quinta-feira, 12 de julho de 2018

Roberto Freire reforça necessidade de candidatura única do centro democrático

O presidente do PPS, Roberto Freire (SP), reforçou, na reunião da Executiva Nacional do partido realizada nesta quarta-feira (11), em Brasília, a necessidade do partido continuar trabalhando em busca de uma candidatura à Presidência da República para unificar legendas que representam o centro democrático nas eleições de outubro. Para o dirigente, o cenário político ainda está indefinido.

“Nós não temos clareza do que vai acontecer ou como vai caminhar [o processo eleitoral]. A impressão é que há uma certa estagnação. É importante levar em consideração que nós estamos trabalhando para buscar a unidade. Daremos continuidade nessas articulações lutando por essa unidade. Temos que continuar com o indicativo do 19º Congresso Nacional [de apoio à pré-candidatura de Geraldo Alckmin], mas estar aberto para qualquer candidato que possa unificar essas forças”, defendeu.

Articulações
Freire, que participou no início do mês de ato político em defesa do Manifesto “Por um polo democrático e reformista”, promovido pela Roda Democrática, em São Paulo, com a presença de grandes expoentes políticos, como o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, destacou o papel desempenhado pelo PPS na busca de uma candidatura capaz de enfrentar os extremos representados pela esquerda e a direita nas eleições presidenciais.

“Eu quero dizer que o PPS está tendo um papel acima do seu tamanho. Estamos presentes nas discussões e articulações e sendo muito repeitados em certas colocações. Mas ainda é grande a indefinição. É preciso quebrar a inércia”, disse.

Chicanas
O dirigente criticou a manobra feita pelo PT em conluio com desembargador do TRF-4 (Tribunal Regional Eleitoral da 4ª Região), Rogério Favreto, no último domingo (08), para soltar, de forma ilegal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cumpre pena por corrupção passiva e lavagem da dinheiro na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Segundo Freire, o ato aponta claramente o descompromisso lulopetista com a democracia.

“É bom entendermos que sofremos chicanas. O exemplo desse último domingo ficou evidente. Teremos outras chicanas. Uma deliberada desmoralização da Justiça. O descompromisso com a democracia é evidente. Estão para o que der e vier”, criticou o presidente do PPS.

José Serra: Aquecimento global, ebulição local

- O Estado de S.Paulo

Urge enfrentar o desequilíbrio fiscal, a criminalidade e o desemprego estrutural

Em 1989, com o artigo O fim da História, Francis Fukuyama ganhou notoriedade e entrou para a imensa galeria dos futurólogos equivocados. Extinto o socialismo real na Rússia e na Europa do leste, o autor acreditava que as democracias liberais se tornariam a forma inexorável de governo no mundo. Tudo seria uma questão de tempo. Passados 30 anos, sabemos que a profecia falhou.

Fukuyama, entretanto, não era um sonhador solitário. Na verdade, os chamados neoconservadores nos Estados Unidos foram influentes nos três governos Bush. Os Estados Unidos teriam a “missão histórica” de levar a democracia a todos os cantos do mundo.

Porém essa missão “civilizatória”, agora se sabe, também provocou fragmentação e abriu espaço para novos radicalismos. Sem que se tenha tornado uma idílica aldeia global, parte do mundo é varrido pela força centrífuga do nacionalismo ressurgente, que fragiliza alianças - como a União Europeia -, desaloja governos e partidos tradicionais e ameaça tornar o populismo uma força hegemônica.

Independentemente do ativo papel norte-americano, outras forças tectônicas da geopolítica atuaram para moldar um mundo que não se ajusta às previsões de Fukuyama, uma delas o espetacular crescimento chinês, resultante da ação de um Estado gerencial, burocrático e distante do modelo ocidental.

De fato, o crescimento chinês - a partir das reformas pragmáticas de Deng Xiaoping - é um elemento fundamental da nova ordem que se está plasmando. Nesses 40 anos a China cresceu a 10% ao ano e 800 milhões de pessoas escaparam da linha de pobreza. O que começou como um processo de desenvolvimento baseado em exportações têxteis de baixo valor alçou a China à segunda posição na economia mundial. Um dado impressionante sobre o investimento: a China tem hoje 25 mil km de ferrovias de alta velocidade.

Sérgio Fausto: Ainda dá para virar o jogo

- O Estado de S.Paulo

Ao contrário da Copa, há muito a ser jogado pelo Brasil no campo eleitoral

Para o Brasil a Copa acabou antes do que gostaríamos. Com ela se foi o que tem sido raro nos últimos tempos: a alegria compartilhada de se sentir brasileiro(a). Partimos para a campanha eleitoral com o País ainda em crise e sem clareza sobre se saberemos superá-la no próximo mandato presidencial.

Teremos de juntar os cacos. Se, de um lado, não faz sentido repor a estrutura de poder que se desmontou, tampouco têm cabimento as fantasias de quem aposta que a única solução é fazer tábula rasa do passado e renovar “tudo isso que está aí”. É a típica resposta simples para problemas complexos e, como de hábito, está errada. Repetida por ignorância ou má-fé, só serve para levar água ao moinho de pseudossoluções salvacionistas e autoritárias.

Os últimos 30 anos, o mais longo período da História brasileira vivido sob um regime plenamente democrático, não justificam a opinião pejorativa sobre a política em geral e sobre todos os políticos que hoje prevalece na sociedade. Sob a letra e o espírito da Constituição de 1988, o Brasil pôs fim a décadas de inflação alta, crônica e crescente, ampliou muito o acesso aos serviços públicos de educação e saúde, reduziu a pobreza, começou a diminuir a desigualdade, reforçou os mecanismos de controle do Estado pela sociedade e de combate à corrupção nos setores público e privado, consolidou um regime de liberdades como nunca antes na História deste país.

Esses avanços não se deram por decreto. Fizeram-se pela arte e pelo ofício da política democrática. São produto de um socialmente amplo e pluripartidário conjunto de atores cujas ações, nem sempre coordenadas em torno de uma clara e nítida agenda de reformas, jamais isentas de disputas da alta e da pequena política, permitiram respostas ao objetivo posto ao final do regime autoritário: como enraizar a democracia e completar o desenvolvimento da cidadania no Brasil. Objetivo que a Constituição de 1988 soube expressar, embora nem sempre oferecendo os meios mais eficazes para alcançá-lo. Daí terem sido necessárias tantas emendas constitucionais e leis complementares, feitas sem ruptura da legalidade, fato raro na História brasileira.

