sexta-feira, 13 de julho de 2018

Opinião do dia: José Aníbal

O país tem pela frente uma encruzilhada que marcará não só os próximos quatro anos, mas definirá o destino de uma geração. Cabe ao PSDB apresentar-se novamente à nação para, com responsabilidade, conduzir a reconstrução. Estou seguro de que temos as melhores opções, os melhores quadros, as propostas mais condizentes com o momento crítico que o país atravessa. E temos um candidato talhado para essa travessia: Geraldo Alckmin.

Trinta anos é idade boa para renovar nossa profissão de fé no futuro. O PSDB sempre busca conduzir as aspirações por um governo que funcione, uma economia que cresça com inclusão, uma política feita com responsabilidade e ética. Estou convicto de que faremos, de novo, a diferença, a favor do povo brasileiro.
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José Aníbal, economista, ex-presidente nacional do PSDB e do Instituto Teotônio Vilela; ex-deputado federal por São Paulo e atualmente suplente do senador José Serra. ‘Sempre pelo Brasil’, Folha de S. Paulo, 12/7/2018

Fernando Gabeira: A Copa da realidade

- O Estado de S.Paulo

Saindo do País vemos como nos atrasamos e como em alguns pontos estamos retrocedendo

Sempre que uma Copa do Mundo é realizada, suscita em mim uma ingênua pergunta: é possível canalizar a energia nacional para outro tema que não seja o futebol? A reconstrução do Brasil, por exemplo?

A pergunta é ingênua porque uma Copa do Mundo é competição internacional com objetivos bem definidos e regras claras. É fácil torcer pelo Brasil e a vitória se mede de forma inequívoca a favor de quem marca mais gols.

Os observadores da História recente da Rússia - escrevo de Moscou - indicam que o país vivia uma crise muito grande na virada do século e essa crise se caracterizava também por falta de uma ideia unificadora. Foi quando surgiu Putin prometendo recuperar a grandeza perdida.

Nunca chegamos a ser uma potência mundial. Não temos, portanto, a nostalgia de glórias pretéritas. No entanto, mesmo descontando a megalomania e o voluntarismo do período do petismo, podemos ser mais importantes do que somos no momento.

Num processo eleitoral com tantas divisões, é irreal pensar numa unidade que nos arrebate como a possível conquista da Copa do Mundo. Mas quem sabe não seja possível buscar essa visão quase utópica comendo pelas beiradas, como se diz na gíria política.

A CNI produziu uma série de documentos e produziu debates entre os candidatos, buscando algum nível de consenso entre as suas propostas para o país. Assim o farão outras entidades de classe. O comandante do Exército recebeu os candidatos não para propor políticas, mas para ouvi-los e preparar a instituição para trabalhar com aquele que entre eles for o eleito pelo processo democrático.

José de Souza Martins: Os gols do ópio do povo

- Eu & Fim de Semana / Valor Econômico

O pensamento superficial de grupos alheios à grande tradição do pensamento crítico imputa ao que não corresponde aos pressupostos ideológicos de seus partidos a qualidade negativa de "ópio do povo". Nestes dias, há quem diga que a Copa tem entre nós essa função inebriante. É para ganhar e drogar.

O "ópio do povo" aparece na "Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel", de 1843, de Karl Marx. Texto escrito cinco anos antes de que ele e Friedrich Engels escrevessem, por encomenda, o "Manifesto Comunista". Um texto que consagrou outra frase feita, a de que a história de toda sociedade é história de luta de classes. Um texto antidialético porque, ao simplificar, conflita com a própria teoria marxiana da história que ganharia consistência aos poucos na obra dos dois.

A metáfora de ópio do povo antecede a definição comunista da história. E não é explicativa. Originalmente, antes de se tornar frase feita, era esforço didático para explicar o fato sociológico mais significativo das sociedades e suas peculiaridades na sociedade contemporânea: a alienação. Isto é, o estranhamento do homem em relação às condições sociais de sua existência, a ilusão e o autoengano que obscurecem ao homem comum sua cumplicidade com o que o subjuga e cega. A dificuldade para desvendar as condições objetivas de existência de todos, mesmo de Karl Marx. Mas o tempo revelaria que a consciência que conta não é necessariamente a consciência teórica e abstrata. São as contradições cotidianas que colocam o agir ao alcance do pensar crítico.

Em outros de seus trabalhos, Marx retorna à metáfora do ópio do povo. Na sociedade industrial nascente, não era incomum que o ópio fosse droga utilizada por mães operárias para adormecer os filhos pequenos que ficavam em casa sozinhos, enquanto elas iam para o trabalho nas fábricas.

Cármen Lúcia: (In)segurança jurídica

- O Globo

É dever constitucional do juiz manter-se distante de disputas político-partidárias e das paixões que lhes são próprias, preservando sua isenção

Manter-se distante da luta político-partidária e das paixões que a envolvem e preservar a isenção são deveres constitucionais do magistrado. A Justiça não tem lado, protegidos nem adversários. Perplexo, o Brasil tem assistido a cenas de contradições entre decisões judiciais. O contraditório dá-se entre as partes. A lide é entre elas. A Justiça não tem lado, preferências, protegidos nem adversários. As partes conflitam, não os juízes. Quando a imagem de juízes em desarmonia é exposta, é compreensível a consternação que toma conta da República. Juiz que toma partido, juiz já não é. Se algum dia foi...

O que dizer, então, quando decisões judiciais se contradizem e tornam-se causa de perplexidade e desassossego sociais? E como tornar compreensível aos cidadãos a ocorrência dessas situações?

