terça-feira, 12 de junho de 2018

Opinião do dia: Fernando Henrique Cardoso

A Constituição de 1988. De alguma maneira criou um parâmetro para a sociedade medir o governo ao prever, como promessa a ser realizada, direitos coletivos na área da saúde, da educação, da habitação etc. Houve avanços nessa direção. No entanto, o Estado que aí está, capturado por interesses, tem enorme dificuldade para cumprir as promessas da Constituição de 1988.

Ulysses Guimarães a chamou de Constituição Cidadã. A Lei Maior de fato desenha um estado de bem-estar social. Preservou, porém, mecanismos e dispositivos que favorecem ou asseguram a manutenção de privilégios corporativos.

Na estrutura atual, para dar-se um passo na direção do Estado de bem-estar social moderno, é preciso fazer concessões enormes aos setores corporativos, e não há como financiar isso tudo. Alguém tem que ceder. É o que está estourando hoje com a crise fiscal.

A matriz cultural brasileira era, e ainda é, muito fechada, muito corporativa, esse é o nosso problema, mas não são só as instituições, é a cultura. As pessoas pensam assim. Temos que lutar para obter uma mudança de valores, ajustando-os aos desafios contemporâneos.
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Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, foi presidente da República. “Crise e reinvenção da política no Brasil, p.106. Companhia das Letras, São Paulo, 2018.

*Rubens Barbosa: Guerra comercial e reforma da OMC

- O Estado de S.Paulo

O Brasil devia ter papel ativo nessa discussão, a começar pelo encontro do G-20 na Argentina

A instabilidade no comércio internacional tem aumentado de forma significativa nos últimos meses. Notícias recentes mostram que o governo norte-americano voltou a indicar que prosseguirá com a aplicação de medidas contra a China com base na Lei de Segurança Nacional. O governo chinês mostrou-se surpreso com essas declarações, que vão em sentido contrário ao aparente consenso já alcançado entre as partes.

Na mesma linha de endurecimento da atitude norte-americana, no dia 31 de maio o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, confirmou a aplicação de sobretaxas de 25% e 10% sobre o aço e o alumínio originários do Canadá, do México e da União Europeia. Ross já havia manifestado insatisfação com a exigência de Bruxelas de iniciar negociações apenas após garantia de que o bloco estaria isento das sobretaxas de forma permanente. No caso do Canadá e do México, o secretário afirmou que a renegociação do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) ainda levaria tempo, o que justifica a aplicação imediata das medidas. Logo após a notícia da entrada em vigor das sobretaxas norte-americanas, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou que “não resta alternativa ao bloco senão iniciar uma disputa na Organização Mundial do Comércio (OMC) e impor tarifas adicionais a uma série de produtos originários dos Estados Unidos”. Na reunião do G-7 no fim de semana, em clima tenso, os principais aliados dos EUA condenaram as medidas restritivas de Washington como ilegais.

O Canadá também reagiu rapidamente e anunciou que vai impor tarifas adicionais a produtos norte-americanos a partir de 1.º de julho no valor de US$ 12,8 bilhões e questionar as medidas perante o Nafta e a OMC. Em tom desafiador, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou-se antes do fim do encontro para se encontrar com Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, em Cingapura, ficou isolado nas deliberações e respondeu às declarações do primeiro-ministro canadense chamando-o de “desonesto e fraco”.

Hélio Schwartsman: O candidato centrista morreu?

- Folha de S. Paulo

Apostaria apenas somas modestas num segundo turno ortodoxo

Parte do mau humor nos mercados se deve ao fato de que os postulantes vistos como mais comprometidos com a agenda de reformas de que o país precisa aparecem mal nas pesquisas. O mais bem posicionado deles é Geraldo Alckmin (PSDB), que, no último Datafolha, amargou um quarto lugar, com 7% das preferências do eleitorado.

Até que ponto devemos considerar pesquisas feitas meses antes do pleito? Essa é uma daquelas perguntas que divide em dois o mundo dos profissionais que respiram política.

De um lado, estão marqueteiros, jornalistas e os próprios candidatos, que tendem a valorizar os últimos acontecimentos políticos, que teriam o dom de ir moldando as preferências do eleitorado. Para eles, são as pesquisas que captam essas movimentações, convertendo-se assim na melhor régua disponível para prognosticar resultados.

Do outro, temos os cientistas políticos que trabalham com dados, que afirmam que pesquisas feitas com muita antecedência são péssimos guias. Para eles, o comportamento do eleitorado é mais fixo do que se supõe, e os mapas de eleições anteriores somados a fatores como a situação econômica são bem mais úteis do que as sondagens para tentar antecipar o futuro. A própria campanha, dizem, teria importância marginal, fazendo diferença só em pleitos muito disputados.

Um bom exemplar dessa linha é o sociólogo Alberto Carlos Almeida, que acaba de lançar “O Voto do Brasileiro”, no qual sustenta que o mais provável é que tenhamos no fim de outubro um segundo turno entre os candidatos do PT e do PSDB.

Marcus Pestana: A barbárie e a ordem democrática

- O Tempo (MG), 11/6/2018

Democracia não se confunde com baderna ou anarquia. Liberdade é um conceito complexo. Centenas de autores e filósofos consumiram litros e litros de tinta para discutir as relações entre liberdade individual e convivência social. O senso comum já propagandeou com sabedoria: “Minha liberdade termina onde começa a do outro”. As regras ficam consignadas nas leis, nos valores éticos, nos princípios filosóficos e religiosos vigentes e nos costumes.

A democracia nasceu para limitar o poder absoluto do rei. Na Constituição e nas leis estão traduzidos os direitos e deveres dos cidadãos, o papel do Estado e as regras do jogo. Representam o pacto de convivência e o contrato social que vão arbitrar as relações entre as múltiplas liberdades individuais e coletivas que coabitam em um ambiente comunitário.

Digo isso tudo em função do turbulento momento brasileiro, em que somos tomados por certa perplexidade e por um gosto amargo preventivo de que as coisas estão fugindo do controle.