Maria Cristina Fernandes: Trinca no Sistema U racha o centro

- Valor Econômico

O fim de um casamento que já deu o que tinha que dar

A trinca aberta pela leniência da Odebrecht no muro de contenção da Lava-Jato é a pior notícia para quem ainda aposta num centro unido em outubro. Menos pelo que será capaz de fazer em relação à operação e mais pela cizânia que pode produzir.

O controle dos negócios da União está espalhado em três instituições, a Advocacia-Geral, a Controladoria-Geral e o Tribunal de Contas. O Sistema U, como um dia o nominou Elio Gaspari, é uma hidra com técnicos de excelência que municiam decisões de conselheiros e ministros politicamente indicados.

Atua em conjunto, desde sempre, no pente fino dos acordos de leniência firmados entre o Ministério Público e as empresas de delatores. O chamariz dos acordos de delação é a perspectiva de liberdade dos infratores e a sobrevivência de suas empresas, não necessariamente nessa ordem.

Questionamentos técnicos sobre os danos ao erário produzidos pelas propostas de leniência, têm sido usados para retardar e minar acordos de delatores voltados contra grupos políticos com ingerência sobre as instituições de controle.

Depois de três anos de arrastadas negociações, a leniência da Odebrecht foi assinada por CGU e AGU, isolando o TCU, na guerrilha contra o acordo. Ontem, por unanimidade, o tribunal resolveu rejeitar a cautelar que ameaçava suspender a leniência. A decisão dos ministros contrariou a resistência dos técnicos do tribunal. Ao contrário do que sugere, no entanto, foi uma decisão permeada de injunções políticas.

A decisão foi tomada pela unanimidade dos integrantes do tribunal. Muitos dos ministros enfrentam investigações ou lidam com o enredamento de familiares em processos no Ministério Público, o que fragiliza sua resistência à pressão dos procuradores e da burocracia da CGU e da AGU pelo acordo. O desfecho acontece ainda durante as férias do ministro Bruno Dantas, relator do caso.

Bernardo Mello Franco: Fabricando um mártir

- O Globo

O PT tentou usar a campanha eleitoral para livrar Lula da cadeia. Não parecia um argumento razoável. Se a vontade de pedir votos fosse desculpa para sair do xadrez, nenhum político ficaria preso. Figuras como Eduardo Cunha, Sérgio Cabral e Geddel Vieira Lima poderiam adotar a mesma tática. Bastaria dizer “sou candidato” e retirar o habeas corpus no guichê.

Ontem a juíza Carolina Lebbos negou um pedido para que Lula participasse da convenção do PT, no próximo dia 28. O ex-presidente queria um salvo-conduto para deixar o xadrez, pegar um avião e subir no palanque em São Paulo. O veto da juíza foi acertado. Lula foi condenado e cumpre pena em regime fechado. A lei só permite a saída temporária em situações especiais, como morte ou doença grave de parente.

O problema está em outros trechos da decisão. Lebbos negou autorização para que Lula concedesse entrevistas sem sair da cadeia. Ela rejeitou pedidos feitos por duas emissoras de TV, dois portais e um jornal que pretendiam sabatiná-lo como pré-candidato a presidente.

A juíza considerou que não haveria “utilidade” no pedido porque o petista está inelegível. Numa democracia, quem deve avaliar a utilidade de uma entrevista são os veículos de comunicação. Além disso, decisões sobre o registro de candidaturas cabem à Justiça Eleitoral. Tudo indica que Lula será barrado pela Lei da Ficha Limpa, mas a magistrada não deveria se antecipar ao TSE.

Roberto Dias: Escolha seu candidato, se puder

- Folha de S. Paulo

Esforços para estruturar ferramentas que auxiliem no voto esbaram em barreira jurídica

Quem já comprou imóvel no Brasil conhece bem a dor de cabeça que é investigar o vendedor.

Deve-se tirar uma sequência de certidões, que mesmo após todos os resultados negativos estarão sujeitas a alguma malandragem do proprietário e a problemas posteriores.

Transporte esse exercício de direito civil para quase todos os ramos do direito e pronto: em vez de comprador, você agora é um eleitor.

Seu escolhido pode estar entre os milhares de nomes que já apareceram na Lava Jato, por exemplo. Isso significa o quê? Foi citado? Há prova? Acabou condenado? Pode também não ter aparecido na operação. Quer dizer que é idôneo? Não.

José Aníbal: Sempre pelo Brasil

- Folha de S. Paulo

Nossa tarefa é levar o país de volta ao bom caminho

Trinta anos é tempo suficiente para a experiência que ensina, mas também para que se renovem esperanças. É esta a lição que o PSDB tem a tirar no momento em que completa três décadas de fundação. É hora de novos rumos, mas é igualmente momento de rememorar o caminho que percorremos até aqui.

São poucos os partidos brasileiros que realizaram tanto em tão pouco tempo. Chegamos ao poder com sete anos de fundação, numa ascensão sem paralelo no país, e fizemos o governo mais transformador da nossa história.

Antes do presidente Fernando Henrique éramos marginalizados no mundo, com uma inflação anual na casa de quatro dígitos que boicotava qualquer possibilidade de construir o futuro —qualquer futuro. O Plano Real foi uma revolução na nossa história e correspondeu a uma refundação, a uma redescoberta; sem ele, o Brasil teria mergulhado no caos —ameaça que nos ronda hoje.

O fim da hiperinflação foi, por si só, o mais abrangente instrumento de inclusão social que o Brasil já experimentou. Aqueles que viveram sabem a perversidade que a carestia impunha aos mais pobres, incapazes de se defender da corrosão diária do dinheiro. A estabilidade abriu novos horizontes para nossa gente. Mas não foi só.

Aqueles oito anos forjaram o Brasil da modernidade, da responsabilidade com o dinheiro público, da abertura da economia ao investimento privado. Da criação de uma rede de proteção social que busca emancipar os mais pobres e não mantê-los sob o jugo do Estado.