Quadro de divergências judiciais não é novo no país. E para isso o sistema jurídico prevê institutos para restabelecimento da segurança jurídica. A compreensão do direito é variada. Lidamos com a palavra da lei. E ela depende de interpretação. Mas interpretar não é livre pensar. Menos ainda, livre julgar. Julgar é atividade vinculada à Constituição e à lei. E a sociedade precisa de segurança jurídica, valor básico do estado de direito. Toda insegurança jurídica é injusta. Por isso, as funções do Judiciário têm de ser desempenhadas com impessoalidade. É do equilíbrio, da racionalidade, coerência e previsibilidade do sistema judiciário — atributos que o juiz encontra na lei e apenas nela — que a nação depende para ter segurança jurídica. Nem sempre é razoável ou curto o tempo do Poder Judiciário para a solução de divergências. Mas é necessário o acatamento ao devido processo legal, com seus prazos e recursos.

Eliane Catanhêde: Não brinquem com elas

- O Estado de S.Paulo

As mulheres viraram feras para defender o Judiciário de ‘instabilidade e descrédito’

A cúpula feminina do Judiciário e do Ministério Público ganhou espaço e respeito ao pôr as coisas nos seus devidos lugares depois do domingo passado, quando novos “aloprados” petistas se aliaram ao desembargador Rogério Favreto para passar por cima do TRF-4, do STJ e do próprio STF na tentativa de libertar o ex-presidente Lula a qualquer custo.

Laurita Vaz, uma goiana de Anicuns, pouco conhecida, pouco polêmica, reproduziu de forma contundente o que boa parte do Judiciário pensa, mas não pode dizer. E ela não foi contundente numa nota ou entrevista, mas numa decisão oficial, em que negou habeas corpus para soltar Lula, desferiu duras críticas a Rogério Favreto e defendeu a atuação do juiz Sérgio Moro, acusado de “perseguir” o ex-presidente por não cumprir o ato estapafúrdio do desembargador.

Laurita classificou Favreto de “manifestamente incompetente” para conceder HC para Lula num mero plantão, disse que é “óbvio e ululante” que os argumentos dele não fazem sentido e concluiu que sua ação “causa perplexidade e intolerável insegurança jurídica”. Para a ministra, Moro reagiu “com oportuna precaução” ao consultar o presidente do TRF-4 para saber o que deveria cumprir, a decisão do tribunal (que mandou prender Lula) ou o HC monocrático de um desembargador (para soltá-lo).

Maria Cristina Fernandes: Bolsonaro na disputa pela estética da quebrada

- Eu &Fim de Semana | Valor Econômico

No fim do ano passado, Esther Solano entrou numa escola estadual em São Miguel Paulista, no extremo leste de São Paulo, com um "pen drive" nas mãos e uma ideia na cabeça. Queria entender as razões pelas quais adolescentes curtem e compartilham vídeos em que partidários do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) zoam de suas declarações polêmicas.

Passou o vídeo em duas turmas diferentes, uma de 20 alunos, de 14 a 16 anos, do primeiro ano do ensino médio, e outra de 40 jovens de 16 a 18 anos, do terceiro ano.

Não se tratava da obra completa do deputado, nem dos melhores momentos. Era apenas uma coletânea dos seus disparates mais conhecidos. Lá estava o bate-boca com Maria do Rosário, em que o pré-candidato à Presidência chama a deputada do PT do Rio Grande do Sul de vagabunda, a empurra e diz que não a estuprava porque ela não merecia; a afirmação de que sua filha, caçula de cinco irmãos, é fruto de uma "fraquejada"; a resposta à cantora Preta Gil de que seus filhos não namorariam uma negra porque são bem-educados; e a homenagem ao coronel torturador Carlos Brilhante Ustra durante a votação do impeachment.

No vídeo, a reprodução das cenas é seguida por comentários que ridicularizam os interlocutores do deputado e concluem que ele havia saído por cima de todas as situações. O contraponto é ilustrado por montagens em que a cabeça de Bolsonaro, sobreposta ao corpo de um jovem, com óculos escuros, faz algazarra no meio de uma galera, é jogado para cima e ensaia passos de funk. Sempre sorrindo ou gargalhando.

Em ambas as turmas, a exibição do vídeo foi acompanhada de risos, assobios e, ao final, aplausos. As poucas vozes dissonantes que se insurgiam - "Como é que vocês aplaudem isso aí?" - eram abafadas. Acalmadas as turmas, Esther, uma espanhola de português escorreito, apesar de meros oito anos no Brasil, convidou os alunos para uma discussão. Professora da Universidade Federal de São Paulo e estudiosa dos movimentos da nova direita, Esther se deu conta, naquela sala, que não é o ódio que move a empatia dos jovens, mas a atitude transgressora que identificam nos atos do parlamentar.

Bruno Boghossian: Contorcionismo político

- Folha de S. Paulo

Ninguém estava realmente interessado em discutir a responsabilidade do prefeito

Os líderes do PSOL tentavam explicar que “nem todo impeachment é golpe”, enquanto o MDB dizia que derrubar um governante eleito pela população seria um “deboche com a democracia”.

Além do tom de escárnio, a sessão da Câmara do Rio que discutiu a abertura de uma investigação contra o prefeito Marcelo Crivella (PRB) mostrou que a política se move de acordo com os mais leves ventos das conveniências partidárias.

A oposição pediu o impeachment de Crivella depois que ele foi gravado pelo jornal O Globo oferecendo vantagens da prefeitura a 250 pastores evangélicos. O episódio forçou um contorcionismo dos grupos que se mobilizaram a favor e contra a derrubada de Dilma Rousseff.

