domingo, 14 de outubro de 2018

'Não estou vendendo a minha alma ao diabo', diz FHC

Entrevista com Fernando Henrique Cardoso

Ex-presidente nega apoio automático a Haddad, critica o PT, diz que não votará em Bolsonaro e defende mudar partidos

Pedro Venceslau: O Estado de S. Paulo

Alvo de ataques incessantes do PT por mais de duas décadas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse, em entrevista ao Estado, que não aceita "coação moral" dos que agora buscam seu apoio. "Quando você vê o que foi dito a respeito do meu governo, nada é bom. Tudo que fizeram é bom. Quem inventou o nós e eles foi o PT. Eu nunca entrei nessa onda." Segundo ele, "agora o PT cobra... diz que tem de (apoiar Haddad). Por que tem de apoiar automaticamente? Quando automaticamente o PT apoiou alguém? Só na vice-versa. Com que autoridade moral o PT diz: ou me apoia ou é de direita? Cresçam e apareçam. A história já está dada, a minha." E desabafou: "Agora é o momento de coação moral... Ah, vá para o inferno. Não preciso ser coagido moralmente por ninguém. Não estou vendendo a alma ao diabo". Apesar disso, ele diz que "há uma porta" com Fernando Haddad (PT), mas com o "outro (Jair Bolsonaro, PSL)", não.

• Como sr. vê o futuro do PSDB e avalia essa onda conservadora?

O PSDB, se quiser ter futuro, precisa se repensar. Depois de um terremoto, precisa reconstruir a casa. A onda conservadora é mundial.

• O PSDB tem mais identidade com quem neste segundo turno?

Pelo que eu vi das pesquisas, é quase meio a meio do ponto de vista do eleitorado. Em seis Estados, o PSDB ainda disputa eleição para governador. Os candidatos ficam olhando o eleitorado. Do meu ponto de vista pessoal, o Bolsonaro representa tudo que não gosto. Só ouvi a voz do Bolsonaro agora. Nunca tinha ouvido. Não creio que seja por influência do que ele diz ou pensa que votam nele. O voto é anti-PT. O eleitorado parece estar contra o PT. No olhar de uma boa parte dele, o PT é responsável pelo que aconteceu no Brasil, na economia, cumplicidade com a corrupção e etc. É possível que a maioria dos líderes do PSDB seja pró-Bolsonaro, mas não é o meu caso.

• O sr. tem mais identidade com o Haddad?

Não posso dizer isso. Como pessoa é uma coisa, como partido é outra. A proposta que o PT representa não mudou nada. Quando fala em economia, é a nova matriz econômica. Incentivar o consumo? Tudo bem, mas como se faz isso sem investimento? Como se faz sem enfrentar a questão fiscal? O PT no poder sempre teve uma deterioração da visão do (Antonio) Gramsci da hegemonia. Aqui não é cultural, é hegemonia do comando efetivo. Quando você vê o que foi dito a respeito do meu governo, nada é bom. Tudo que fizeram é bom. Quem inventou o nós e eles foi o PT. Eu nunca entrei nessa onda. Agora o PT cobra... diz que tem de (apoiar). Por que tem de automaticamente apoiar? É discutível. (O PT) Não faz autocrítica nenhuma. As coisas que eles dizem a respeito do meu governo não correspondem às coisas que acho que fiz. Por que tenho que, para evitar o mal maior, apoiar o PT? Acho que temos de evitar o mal maior defendendo democracia, direitos humanos, liberdade, contra o racismo o tempo todo.

• Nas encruzilhadas históricas, PSDB e PT se uniram. No caso de 2018 é diferente?

Não faço parte da direção do PSDB, que decidiu pela neutralidade. Cada um pode fazer o que quiser. Política não é boa intenção. Uma coisa é a minha apreciação como pessoa sobre outra pessoa. Isso não é política. Se vamos estar juntos, tem que discutir completamente. Nunca houve isso.

  • O PT não está colaborando para essa aproximação?

De forma alguma. O PT tem uma visão hegemônica e prepotente. Isso não é democracia. Democracia implica em abrir o jogo e aceitar a diversidade.

  • Já houve algum diálogo do PT com o senhor?

Não. Tenho relações pessoais e cordiais com o candidato Haddad, mas o que está em jogo é o que será feito com o Brasil. Minha preocupação não é comigo ou o PSDB, mas com o Brasil. Qual é a linha? Estão pensando que estamos nos anos 60 e 70 ou terá uma linha contemporânea? Aí não dá...

• Se o PT fizesse autocrítica, seria possível apoiar Haddad?

Seria bom, mas o PT está propondo coisas inviáveis.

• O sr. vai declarar seu voto?

Quero ouvir primeiro. Não sei o que vão fazer com o Brasil. O Bolsonaro pelas razões políticas está excluído. O outro eu quero ver o que vai dizer.

• Há porta aberta para Haddad?

Eu não diria aberta, mas há uma porta. O outro não tem porta. Um tem um muro, o outro uma porta. Figura por figura, eu me dou com Haddad. Nunca vi o Bolsonaro.

Bolívar Lamounier*: Um roteiro para a concórdia

- O Estado de S. Paulo

O nome do jogo agora é restaurar a confiança dos mercados no País e em suas instituições

Não me arrisco a fazer um prognóstico para o segundo turno, mas o resultado do primeiro, as linhas gerais da discussão pública e alguns elementos factuais me levam a crer que Bolsonaro só perderá para Haddad se uma chuva de meteoros extinguir metade de seus eleitores. Essa, no entanto, é a questão apenas numérica, não a questão política que temos pela frente, cuja feição será a mesma se der Haddad.