Rememoro essas conquistas apenas para fazer justiça à história. E ouso dizer: o que teria sido do governo Lula se não tivesse havido antes o governo do PSDB? Teria sido um desastre desde o seu começo. Aliás, o próprio Lula, no governo, disse: "Ainda bem que não ganhei as eleições antes". Sorte do Brasil que aquele alicerce estivesse construído. As experiências recentes reiteraram que o pouco do Estado que funciona é aquele que legamos.

Temos passado, mas também temos futuro —basta ver a idade de muitos dos nossos prefeitos, centenas deles na casa dos 40 a 50 anos. Nossa missão agora é semelhante à que nos aguardava 25 anos atrás, mas teremos que construir a partir de escombros, pois os alicerces se foram, corroídos por anos de irresponsabilidade. Nossa tarefa é, novamente, levar o país de volta ao bom caminho. E vamos fazê-lo!

Escrevo sem saudosismo, sem o sofrimento que costuma amparar a saudade, sem nostalgia. Porque o PSDB segue sendo o lugar natural para onde convergem as mentes e vocações com sede de futuro.

William Waack: Politização da Justiça

- O Estado de S.Paulo

Esse controle de vastas esferas de órgãos públicos produz sustos como o do domingo

Mais ou menos na mesma época em que o PT estava sendo fundado no Brasil os militantes de vários grupos de esquerda na então Alemanha Ocidental inventaram um nome bonito para a tática de abandonar as ruas, as passeatas, os protestos e deixar de ser oposição extraparlamentar para ganhar votos e entrar no parlamento. Chamava-se “a marcha através das instituições”. No Brasil o PT preferiu tomar conta delas, aparelhando-as e transformando o que deveriam ser instâncias do Estado em braços servindo ao partido.

Ao lado do submarxismo primitivo que dominou boa parte do mundo acadêmico e da “produção de ideias” (incluindo jornalismo) esse controle de vastas esferas de órgãos públicos produz sustos como o do domingo, quando um desembargador resolveu cumprir uma missão político-partidária para libertar o chefe do partido que virou seita.

Chegou há tempos ao STF, onde um ministro paralisa privatizações não só por se sentir contrariado em suas opiniões políticas, mas por acreditar que a Lava Jato é uma operação engendrada por serviços secretos de potências estrangeiras para roubar o pré-sal do Brasil.

Ricardo Noblat: Aécio e a tentação de morder a maçã

- Blog do Noblat | Veja

Ele já circula em Minas sem ser hostilizado

Somente seu colega de Senado Antônio Anastasia, candidato do PSDB ao governo de Minas Gerais, ainda impede que Aécio Neves caia na tentação de disputar a reeleição.

Embora encrencado com a Lava Jato, sujeito a processos e mesmo ao risco de no futuro ser preso, Aécio anda animado com pesquisas que o põem na liderança das intenções de voto.

Ele conta também com a possibilidade de a candidatura da ex-presidente Dilma Rousseff ao Senado pelo PT mineiro acabar sendo impugnada. Faz sentido, sim.

A Constituição diz que cassação de mandato implica em perda de direitos políticos. O Senado cassou o mandato de Dilma, mas preservou os direitos políticos dela.

Sem Dilma para lhe fazer sombra, com duas vagas de senador em disputa, Aécio está convencido de que uma será dele.

Luiz Carlos Azedo: A maré é brava

- Correio Braziliense

A maioria dos governadores está em risco eleitoral, seja por causa das dificuldades financeiras e dos ajustes fiscais feitos durante a recessão, seja por envolvimento na Lava-Jato ou outros escândalos

Considerado um excelente gestor público e exemplo de político com responsabilidade fiscal, o governador Paulo Hartung (PMDB) anunciou que não pretende concorrer à reeleição, surpreendendo o mundo político. Aparentemente, cansou da política e do esforço de Síssifo que é equilibrar as contas públicas e atender às demandas populares. Os adversários dizem que jogou a toalha porque, nas pesquisas eleitorais, perde para o ex-governador Renato Casagrande, que derrotou em 2014 mas agora lidera a corrida pelo Palácio Anchieta.

O político capixaba é um dos mais bem-sucedidos da geração de jovens que reorganizaram a UNE e se tornaram políticos profissionais na transição à democracia. Caiu nas graças dos economistas da Casa das Garças (PUC-RIO) ao enfrentar uma greve de policiais militares sem fazer concessões, o que exigiu uma intervenção federal no estado. O desgaste político provocado pelo ajuste fiscal não foi apenas o descontentamento da corporação, as obras paradas de responsabilidade do estado, inclusive na capital, também pesam na balança, além do rompimento com antigos aliados, como o prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS), e o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas, que deixou o PSDB e se filiou ao PPS.

O desgaste de Paulo Hartung, porém, não é um fenômeno local. Um balanço da situação eleitoral nos estados revela que a maioria dos governadores está em risco eleitoral, seja por causa das dificuldades financeiras e dos ajustes fiscais feitos durante a recessão, seja por envolvimento na Lava-Jato ou outros escândalos. A vida não está fácil para quem tem mandato e exerce o poder, essa é a realidade às vésperas da campanha eleitoral. Como não se desincompatibilizou do cargo, Hartung não pode concorrer ao Senado ou ser candidato a vice-presidente da República. Vai concluir o mandato e fazer um sabático. Mas, quem quiser que se iluda, se não voltar atrás, tentará fazer o sucessor.

A maré é brava. A imagem náutica é perfeita para a situação dos políticos com mandato: a maioria está na arrebentação, furando as ondas para não morrer afogado. Pode tentar um “jacaré” e correr o risco de levar um caixote para chegar na praia. Poucos políticos são capazes de surfar a onda do voto raivoso dos eleitores. A situação somente não é mais dramática para os parlamentares federais porque a nova legislação eleitoral e o financiamento público de campanha deixaram os políticos com mandato em situação de vantagem estratégica em relação aos demais candidatos, inclusive nos grandes partidos. Entretanto, ninguém sabe direito qual será a eficácia das novas mídias e redes sociais na campanha, em comparação com a tevê, o rádio e os acordos eleitorais tradicionais.