Dirigentes petistas tentaram manter a coerência. Disseram ser contra a “banalização” do impeachment e defenderam a permanência de Crivella. “Por mais incompetente que seja esse prefeito, ele foi eleito pelo povo”, afirmou Washington Quaquá, presidente do PT no Rio. Apesar dos apelos, os dois vereadores do partido votaram contra Crivella.

O PSOL, que considerou a derrubada de Dilma uma farsa, buscou se acomodar à nova realidade. “Quando não tem crime de responsabilidade e fazem um impeachment, é golpe. Mas o impeachment é previsto quando existe crime de responsabilidade”, disse Marcelo Freixo (PSOL).

Luiz Carlos Azedo: Ciro, ofensiva e controle

- Correio Braziliense

Na terceira tentativa de disputar a Presidência, o ex-ministro já se convenceu de que não terá o apoio do PT no primeiro turno. Avalia, porém, que o Nordeste fortalece sua relação com o PSB

Candidato do PDT, Ciro Gomes disputa com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) o apoio do DEM e com o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), o do PSB. No momento, está em vantagem por causa da forte alavancagem do eleitorado nordestino, das contradições da política paulista e do fato de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará fora da disputa, em razão da Lei da Ficha Limpa. O apoio do PSB pode ser anunciado já na próxima semana, em razão da política de Pernambuco. O PT local dá todos os sinais de que não pretende apoiar a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB), mantendo a candidatura da vereadora do Recife Marília Arraes, dissidente do clã Arraes, que controla o PSB.

Ontem, Paulo Câmara se encontrou com a presidente do PT, Gleisi Hoffman, e anunciou publicamente que gostaria de apoiar a candidatura do ex-presidente Lula. “Isso é o que nós estamos defendendo internamente dentro do partido, vamos continuar a defender e vamos fazer todos os esforços para que essa aliança se concretize.” A declaração foi um aceno para a cúpula petista, mas a aliança sem Lula candidato não está garantida. Além disso, Gleisi não deu garantias de que removerá a candidatura de Marília. Por essa razão, na próxima reunião da Executiva da legenda, marcada para quarta-feira, é possível que a aliança com Ciro seja sacramentada. Para ganhar tempo, Câmara pediu ao presidente da legenda, Carlos Siqueira, para adiar a reunião.

Em outra frente, Ciro investe para obter o apoio do DEM. Já conta com a simpatia do presidente da legenda, o prefeito de Salvador, ACM Neto, e do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ). Tem o apoio garantido do senador Agripino Maia, por causa da aliança com o PDT no Rio Grande do Norte, e de senador Ronaldo Caiado (GO), adversário figadal do governador tucano Marconi Perillo. A ala ligada a Geraldo Alckmin, encabeçada pelo líder da bancada na Câmara, Rodrigo Garcia (SP), está sendo fragilizada em razão da deriva à direita do grupo do deputado Ônix Lorenzoni (RS), um dos principais articuladores da candidatura do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) a presidente da República.

Na terceira tentativa de disputar a Presidência, Ciro Gomes já se convenceu de que não terá o apoio do PT no primeiro turno. Avalia, porém, que o apoio do Nordeste fortalece sua relação com o PSB e fragiliza Haddad. Também acredita que pode vir a ser a alternativa para os partidos de centro que ainda não se convenceram de que Alckmin tem viabilidade eleitoral. É o caso também do PP, de Ciro Nogueira (PI), uma vez que as pesquisas eleitorais mostram que Ciro dispõe de forte apoio no Piauí. Do outro lado do balcão, Alckmin não desistiu do DEM, porque o discurso político de Ciro está muito longe do perfil liberal que a legenda construiu com sua política. O mesmo já não acontece com Haddad, uma vez que Ciro manteve forte ligação com Lula, de quem foi ministro, e com Dilma Rousseff.

Absolvição
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros seis réus foram absolvidos no processo em que eram acusados de crime de obstrução de Justiça, pelo juiz da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, Ricardo Leite. É a primeira absolvição nos processos aos quais responde. O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, ao comentar a decisão, disse que o mesmo entendimento deveria ter sido usado no caso do tríplex de Guarujá, no qual Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão. Também foram absolvidos o ex-senador Delcídio do Amaral, seu ex-chefe de gabinete Delcídio Diogo Ferreira, o banqueiro André Esteves (BTG Pactual), o advogado Édson Ribeiro e o pecuarista José Carlos Bumlai.

Lula era acusado pelo Ministério Público de ter atrapalhado as investigações da Lava-Jato, ao supostamente se envolver em uma tentativa de comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, um dos delatores da Operação Lava-Jato. O juiz considerou insuficientes as provas contra os réus. Entendeu que a acusação de obstrução de Justiça estava baseada somente em afirmações de delatores e desconsiderou a gravação da conversa entre Bernardo Cerveró, filho de Cerveró, e o ex-senador Delcídio do Amaral, que prometia ajuda financeira de R$ 50 mil mensais para a família do ex-executivo da Petrobras e honorários de R$ 4 milhões para o advogado Édson Ribeiro.

Em contrapartida, Cerveró silenciaria em sua delação premiada em relação a Delcídio, então líder do governo no Senado, a Lula, ao pecuarista José Carlos Bumlai, ao banqueiro André Esteves e aos demais acusados. “O áudio captado não constitui prova válida para ensejar qualquer decreto condenatório. Há suspeitas também da ocultação de fatos por Bernardo e Cerveró”, afirmou o juiz.

