intenção de voto no cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Alckmin nega rompimento e diz que PSDB vai apoiar DEM nos Estados

Declaração foi dada depois de o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), pré-candidato do DEM ao Palácio do Planalto, ter descartado abdicar da disputa

Felipe Frazão | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O pré-candidato do PSDB a presidente da República, ex-governador paulista Geraldo Alckmin, negou hoje que a parceria de seu partido com o DEM esteja se aproximando do fim. A declaração foi dada depois de o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), pré-candidato do DEM ao Palácio do Planalto, ter descartado abdicar da disputa em prol do que chamou de "uma derrota". Ao Estado, Maia disse ainda que o ciclo entre os dois partidos estava terminando por um desgaste da relação nas últimas eleições.

“O DEM é outro partido, outro grande partido. Em muitos lugares nós vamos estar juntos, vamos ser parceiros. Tem muitos Estados em que o PSDB vai apoiar o Democratas. O Pará e provavelmente muitos outros estados. Em nível nacional, nós respeitamos. O Democratas tem um candidato, que é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, uma liderança jovem, uma das melhores vocações da nova geração”, disse Alckmin ao visitar uma feira agrícola na capital federal.

Maia convidou a bancada do PSDB na Câmara para almoçar mais cedo na residência oficial. Alckmin disse que não esteve presente e que Maia não precisava dar explicações.

Alckmin vai se reunir ainda hoje com dirigentes do PROS, em Brasília, e com correligionários no PSDB. Ele negou que esteja procurando uma aproximação com o presidente da República, Michel Temer (MDB). O tucano disse que ainda não se reuniu em privado com Temer para discutir uma coligação. “Tenho respeito pelo presidente, mas esse não é um tema agora em discussão”, afirmou.

Alckmin também disse que não tem desconforto com os resultados de pesquisas eleitorais, seja intenção de votos ou aumento de sua rejeição. “A campanha não começou ainda, vai ser uma campanha de resistência, de chegada. Precisamos crescer na pesquisa na hora certa, não adianta crescer agora e cair no mês que vem”, afirmou.

Maia tenta desfazer mal-estar com o PSDB após dizer que aliança estaria terminando

Presidente da Câmara chama deputados para conversa reservada; tucanos preparam manifesto

Vera Rosa | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), tentou acalmar a bancada de deputados federais do PSDB, na quarta-feira, 16, e fez vários elogios ao ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB). Dias depois de ter dito, em entrevista ao Estado, que o ciclo de aliança entre o DEM e o PSDB “está terminando”, Maia chamou os tucanos para um almoço na residência oficial da Câmara e afirmou que não teve a intenção de fechar as portas para uma composição com o partido mais adiante.

O deputado repetiu, porém, que pretende manter sua candidatura ao Palácio do Planalto “até o final”. Pré-candidato à Presidência, Alckmin ficou aborrecido com as declarações dadas por Maia ao Estado. Na entrevista, o deputado admitiu o desgaste na relação entre as duas siglas.

Na conversa desta quarta, no entanto, ele procurou desfazer o mal-estar. O ex-governador estava em Brasília, mas não compareceu ao almoço. O Estado apurou que os dois devem se reunir na próxima semana.

“Concordamos em manter um canal de diálogo para ter convergência em algum momento, que tanto pode se dar no segundo turno como nas convenções, com a unidade do bloco ainda na primeira rodada”, resumiu o deputado Marcos Pestana (MG), secretário-geral do PSDB. “Se percebermos que o apocalipse se aproxima, tentaremos a unidade ainda no primeiro turno.”

Pestana definiu como “apocalipse” a possibilidade de vitória de candidatos como Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e Ciro Gomes (PDT-CE). No almoço desta quarta com Maia, o tucano lembrou que o PSDB e o DEM têm uma parceria histórica e disse temer as consequências da fragmentação da centro-direita.

“Se o bloco reformista se pulverizar, a população pode ficar órfã no segundo turno”, argumentou Pestana. “Existe uma crise monumental e, em um cenário de disputa do populismo autoritário de direita e de esquerda, há muitos riscos.” Para o deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), que também participou do encontro com Maia, ficou acertado ali que “é preciso criar pontes, e não muros” na relação entre o DEM e o PSDB.

'Não adianta crescer agora', diz Alckmin

Por Daniel Rittner | Valor Econômico

BRASÍLIA - Amargando uma queda nas intenções de voto e aumento da rejeição, o ex-governador Geraldo Alckmin minimizou os números desfavoráveis da pesquisa CNT/MDA em sua primeira aparição pública após a sondagem, que foi divulgada na segunda-feira. "Ainda não começou a campanha", disse o pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, em visita à Agrobrasília, feira agrícola nos arredores de Brasília. "Até julho, o interesse do eleitor é baixo. Precisa crescer na hora certa. Não adianta crescer agora e cair no mês que vem."