Os caminhoneiros e o setor de transporte têm todo o direito de reivindicar seus legítimos direitos. Mas certamente não podem de bloquear estradas ou tornar a sociedade refém pela ameaça de uma crise de abastecimento. Os policiais civis e militares de Minas e os agentes penitenciários têm absoluta razão em se mobilizar em nome de seus salários. Mas, como agentes da lei e da ordem, devem circunscrever seus movimentos às diretrizes constitucionais, evitando, por exemplo, até mesmo simbolicamente, a quebra do ícone do poder democrático em Minas, que é o Palácio da Liberdade, que não é de um ou outro governador, mas de toda a sociedade, fonte original de todo poder.

Raymundo Costa: Tucanos tentaram botar o guizo no gato

- Valor Econômico

Alckmin jogou o guardanapo para não jogar a toalha

Apesar dos percalços, o PSDB vai mesmo de Geraldo Alckmin em 7 de outubro. A opção seria João Doria, mas o ex-prefeito de São Paulo ampliou sua área de atrito entre os tucanos de São Paulo, antes concentrada na turma mais próxima de Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Alberto Goldman e José Aníbal, entre os mais conhecidos. O fato de Alckmin marcar agendas no interior primeiro com o governador Márcio França, candidato do PSB ao governo, diz muito.

Alckmin de fato atirou um guardanapo sobre a mesa, no calor de uma discussão com outros tucanos "preocupados" com sua candidatura, para não ter de jogar a toalha. O ex-governador se queixou de que trabalha das 6h à meia-noite, mas não tem recebido o apoio esperado do partido. E ainda desafiou os descontentes a trocar de candidato. Só um nível de pressão muito alto para levar Alckmin a uma reação dessas. O ex-governador alterna entre o introspectivo e um bom contador de "causos" da política brasileira. Doria é o nome da pressão.

O ex-prefeito já enfrentou antes cara-feia de tucano e sempre levou a melhor. Tanto na escolha do candidato do PSDB a prefeito de São Paulo, em 2016, como para governador, agora em 2018. Perdeu prestígio na capital, mas há pesquisas indicando que vai bem no interior. É considerado um candidato mais empolgante para os tucanos do resto do país, atualmente preocupados mais com suas próprias eleições do que com as agruras de um candidato a presidente da República.

O jantar realizado em um hotel de São Paulo juntou figuras do estado-maior tucano, com os ex-governadores Beto Richa (PR) e Marconi Perillo (GO), o deputado Marcus Pestana (MG), secretário-geral, o líder no Senado Paulo Bauer, e o "estado-menor" - na expressão de um dos convivas - do ex-governador, formado por nomes sem interlocução nacional como os deputados Nilson Leitão, Silvio Torres e Samuel Moreira ou o cientista político Luiz Felipe d'Avila, coordenador do programa de governo.

Uma opção proposta a Alckmin é a divisão de tarefas. Perillo é o primeiro vice-presidente do PSDB. Ele e Tasso Jereissati retiraram suas candidaturas em favor de Alckmin, mas sem o compromisso de afastamento de Alckmin durante a campanha. Perillo e outros presentes convergem no sentido de que Alckmin está com muitas atribuições e precisa dividir tarefas. O candidato não tem tempo para "arredondar" o palanque dos aliados em São Paulo e ao mesmo tempo ir discutir com José Sarney o palanque do Maranhão, por exemplo.

Bernardo Mello Franco: Esperança, a chicória do debate eleitoral

- O Globo

O pessimismo com a economia voltou a crescer, o governo ficou ainda mais impopular e nunca houve tanta gente disposta a anular o voto. A nova rodada do Datafolha fotografou um país em desalento. É neste clima de mal-estar que os brasileiros vão escolher seu candidato a presidente.

O diretor do instituto de pesquisas, Mauro Paulino, descreve o sentimento nacional com palavras como letargia e torpor. Ele diz que o eleitor anda com medo: de sair à rua, de ficar desempregado, de não conseguir atendimento nos hospitais. “O brasileiro está atravessando uma fase de muita insegurança”, resume.

Uma fase de insegurança e de desencanto com a política, indica a pesquisa divulgada no domingo. Aproximadamente um em cada quatro brasileiros (23%) afirma que pretende votar nulo ou em branco. É quase o triplo dos 8% que diziam o mesmo há quatro anos, em junho de 2014.

Nem a crise de abastecimento foi capaz de quebrar o marasmo eleitoral. Apesar dos transtornos, não houve mudanças nas intenções de voto dos principais candidatos. O principal efeito da paralisação foi cavar ainda mais o poço da impopularidade de Michel Temer, cuja aprovação desceu a míseros 3%.

Nada menos que 92% se recusam a votar num candidato apoiado pelo atual presidente. Isso explica por que até o emedebista Henrique Meirelles passou a atravessar a rua quando vê o ex-chefe na mesma calçada. Nem o ex-ministro da Fazenda está disposto a defender o que Temer chama de “legado”.

Marco Antonio Villa: A falência das elites

- O Globo

Candidatos e lideranças partidárias estão desconectados do Brasil real. Não entendem que as ruas querem transformação

A desilusão com o processo de escolha do novo presidente da República é evidente. A maioria dos eleitores não encontra um candidato que esteja sintonizado com o sentimento das ruas. Alguém que possa entusiasmar o país. Que pense o novo. Que elabore propostas originais. Que consiga expô-las e mostrar sua viabilidade. Que rompa com o senso comum, com o mesmismo, com a obviedade que acabou virando sinônimo de político brasileiro. Vivemos a hora da xepa, a escolha é do menos estragado, do menos pior. E eleição não foi feita para isso. Deveríamos escolher os melhores, os mais preparados.


Este processo de desilusão está relacionado com o sistema político-jurídico que nasceu com a Constituição de 1988. Vivemos a turbulência mais longa e mais profunda da história da República. Há uma crise estrutural e não apenas conjuntural. As possibilidades de mudanças reais estão vedadas. A petrificação da estrutura é evidente. Não há sequer brechas, mesmo que mínimas. A eficácia para a preservação do mesmo desmoralizou a democracia. A desilusão do eleitor é a resposta a tudo isso. É o máximo que, por hora, pode fazer.