Levantamento realizado pela consultoria Arko Advice mostra que, dos 20 candidatos à reeleição, somente largam com índices de intenção de voto acima de 40% os governadores Renan Filho (MDB), em Alagoas; Rui Costa (PT), na Bahia); Camilo Santana (PT), no Ceará; Flávio Dino (PCdoB), no Maranhão; e Wellington Dias (PT), no Piauí. Na sequência, quem estava em melhor situação, era Hartung, com 28%. É óbvio que esse cenário pode ser alterado, para isso existe a campanha eleitoral, na qual os atuais governadores têm a vantagem de poder exibir os serviços prestados e as obras realizadas. Foi assim, por exemplo, que o governador fluminense Luiz Fernando Pezão (MDB), que tinha apenas 15% de intenções de votos nessa época de 2014, conseguiu se reeleger. É o mesmo índice, por exemplo, do governador Fernando Pimentel (PT), em Minas. Rodrigo Rollemberg (PSB0, com 9%, tem o precedente de José Melo (PROS-AM), que se reelegeu em 2014 com o mesmo percentual.

PPS decide buscar outros partidos para viabilizar centro democrático, diz Arnaldo Jardim

Após participar da reunião da Comissão Executiva Nacional do PPS, realizada em Brasília, nesta quarta-feira (11), o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) disse que o partido decidiu que “vai voltar a procurar outros partidos, buscar procurar o candidato, alertando para o risco de termos uma dispersão do centro democrático e permitirmos que o radicalismo prevaleça nas eleições deste ano”.

O PPS, assinalou Jardim, será proativo no sentido de construir a alternativa do caminho do centro democrático nas eleições presidenciais de outubro.

“Nos preocupa muito o verdadeiro ringue que hoje existe na política nacional: posições extremadas e radicalizadas”, afirmou o parlamentar.

Segundo ele, no cenário atual, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) alimenta o PT, que alimenta Bolsonaro e o debate das grandes propostas fica de lado.

O deputado lembrou que, em seu último congresso nacional, em março, o PPS já havia definido que trabalharia para buscar outros partidos do centro democrático e a unificação em torno de uma candidatura, justamente para enfrentar radicalismos.

“Nós acertamos. Ao invés de o PPS simplesmente se afirmar nas eleições, o partido decidiu colaborar para que tivéssemos uma candidatura de centro”.

O candidato mais adequado para encarnar as ideias dessa posição, segundo Arnaldo Jardim, é o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).

“Mas nós sabemos que não basta escolher um nome. É preciso fazer um processo que constitua uma plataforma comum e que estabeleça uma convergência”.

Convenção eleitoral
Na reunião da Executiva Nacional, o PPS definiu a data de sua convenção nacional eleitoral. Será no dia 4 de agosto, em Brasília (DF), em horário e local a serem definidos pela direção partidária.

‘Temos de reinventar a campanha em SP’, diz Bruno Covas em entrevista

Coordenador da campanha de Alckmin no Estado, prefeito da capital diz que tentará unificar prefeitos em torno do tucano nas eleições 2018

Adriana Ferraz | O Estado de S.Paulo

Escolhido como coordenador da campanha presidencial de Geraldo Alckmin em São Paulo, o prefeito Bruno Covas (PSDB) afirmou que terá de “reinventar” a campanha no Estado e “agitar” os prefeitos em torno da candidatura tucana ao Planalto nas eleições 2018. Para Covas, o fato de Alckmin não liderar as pesquisas de intenção de voto em São Paulo pode ter relação com desgaste de quem governou o Estado por 14 anos. “Vamos lembrar as pessoas sobre quem é o Geraldo Alckmin”, afirmou. 

Abaixo, leia os principais trechos da entrevista ao Estado.

• O ex-governador Geraldo Alckmin não lidera as pesquisas de intenção de voto em São Paulo, Estado que comandou por quase 14 anos. Como reverter isso?

Vamos ter de reinventar a campanha no Estado de São Paulo e no Brasil. Acho que o que temos de fazer é agitar o partido, os prefeitos e a militância. A primeira ação será reunir, na semana que vem, os prefeitos das maiores cidades administradas pelo PSDB com o Lula Guimarães, o coordenador de comunicação, para afinar o discurso, saber quais pontos devem ser ressaltados em relação ao Alckmin, enfim, botar todos os prefeitos também com um discurso unificado em defesa dele.

• É uma espécie de unificação do PSDB em São Paulo?

É natural que num partido com muitos quadros, muitos líderes, você tenha disputas internas por espaço. Não sou eu quem vai unificar o partido, mas não tem nenhum sentido quem é do PSDB fazer campanha para quem não é.

• Como fica a situação de Geraldo Alckmin com seu sucessor Márcio França, que vai disputar a reeleição pelo PSB? Isso pode prejudicá-lo?

Certamente o Márcio França, que é uma pessoa também partidária, entende a posição do candidato Geraldo Alckmin, que, além de candidato, é presidente nacional do PSDB. Como ele (Alckmin) não vai apoiar os candidatos do partido? Não teria como não ser dessa forma. França vai compreender.

• Por que Alckmin não ganha em São Paulo, segundo as pesquisas de intenção de voto? Reverter a liderança de Jair Bolsonaro é o maior desafio?

Acho que ele (Alckmin) enfrenta consequências dessa rejeição que a população tem dos políticos, da classe política. Ele acaba sofrendo isso por ser uma pessoa que governou São Paulo por 14 anos, foi deputado, prefeito. Agora, na fase da campanha, vamos lembrar as pessoas sobre quem é o Geraldo Alckmin, o que ele já fez, o que vai fazer pelo Brasil. E canalizar essa revolta da população no que há de melhor na classe política e não na negação da política, no voto em branco, nulo, no voto de protesto.

• O apoio do eleitorado em São Paulo por Bolsonaro pode ter relação com um desgaste do próprio PSDB?

Olha, na última eleição, em 2016, quando a gente já sofria esse processo de desgaste da classe política, o PSDB ganhou nas principais cidades do Estado. Então, acho que está muito cedo ainda para avaliar resultado de pesquisa eleitoral.

• Há alguma chance de João Doria ocupar a vaga de candidato à Presidência pelo PSDB em substituição a Alckmin?

Dentro do PSDB ninguém trabalha com essa hipótese.

• A rejeição ao nome de Doria após ele ter deixado a Prefeitura pode prejudicar não apenas sua eleição para o governo como também o desempenho de Alckmin?