Depois de passar três dias em reuniões fechadas com integrantes de sua pré-campanha e dirigentes partidários, Alckmin retomou suas atividades externas em meio aos rumores de conversas com o MDB e pressionado por declarações recentes do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre o fim do ciclo de aliança entre sua sigla e o PSDB.

Para o ex-governador, não há que se falar em rompimento. "Em muitos lugares nós vamos estar juntos, vamos ser parceiros. Tem muitos Estados em que o PSDB vai apoiar o Democratas", afirmou, citando o caso do Pará e classificando Maia como "uma das melhores vocações da nova geração".

Questionado sobre contatos com Michel Temer, ele disse não ter tido nenhuma conversa por enquanto sobre eventual apoio do emedebista e evitou responder se aceitaria levar o presidente para o palanque. "Esse não é um tema em discussão agora", desconversou.

Alckmin anunciará, hoje de manhã, novos integrantes da equipe econômica responsável pelo programa de governo. Alguns nomes que têm ajudado o grupo liderado pelo economista Persio Arida - e não necessariamente serão apresentados nesta quinta-feira - são o ex-ministro Roberto Rodrigues (para o agronegócio), o consultor Adriano Pires (para o setor elétrico, petróleo e gás) e o economista Marcelo Allain (logística de transportes).

Aos produtores rurais que estavam na feira, Alckmin falou de uma agenda com melhoria das condições de crédito, redução de custos logísticos, incremento em pesquisa e busca por acordos comerciais. Preferiu não fazer comentários extensos sobre as renegociações de dívidas no âmbito do Funrural, principal demanda do setor, e usou números positivos sobre a segurança pública em São Paulo para dizer que combaterá a violência no campo.

Após críticas ao PSDB, Edmar Bacha aceita atuar em campanha de Alckmin

Tucano fará anúncio de equipe econômica para reverter desgaste

Thais Bilenky | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Meses depois de lançar críticas ao PSDB, o economista Edmar Bacha será anunciado nesta quinta-feira (17) como o responsável por comércio exterior na campanha de Geraldo Alckmin (PSDB).

Um dos formuladores do Plano Real, Bacha é ligado a Persio Arida, o coordenador do programa na área econômica da campanha do tucano.

Pré-candidato a presidente, Alckmin não consegue melhorar seu desempenho e viu sua rejeição e o potencial de votos piorarem em pesquisa CNT/MDA nesta semana.

O anúncio de quinta faz parte da tentativa de mostrar a envergadura da candidatura do tucano. O próprio pré-candidato estará presente.

Alexandre e José Roberto Mendonça de Barros também serão anunciados pela campanha.

Aloysio Nunes rebate pedido de líderes europeus para que Lula dispute eleições

Ministro chamou o gesto de preconceituoso, arrogante e anacrônico

Talita Fernandes | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, rebateu nesta quarta-feira (16) uma carta assinada por líderes europeus criticando a prisão do ex-presidente Lula.

“Recebi, com incredulidade, as declarações de personalidades europeias que, tendo perdido audiência em casa, arrogam-se o direito de dar lições sobre o funcionamento do sistema judiciário brasileiro”, disse o chanceler por meio de nota.

A mensagem é uma resposta a uma carta publicada na terça (15) nas redes sociais do Lula. O documento foi assinado por seis pessoas, entre elas, os ex-presidentes da França François Hollande, e da Espanha José Luis Rodrigues Zapatero, além do ex-primeiro ministro da Bélgica Ellio Di Rupo e os ex-presidentes do Conselho de Ministros da Itália Massimo D'Alema, Enrico Letta e Romano Prodi.

As lideranças do continente europeu dizem estar preocupados e pedem que Lula possa concorrer as eleições de outubro.

Aloysio disse que qualquer cidadão brasileiro que tenha sido condenado fica inabilitado a concorrer a cargo eletivo.

"Ao sugerir que seja feita exceção ao ex-presidente Lula, esses senhores pregam a violação do estado de direito. Fariam isto em seus próprios países? Mais do que escamotear a verdade, cometem um gesto preconceituoso, arrogante e anacrônico contra a sociedade brasileira e seu compromisso com a lei e as instituições democráticas."