Nada indica que o Congresso eleito a 7 de outubro será melhor que o atual. A renovação habitual — em torno de 40% — deve se manter. Mas é enganosa. Há somente uma mudança nos nomes. As mesmas famílias, os mesmos interesses, continuarão a ser dominantes na vida parlamentar. O espetáculo da democracia — como se denominava antigamente a eleição — será, mais uma vez, uma ópera-bufa.

Gaudêncio Torquato*: Esculhambação geral

- O Estado de S. Paulo

Começo com uma historinha que sempre lembro para explicar estas nossas tropicais plagas. Há, no mundo, quatro modalidades de sociedade: a primeira é a inglesa, aberta, onde tudo é permitido salvo o que for proibido; a segunda é a alemã, rígida, onde tudo é proibido salvo o que for permitido; a terceira é a totalitária, ultra-fechada, de índole ditatorial, onde tudo é proibido mesmo o que for permitido; e, por último, a brasileira, onde tudo é permitido mesmo o que for proibido.

Querem um exemplo? A última greve dos caminhoneiros, que bloqueou o livre trânsito de pessoas e automóveis e deu prejuízo que alguns estipulam em R$ 60 bilhões até o momento, com consequências sérias sobre a vida das pessoas – educação, saúde, alimentação, serviços etc. O fato é que o país retrocedeu passos em seu avanço civilizatório. Pois bem, multas foram estipuladas, como se viu na decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes, de determinar que 96 empresas transportadoras pagassem em 15 dias R$ 141 milhões pelo descumprimento da liminar que determinava o desbloqueio imediato de rodovias.

Depois, o TST determinou que os petroleiros, em greve logo depois, arcassem com multa de R$ 2 milhões por dia.

E o que estamos vendo? A Câmara dos Deputados avalia anistiar as penalidades impostas, na esteira de um projeto de lei que regulamenta o transporte rodoviário de cargas no país e cujo relator é o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP).

Se isso vier de fato a ocorrer, o Brasil mostra sua cara sem retoques: a desmoralização das Cortes judiciárias, a desfaçatez, a hipocrisia dos nossos representantes e, mais, a prova inconteste de que, por aqui, tudo é possível: transgredir a lei e não ser punido, descumprir o ordenamento jurídico do país e, em troca, receber aplausos por conduta ilegal, imoral, restritiva aos valores de nossa democracia. Cai bem sobre nossa fisionomia institucional aquela frase atribuída a De Gaulle – o Brasil não é um país sério. (A frase, na verdade, é de autoria do embaixador brasileiro na França entre 1956 e 1964, genro do presidente Artur Bernardes, Carlos Alves de Souza Filho, a propósito da “guerra da lagosta”, assunto que envolveu uma pergunta que lhe fez o correspondente do JB em Paris, Luis Edgar de Andrade. O diplomata cochichou aquele dito.)

Joel Pinheiro da Fonseca: Deus não é mais brasileiro

- Folha de S. Paulo

Para que alguns continuem ganhando, pessoas de carne e osso terão que pagar

A nossa democracia é laica, mas nossas decisões políticas são tomadas sob a premissa de que Deus é —e sempre será— brasileiro. Queremos benefícios sem custos (e quem em sã consciência não quereria?).

Exigimos que seja assim. Os custos hão de ser empurrados para algum momento indeterminado do futuro e cair sobre as costas de alguma entidade benévola não especificada, sem machucar ninguém. Algum dia alguém dá algum jeito e fica tudo certo. Deus resolve.

A maioria dos brasileiros concorda com o controle de preço do diesel, e quer ainda o controle de preço da gasolina e do gás natural. Só não aceita ter que pagar a conta. A Petrobras que tenha um prejuízo. E quem vai cobri-lo? O Tesouro, essa entidade superior e fonte de riquezas, que não por acaso também recebe letras maiúsculas.

Não é um caso isolado. Da direita à esquerda, todos pedem por mais gasto para suas causas e setores de preferência, sem nunca especificar quem vai ficar com a conta; essa fica para uma figura oculta, alguém com um bolso vasto e generoso. Há quem diga, inclusive, que o aumento de gastos vai aumentar a arrecadação; multiplicação milagrosa dos pães.

Os liberais sabem muito bem que tudo isso se traduz em mais impostos. E por isso a principal bandeira liberal no Brasil, o corte de impostos, ressoa cada vez mais.

Ricardo Noblat: Mais um companheiro de Lula é condenado à prisão

- Blog do Noblat | Veja

Desta vez, o ex-presidente de El Salvador que teve sua campanha paga pela Odebrecht e foi casado com uma militante do PT

Como Lula, Maurício Funes se elegeu presidente de El Salvador pela esquerda, prometendo a redenção dos pobres. Como Lula, governou pela direita e aliou-se aos picaretas do seu país. Como Lula, uma vez denunciado por corrupção, negou tudo e atacou a Justiça. Ao contrário de Lula, porém, não esperou ser condenado e preso: exilou-se há dois anos na Nicarágua.

O Procurador Geral da República de El Salvador, há três dias, pediu sua prisão. Acusou-o de montar uma “estrutura quase perfeita” que desviou dos cofres do Estado pouco mais de 350 milhões de dólares. Por peculato, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio, a Justiça, ontem à tarde, expediu ordem de prisão contra Funes, sua atual mulher Ada Guzmán, e seus dois filhos.

Também foi acusada e será presa a ex-mulher de Funes, a brasileira Vanda Pignato, atual Secretária de Inclusão Social do governo. Representante do PT em El Salvador, Vanda e Funes eram casados quando ele se elegeu presidente. Os dois teriam gastado mais de 4 milhões de dólares em 166 viagens de turismo, várias delas ao Brasil. Lula foi à posse de Funes e o recebeu aqui.