Alckmin fecha com PSD e amplia bloco de apoio nas eleições 2018

Pré-candidato tucano à Presidência sela aliança com legenda do ministro Gilberto Kassab; para acordo, PSDB retira candidaturas no DF e Rio Grande do Norte

Pedro Venceslau | O Estado de S.Paulo

O ex-governador e presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) selou nos últimos dias uma aliança com o PSD para as eleições 2018. O anúncio oficial deverá ocorrer na convenção da sigla, prevista para o dia 28 deste mês ou 4 de agosto. O acordo injetou ânimo na pré-campanha tucana no momento em que partidos do Centrão, bloco partidário liderado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vivem um impasse sobre a corrida pelo Palácio do Planalto.

Nas eleições de 2014, o PSD elegeu 36 deputados – a quinta maior bancada da Câmara. Isso garantiria à legenda fundada pelo ministro Gilberto Kassab cerca de 1 minuto e 40 segundos de tempo de rádio e TV por dia nos dois blocos do horário eleitoral. O PSD tem 7,02% da fatia total do palanque eletrônico. Para efeito de distribuição de tempo de exposição no horário eleitoral, o critério é o tamanho da bancada eleita há quatro anos.

O acordo com o PSD é tratado por tucanos com uma vitória política em uma etapa decisiva das articulações partidárias. As convenções começam em menos de 15 dias e a campanha do ex-governador de São Paulo é vista com desconfiança por potenciais aliados por causa do seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto – considerado aquém das expectativas.

Na negociação com Kassab, o PSDB abriu mão de lançar candidatos ao governo para apoiar nomes do PSD. É o caso do deputado Izalci Lucas, que abdicou da disputa no Distrito Federal em favor do deputado Rogério Rosso. No Rio Grande do Norte, o PSDB tirou da disputa o ex-governador Geraldo Melo para apoiar a reeleição do governador Robinson Faria. O PSD espera ainda suporte dos tucanos para a candidatura de Índio da Costa no Rio.

Com esse acordo, Alckmin caminha para cumprir a meta traçada por seus aliados no começo do ano: formar até julho um arco de alianças com pelo menos quatro partidos médios e grandes. O tucano já tem promessas de apoio do PPS, PTB e PV. Isso garantiria cerca de 20% do tempo reservado aos presidenciáveis no horário eleitoral.

“Esse bloco assegura um tempo de TV competitivo. Não dá para saber qual será o peso das redes sociais, mas a TV ainda tem a centralidade”, disse o deputado Marcus Pestana (MG), secretário-geral do PSDB.

“Não vai ter outra candidatura com um bloco maior que esse”, afirmou Roberto Freire, presidente nacional do PPS. O partido se ofereceu para abrigar a candidatura do apresentador Luciano Huck, que acabou desistindo de entrar na disputa presidencial. Depois disso, foi procurado por interlocutores de Marina Silva (Rede), mas optou por ficar com Alckmin.

Alckmin conversa com dirigentes do PP

Tucano tenta atrair partido que está mais próximo de Ciro Gomes

Cristiane Jungblut | O Globo

-BRASÍLIA- Em um movimento para tentar atrair o PP para sua candidatura, o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, ampliou sua agenda de conversas com parlamentares e lideranças do partido. O presidenciável tucano se encontrou com o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), na quarta-feira e ainda tratou de eleições com o deputado Ricardo Barros (PP-PR), ex-ministro da Saúde, que comanda o partido no Paraná.

Ao tentar convencer os caciques do PP, Alckmin quer esvaziar as negociações do partido com o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes. É o que os tucanos têm definido como um “tiro duplo”. Se fechar com o PP, Alckmin tira um potencial aliado importante do pedetista e ainda amplia seu poderio eleitoral, com 50 segundos a mais de tempo de TV.

Dentro do bloco de partidos (DEM, PP, PRB e Solidariedade) que tem conversado sobre um rumo comum a seguir nas eleições, o PP é o maior defensor de uma aliança com Ciro Gomes. O tucano sabe que o senador do Piauí pensa em fechar com o pedetista, mais bem posicionado eleitoralmente no Nordeste. No encontro com Ciro Nogueira, o tucano apelou até para a sogra do parlamentar, a ex-deputada Miriam Portela, uma das fundadoras do PSDB.

— Disse ao Ciro que tenho uma grande aliada. A sogra dele, dona Miriam, foi deputada comigo e é minha amiga há 30 anos. Falei para ele: sogra se respeita — disse Alckmin.

Entrevista / Geraldo Alckmin: Se depender de mim, estaremos juntos com o DEM

Atrás de aliança com DEM, Alckmin diz que pesquisas virarão de ponta cabeça

Ex-governador defende investigações sobre caixa dois em São Paulo e afirma ser 'vida limpa'

Fernando Canzian, Fábio Zanini | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Geraldo Alckmin, 65, pré-candidato do PSDB à Presidência, diz estar "trabalhando" para compor uma aliança com DEM, partido que tem flertado com a candidatura de Ciro Gomes (PDT).

"Se depender de mim, estaremos juntos", disse o ex-governador paulista à TV Folha.

Com 7% das intenções de voto no último Datafolha e atrás de seus principais adversários, Alckmin diz que as pesquisas vão "virar de ponta cabeça".

Sobre suspeitas envolvendo a Dersa e caixa dois para campanhas tucanas, diz que tudo deve ser investigado. "Sou vida limpa", afirma.