Aloysio chama de 'arrogante' manifesto de ex-líderes europeus a favor de Lula

Em nota, ex-líderes de França, Espanha e Itália dizem que luta contra corrupção não justifica direito dos povos a escolher seus governantes

Lu Aiko Otta: O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Em nota divulgada pelo Itamaraty, o chanceler Aloysio Nunes Ferreirareagiu duramente a um manifesto divulgado por ex-chefes de Estado europeus pedindo a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato, nas eleições presidenciais deste ano. O ministro classificou o gesto como “preconceituoso, arrogante e anacrônico” e disse ter recebido a iniciativa com “incredulidade”.

Na nota, o chanceler afirma que cidadãos brasileiros condenados em órgãos colegiados ficam impedidos de disputar eleições. “Ao sugerir que seja feita exceção ao ex-presidente Lula, esses senhores pregam a violação do estado de direito”, afirma.

O manifesto é assinado pelos ex-premiês da Espanha José Luis Rodríguez Zapatero, da Itália, Massimo D’Alema, Romano Prodi e Enrico Letta, da Bélgica Elio di Rupopelo, e pelo ex-presidente francês François Hollande. Os políticos europeus afirmam que “a luta legítima e necessária contra a corrupção não pode justificar uma operação que questiona os princípios da democracia e o direito dos povos a escolher seus governantes” e se dizem comovidos com a prisão “precipitada” de Lula. Eles também mostram preocupação com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Segue a íntegra da nota do Itamaraty:
“Recebi, com incredulidade, as declarações de personalidades europeias que, tendo perdido audiência em casa, arrogam-se o direito de dar lições sobre o funcionamento do sistema judiciário brasileiro. Qualquer cidadão brasileiro que tenha sido condenado em órgão colegiado fica inabilitado a disputar eleições. Ao sugerir que seja feita exceção ao ex-presidente Lula, esses senhores pregam a violação do estado de direito. Fariam isto em seus próprios países? Mais do que escamotear a verdade, cometem um gesto preconceituoso, arrogante e anacrônico contra a sociedade brasileira e seu compromisso com a lei e as instituições democráticas.”

Aloysio Nunes rebate manifesto de líderes europeus contra prisão de Lula

Ex-presidentes de França, Espanha e Itália pedem que petista participe das eleições

- O Globo

SÃO PAULO - O ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes Ferreira criticou nesta quarta-feira a divulgação de uma carta, assinada por líderes europeus que pedem a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro. Segundo o chanceler brasileiro, os líderes mundiais "cometem um gesto preconceituoso, arrogante e anacrônico contra a sociedade brasileira e seu compromisso com a lei e as instituições democráticas".

Divulgado pelas redes sociais de Lula na terça-feira, a carta foi assinada por seis pessoas: o ex-presidente da França François Hollande, o ex-presidente da Espanha José Luis Rodrigues Zapatero, o ex-primeiro ministro da Bélgica Ellio Di Rupo e os ex-presidentes do Conselho de Ministros da Itália Massimo D'Alema, Enrico Letta e Romano Prodi.

O texto dos líderes europeus chama de "apressada" a prisão de Lula, diz que o impeachment de Dilma Rousseff gerou uma "preocupação séria" e solicita que o petista possa concorrer nas próximas eleições.

"A luta legítima e necessária contra a corrupção não pode justificar uma operação que questiona os princípios da democracia e o direito dos povos de eleger os seus governantes", diz o texto.

Já o comunicado de Aloysio diz que as declarações foram recebidas com "incredulidade" e sugere que "tendo perdido audiência em casa", os ex-presidentes querem dar "lições sobre o funcionamento do sistema judiciário brasileiro".

Prossegue o ministro: "Qualquer cidadão brasileiro que tenha sido condenado em órgão colegiado fica inabilitado a disputar eleições. Ao sugerir que seja feita exceção ao ex-presidente Lula, esses senhores pregam a violação do estado de direito. Fariam isto em seus próprios países? Mais do que escamotear a verdade, cometem um gesto preconceituoso, arrogante e anacrônico contra a sociedade brasileira e seu compromisso com a lei e as instituições democráticas".

Lula está preso na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde cumpre pena por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Ele foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), segunda instância da Lava-Jato, a 12 anos e um mês de prisão. O petista nega ter cometido qualquer crime.

PSB descarta PSDB e PT e estuda neutralidade ou aliança com Ciro

Por Raphael Di Cunto | Valor Econômico

BRASÍLIA - Com divergências internas após a desistência do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa de concorrer à Presidência pelo PSB, o partido decidiu descartar aliança formal com o PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou com o PSDB do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. Na mesa estão duas opções: aliança com outro candidato - o mais provável é Ciro Gomes (PDT) - ou ficar neutro nacionalmente.