A campanha de Funes foi feita pelo marqueteiro do PT, João Santana Filho. E paga pela Odebrecht a pedido de Lula. Tão logo Lula foi parar no cárcere da Polícia Federal em Curitiba, Funes apressou-se a postar nas redes sociais uma mensagem de solidariedade a ele. Escreveu que Lula fora preso porque governara para os pobres. E criticou a Justiça brasileira.

Míriam Leitão: Risco concreto

- O Globo

O mercado fala por ordens de compra e venda, mais do que por declarações. Pelo movimento das últimas semanas, está claro que não tem confiança nos candidatos que estão na frente. É possível encontrar defensores do deputado Jair Bolsonaro nos bancos, mas as próprias cotações do dólar e da bolsa mostram que os formadores de opinião, e de preços, no mercado não acreditam que ele seja o liberal que finge ser.

O importante não é na verdade o que economistas de alguns poucos bancos do concentrado mercado bancário brasileiro ou de meia dúzia de grandes gestores de ativos pensam ou deixam de pensar. O relevante são os riscos concretos da economia brasileira. Ela tem uma sólida posição cambial, mas uma extrema fragilidade fiscal. Como resultado da desastrada administração Dilma Rousseff, o país saiu da posição confortável de ter uma dívida pública estabilizada. Ela subiu 25 pontos percentuais do PIB desde o início da administração da ex-presidente até os dias de hoje. O superávit primário mantido por 16 anos virou um rombo enorme. O governo Temer, ao perder o rumo em maio de 2017, enterrou a reforma da Previdência que daria alguma redução a esse desequilíbrio fiscal. O que ameaça o país não é a volatilidade deste ano eleitoral, mas o risco de uma crise de confiança na dívida pública se os candidatos viáveis não apresentarem propostas coerentes para enfrentar os problemas fiscais do país. E crise de confiança na dívida atinge todos os poupadores e investidores.

Ana Carla Abrão: Sal da terra

- O Estado de S.Paulo

Não há como sair da crise fiscal sem reformar essa estrutura inchada e disfuncional

Em 13 de junho de 1654, em São Luís do Maranhão, Padre Antonio Vieira, pregou aos peixes no seu famoso Sermão de Santo Antonio aos Peixes. Pregava aos peixes porque os homens não lhe ouviam, ressaltando numa retórica primorosa nossas virtudes e defeitos.

Na semana passada, nessa mesma São Luís, enquanto o dólar disparava, a Bolsa derretia e o mercado acordava para os riscos de elegermos um candidato populista, uma importante discussão acontecia. Representantes das Secretarias de Planejamento e Gestão dos 26 Estados brasileiros e do Distrito Federal debateram a importância de se reformular a máquina pública no Brasil e de fazer reviver a agenda de Reforma Administrativa, abandonada há mais de 20 anos.

Ali se reuniram aqueles que vivem os problemas no dia a dia, que sofrem com a falta de instrumentos de gestão e que se sentem impotentes frente à captura e descontrole que vivemos no setor público brasileiro. A cotação do dólar, a queda da Bolsa ou a inclinação da curva de juros passaram ao largo das discussões, não por ignorância em relação aos impactos de uma economia frágil no crescimento e na receita, mas pela clareza de que nossos problemas se assentam em questões estruturais. Eles bem sabem que chegamos ao limite.

Gastamos em 2016 o equivalente a 39% do PIB com o custeio da máquina. Patamar comparável ao que gastam França, Inglaterra ou Canadá. Por outro lado, detemos as piores colocações nos rankings globais de qualidade dos serviços públicos. Saúde, educação, segurança pública e sistema judiciário não superam os 45% de satisfação, nos colocando na lanterna dentre os países pesquisados pela OCDE.

José Casado: Estranha aliança

- O Globo

Acordo na Câmara contra a Lava-Jato leva à união dos partidos de Lula, Ciro, Boulos e Manuela com o MDB de Michel Temer, o PP de Ciro Nogueira e o PSD de Gilberto Kassab

Em meio à campanha eleitoral surgiu uma estranha aliança: o PT de Lula, o PDT de Ciro Gomes, o PSOL de Guilherme Boulos e o PCdoB de Manuela D'Ávila se uniram ao MDB de Michel Temer, o PP de Ciro Nogueira e o PSD de Gilberto Kassab. O acordo foi selado dias atrás na Câmara, com adesão posterior do PR de Valdemar da Costa Neto e do PSB, que ainda não definiram o rumo na sucessão.

O objetivo comum é usar o Legislativo para instigar a anulação, ao menos parcial, de processos criminais abertos na Operação LavaJato. A manobra prevê a contestação da integridade da atuação de procuradores e juízes federais da primeira instância, do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal em acordos de delação premiada.

Pretende-se instalação imediata de uma CPI na Câmara para investigar especulações, assim descritas: “Possibilidade de manipulação das colaborações premiadas, e possibilidade do envolvimento de agentes públicos.”

O pedido foi assinado por 190 deputados. Parte já esteve envolvida em artimanhas frustradas para emparedar procuradores e juízes ou, simplesmente, anistiar a réus e investigados na Lava-Jato. Tentam a reeleição e, para eles, a liquidação da Lava-Jato é um sonho que não acabou.

O documento indica um triunfo do improvável: uma grande aliança entre partidos adversários, cujos candidatos à presidência mantêm visões peculiares tanto sobre o governo Michel Temer quanto dos competidores na sucessão.

O mau humor do brasileiro: Editorial | O Estado de S. Paulo

Não há nada pior para a democracia do que um estado permanente de desconfiança. Quando os cidadãos vão muito além do saudável ceticismo em relação ao poder e, de maneira irrefletida, passam a não acreditar mais nas instituições nem nos pactos constitucionais, tem-se uma situação em que tudo o que emana das estruturas que regulam a vida social, política e econômica do País torna-se objeto de descrença, quando não de hostilidade.

Em situações desse tipo, a realidade é sumariamente ignorada, muitas vezes de forma deliberada, prevalecendo uma percepção distorcida e confusa sobre a conjuntura nacional, reforçada por um tremendo mau humor em relação ao establishment político e econômico. A versão segundo a qual nada que venha do governo, do Congresso ou da Justiça tem valor começa perigosamente a se impor.