PESQUISAS
Nunca houve uma campanha com tanta fragmentação de pré-candidatos. Há também uma desesperança com a política. Hoje, mais de 60% dos eleitores não têm candidato definido. O que é bom. Mostra que o eleitor estará mais amadurecido.

A dez dias da eleição no Tocantins, quem estava em primeiro era o ex-prefeito da capital e, em segundo, uma senadora. Nenhum dos dois foi sequer para o segundo turno.

Essa pesquisa vai virar de ponta cabeça. A campanha só vai começar mesmo com o rádio e a televisão, que é 31 de agosto. Vai ser uma campanha curta, de um mês.

ALIANÇA COM O DEM
Se depender de mim, estaremos juntos. E já estamos em muito estados. Estamos apoiando os democratas na Bahia, no Pará, no Amapá.

É normal que os partidos tenham como objetivo chegar ao poder e ter candidato a cargo executivo. À medida que eles tinham candidato à Presidência, nós não insistimos. A partir do momento que eles disseram que vão escolher outro candidato, estamos trabalhando e queremos estar juntos.

Hoje já temos cinco partidos encaminhados para uma aliança, o que nos dará cerca de 20% do tempo no rádio e na TV. Temos um diferencial que é o que fizemos, pois entre o falar e o fazer na política existe um abismo. Como ex-governador (de São Paulo), dá para mostrar o que foi feito.

DESAFIOS
Não vai ser fácil para quem assumir a Presidência. É o sexto ano de déficit primário, com a dívida pública do governo passando os R$ 5 trilhões, chegando a mais de 75% do PIB.

Não é um quadro simples. Mas quem for eleito vai ter mais de 50 milhões de votos e a legitimidade disso é muito grande para poder implementar rapidamente as reformas.

Faremos a reforma política, com voto distrital ou distrital misto, com cláusula de desempenho mais forte. Também a reforma tributária, para simplificar o modelo, a reforma da Previdência e a reforma do Estado. Vamos enxugar, reduzir.

AJUSTE FISCAL
Nós sabemos fazer ajuste fiscal e vamos fazer isso rapidamente para a economia voltar a crescer. Não vai ter crescimento sem investimento e não vai ter investimento sem confiança de que estamos no rumo certo e que o país não vai quebrar.

E com isso podemos ter política monetária de juros baixos, câmbio competitivo e o Brasil volta a crescer. Faremos também uma grande inserção internacional. Eu pretendo abrir a economia.

CAIXA 2, CCR E DERSA
A Folha publicou na Primeira Página matéria que repercutiu em todas as televisões, rádios e sites e que era mentirosa. Ela dizia que dentro do inquérito havia sido dito que teria recursos da CCR para a minha campanha em 2010.

Ficamos sabendo e nosso advogado leu de A a Z. Não tem nem menção. Fazer uma matéria de ouvir dizer é muita irresponsabilidade. Não se pode brincar com o caráter das pessoas.

[Em maio, a Folha publicou reportagem mostrando que a CCR, maior concessionária de estradas do país, repassou R$ 5 milhões para o caixa dois da campanha de Alckmin, segundo relatos de representantes da empresa ao Ministério Público. O dinheiro teria sido entregue ao cunhado do tucano, o empresário Adhemar Ribeiro, segundo a narrativa feita à Promotoria, que ainda investiga o caso].

Agora, se surgiu uma denúncia, investigue-se. Sou vida limpa. Tenho 40 anos de vida pública e meu patrimônio não dá para comprar aquela máquina ali [diz, apontado para uma câmera].

Precisa respeitar as pessoas. Essa forma de jogar todo mundo, dizer que ninguém presta, é um grande desserviço para a sociedade, porque você destrói a política.

Com o Paulo Vieira [de Souza, ex-diretor da Dersa investigado por desvios] eu não tenho nenhum relacionamento. Com o Laurence Casagrande [outro ex-diretor da Dersa investigado] eu não tenho nenhuma intimidade.

Gigantes mostram suas armas para a campanha presidencial

Por Raymundo Costa | Valor Econômico

BRASÍLIA - A campanha eleitoral deste ano será mais curta e sem financiamento empresarial, o que pode favorecer as grandes estruturas partidárias. Essa é a principal aposta de gigantes como o PSDB e o MDB, cujos candidatos, Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles, patinam na faixa de um dígito nas pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto. Por outro lado, a fase que agora começa com a temporada das convenções é um desafio para pequenos como o Rede Sustentabilidade de Marina Silva, que têm poucos recursos financeiros, base partidária acanhada e está ameaçado de ficar invisível no horário eleitoral gratuito.

Em política, nem sempre tamanho é documento. O MDB perdeu as sete eleições diretas para a Presidência do período pós-64, apesar de ostentar a maior máquina de guerra, desde a redemocratização do país. Em 2018 não é diferente. A sigla hoje no governo é de longe a mais poderosa: cinco governadores, 20 senadores, 1046 prefeitos, 59 deputados federais, 142 deputados estaduais e 7557 vereadores espalhados por todo o país. Mas seu pré-candidato é um dos que até agora não conseguiram romper a marca do 1% nas pesquisas.

Ex-ministro, Henrique Meirelles conta com esse poderio para se mover nas pesquisas antes de 4 de agosto, data da convenção do MDB para a escolha definitiva do candidato. Meirelles está com meia candidatura andada, mas sabe que a cúpula do MDB e do governo pretende jogar até o último minuto para uma composição do chamado centro político. Por isso o ex-ministro se empenha em conquistar as bases que fazem do MDB o partido com maior capilaridade nacional. Desde que se apresentou como pré-candidato, o ex-ministro já visitou 15 Estados. Se conseguir mais três ou quatro pontos nas pesquisas, dificilmente o MDB vai tirar Meirelles da disputa.