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, encontrou-se ontem com o presidente do PDT, Carlos Lupi, e disse que a sigla está aberta a conversas com todos, mas já definiu que os dois partidos que polarizaram as eleições nos últimos 24 anos estão fora do radar. "Precisamos manter a unidade do PSB e nem um nem outro nos possibilitam isso. É melhor excluir as possibilidades que nos dividem e tentar as que nos aproximam", afirmou.

Parlamentares e governadores nordestinos do PSB defendem a aliança com o PT, pela força de Lula na região, ou com Ciro. As conversas com o PT partem principalmente do diretório pernambucano, que quer reeleger o governador Paulo Câmara e, para isso, pretende demover os petistas de concorrerem com a vereadora Marília Arraes (PT). Já o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), apoia Alckmin.

Há leis no Brasil: Editorial | O Estado de S. Paulo

A condição de ex-chefe de Estado ou de governo impõe certo decoro. Uma vez fora do círculo central de poder, os que tiveram nas mãos o destino de suas nações deveriam se abster, se não por prudência por magnanimidade, de posicionamentos que possam constranger seus sucessores, macular suas biografias – em alguns casos, ainda mais – ou ofender seus próprios países ou outras nações estrangeiras.

Este tipo de cuidado não parece fazer parte do rol de preocupações do ex-presidente francês François Hollande, dos ex-premiês italianos Massimo D’Alema, Enrico Letta e Romano Prodi, do ex-premiê belga Elio Di Rupo e do ex-premiê espanhol José Luis Zapatero. Os seis ex-líderes europeus assinaram um manifesto pela libertação de Lula da Silva, a quem chamam de “incansável arquiteto da redução das desigualdades no Brasil”, por considerarem “apressada” a prisão do ex-presidente.

É curiosa a noção de tempo dos signatários do manifesto porque em seus próprios países há casos em que condenados em primeira instância já podem ser presos, situação jurídica bastante diferente da do ex-presidente Lula, que perdeu por votações unânimes em todas as Cortes colegiadas que se debruçaram sobre seu processo.

Nada encabulado, o sexteto vai além: não basta soltar Lula da Silva, condenado a 12 anos e 1 mês de prisão, convém lembrar, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. É preciso deixá-lo concorrer na eleição presidencial de outubro.

“Nós solenemente solicitamos que o presidente Lula possa se submeter livremente ao sufrágio do povo brasileiro”, pedem os ex-líderes.

Solenemente, eles ignoram a existência do ordenamento jurídico brasileiro. Solenemente, eles ofendem as instituições pátrias, como o Congresso que aprova as leis e os tribunais que as aplicam. Solenemente, eles ignoram os fundamentos que levaram à condenação de Lula da Silva apenas no primeiro dos seis processos em que ele é réu.

Guerra seletiva

Poder em Jogo: Lydia Medeiros | O Globo

O PT decidiu declarar guerra aberta ao Judiciário: a liderança do partido na Câmara lançou ontem o que chama de “Projeto Lava-Toga”, proposta de mudanças na Lei de Improbidade para punir remunerações acima do teto salarial na Justiça. O partido quer permitir abertura de processos contra juízes e procuradores por ação popular, punindo com “perda da função pública e multa civil de até três vezes o valor recebido que exceder o teto salarial”. O projeto de lei 9447 nada diz sobre verbas de representação e de gabinete, que contribuem para deixar Judiciário e Legislativo brasileiros no topo da lista dos mais caros do mundo.

Fim de caso
O PSB exauriu o debate com o PT sobre as possibilidades de parceria eleitoral. Considerou alto demais o preço cobrado pelo apoio do PT em estados-chave, como Pernambuco. As condições do PT incluíam assumir uma defesa entusiástica de Lula. O PSB preferiu encerrar o processo de negociação nacional, que envolvia dez colégios eleitorais. As alianças, agora, ficam ao sabor dos interesses regionais. Com o fim do diálogo, os petistas devem ter candidatura própria contra o governador Paulo Câmara, do PSB pernambucano, e os socialistas estão livres para se unir contra o petista Fernando Pimentel, em Minas.

Noiva cobiçada
Longe do PT, começa no PSB a discussão sobre a adesão às candidaturas de Ciro Gomes (PDT) ou Geraldo Alckmin (PSDB). Para ter apoio em estados estratégicos, como Minas, líderes tucanos e pedetistas já admitem abrir ao PSB a vaga de vice na chapa dos dois presidenciáveis. Nos dois casos, o ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda é citado como possibilidade. Fora da disputa ao governo mineiro, ele facilitaria a vida de Antonio Anastasia (PSDB). No PDT, Lacerda é ligado a Ciro, que o lançou na vida política.