Acho que a rejeição não é à pessoa dele ou ao governo dele. É ao fato de ele ter saído para disputar o governo do Estado. Isso não vai prejudicar o desempenho dele no Estado nem o do Alckmin. É que as pessoas preferiam que ele tivesse ficado na Prefeitura, mas, certamente, vão dar mais um voto de confiança pelo o que ele fez e ainda vai fazer no governo e em parceria com a Prefeitura.

• Esse trabalho de coordenação será feito então nas suas horas de folga?

Claro, aos fins de semana e em todo o Estado de São Paulo.

Marina fala em usar ‘prata da casa’ para compor sua chapa

Jonathas Cotrim | O Estado de S. Paulo.

Ainda sem fechar coligações com outros partidos em apoio a seu nome, a pré-candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, afirmou ontem que a sigla possui “bons pratas da casa” que podem ser indicados para a formação da sua chapa. Ela citou, por exemplo, o deputado federal Miro Teixeira, o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, e o economista Ricardo Paes de Barros. “Temos uma boa prata da casa, bons nomes dentro da Rede, em que pese buscar os partidos que conversamos”, disse ela.

Questionada sobre a possibilidade de ter Roberto Freire, do PPS, como seu vice, Marina afirmou que respeita as escolhas do PPS e que mantém a negociação com o partido.

Em Belo Horizonte para o lançamento da pré-candidatura ao Senado de Kaká Menezes, da Rede, ela também criticou os pré-candidatos que tentam atrair apoio dos partidos do chamado Centrão. “Tem gente que fica namorando o Centrão, mas será que vai haver mudança com o Centrão? Ou a mudança vai vir de colocar a população no centro da decisão?”, afirmou ela.

A crítica de Marina foi endereçada a dois de seus opositores que tentam contar com o apoio, principalmente do DEM. Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) são os que mais têm tentado se aproximar destes partidos. “Não dá mais para se unir para ganhar o poder, quero me unir para ter um projeto de País”, disse.

Discretamente, Marina busca manter pontes com as igrejas evangélicas

Ela faz defesa do Estado laico e diz que suas convicções não vão interferir no governo se eleita

Joelmir Tavares – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Marina Silva (Rede) costuma agradecer a Deus no início de suas falas em público. Ela –que quase foi freira, mas se converteu ao protestantismo em 1996– é a única evangélica entre os principais pré-candidatos a presidente.

A três meses da eleição presidencial, a ex-senadora, missionária da Assembleia de Deus, busca manter pontes com diferentes denominações, em meio a críticas de pessoas que compartilham de sua fé.

Discretamente, obedecendo a um mantra pessoal de "não fazer do palanque um púlpito nem do púlpito um palanque", ela participa de cultos e fala com lideranças religiosas.

Marina tem 18% de intenção de voto entre seus pares, de acordo com o Datafolha.

No total, incluindo entrevistados de outras crenças e sem religião, a ex-parlamentar alcança 15% das preferências em cenário sem o ex-presidente Lula (PT). É a segunda colocada na corrida ao Planalto.

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) lidera a disputa, com 19%, mas chega a 22% entre evangélicos. Católico, ele abraçou bandeiras do público religioso conservador. Sua mulher é fiel da Igreja Batista.

Evangélicos representam hoje a segunda maior camada religiosa do país, segundo o Datafolha: 32% da população. Católicos são maioria (52%).

Em junho, Marina aproveitou passagens por São Paulo para ir a pelo menos duas igrejas. Os compromissos não estavam na agenda dela divulgada à imprensa. Sua assessoria afirma que não eram atividades da esfera política.

Marina cogita chapa puro-sangue ao Planalto

Ao tratar de alianças, pré-candidata disse que Rede tem ‘boa prata da casa’

- O Globo

Apesar da falta de estrutura de seu partido, Marina Silva, pré-candidata da Rede ao Planalto, afirmou ontem que cogita disputar a eleição com uma chapa puro-sangue. Nesse caso, teria como vice um nome de sua própria legenda nas eleições de outubro.

Marina reiterou, porém, que continua em diálogo com PPS, PHS, PROS e parte da direção do PV, cortejado por Alckmin.

— Até o dia 4 de agosto (quando deve acontecer a convenção partidária), teremos um candidato a vice. Temos uma boa prata da casa e bons nomes na Rede, em que pese buscarmos esses partidos a que me referi temos dialogado — disse Marina, em entrevista à Rádio Super Notícia, de Minas Gerais.

A pré-candidata esteve em Belo Horizonte para lançar o nome de Kaka Menezes ao Senado Federal.

— O fato de ter o compromisso programático não é uma dificuldade. Não vamos fazer alianças esdrúxulas só para ter tempo de TV — afirmou Marina.

A última pesquisa Ibope, divulgada no final de junho, mostra que, no cenário sem a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marina aparece com 13% das intenções de voto. Segundo o instituto, a pré-candidata está no limite do empate técnico com o ex-capitão do exército e deputado Jair Bolsonaro (PSL), que tem 17% das intenções de voto. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.

Questionada sobre a possibilidade aventada por partidos de esquerda de formar uma frente única para derrotar Bolsonaro num eventual segundo turno, Marina rejeitou qualquer tipo de aliança.

PARTIDOS TRADICIONAIS NA MIRA
A pré-candidata também partiu para ataque contra partidos como PT, DEM e MDB. Marina também não poupou o PSDB, embora tenha feito um movimento recente de aproximação com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na semana passada, ela enviou emissários para um evento de renovação partidário capitaneado por Fernando Henrique, que tem feitos elogios a Marina.

— Toda vez que a sociedade brasileira quer fazer uma mudança, os partidos da polarização dizem que é fundamental se unir em torno deles para continuarem no poder. É assim que, historicamente, o PT e o PSDB vão para o segundo turno. Um diz que é a salvação porque vai privatizar, outro porque vai estatizar — alfinetou a pré-candidata, que se apresentou como defensora da ação de combate à corrupção: — Não queremos alianças com quem faz oposição ao combate à corrupção. Não há interesse de nossa parte de fazer alianças com os partidos que hoje estão unidos combatendo a Lava-Jato, como PT, PSDB, MDB e DEM e os seus satélites.