Entrevista: Marcus Pestana - Deputado (PSDB-MG)

Poder em jogo / O Globo

A união entre candidatos do “polo de centro” parece longe de um acordo, não?

– Num exercício de realismo, parece improvável o recuo da Marina Silva, do Geraldo Alckmin ou do Alvaro Dias. Mas há dois momentos em que a convergência pode ocorrer. Se, a 15 dias das eleições, virmos que as alternativas projetadas para o segundo turno não contemplam o campo democrático e reformista, o quarto e o quinto colocados podem retirar-se e apoiar o terceiro. É literalmente a expectativa no voto útil. E há o segundo turno. O problema é se não chegarmos lá.

As pesquisas seguem desfavoráveis para esse campo.

– O cenário é volátil. O eleitor não colocou a eleição no seu cardápio de preocupações. Quando olhar na TV e tiver a referência concreta do que está em jogo, fará sua escolha. Isso se dará ao longo de setembro.

Como esse grupo vê o centrão, que tem negociado com Ciro, Alckmin e Bolsonaro?

– Não é um bloco monolítico. Particularmente, o DEM tem a tradição de aliança com o PSDB. Tem afinidade programática histórica. Tenho certeza que isso vai prevalecer.Os outros partidos têm ideias fragmentadas.

Jogo parado

Por Lydia Medeiros/ Poder em jogo| O Globo

O namoro entre a Rede e o PPS não engatou. Marina Silva ainda não fez um movimento de aproximação, apesar apesar de considerar o partido o mais afinado com seu programa. No PPS, prevalece a aliança com Geraldo Alckmin. Há simpatia por Marina, mas o isolamento dela afasta qualquer chance de aliança com o partido no momento.

Paulo Câmara anuncia apoio a Lula e PSB mantém impasse sobre aliança com Ciro

Por Marina Falcão, Raphael Di Cunto e Marcos de Moura e Souza | Valor Econômico

RECIFE, BRASÍLIA E BELO HORIZONTE - O governador de Pernambuco e candidato à reeleição, Paulo Câmara (PSB), defendeu publicamente ontem, pela primeira vez, o apoio à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, em uma aliança nacional de seu partido com os petistas. Câmara reuniu-se com a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), no Recife, e depois do encontro disse que o diretório pernambucano, o maior da sigla, não está isolado na defesa do acordo nacional com os petistas.

O PSB, no entanto, mantém conversas com o presidenciável do PDT, Ciro Gomes. Diante do impasse sobre quem apoiar na disputa presidencial, a direção nacional do partido adiou a reunião que faria na próxima semana para definir a política de alianças. O adiamento alimentou as expectativas de quem espera que a sigla fique neutra, sem apoiar oficialmente nenhum dos candidatos no primeiro turno.

Câmara disse que a composição nacional com o PT interessa a "maioria do Nordeste", região onde Lula figura como candidato mais forte, além de parte do Norte, Centro-Oeste e Sudeste. O governador afirmou que avisou Ciro na quarta-feira, quando ambos conversaram em Brasília, que apoiará Lula na eleição. "Vamos defender o apoio formal à Lula. A depender da discussão, se a opção pela neutralidade for majoritária, nós temos que entender isso", disse. "Vamos fazer de tudo para que essa aliança se concretize".

Câmara iniciou uma ofensiva para evitar a aliança com o PDT. Antes do encontro com Gleisi, reuniu-se em Brasília na quarta-feira com o presidente do PSB, Carlos Siqueira. Candidato à reeleição, o governador tem interesse no acordo com o PT para que o partido retire a pré-candidatura da vereadora Marília Arraes, sua rival na disputa estadual. A petista tem crescido nas pesquisas de intenção de voto e encostou no governador e no senador e pré-candidato Armando Monteiro (PTB).

Governador do PSB afirma apoiar Lula em Pernambuco

Paulo Câmara diz que aliança com petista tem apoio de outros Estados; anúncio enfraquece articulação com Ciro

Kleber Nunes / O Estado de S. Paulo.

RECIFE - O governador de Pernambuco e vice-presidente nacional do PSB, Paulo Câmara, afirmou ontem que vai apoiar eventual candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – condenado e preso na Operação Lava Jato – à Presidência, mesmo que o PT tenha candidatura própria ao governo do Estado.

A declaração foi dada após encontro com a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, no Recife. Apesar de Lula estar potencialmente inelegível pela Lei da Ficha Limpa, o partido diz que vai registrar a candidatura do ex-presidente, cabendo ao Tribunal Superior Eleitoral aceitar ou não.

Em Pernambuco, o PT se divide entre lançar candidatura própria da vereadora Marília Arraes ou compor a chapa de Câmara, pré-candidato à reeleição. “O PSB é um partido democrático, e vamos respeitar tudo isso. Mas, no âmbito da nossa direção estadual, vamos levar ao congresso (do partido, marcado para 5 de agosto) esse posicionamento em favor da aliança com o PT”, disse o governador.

Câmara afirmou acreditar que não está isolado dentro de seu partido na costura com o PT, embora boa parte do PSB declare nos bastidores apoio ao précandidato do PDT, Ciro Gomes.

De acordo com Câmara, a ala pernambucana do PSB “é a maior” da legenda e tem “o apoio dos outros Estados do Nordeste e alguns do Norte e do Centro-Oeste”. A manifestação de Câmara enfraquece a articulação pró-Ciro no PSB e indica a possibilidade de os interesses regionais levarem à neutralidade do partido na disputa presidencial deste ano.