Pimentel avalia apoio a Ciro

Governadores do PT se reúnem nesta quinta (17) em BH para discutir cenário político após a prisão de Lula

- O Tempo (MG)

São Paulo e Belo Horizonte. A convite do anfitrião, o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), os demais governadores petistas se reúnem nesta quinta-feira (17) na capital mineira para discutir o cenário político após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os petistas se reunirão na sexta-feira (18) com os demais governadores do Nordeste para um debate sobre a bacia do rio São Francisco. Pimentel também participará do encontro em Pernambuco. Na pauta informal está a sucessão presidencial.

Segundo membros do PT, Pimentel já começa a admitir, em suas conversas, a hipótese de aliança em favor da candidatura presidencial de Ciro Gomes (PDT), com quem ele conversa diretamente. Outros governadores do campo de esquerda, como Flávio Dino (PCdoB-MA) e Rui Costa (PT-BA), já manifestaram publicamente simpatia por uma aliança com o ex-ministro cearense.

Patrocinador do encontro desta quinta-feira, Pimentel também concorda em particular com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), em busca de um acordo mútuo. Pelo acerto, o PT abriria mão da candidatura da vereadora Marília Arraes no Estado para apoiar a reeleição de Câmara. Em troca, o ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB) retiraria sua candidatura ao governo de Minas Gerais em favor da reeleição de Fernando Pimentel.

Aécio diz a Anastasia que não vai participar de atos da campanha

Decisão, segundo o tucano, é porque ele ainda não definiu qual será seu futuro

- O Estado de Minas

"O senador Aécio Neves comunicou ao senador Anastasia que, enquanto não decidir seu futuro, sua participação nas eleições, não participará dos eventos", afirma nota da assessoria de Aécio.

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, por outro lado, se prepara para acompanhar Anastasia em viagem pelo interior do Estado. Os dois têm agenda em Poços de Caldas com líderes locais na sexta-feira, 18.

Após pressão do partido, Anastasia aceitou disputar mais um mandato ao Executivo estadual para garantir, entre outras coisas palanque ao presidenciável tucano no segundo maior colégio eleitoral do País.

A cerimônia de anúncio da candidatura de Anastasia, na segunda-feira, não teve a participação de Aécio nem de Alckmin. Durante o evento, Anastasia ressaltou que terá o controle da campanha no Estado com o objetivo de não deixar nenhuma dúvida sobre a possibilidade de Aécio ter participação no comando da campanha.

Sem citar os processos contra Aécio, afirmou que o colega de bancada decidirá "a seu tempo e hora" se será candidato em outubro. "O importante agora é continuar conversando com os partidos."

Nas pesquisas, um cenário eleitoral confuso e inquietante: Editorial | Valor Econômico

As pesquisas eleitorais mostram grande indefinição e ratificam o cenário de imprevisibilidade geral. É ainda muito alto o percentual de indecisos e dos que declaram que votarão em branco ou nulo - mais de um terço dos entrevistados e, em alguns casos, dependendo dos candidatos apresentados na simulação, mais de 45% - segundo a pesquisa divulgada no dia 14 de maio pela CNT/MDA. Se comprada pelo seu valor de face, o cenário é muito preocupante.

O ponto de partida de uma avaliação realista é que 39,6% dos entrevistados se disseram indecisos na pesquisa espontânea, o que sugere desconhecimento dos candidatos e de suas propostas - mais que natural a esta altura, pois a campanha não começou - e indica com clareza que tudo ainda está por acontecer. Retrato do momento, a pesquisa da CNT se engata em várias anteriores para mostrar possíveis tendências do eleitorado, pelo menos no ponto inaugural da disputa. Há algumas constantes que formam um quadro de alta aversão aos políticos, de fuga à polarização entre PT e PSDB que marcou as seis últimas eleições presidenciais e de grande rejeição aos partidos tradicionais.

Há avenida ainda aberta para o aparecimento de surpresas no elenco dos pretendentes à Presidência, mas o tempo corre. Luciano Huck e Joaquim Barbosa flertaram com a candidatura, examinaram de perto o que lhes reservava pela frente e refugaram. Fechada a possibilidade de candidaturas-surpresa, com as convenções partidárias, até 6 de agosto, o eleitor terá de se haver com os atuais pré-candidatos, possivelmente em número menor do que os 20 que se apresentaram.

Na ausência do que se convencionou chamar de "outsiders", as pesquisas mostram que há ainda um viés contra os candidatos dos grandes partidos que dominam a cena política desde a redemocratização. Na ausência de Lula, que venceria todos no primeiro e no segundo turno - e ele é muito maior que o PT - lideram a pesquisa da CNT, pela ordem, Jair Bolsonaro, do minúsculo PSL, Marina Silva, do nanico Rede e Ciro Gomes, agora no PDT.