Tome-se o exemplo das recentes pesquisas de opinião que qualificam Michel Temer como o mais impopular presidente da história do País e expressam profundo pessimismo a respeito da economia. Em nenhum dos dois casos a percepção se sustenta nos fatos. Por nenhum parâmetro racional se pode considerar o presidente Temer pior, por exemplo, do que sua antecessora, Dilma Rousseff, que praticamente arruinou a economia nacional e foi defenestrada da Presidência, entre outras razões, por ser incapaz de se relacionar com o Congresso. Temer, ao contrário, restabeleceu o diálogo com deputados e senadores e, a partir dessa base, essencialmente democrática, criou as condições necessárias para reorganizar as contas públicas e encaminhar uma importante agenda de reformas. Tudo isso, aliado à escolha de uma competente equipe econômica, controlou a inflação, que sob Dilma havia desembestado, tirou o País da recessão e devolveu ao setor produtivo a capacidade de crescer e gerar empregos.

No entanto, graças ao clima de caça aos corruptos que se instalou no País, em que todos os políticos passaram a ser considerados ladrões, Temer acabou sendo alçado ao lugar mais alto do panteão da corrupção da política nacional – e tal percepção manteve-se inabalável mesmo depois que se comprovou a constrangedora inépcia das denúncias feitas contra o presidente pela Procuradoria-Geral da República. E essas denúncias bastaram não apenas para desmoralizar o presidente, que hoje ostenta 3% de aprovação, segundo pesquisa do Datafolha com margem de erro de 2 pontos porcentuais, como também para desqualificar as reformas que ele tentou promover.

A falsa segurança fiscal das verbas extraordinárias: Editorial | O Globo

Os royalties, em alta devido à cotação do petróleo e à produção da Petrobras, não resolvem problemas estruturais das finanças públicas

Estados produtores — o Rio de Janeiro o mais importante deles —, alguns de seus municípios e a União voltam a ser beneficiados por um novo ciclo de elevação do preço do petróleo no mundo, base para o cálculo dos royalties que recebem.

O crescimento da receita, também impulsionado pelo aumento da produção da Petrobras e pela própria valorização do dólar, vem em boa hora, quando as finanças públicas estão bastante desequilibradas, devido à crise fiscal provocada por Lula e Dilma, a partir de 2009, com a construção da política da “nova matriz macroeconômica”, baseada em intervencionismo estatal e em gastos irresponsáveis.

Conforme dados da Secretaria estadual da Fazenda, publicados pelo GLOBO no domingo, royalties e participações especiais (provenientes de poços de alta produtividade) recebidos pelo Rio, entre janeiro e maio, somaram R$ 5,18 bilhões, 51% a mais sobre mesmo período de 2017.

A maior parcela deste dinheiro vai para o Rioprevidência, sistema de aposentadoria e pensões do funcionalismo fluminense, cujo déficit previsto para este ano é de R$ 10,3 bilhões. O governador Luiz Fernando Pezão acha que poderá ser menor.

Violência segue crescendo e seu custo chega a 5% do PIB: Editorial | Valor Econômico

O mais recente Atlas da Violência, divulgado na semana passada, trouxe novamente más notícias. O Atlas registrou 62.517 homicídios em 2016, ou 30,3 por 100 mil habitantes, 5,8% a mais do que os 59.080 de 2015. De 2006 a 2016, foram 553 mil homicídios, número superior ao da guerra na Síria, que já somou 500 mil mortos, de acordo com o levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), realizado com apoio do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e baseado em dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, cruzados com dados de registros policiais.

A taxa brasileira de homicídios atingiu patamar 30 vezes superior à registrada na Europa. Levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS) chega a número semelhante, de 31,1 homicídios por 100 mil habitantes em 2016, cinco vezes a média mundial de 6,4 homicídios por 100 mil habitantes.

Os números brasileiros podem estar subestimados, dada a precariedade das estatísticas. Em 2016, foram registradas 10.274 mortes violentas de causa indeterminada, o que pode ter contribuído para reduzir a taxa de homicídio oficial, uma vez que parte delas pode ter sido resultado de agressão intencional não identificada como tal por conta da ineficiência das autoridades de saúde ou policiais, pontua o Ipea. Na estatística nacional, o total de mortes violentas de causa indeterminada ficou em 5 por 100 mil habitantes. Mas supera os 10%, em três Estados, com 11% em Minas Gerais, 10,8% na Bahia e 10,2% em São Paulo. Também preocupam Pernambuco, com 9,4%, e Rio de Janeiro, com 9%. Há o caso de cidades consideradas pacíficas pela taxa de homicídio baixa que, no entanto, possuem muito mais mortes de causa indeterminada.

Com um pé atrás: Editorial | Folha de S. Paulo

Apesar do bom momento da seleção, caem apostas no título e o interesse na Copa, mostra o Datafolha

Depois do traumático desempenho em casa, no Mundial de 2014, quando sofreu a famigerada derrota por 7 a 1 para a equipe da Alemanha e ficou num decepcionante quarto lugar na classificação geral, a seleção brasileira de futebol goza de menos confiança no país.

Segundo pesquisa Datafolha, 48% —pouco, para os padrões nacionais— apostam que o time do Brasil vai conquistar a Copa da Rússia, que terá início nesta quinta (14), com a partida entre os anfitriões e a Arábia Saudita.

Trata-se do mais baixo patamar de crença no favoritismo da seleção registrado pelo instituto desde que tal sondagem começou a ser feita, em 1994. Há quatro anos, 68% acreditavam no triunfo da equipe treinada por Luiz Felipe Scolari.

A atitude cautelosa está alinhada com o percentual dos que dizem não ter interesse pelo torneio, que alcançou 53%,¬ patamar mais elevado da série histórica. Na Copa passada, essa indiferença foi manifestada por 36% dos entrevistados a uma semana do início da disputa.