PDT. Já o pré-candidato ao governo de Minas Gerais, Marcio Lacerda (PSB), disse que “a hipótese de uma aliança nacional com o PT não é provável”. “Ou será o PDT ou o partido (PSB) não terá aliança.”

Em Fortaleza, onde participou de reunião do partido, Ciro disse que as negociações com o PSB estão sendo realizadas “com muita calma”. “O PSB de São Paulo gostaria de uma aliança com o PSDB, e o PSB de Pernambuco gostaria de uma aliança com o PT. Então, é ter paciência.”

Colaborou Jonathas Cotrim e Gabriela Ramos

PT tem apoio e rejeição em setores do PSB

Partido garante suporte de governador de Pernambuco, mas Márcio França rejeita aliança em São Paulo

Gustavo Schmitt e Maria Lima | O Globo

-SÃO PAULO E BRASÍLIA- A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, fez ontem duas incursões em busca do apoio do PSB a uma candidatura presidencial petista e obteve reações antagônicas. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, garantiu apoio do partido à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou ao candidato que ele indicar ao Planalto, independentemente da retirada do nome de Marilia Arraes, pré-candidata petista e rival do PSB no estado. Já o governador de São Paulo, Márcio França, rejeitou o apoio do PT, mesmo com Gleisi acenando com a retirada da pré-candidatura de Luiz Marinho ao governo do estado.

A ofensiva de Gleisi foi estratégica. Os diretórios do PSB em Pernambuco e São Paulo, junto ao da Paraíba, com o qual o PT também já iniciou discussões, garantiriam maioria na Executiva Nacional do PSB por uma aliança nacional com o PT. Gleisi buscou seduzir Márcio França, oferecendo apoio à sua reeleição ao governo de São Paulo com a retirada da pré-candidatura de Luis Marinho. França, porém, rejeitou o apoio, temendo o desgaste do PT no estado.

Depois de se encontrar com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, acompanhada do deputado Paulo Teixeira (PT-SP) e do tesoureiro Márcio Machado, Gleisi foi a Recife se encontrar com Paulo Câmara. O governador pernambucano, que na véspera reunira-se com Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência e que também busca o apoio do PSB, reiterou sua defesa pela aliança nacional com os petistas. Câmara foi além e fez um aceno ao PT no encontro com Gleisi no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco.

PRIORIDADE NACIONAL
Segundo interlocutores, Câmara afirmou que os socialistas daquele estado vão apoiar a candidatura petista mesmo que o partido não retire o nome de Marilia Arraes da disputa em Pernambuco. A candidatura da neta do ex-governador Miguel Arraes poderia tirar votos do governador e dificultar sua reeleição.

Questionado sobre o significado do encontro que teve com Ciro Gomes na quarta-feira, Câmara minimizou o assunto:

— Eu tive um encontro rápido com Ciro. Mas ele sabe do nosso posicionamento em Pernambuco, que é prioritariamente uma aliança com o PT. Isso é o que estamos defendendo. Vamos fazer todos os esforços para que essa aliança se concretize.

O interesse de Câmara na aliança com o PT se apoia sobretudo na força de Lula no estado e no Nordeste.

Após o encontro, Gleisi deu sinais de que gostou do que ouviu. Em entrevista à imprensa local, a presidente do PT não poupou elogios à Marília, mas destacou que a aliança nacional com o PSB é a prioridade do partido. Ela afirmou que espera que a aliança seja definida até o dia 5 de agosto, último prazo para a realização das convenções partidárias.

— Marília é uma grande companheira. Aliás, a gente acha que é uma novidade na política: mulher, jovem e batalhadora. Foi correto o posicionamento dela de manter a candidatura, mas a gente tem conversado muito sobre a importância da aliança nacional. O PT tem uma base (em Pernambuco) que quer uma candidatura, mas eles entendem a estratégia nacional. E sabem que o que muda a vida do povo é um projeto nacional — afirmou Gleisi.

Com o apoio do PSB pernambucano, o PT também neutraliza Ciro Gomes, que, caso conquistasse a adesão dos socialistas, teria mais 45 segundos de tempo de TV, o que fortaleceria sua candidatura. Entretanto, a estratégia do PT de isolar Ciro esbarrou na disposição de Márcio França de continuar pregando a neutralidade do partido.

Novos ataques ao Tesouro: Editorial | O Estado de S. Paulo

Populismo, oportunismo e irresponsabilidade estão criando no Congresso Nacional uma herança desastrosa para o próximo governo e, pior que isso, para os brasileiros, principalmente para os mais pobres e mais vulneráveis ao desemprego e à inflação. Travas de segurança montadas pela equipe econômica foram excluídas da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) recém-aprovada no Parlamento. A vedação de reajuste salarial para os servidores em 2019 foi excluída do texto final. Ao mesmo tempo foi afrouxada a proibição de abertura de novos postos na administração federal. O Executivo ainda poderá encontrar meios de conter a gastança, quando preparar o projeto de Orçamento para apresentação ao Legislativo no fim de agosto. Mas trabalharia em condições muito melhores se as limitações incluídas na proposta inicial da LDO tivessem sido mantidas. Além disso, as pressões para uma programação financeira mais permissiva serão previsivelmente muito fortes, num ambiente dominado pela campanha eleitoral.