No PIB, o custo da incerteza: Editorial | O Estado de S. Paulo

O Brasil fechou o primeiro trimestre com a economia bem menos vigorosa que no fim do ano passado. Depois de um ano de firme retomada, produção e consumo perderam impulso, travados pela insegurança de consumidores e empresários. O desemprego permanece elevado e os setores industriais mais dinâmicos são aqueles mais beneficiados pelo crédito e pela exportação. Em março, o ritmo dos negócios foi 0,74% menor que em fevereiro e 0,66% inferior ao de um ano antes, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), prévia mensal dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgada ontem. A perda de impulso fica mais evidente quando se compara a média dos primeiros três meses com a do período de outubro a dezembro. O confronto mostra um recuo de 0,13%.

Mas nem tudo é negativo. A atividade no primeiro trimestre foi 0,86% superior à de janeiro a março do ano passado, segundo as contas do BC. Além disso, o indicador cresceu 1,05% em 12 meses. Números mais animadores foram apresentados na estimativa do PIB da Serasa Experian, divulgada também ontem, pouco depois do IBC-Br. Segundo a Serasa, o PIB avançou 0,1% de fevereiro para março e no primeiro trimestre o resultado foi 0,3% superior ao dos três meses finais de 2017. Nesse quadro, o crescimento em 12 meses chegou a 1,3% – com pouca diferença, enfim, em relação à estimativa do BC. Apesar dessa diferença, os economistas da Serasa avaliam o desempenho da economia como inferior às suas expectativas.

Cronologia do atraso: Editorial | Folha de S. Paulo

Escolha desastrada de slogan dá ideia de como será difícil defender reformas na eleição

De mais marcante, a celebração oficial do aniversário de dois anos do governo Michel Temer, na terça-feira (15), suscitou uma onda de comentários jocosos com o convite que apresentava o slogan “O Brasil voltou, 20 anos em 2”.

Logo se percebe que a sentença desastrada, se lida sem a vírgula, descreve um retrocesso brutal. Esse, claro, foi o principal motivo das chacotas, além de novo mote para os ataques políticos à hoje esvaziada administração emedebista. Existe mais de revelador, entretanto, nas palavras escolhidas.

Trata-se de óbvia referência ao lema celebrizado no Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, de “50 anos em 5” —o quinquênio em questão era o período 1956-61. Eis, portanto, um governo que se pretende liberal e modernizador a se promover com a sintaxe do velho desenvolvimentismo nacional.

Algo semelhante se nota na tentativa de compilar as realizações da breve gestão de Temer que justificariam tamanho ufanismo.

No balanço elaborado pelo Planalto listam-se, com maior ou menor propriedade, a alta programada do salário mínimo, saques nas contas do FGTS, o crédito à agricultura familiar, o reajuste do Bolsa Família, as casas construídas pelo Minha Casa, Minha Vida.

Esses e outros feitos do poder público ainda têm mais apelo, no debate eleitoral do país, que reformas destinadas a conter os gastos e a intervenção do Estado na economia —esta, de fato, a agenda fundamental do governo.

Os candidatos identificados com tal plataforma —e aqueles que, premidos pela conjuntura, terão de recorrer a ela— enfrentarão o desafio de torná-la palatável numa campanha presidencial.

Escândalo no INSS é retrato do Estado brasileiro: Editorial | O Globo

A compra pelo órgão de programa de computador milionário em firma de distribuição de bebidas é reflexo do tamanho da máquina e do descaso com a meritocracia

A enorme máquina do Estado brasileiro continua a gerar casos de corrupção impensáveis em qualquer país minimamente organizado, com leis e instituições eficazes. A compra pelo gigantesco INSS, gestor da aposentadoria dos assalariados da iniciativa privada, de software junto a uma pequena empresa cujas instalações eram de uma firma distribuidora de bebidas é um caso exemplar do ponto a que chega a desfaçatez quando se trata de roubar o contribuinte.

Relatada pelo GLOBO, a história envolve a RSX Informática Ltda., de Lawrence Barbosa, e o próprio presidente do INSS, Francisco Lopes — retirado do cargo, o mínimo que o Planalto podia fazer —, responsável direto por forçar o fechamento de um contrato de R$ 8,8 milhões com a firma, para a compra de um programa de computador e treinamento de funcionários do órgão. Sugestivamente, com presteza foram liberados R$ 4 milhões para a empresa de softwares (ou de bebidas).