Apoio a Ciro perde força, e PSB tende a ficar neutro na eleição

Ala pró-PT equilibra disputa interna; decisão pode liberar estados

Maria Lima | O Globo

-BRASÍLIA- Depois de semanas de negociações com PT e PDT, o PSB caminha para adotar a neutralidade na eleição presidencial. Caso esta decisão seja formalizada, os diretórios estaduais vão ficar livres para apoiar os candidatos que desejarem. O PSB esteve próximo de uma aliança com Ciro Gomes (PDT), mas a vantagem do pedetista refluiu nos últimos dias.

Depois de uma consulta informal aos dirigentes estaduais, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, teve ontem mais uma rodada de negociações com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. No entanto, segundo interlocutores dos dois dirigentes, não houve avanços. Caso a decisão final seja pela neutralidade, será a primeira vez na história do PSB. Procurado, o presidente do PDT, Carlos Lupi, preferiu não comentar.

— Todo mundo sabe que eu tenho a mesma posição do (Carlos) Siqueira, que seria um erro a neutralidade. Mas as circunstâncias podem nos levar a liberar, para que cada estado faça a aliança mais conveniente. Estamos sendo atropelados pelos prazos, e as circunstâncias podem nos levar a decisões que nem sempre são as que desejamos — disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

INTERESSES REGIONAIS
Com base na consulta feita por Siqueira aos dirigentes do PSB nos estados, os apoiadores de Ciro estão divulgando que ele teria o apoio de 16 diretórios na votação da Executiva nacional, este mês, que vai definir a posição do PSB. Em contraponto, os defensores do apoio ao PT lembram que os delegados do Norte e Nordeste, que atuam para isolar o candidato do PDT, têm mais peso na votação. Siqueira e o vice-presidente do partido, o governador Paulo Câmara, são de Pernambuco, o segundo diretório com mais peso na Executiva.

Fragmentado, ‘centrão’ fica cada vez mais distante do consenso

DEM projeta liberar os estados; Ciro, Alckmin e Bolsonaro racham partidos

Bruno Góes, Cristiane Jungblut e Dimitrius Dantas | O Globo

-BRASÍLIA E SÃO PAULO- Líderes de partidos do chamado “centrão” saíram frustrados de reunião ontem na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em Brasília, onde debateram uma possível união para a campanha à Presidência da República. No início da tarde, caciques de DEM, PP, PRB, PR, PSC e PHS conversaram sobre os possíveis cenários, mas não houve consenso. Há uma divisão entre Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB). Mais distante, o PR flerta com Jair Bolsonaro (PSL).

O DEM, que organizou o encontro e esteve representado por seus principais líderes, nem mesmo indicou quem prefere apoiar. Com a bancada no Congresso dividida, a legenda tenta encontrar um caminho intermediário que acomode os interesses de todas as suas correntes: fechar um acordo nacional, mas, ao mesmo tempo, liberar os estados para atuarem da forma mais conveniente regionalmente, sem retaliações.

Segundo uma das lideranças do partido, já não há qualquer ilusão de que o DEM consiga chegar a uma unanimidade em torno de alguma das quatro pré-candidaturas que estuda. Atualmente, os parlamentares do partido se dividem entre Ciro, Alckmin, Álvaro Dias (Podemos) e Bolsonaro (PSL). Este último tem encontrado mais adeptos dentro do partido desde que ficou claro que Rodrigo Maia não será candidato.

Rodrigo Maia e ACM Neto flertam com Ciro Gomes, mas não conseguem apoio da maioria da sigla para seguir com o pedetista. Já Mendonça Filho defende Alckmin e é cotado para ocupar a chapa presidencial do tucano como vice.

Justiça proíbe Lula de fazer campanha na prisão

Decisão cita Lei da Ficha Limpa, que impede condenado em segunda instância de concorrer

O ex-presidente Lula sofreu um revés com a decisão da juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara de Execuções Penais de Curitiba, que negou pedido da defesa para que ele pudesse participar da convenção do PT, além de gravar vídeos ou dar entrevistas na prisão. Lula cumpre pena por corrupção e lavagem de dinheiro. A magistrada citou a Lei da Ficha Limpa, que impede condenado em segunda instância de disputar eleição. A defesa do petista vai recorrer ao TRF-4. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu que o STJ e o CNJ investiguem o desembargador Rogério Favreto, que mandou soltar Lula no domingo.

Sem campanha na prisão

Juíza proíbe Lula de conceder entrevistas, gravar vídeos e fazer atos políticos em sua cela

Gustavo Schmitt e André de Souza | O Globo

-SÃO PAULO E BRASÍLIA- Ainda considerado uma aposta do PT para disputar o Planalto, mesmo preso há três meses e prestes a ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu mais um revés ontem. A juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara Federal de Execuções Penais de Curitiba, negou o pedido apresentado pela defesa para Lula gravar vídeos, conceder entrevistas e fazer, por meio de videoconferência, atos de pré-campanha, além de participar da convenção do PT. Filmagens na sede da Polícia Federal em Curitiba também estão vedadas. É lá que o petista cumpre, desde 7 de abril, pena de 12 anos e um mês de prisão pela condenação no caso do tríplex do Guarujá. No último domingo, após uma série de desentendimentos judiciais, foi negado um habeas corpus apresentado por três deputados federais petistas para que o ex-presidente deixasse a prisão.

Para a juíza, ainda que Lula se apresente como pré-candidato ao Planalto, sua situação se identifica com o “status de inelegível”. A magistrada citou o texto da Lei da Ficha Limpa, que impede que candidatos condenados por órgãos colegiados disputem eleição.

Também ontem, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu a abertura de investigações no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para apurar a conduta do desembargador Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). No domingo, na condição de plantonista, ele concedeu a liberdade a Lula, condenado por outros três desembargadores da mesma Corte. Dodge pede até mesmo a aposentadoria compulsória de Favreto.

Nos pedidos, a procuradora-geral cita os quase 20 anos em que Favreto foi filiado ao PT e diz que teria ocorrido um ato “orquestrado” com os deputados do partido que apresentaram o habeas corpus em nome de Lula. Afirma também que ele “desonrou a higidez e a honorabilidade de seu cargo”, que, por motivos pessoais, “pretendeu favorecer” o ex-presidente, agindo com parcialidade e desrespeitando a Constituição e que suas condutas “afrontam a ética e a imparcialidade”, além de terem sido impróprias a um magistrado.