Merval Pereira: De Gorbachev a Putin

- O Globo

A primeira imagem que vi na televisão foi a de Boris Yeltsin em cima de um tanque

S e pudesse escolher melhor situação dias antes da abertura da Copa do Mundo, Vladimir Putin não faria por menos: Trump, alegadamente para mostrar-se forte diante do ditador norte-coreano Kim Jongun, desmoralizou os demais presidentes do G-7 não assinando a declaração final do encontro, e dizendo que ele teria mais relevância se a Rússia estivesse presente.

Logo ele, presidente dos Estados Unidos, que liderou a expulsão do país do que era o G-8 em 2014, após a anexação da Crimeia. Outros fatos políticos ajudaram a azedar a relação de Moscou com o Ocidente: o apoio da Rússia à Síria de Bashar al-Assad, o envenenamento de espiões no Reino Unido e as investigações sobre a interferência russa nas eleições americanas, para ajudar Trump, semearam a discórdia.

Para Putin, a Europa e os Estados Unidos em crise são o melhor dos mundos. Ajuda a retomar seu projeto de poder, levando a Rússia ao protagonismo internacional novamente. A Copa do Mundo tem tudo a ver com esse projeto. Mas o historiador da USP Ângelo Segrillo, considerado um dos maiores especialistas na região, considera um erro classificar Putin de antiocidental.

Ele afirma em seu livro “De Gorbachev a Putin, a saga da Rússia do socialismo ao capitalismo” que Putin é um “ocidentalista moderado”. Os choques com os Estados Unidos se deveriam a uma visão pragmática do presidente, que “defende os interesses estatais russos contra potências estrangeiras”.

Citando Hobsbawn, Segrillo diz que a Rússia, no final do século XX, passou por dois momentos históricos de importância crucial para o mundo: depois de ter sido o primeiro país a fazer a passagem do capitalismo para o socialismo, trilhou o caminho inverso, e agora renasce como grande potência, sob a batuta de Putin.

Fernando Gabeira: Expectativas e realidades

- O Globo

Nos ciclos das sedes, tanto o Brasil quanto a Russia viveram os descaminhos da Historia

A Rússia entra na semana decisiva: início da Copa do Mundo. Há quatro anos, era o Brasil. Ambos se candidataram com a esperança de projetar seus poderes particulares no mundo.

É um tipo de escolha arriscada, porque ninguém domina o futuro. Ao ser escolhido, o Brasil prosperava; durante a Copa de 2014, porém, já estava quase arruinado.

Da mesma forma, a Rússia tinha melhor relação com o Ocidente. Depois da anexação da Crimeia, ela perdeu seu lugar no chamado G-8 e sofreu sanções econômicas que podem dificultar o avanço tecnológico em alguns setores.

O Brasil, ao receber a Copa, procurou fortalecer como trunfo a felicidade e o sorriso dos brasileiros, enfim, um modo de vida. É o chamado “soft power". A Rússia, embora procure ser perfeita na hospitalidade, não trabalha tanto com os recursos do “soft power".

Para começar, quase todos os cursos de russo para quem vem ao país aconselham a não sorrir para estranhos, pois os russos reservam o sorriso para a família e os íntimos.

Armando Monteiro (PTB) oficializa pré-candidatura ao governo pernambucano

Deputado federal Mendonça Filho (DEM) se lança ao Senado na chapa do petebista, que reúne sete partidos

Kleber Nunes | O Estado de S.Paulo

RECIFE - O senador Armando Monteiro (PTB) e o deputado federal Mendonça Filho (DEM) oficializaram nesta segunda-feira, 11, no Recife, suas pré-candidaturas ao governo e ao Senado, respectivamente. Composta por mais cinco partidos - PSDB, PRB, Podemos, PV e PPS – a chapa "Pernambuco vai mudar" ainda negocia a segunda vaga de senador e a de vice-governador. PR, Progressistas e PSC disputam os espaços que restam na majoritária.

O bloco começa a corrida pré-eleitoral com sete dos 49 deputados estaduais e o apoio de pelo menos 32 dos 185 prefeitos, ou seja, menos de 20% das gestões municipais pernambucanas."Estamos dialogando com diversos partidos, pois ainda temos tempo, as convenções só acontecerão a partir do dia 20 de julho. Vamos ampliar esta frente para a caminhada que começa agora, mas garanto que temos o apoio de lideranças políticas em todas as microrregiões do Estado", disse o Armando Monteiro no evento que ocorreu em um hotel da zona sul do Recife.

Monteiro é o principal nome da oposição ao governo Paulo Câmara (PSB), herdeiro político do ex-governador Eduardo Campos - morto em um acidente aéreo em agosto de 2014, quando era candidato à Presidência -, que o derrotou no primeiro turno na eleição de 2014. O senador foi presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior na gestão de Dilma Rousseff (PT).

Marcos Montes é anunciado como pré-candidato a vice de Anastasia

- Estado de Minas

BELO HORIZONTE - O deputado federal Marcos Montes (PSD) foi escolhido para ser o pré-candidato a vice-governador de Antonio Anastasia (PSDB). O anúncio foi feito na tarde desta segunda-feira, 11, em um ato dos partidos em Uberaba, no Triângulo Mineiro. O evento teve a presença de Geraldo Alckmin, pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, e do presidente do PSD, Gilberto Kassab.

Ligado à bancada ruralista no Congresso, Marcos Montes já foi por duas vezes prefeito de Uberaba - entre os anos de 1997 e de 2004 - e está no exercício do seu terceiro mandato na Câmara dos Deputados. Em sua fala, Antonio Anastasia atribuiu a escolha do PSDB a fatores objetivos e subjetivos.

"Nos fatores objetivos, temos a identificação do perfil do pré-candidato, sua trajetória política, seu conhecimento e a questão do Estado que ele representa. A questão subjetiva é a confiança e a ligação com o titular do cargo", explicou o senador. Pesou na decisão o fato de Marcos Montes ser do Triângulo Mineiro, o que permitiria uma melhor entrada do tucano na região.

Pré-candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin elogiou a formação da chapa e disse que Anastasia e Marcos Montes são uma "dobradinha campeã". O presidente do PSDB nacional também comentou sobre o fato de aparecer em quarto lugar na pesquisa do Datafolha. "A campanha começa mesmo quando a gente souber quem efetivamente é candidato e quando começar o programa eleitoral no rádio e televisão", afirmou.