Publicada a reportagem no site do jornal, Francisco Lopes emitiu nota informando a suspensão do contrato feito com a RSX. Era tarde. O golpe reúne ingredientes cinematográficos: repórteres do jornal visitaram, em 9 de maio, o endereço da firma, em um prédio em Brasília, e lá se depararam com garrafas de água mineral e de vinho etc. Retornaram na terça-feira, e o espaço havia sido remodelado com a decoração de um escritório do ramo de informática.

Vinicius Torres Freire: Economia volta a se deprimir

País ficou estagnado no 1º trimestre; dólar e juros do BC não explicam lerdeza

O dólar e a decisão do Banco Central de não mexer na taxa de juros vão dar algum pano para a manga. Mas a economia está um trapo por algum outro motivo mais sério. Trapo: o país não cresceu no primeiro trimestre, segundo a estimativa do Banco Central.

Em abril, foram para o vinagre as medidas de confiança de consumidores e empresas. Azedaram uns indicadores importantes de perspectivas de emprego e crescimento, da FGV. Não são animadoras medidas parciais do movimento no comércio em maio, feitas por bancos e grande varejo.

Mês a mês, o indicador de crescimento calculado pelo BC não é lá muito preciso. Na medida do crescimento em 12 meses, fica melhor. Pois bem. Até dezembro, o crescimento anual medido pelo IBC-Br havia sido de 1,04%. Até março, foi de 1,05%.

As expectativas para o resto do ano pioraram. A FGV tem um índice que tenta captar a direção do vento, o Índice Antecedente Composto da Economia, o Iace. Parou de ventar.

"Após nove meses de altas seguidas, o Iace recuou em abril com os componentes de expectativas captando o sentimento de frustração em relação ao ritmo da retomada econômica", disse o economista Paulo Picchetti, pesquisador do Ibre da FGV, na divulgação do indicador, na terça-feira (15).

Míriam Leitão: Balanço dos riscos

- O Globo

O cenário externo mudou desde a última reunião do Copom, por isso fez sentido a decisão de antecipar o fim do ciclo de relaxamento monetário. Mas o risco cambial é mais fraco do que em outros momentos em que houve incerteza internacional. Se forem retirados da conta da dívida externa os débitos do governo, os empréstimos entre companhias e o passivo dos bancos cobertos com hedge, a dívida total cai de US$ 548 bilhões para US$ 80 bi.

A situação brasileira neste momento de turbulência internacional foi atenuada com a derrubada da inflação e dos juros nos últimos dois anos. O ajuste monetário feito no atual governo permitiu ao país chegar neste momento preparado para enfrentar o aumento da pressão cambial e inflacionária, com o índice de preços abaixo do piso da meta e uma Selic 775 pontos mais baixa. Isso é um feito.

O dólar mais alto impactará os preços em geral, mas o país passará por este ponto da crise em situação muito mais confortável. Se não tivessse feito o esforço de política econômica e monetária dos últimos dois anos, a situação agora seria bem delicada. Por isso é que a Argentina subiu os juros para o nível mais alto do mundo e o Brasil apenas antecipou o fim da queda das taxas.

O risco cambial existe, mas sua dimensão precisa ser entendida. A conta feita pelos economistas do mercado é a seguinte. A dívida total em dólar, pública e privada, é de US$ 548 bilhões e parece enorme. Mas apenas uma pequena parte, de US$ 76 bilhões, é dívida do governo e ele tem US$ 380 bilhões de reservas, o que quer dizer que ele é credor líquido. A maior parte da conta em dólares no Brasil é dívida intracompanhias, os negócios entre filiais e matrizes, que chega a US$ 235 bilhões. 

Em outras crises, parte desse dinheiro foi convertido em capital. Outros US$ 127 bi são de bancos, e eles têm hedge. Sobram US$ 110 bilhões, mas os US$ 30 bi de swaps oferecidos pelo Banco Central ajudam a cobrir uma parte. O resto é de US$ 80 bilhões, que se não tiver nenhum seguro pode ter um impacto patrimonial de R$ 44 bilhões com a elevação do dólar de R$ 3,10 para R$ 3,66.

Zeina Latif: O ‘empurrão’ da Selic baixa

- O Estado de S.Paulo

Cenário de juros civilizados poderá ser gatilho para uma transformação no País

Mesmo com a pausa nos cortes antes do esperado, a taxa de juros básica atingiu patamar inédito e, desta vez, de forma sólida. Ainda que parte do relaxamento monetário seja temporário, devendo se reverter quando a inflação estiver convergindo para a meta, há boas chances de a taxa Selic não mais voltar a dois dígitos. A primeira condição para isso é aprovar uma reforma da Previdência que afaste o risco de insolvência da dívida pública.