No STJ, Dodge pediu a abertura de inquérito para apurar se houve crime de prevaricação, que tem pena de três meses a um ano, mais multa. Segundo o Código Penal, prevaricação é “retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”. No CNJ, a procuradora-geral pediu a condenação por infração disciplinar, com a consequente aposentadoria compulsória. Favreto teria violado normas regimentais sobre o plantão judiciário.

JUDICIÁRIO NÃO É “BALCÃO DE REIVINDICAÇÕES”
Lula foi sentenciado por Moro a nove anos e meio de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, há um ano. A defesa recorreu, mas o julgamento foi pior para o petista, que teve sua pena aumentada para 12 anos e um mês de prisão. O petista, porém, poderá registrar a candidatura até o dia 15 de agosto. A decisão final será do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Vinicius Torres Freire: Anistia para o estrago caminhoneiro

- Folha de S. Paulo

Tabelamento de fretes bagunça o campo, indústria protesta, Câmara anistia infrações

Os tantos políticos, da direita à esquerda, e empresários que deram corda para o caminhonaço têm algo a dizer sobre o estrago que ajudaram a promover? Pois o desastre continua.

Há desordem no transporte de insumos e produtos agropecuários (parabéns aos produtores de grãos que apoiaram a mazorca). O tabelamento do frete, além de contribuir para a bagunça e a irracionalidade econômicas, já causa prejuízo e vai parar na Justiça.

Nenhum político assumiria o erro, claro, nem ao menos vai arriscar uns milhares de votos em uma crítica da conta que o país parece não perceber que paga. Ao contrário. Premiam os responsáveis pelo tumulto.

Nesta quarta-feira (11), os deputados fizeram mais do que chancelar a incompetência de Michel Temer, aprovando a medida provisória que tabela o frete.

A Câmara ainda anistiou crimes e infrações cometidos durante o paradão caminhoneiro, de multas por bloqueios de estrada a locautes, greve de empresários. A cortesia veio de uma emenda do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP).

"Muitos manifestantes agiram pacificamente e de forma ordeira, e outros tantos tiveram seus veículos bloqueados, mesmo contra sua vontade. Por essa razão, não se pode punir ainda mais a tão sofrida classe dos caminhoneiros, com pesadas multas previstas na legislação ou decorrentes de determinações judiciais", argumentou o nobre deputado ao justificar a sua emenda.

Ribamar Oliveira: Despesa da União com juros vai subir

- Valor Econômico

O "buraco" a cobrir da 'regra de ouro' também aumentará

A despesa orçamentária da União com o pagamento de juros da dívida pública federal vai aumentar muito nos próximos anos, até atingir a astronômica quantia de R$ 391 bilhões em 2020 - R$ 110 bilhões a mais do que a previsão para este ano, de acordo com dados do Tesouro Nacional.

O aumento do gasto é explicado pelo forte crescimento da dívida pública, decorrente dos elevados déficits primários registrados desde 2014, e das características dos títulos colocados no mercado e que vencerão nos próximos anos. Há uma concentração maior de LTN e LFT, que pagam a totalidade de seus juros apenas no vencimento dos papéis. Ou seja, os investidores nesses títulos não recebem juros periódicos.

A métrica orçamentária para a despesa com juros é diferente daquela usada pelo Banco Central. Na metodologia do BC, que é usada nas estatísticas fiscais oficiais, o valor do título é atualizado diariamente pela incorporação de seus juros ao estoque da dívida. A isso se denomina "apropriação de juros". A despesa efetiva da União com os juros, do ponto de vista orçamentário, se dá apenas no momento do pagamento.

Um exemplo permite a compreensão mais fácil da diferença metodológica. Vamos supor que o Tesouro emita uma LFT no valor de R$ 1 mil, com prazo de cinco anos. Para simplificar, consideremos que a inflação seja zero e a taxa Selic (a taxa básica de juros da economia) seja de 6,5% ao ano, em todo o período.

Míriam Leitão: O pessimismo

- O Globo

O medo do desemprego voltou ao pior nível desde 2016, no auge da crise. E com razão, porque a esperança de que o país retomasse o crescimento este ano foi embora. As últimas projeções mostram que 2018 será tão morno quanto o ano passado. Mas há um elemento a mais neste momento: a paralisia de decisão dos empresários. Com a campanha incerta, os planos de investimento estão indo para a gaveta.

Uma grande empresário de São Paulo, com negócios em vários setores da economia, do varejo à indústria, explica que suas empresas estão jogando na defensiva e devem permanecer assim até que um novo governo assuma e mostre capacidade para aprovar as reformas no Congresso. A paralisação do setor de transportes foi um choque ainda não totalmente contabilizado e que agravou profundamente a confiança.

— Estou 100% hedgeado (protegido contra variação cambial) na indústria. No varejo, as liquidações começaram mais cedo para reforçar o caixa. A greve dos caminhoneiros trouxe de volta um Brasil que a gente achava que já tinha ficado para trás, do tabelamento, do subsídio ao diesel. Virou a chave na cabeça do empresário de que o país ainda pode andar muito para trás — explicou.

Na segunda-feira, o mercado financeiro reduziu mais uma vez as projeções para o PIB deste ano, para 1,53%. Há apenas quatro semanas, o número estava em 1,94%. A perda de confiança foi muito rápida e já atinge os números para o ano que vem, que caíram de 2,8% para 2,5% no último mês. Mas a verdade é que o ano de 2019 ainda é uma incógnita, diante da gravidade da crise fiscal e da falta de lideranças políticas para lidar com o problema.

Ainda há juízes isentos em Brasília: Editorial | O Estado de S. Paulo

Dois dias depois de terem tentado burlar o princípio do juiz natural para tirar Lula da cadeia, afrontando a hierarquia no âmbito do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) e contando para tanto com a ajuda de um desembargador plantonista que foi filiado ao PT antes de ingressar na magistratura, os deputados petistas Wadih Damous (RJ), Paulo Pimenta (RS) e Paulo Teixeira (SP) voltaram à carga. Agora, querem que a presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Laurita Vaz, arquive todos os pedidos de habeas corpus impetrados em favor do ex-presidente.

Entre domingo e segunda-feira, o STJ recebeu mais de 140 pedidos de habeas corpus impetrados em favor de Lula por pessoas que não têm procuração para representá-lo. A maioria desses pedidos é padronizada e tem o subtítulo de “Ato Popular 9 de julho”.