O apresentador Carlos Vianna, pré-candidato do PHS ao Senado, também esteve presente no ato e sinalizou que o interesse do partido, incluindo do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, é de apoiar a pré-candidatura tucana. No entanto, a decisão passa pelo direção nacional do partido, que precisa definir apoios para que a aliança em Minas Gerais seja consolidada.

Doria diz que há tempo para Alckmin se recuperar e nega disputar a Presidência

Pré-candidato ao governo pelo PSDB respondeu a perguntas de Folha, UOL e SBT

Gabriela Sá Pessoa | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB, o ex-prefeito paulistano João Doria afirma que não desistirá de concorrer ao Bandeirantes e que ainda há tempo para o ex-governador Geraldo Alckmin se recuperar na corrida presidencial. O ex-prefeito foi sabatinado por jornalistas da Folha, UOL e SBT nesta segunda-feira (11).

"Há tempo ainda para mudar esse sentimento. O governador já participou de outras campanhas, venceu e superou”, disse Doria sobre o desempenho de Alckmin nas pesquisas. “Não há plano B. Há plano A, de Alckmin."

Alckmin tem 7% das intenções de voto no Datafolha divulgado no domingo (10), pior índice de tucanos na história.

Doria diz também que sua experiência eleitoral não o tornou um político profissional. O tucano afirmou que ainda se considera um gestor: “Não sou político, eu estou na política”.

O tucano disse que desejaria uma coalizão suprapartidária para a Presidência que unisse os candidatos de centro em torno de Geraldo Alckmin (PSDB), ex-governador de São Paulo, a nomes como Flávio Rocha, presidenciável do PRB.

O partido de Rocha formalizou apoio à candidatura de Doria no estado —com isso, o empresário e ex-prefeito teria dois palanques em São Paulo.

“Eleitoralmente, Alckmin tem mais potencial e agregaria, com apoio do Rocha e PRB”, afirmou. "As forças de centro têm que se desprover de seus interesses pessoais e partidários pelo Brasil."

Alvaro Dias aposta em apenas duas candidaturas do centro

Sem abrir mão da disputa, presidenciável do Podemos diz ser difícil a consolidação de só um nome do grupo político

Clarissa Oliveira, Igor Gadelha, Daniel Weterman e Elizabeth Lopes | O Estado de S. Paulo.

Pré-candidato à Presidência pelo Podemos, o senador Alvaro Dias (PR) afirmou ontem achar difícil a consolidação de uma candidatura única do chamado centro nas eleições presidenciais. Evitando abrir mão de seu nome na disputa, o senador considera que pelo menos duas candidaturas no campo se manterão na corrida pelo Planalto.

“Eu considero difícil. Entendo que é possível reduzir o número de candidaturas, isso sim, são vários os candidatos do centro, é possível reduzir o número talvez a dois”, disse o presidenciável ao Estadão/Broadcast.

Alvaro afirmou que não vê nem o Podemos nem o PSDB, que tem o ex-governador paulista Geraldo Alckmin como presidenciável, desistindo de suas pré-candidaturas ao Planalto. Para o senador, ex-tucano e que diz defender um projeto de “refundação da República e ruptura com o sistema corrupto atual”, não há clareza em relação à defesa do mesmo projeto em outras candidaturas.

Marina diz que já negocia com PSB e rejeita tucanos

Pré-candidata pretende, na campanha, reforçar diferenças com o PSDB

Dimitrius Dantas e Maria Lima | O Globo

-SÃO PAULO E BRASÍLIA- Em segundo lugar no Datafolha, atrás de Jair Bolsonaro (PSL), a pré-candidata da Rede, Marina Silva, incluiu o PSB no grupo de partidos com os quais negocia uma aliança em torno de sua campanha. Em evento em São Paulo, ontem à noite, Marina voltou a afastar qualquer possibilidade de aproximação com o PSDB de Geraldo Alckmin. Interlocutores do ex-presidente Fernando Henrique dizem que existe espaço para tratativas entre as duas legendas.

— Não existe absolutamente nada disso com o PSDB. Estamos fazendo com outros partidos. Estamos em processo de negociação com o PHS, o PMN e o PSB — afirmou Marina.

Para o ex-senador Pedro Simon, um dos principais conselheiros de Marina, os gestos de aproximação de partidos de centro com a Rede são “desesperados”. Os movimentos resultariam, diz Simon, da “angústia” de FH diante dos altos índices de rejeição deste grupo politico.

— O Fernando Henrique está desesperado com o que está vendo. Ele quer uma saída. Está numa angústia tremenda com tudo que está acontecendo. Não sabe o que fazer diante do crescimento dos extremos (como Bolsonaro e Ciro) e a fragmentação do centro. Ele sabe que a situação é dramática e tem tentado uma saída com a junção do centro progressista.

Enquanto sua candidatura começa a ser cobiçada por outros partidos, Marina Silva reforça o discurso de que não há nenhuma identidade programática para uma aliança com o PSDB. Ela cita, por exemplo, os problemas dos tucanos com a Lava-Jato para negar qualquer possibilidade de aproximação, o que é corroborado por seus assessores.

Preferência é pelo PSB, diz Cid Gomes

Coordenador da campanha de Ciro ao Planalto, ex-governador admite conversas com DEM e PP, mas aliança seria com pessebistas

Igor Gadelha / Fábio Grellet | O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA, RIO - O ex-governador do Ceará Cid Gomes, coordenador político da campanha do irmão Ciro Gomes ao Planalto, afirmou ontem que a prioridade do pré-candidato do PDT é fechar aliança eleitoral com o PSB. “Estamos focados em concretizar uma aliança com o PSB. Mas conversar, nós conversamos com todo mundo”, afirmou Cid, em entrevista ao Estadão/Broadcast. Ele admitiu que Ciro tem conversado com partidos do chamado Centrão, entre eles, DEM e PP. Mas reforçou que o foco é conseguir apoio dos pessebistas em razão da afinidade ideológica entre os dois partidos.