Esse cenário benigno de juros permanentemente mais civilizados poderá ser um importante gatilho para uma transformação no País. Não por tornar economicamente viáveis projetos de investimento que hoje não sairiam do papel, ainda que isso possa ocorrer, mas pelo “empurrão” para uma mudança na agenda econômica.

Se destravar o investimento dependesse apenas de juros baixos, o crédito subsidiado do BNDES, que dobrou entre 2008-14, atingindo 11% do PIB, teria produzido mais frutos.

A Turquia, por exemplo, tem taxas de juros historicamente elevadas e taxa de investimento muito superior à do Brasil, de 29% do PIB ante 19% em média aqui. A explicação está em sua estrutura econômica mais sólida, estando a Turquia na 53.ª posição no ranking global de competitividade e o Brasil na 80.ª. Já a África do Sul tem juros mais moderados, mas uma taxa de investimento comparável à do Brasil.

A grande contribuição da Selic baixa poderá vir pelo estímulo à reavaliação das políticas públicas atuais. Primeiro, pelo espaço para remoção daquelas que têm como justificativa a Selic elevada, mas produzem distorções e ineficiências na economia.

Itália: plataforma de coalizão antissistema antagoniza EU

- O Globo

Liga e Movimento 5 Estrelas dizem estar próximos de formar governo

-ROMA- Deixar a zona do euro, dar fim às sanções comerciais à Rússia e pedir o cancelamento da dívida italiana de € 250 bilhões são algumas das medidas previstas no esboço do plano de governo italiano redigido pela Liga e pelo Movimento Cinco Estrelas (M5E) divulgado pelo site “Huffington Post” — uma bomba-relógio que pode abalar a relação da Itália com a União Europeia (UE). Os partidos responsáveis pelo documento de 39 páginas e 22 pontos alegaram ontem que “o programa vazado é uma versão antiga que foi amplamente modificada no decorrer de reuniões recentes”. A data que consta no registro, no entanto, é de três dias atrás.

REAPROXIMAÇÃO COM A RÚSSIA
Após dois meses e meio de impasse político, o partido de extrema-direita e o movimento antiestablishment estão prestes a formar um governo, segundo anúncio feito ontem. No esboço vazado, ficam claras as intenções da futura coalizão de estreitar os laços com a Rússia ao pedir a retirada das sanções comerciais impostas ao país e a reabilitação imediata de Moscou como “interlocutor estratégico” em Síria, Líbia e Iêmen. “A abertura para a Rússia não é tida como uma ameaça, mas uma parceria econômica”, descreve o plano.

Também está entre as medidas previstas a criação de um órgão paralelo ao Conselho de Ministros para resolver divergências na cooperação das duas forças políticas opostas no poder. O “Comitê da Reconciliação” poderia, além de lidar com questões internas, tomar decisões externas, passando por cima das regras institucionais. Quanto à manobra para sair da zona do euro, os partidos declararam após o vazamento que “decidiram não questionar a moeda única”.

A reportagem do “Huffington Post” menciona ainda que o pré-projeto de governo sugere uma renegociação das contribuições orçamentárias da Itália à UE; o desmantelamento da Reforma da Previdência de 2011, que aumentou o tempo de contribuição; e uma manobra nas políticas de imigração. Neste último ponto, ao menos, os dois partidos concordam no documento tratar-se de uma questão “insustentável” e que “está na hora de dar preferência aos italianos”, sinalizando políticas mais rígidas.

Mario Quintana: Segunda canção de muito longe

Havia um corredor que fazia cotovelo:
Um mistério encanando com outro mistério, no escuro…
Mas vamos fechar os olhos
E pensar numa outra cousa…

Vamos ouvir o ruído cantado, o ruído arrastado das correntes no algibe,
Puxando a água fresca e profunda.
Havia no arco do algibe trepadeiras trêmulas.
Nós nos debruçávamos à borda, gritando os nomes uns dos outros,
E lá dentro as palavras ressoavam fortes, cavernosas como vozes de leões.

Nós éramos quatro, uma prima, dois negrinhos e eu.
Havia os azulejos, o muro do quintal, que limitava o mundo,
Uma paineira enorme e, sempre e cada vez mais, os grilos e as estrelas…
Havia todos os ruídos, todas as vozes daqueles tempos…
As lindas e absurdas cantigas, tia Tula ralhando os cachorros,
O chiar das chaleiras…

Onde andará agora o pince-nez da tia Tula
Que ela não achava nunca?
A pobre não chegou a terminar o Toutinegra do Moinho,
Que saía em folhetim no Correio do Povo!…
A última vez que a vi, ela ia dobrando aquele corredor escuro.
Ia encolhida, pequenininha, humilde. Seus passos não faziam ruído.
E ela nem se voltou para trás!