Os esforços para esburacar os cofres do governo central têm sido, e continuam sendo, uma das características mais notáveis da atividade legislativa, desde o segundo semestre do ano passado. O projeto de reoneração fiscal da folha de salários de cinco dezenas de setores foi deformado no Congresso, com redução significativa da receita prevista pelo governo. Projetos de refinanciamento de devedores do Fisco foram igualmente desfigurados. Benefícios do Refis foram concedidos de forma injustificável a devedores do Funrural. Empresas participantes do Simples e excluídas do refinanciamento por inadimplência foram readmitidas. Vantagens para transportadoras foram aprovadas na Câmara, numa espécie de carona na Medida Provisória (MP) sobre a criação da tabela dos fretes.

Pilhagem do erário: Editorial | Folha de S. Paulo

Sem preocupação com as contas, Câmara e Senado atendem a lobbies com projetos perdulários

Enquanto o governo Michel Temer (MDB) chega aos estertores, deputados e senadores atacam os despojos do Orçamento.

Desprovidos de senso de responsabilidade e contando com omissão ou ajuda do Executivo, os parlamentares põem em risco a tênue recuperação da economia para prestar vassalagem a grupos de interesse e abastecer suas sinecuras.

Nos últimos dias, em meio à Copa do Mundo e às vésperas das campanhas, avançou todo tipo de projeto destinado a reduzir receitas e elevar despesas —sem que as Excelências se dignem a esclarecer como as contas deste e dos próximos anos serão fechadas.

Crise nos parceiros comerciais desacelera as exportações: Editorial | Valor Econômico

As crises que abalam, por diferentes razões, as economias de alguns emergentes começam também a corroer - embora lentamente - as exportações brasileiras para esses países. E essa tendência é ainda mais preocupante no atual cenário de incertezas sobre o comércio internacional depois que o presidente Donald Trump desencadeou uma série de disputas com potências como a China e a União Europeia. A guerra comercial em curso poderá eventualmente favorecer o Brasil na medida em que o país poderá substituir os americanos no fornecimento, por exemplo, de soja para os chineses, mas esta ainda é uma hipótese a ser verificada ao longo dos próximos meses.

Por enquanto, a balança comercial do país continua colecionando saldos positivos. Já são evidentes, porém, os sinais de desaceleração do ritmo das exportações. Em junho, o superávit atingiu US$ 5,8 bilhões - o que significa uma redução de 18,1% em comparação com o mesmo mês do ano passado. O saldo de junho é resultado de US$ 20,20 bilhões em exportações - alta de 2,1% contra junho de 2017 - e de US$ 14,32 bilhões em importações - avanço de 13,7%, sempre considerando a média diária. O superávit acumulado no primeiro semestre foi de US$ 30 bilhões, com recuo de 17% contra igual período do ano passado.

Como informou o Valor na semana passada, ao divulgar esses dados, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços ressaltou que houve impacto negativo da greve dos caminhoneiros nas exportações, principalmente nos primeiros dez dias do mês de junho. Analistas concordam com o efeito da paralisação, mas destacam que o movimento apenas agravou o quadro, já que os superávits perdem fôlego desde o início do ano.

Frustrada tentativa de manipulação da Justiça: Editorial | O Globo

Ação de magistrados restabelece a ordem e segurança jurídicas, atingidas por manobras do PT inspiradas na regra do partido de que ‘os fins justificam os meios’

Falhou a manobra do desembargador Rogério Favreto, e agora há pedido de investigação contra ele feito pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, com a possibilidade de punição dura; também 143 habeas corpus impetrados em favor de Lula, “padronizados”, foram rejeitados no Superior Tribunal de Justiça (STJ), pela presidente da Corte, Laurita Vaz; bem como terminou engavetado, pela juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara de Execuções Penais de Curitiba, o esdrúxulo pedido para Lula fazer campanha de dentro da cela.

O conhecido estilo agressivo do PT e a aplicação da velha regra dos “fins que justificam os meios” sofreram derrotas nesses últimos dias. Assim como, no primeiro mandato de Lula, foi barrado o mensalão — desfalque de dinheiro do Banco do Brasil para comprar apoio parlamentar no Congresso — e, já na era Dilma Rousseff, começou a ser desmantelado o petrolão, o assalto à Petrobras numa aliança entre partidos (PT, MDB e PP), grandes empreiteiras e diretores da estatal cooptados para a corrupção. Um caso de alcance mundial, com desdobramentos penais e políticos em países latino-americanos e investigações nos Estados Unidos e na Suíça.

Jorge de Lima: Poema da irmã

Ó irmã
agora que as noites vêm cedo
e paira por tudo
uma tristeza enorme
e o silêncio é tão longo
que os cães enlouquecem nas ruas,
irmã, vem me relembrar
que crescemos juntos
quando os dias eram compridos e diferentes.
Irmã, se tu sabes signos
para mudar o tempo, vem.
Vem que eu quero fugir
para outras paragens
onde as gaivotas sejam menos inúteis
e haja um coração em cada porto;
e os pássaros do mar
tão lavados e tão alvos
e tão lentos e tão sabedores de viagens
venham esvoaçar
sobre o meu cachimbo
em que os cometas do céu se apagaram.
Irmã, nos meus ritmos
há colegas que gritam:
Daubler, Ehrenstein, Stramm, suicidas,
vagabundos, crianças,
operários, leprosos e prostitutas que
se lembram ainda de suas orações familiares.

Há não sei onde outros ares e outras serras,
outros limites, adeus irmã.
Ó que noite longa,
Ó que noite tão longa!
Que é que chora lá fora?
— A humanidade ou qualquer fonte?