A afirmação do ex-governador ocorre após líderes do Centrão intensificarem acenos em busca de uma aproximação política com Ciro, em reação ao fraco desempenho do pré-candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) nas pesquisas de intenção de voto. De acordo com dados divulgados no domingo passado pelo Datafolha, o tucano aparece estacionado com 7%, pior desempenho para um candidato do partido ao Planalto em quase 30 anos.

O PSB, porém, ainda não decidiu como vai se posicionar na disputa presidencial. Após o exministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa desistir de ser candidato ao Planalto pela legenda, líderes do PSB dizem considerar três alternativas: uma aliança com o PT; uma coligação com Ciro Gomes ou não se coligar formalmente com nenhuma sigla e, assim, liberar seus filiados a apoiarem quem quiserem.

Maia. Embora tenha o PSB como prioridade, Cid tem mantido diálogo com integrantes do Centrão. No fim de semana, conversou por telefone com o prefeito de Salvador, ACM Neto, que é presidente nacional do DEM. Amanhã, está previsto um encontro em Brasília com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que já admitiu a aliados que deverá desistir da disputa presidencial.

Segundo Cid, uma aliança com o Centrão não será incoerente para Ciro – que defende propostas de centro-esquerda e costuma fazer críticas às pressões dessas legendas por cargos no Executivo em troca de apoio no Legislativo. “O Ciro quer ser o presidente de todos os brasileiros. O espectro ideológico dele é de centro-esquerda, mas já governamos com todos esses partidos em nossas gestões. O PP e o DEM, por exemplo, são nossos aliados no Ceará”, afirmou ele.

O ex-governador lembra que ele e o irmão têm “boa relação” com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI) – que é investigado pela Operação Lava Jato –, e com o vereador carioca César Maia (DEM), pai do presidente da Câmara.

“O César Maia foi um dos entusiastas da candidatura do Ciro em 2002”, disse Cid, em referência ao pleito em que o ex-ministro disputou o Planalto pelo PPS e contando com o apoio do DEM (então PFL).

Gleisi aposta em convergências nos Estados para atrair apoio do PSB

Por Maria Cristina Fernandes, Ricardo Mendonça e Cristiane Agostine | Valor Econômico

SÃO PAULO - É na composição dos palanques regionais e das chapas proporcionais que o PT espera fechar os acordos que levariam o PSB a apoiar o candidatura do partido à Presidência. "A prioridade do PSB é eleger governadores e fazer uma boa bancada federal. O PT tem mais a lhes ajudar nisso que o PDT", diz a presidente nacional da sigla, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ao justificar o otimismo em relação as chances do partido vencer a disputa com o ex-ministro Ciro Gomes pela noiva mais cobiçada desta eleição.

A maior concessão que o PT tem a fazer ao PSB é a retirada da pré-candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco. A vereadora do PT, prima do governador Eduardo Campos, falecido em 2014, e neta de Miguel Arraes, encosta no governador Paulo Câmara nas pesquisas no Estado.

O governador, o principal que o PSB elegeu como cabeça de chapa (Márcio França, de São Paulo, foi eleito vice), comanda o núcleo com o maior número de votos no diretório nacional do PSB. Gleisi elogia Marília Arraes, mas sinaliza com a retirada de sua pré-candidatura ao governo pernambucano como parte do acordo. "A aliança nacional é a prioridade para o PT", repete, em entrevista ao Valor. A dirigente petista diz ter avaliado como positivas declarações recentes do presidente do PSB, Carlos Siqueira, por entender que ele "admite" a hipótese de acordo nacional com o PT.

O PT também oferece apoio ao PSB na Paraíba, no Amazonas e no Amapá, praças em que o partido é competitivo na disputa majoritária. Em Minas, os petistas trabalham para convencer o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) a desistir de sua pré-candidatura ao governo do Estado e disputar o Senado na chapa do governador Fernando Pimentel, que tenta a reeleição. Desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Pimentel ocupa o principal cargo Executivo em poder do partido.

"A presidenta foi para Minas para ajudar", diz Gleisi, em relação à transferência do registro eleitoral de Dilma para Minas Gerais. A pré-candidatura da ex-presidente ao Senado deu início a uma guerra aberta entre Pimentel e seus aliados do MDB, que querem as duas vagas do Senado da chapa para o partido.

PSDB é parceiro prioritário para o DEM, diz Maia

Por Fernando Taquari | Valor Econômico

SÃO PAULO - Em um aceno aos tucanos, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), reconheceu ontem que, caso o DEM não oficialize sua candidatura ao Palácio do Planalto na convenção da sigla, em julho, o PSDB terá prioridade nas conversas para uma eventual aliança. O parlamentar, no entanto, não descartou a possibilidade de uma coligação com o ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT.

Trata-se da primeira vez que Maia admite publicamente a hipótese de desistir da eleição presidencial em favor de um candidato com mais viabilidade eleitoral. "Temos uma relação histórica com o PSDB. O natural e o mais provável para o DEM, caso a nossa decisão seja não ter candidato a presidente, é uma conversa com o PSDB primeiro", disse Maia após evento, na capital paulista, sobre macroeconomia.

O presidente da Câmara, que oscila entre 1% e 2% na última pesquisa Datafolha, acrescentou ainda que conversa com Alckmin toda a semana. O tucano, segundo Maia, foi um "grande governador de São Paulo" e tem tudo para ser um "bom presidente do Brasil". O aceno contrasta com declarações recentes do deputado fluminense. Em entrevistas, ele já disse que "o ciclo do PSDB se esgotou".

Ao tratar do cenário eleitoral, Maia deixou uma porta aberta para uma coligação com Ciro. "Tenho certeza de que eu também serei um bom presidente. Mas não é só uma questão de ser um bom presidente. É uma capacidade de aglutinar o maior número possível de forças políticas para vencer as eleições", afirmou o parlamentar ao ponderar que o pedetista também está preparado para assumir o cargo.

Fernando Pessoa: Como é por dentro outra pessoa

Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Como que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.