Apesar de o artigo 5.º da Constituição assegurar a qualquer cidadão o direito de peticionar ao poder público – seja em seu nome, seja em nome de outrem – “em defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder” e o Código de Processo Penal prever que um pedido de habeas corpus possa ser subscrito por qualquer pessoa, esses parlamentares alegam que a profusão de recursos prejudicará a defesa dos advogados constituídos por Lula.

Em outras palavras, os mesmos deputados que no domingo realizaram no TRF-4 uma manobra jurídica irresponsável, que afronta regras processuais e constitucionais, agora temem que, no julgamento desses pedidos de habeas corpus pelo STJ o bom senso jurídico prevaleça. Na prática, temem que a Corte esgote a análise de determinados temas, impedindo assim que venham a ser abordados mais tarde pelos advogados de Lula, conforme suas conveniências jurídicas e políticas.

Como se vê, os três deputados que afrontaram as instituições judiciais estão novamente pondo os pés pelas mãos, tentando, por meio do recurso enviado à presidente do STJ, interferir nos pedidos de habeas corpus feitos por terceiros, ainda que sob a forma de ato político ou “popular”.

É preciso disciplinar decisões individuais de juízes: Editorial | O Globo

Projeto que impede concessão de medida cautelar em ação sobre constitucionalidade respeita o Congresso e amplia as bases da segurança jurídica

A decisão inédita, fora dos padrões, do desembargador Rogério Favreto, no plantão de domingo do TRF-4, para libertar o ex-presidente Lula, foi devidamente rejeitada no âmbito do próprio tribunal, por meio do relator do processo que o condenou, desembargador João Pedro Gebran Neto, e pelo próprio presidente da Corte, Thompson Flores.

Mais que isso, acima da Corte de Porto Alegre, a presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Laurita Vaz, não apenas referendou os pareceres de Gebran Neto e Tompson Flores, como também, em termos duros, rejeitou a argumentação de Favreto para aceitar o pedido de habeas corpus: o “fato novo” de Lula ser pré-candidato". Ora, todos sabem disso desde 2016. E ainda desqualificou, com acerto, a condição de plantonista de Favreto para poder rever decisão tomada não apenas pelo TRF-4, mas também pelo STJ e o Supremo.

O caso foi mesmo esdrúxulo, incomparável a qualquer outro. Mas há situações no cotidiano dos tribunais em que o voto individual precisa ser limitado. Decisões tomadas até mesmo no âmbito do Congresso, o principal espaço deliberativo numa democracia representativa, correm o risco de ser adulteradas e até suspensas por um juiz. Ainda que seja por um ministro do Supremo, há neste caso uma flagrante distorção por desconsiderar o voto do povo, um pilar central da democracia.

O exemplo mais recente é do ministro do Supremo Ricardo Lewandowski, a quem coube deliberar sobre uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) ajuizada pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro, questionando a Lei das Estatais.

À véspera do recesso do Judiciário, o ministro concedeu medida cautelar com a suspensão da venda de qualquer estatal sem consulta ao Congresso e sem licitação.

Turbulência pressiona custos e prazos da dívida mobiliária: Editorial | Valor Econômico

Levantamento apresentado pelo Tesouro nesta semana dá um bom retrato do impacto na administração da dívida mobiliária da turbulência que aflige os mercados desde a greve do transporte rodoviário de carga, em maio, intensificada posteriormente pela guerra comercial global e pelas incertezas da eleição presidencial. O Tesouro informou que a "elevada volatilidade" o obrigou a cancelar os leilões tradicionais de venda de NTN-Bs, LTNs e NTN-Fs do fim de maio, todos que estavam previstos para junho, com exceção da venda de LFTs, e o de NTN-Fs da semana passada. Paralelamente, teve que realizar leilões extraordinários de compra e venda de títulos públicos para oferecer uma saída aos investidores, que amargavam pesados prejuízos com a desvalorização dos títulos públicos. Entre 28 de maio e 4 de julho, o Tesouro recomprou cerca de R$ 22 bilhões.

Os problemas não ficaram para trás. O Tesouro já avisou que vai cancelar os leilões de NTN-Fs deste mês e pretende manter os de LTNs e os de NTN-Bs, embora tenha prevenido que pode suspendê-los, dependendo da situação. Confirmou apenas os de LFTs. O mais recente balanço da dívida mobiliária feito pelo Tesouro pega apenas alguns dias de turbulência porque refere-se apenas a maio, mas também apresenta sinais de alerta. O estoque total da dívida mobiliária federal aumentou 1,59% em maio e chegou a R$ 3,7 trilhões. A dívida mobiliária interna cresceu 1,4% para R$ 3,57 bilhões, acumulando 4% no ano, R$ 128,2 bilhões em juros. A fatia de papéis prefixados diminuiu de 35,34% em dezembro para 34,67% em maio; a de títulos atrelados a índices de preços recuou de 29,55% para 29,32%; enquanto a de papéis flutuantes subiu de 31,51% a 32%; e a de papéis corrigidos pelo câmbio, de 3,6% para 4,01%.

Dados sob proteção: Editorial | Folha de S. Paulo

Com a desejável sanção, país terá lei para punir a manipulação abusiva de informações pessoais

Mostra-se oportuna a aprovação pelo Congresso Nacional de projeto que estabelece um sistema de proteção aos dados pessoais no país. Iniciativa análoga, que serviu de fonte de inspiração para a legislação brasileira, entrou em vigor em maio na União Europeia.

O que se pretende é assegurar aos cidadãos direitos sobre o uso desse tipo de acervo por parte de entes públicos e privados.

Numa sociedade em que os indivíduos se veem compelidos a preencher cadastros e fornecer informações para ter acesso a uma ampla gama de serviços, é indispensável que se proporcione alguma proteção específica contra abusos.

Sabe-se, afinal, que o controle de bancos de dados é um ativo que pode propiciar ganhos para empresas e outras instituições.

Vinicius de Moraes: O escândalo da rosa

Oh rosa que raivosa
Assim carmesim
Quem te fez zelosa
O carme tão ruim?

Que anjo ou que pássaro
Roubou tua cor
Que ventos passaram
Sobre o teu pudor

Coisa milagrosa
De rosa de mate
De bom para mim

Rosa glamourosa?
Oh rosa que escarlate:
No mesmo jardim!