A questão política tem que ver com o grau de discórdia a que chegamos. A indagação relevante é como chegamos a ela e como vamos sair dela. É se vamos continuar alimentando esse maniqueísmo infantil ou se vamos voltar a ser o que somos, um país dotado de instituições razoáveis e possuidor de uma forte identidade nacional.

A indagação inicial, repetindo, é como chegamos a esta insanidade. Derrotado no primeiro turno, o PT e seus adeptos nos meios cultos da sociedade retomaram (sans le savoir...) a velha mutreta ideológica do stalinismo: quem não é comunista é fascista. Como se não existissem liberais e como se a maioria de qualquer sociedade se orientasse por conceitos ideológicos notoriamente limitados a estratos minoritários de nível intelectual elevado.

No Brasil essas lorotas não se formaram ontem, elas vêm de longe, remontam pelo menos aos anos 50 do século 20. No primeiro turno eleitoral elas se configuraram em torno de dois eixos facilmente perceptíveis: o antipetismo e a antipolítica. Ou, se preferirem, um duplo rechaço, ao PT e ao que se tem chamado de política tradicional, expressão que designa principalmente o Parlamento e os partidos. Esse duplo rechaço se formou e ganhou seu tom desvairadamente raivoso em função de fatores subjacentes bem reais: a recessão econômica promovida pelo governo Dilma, que duplicou o número de desempregados, e a corrupção desvelada pela Lava Jato, cujo epicentro foi a trama instalada na Petrobrás pelos dois governos petistas, Lula e Dilma. 

Eliane Cantanhêde: ‘Bloco da Sensatez’

- O Estado de S. Paulo

Devastado, PSDB tenta reunir os cacos num bloco contra a crise contratada para 2019

O PSDB, ou o que sobrou dele, tenta juntar os cacos e articular um bloco na Câmara com PPS, DEM e PSD para atuar no Congresso no próximo governo e servir de embrião para um novo partido moderado, de centro, com tendência à direita. Seria o que eles chamam de “Bloco da Sensatez”, pegando carona no alerta de Fernando Henrique Cardoso contra a “marcha da insensatez”.

Dê Jair Bolsonaro (PSL), como tudo indica, ou Fernando Haddad (PT), em franca desvantagem, a avaliação do bloco é que tempos muitos difíceis estão por vir no País e no Parlamento, com o novo governo batendo cabeça, cometendo erros crassos, e a oposição armada até os dentes. Por isso, seus articuladores jogam na mesa duas premissas de atuação: bom senso e responsabilidade.

Devastado pelas urnas e pela radicalização entre Bolsonaro e PT, o PSDB não enxerga um futuro, com FHC errático, Serra, Aécio e Alckmin fora de combate e João Doria, neófito, mais à direita e pouco confiável, tentando assumir o vácuo. No partido, há uma torcida contra Doria (que passou vexame com Bolsonaro) e a favor de Márcio França (PSB). Além de São Paulo, tucanos estão no segundo turno no RS, MT, RO, RR e a joia da coroa, Minas.

Além de Alckmin levar o troféu de pior desempenho da história do PSDB nas eleições, com menos de 5% dos votos, a bancada da Câmara foi quase dizimada. Dos seis últimos líderes, só um, Carlos Sampaio (SP), sobreviveu. Não voltam Antônio Imbassahy (BA), que perdeu a reeleição, e todos os que tentaram o Senado: Bruno Araújo (PE), Jutahy Jr. (BA), Nilson Leitão (MT) e Ricardo Tripoli (SP).

Vera Magalhães: Já ir se acostumando

- O Estado de S.Paulo

O slogan martelado por apoiadores de Bolsonaro é um bom ponto de partida para ele

Um dos resumos mais fiéis do misto da maneira como parte dos eleitores de Jair Bolsonaro se relacionam com o candidato, a imprensa, a Justiça, os adversários do deputado e até amigos que não comungam da sua fé é o martelado slogan “é melhor JAIR se acostumando”.

Derivada política do “vão ter de me engolir” do velho lobo Zagallo, a frase embute uma ameaça velada: depois da vitória de Bolsonaro, parecem crer seus seguidores tão fervorosos quanto avessos a contrapontos e ponderações, todos aqueles que não estão no barco estarão sujeitos aos ditames da nova ordem. De modo que seria melhor se resignarem.

As pesquisas parecem indicar que eles estão certos no diagnóstico: tudo indica que Bolsonaro será o próximo presidente do Brasil. Nesse aspecto, portanto, é melhor ao País já ir se preparando para o que será seu governo.

E, para isso, seria importante o candidato já ir falando o que pretende fazer caso eleito em questões que realmente dizem respeito às atribuições de um presidente; já ir se dispondo a debater com seu adversário, que foi colocado no segundo turno por uma parcela do eleitorado que ele também terá de governar caso eleito, já ir amansando seus radicais e já ir entendendo que instituições como imprensa e Justiça Eleitoral não são inimigos a serem evitados ou descredenciados, mas pilares importantes da sociedade.

Míriam Leitão: Os deserdados da terra do meio

- O Globo

PT cometeu erros que jamais deixei de criticar neste espaço. Mas reafirmo que considero o risco à democracia maior em Bolsonaro

É da natureza do segundo turno ser polarizado. São dois os candidatos que sobram da primeira disputa e eles precisam definir-se como lados claramente opostos, mesmo que não sejam tanto assim. Na terra do meio ficam os eleitores dos que perderam a eleição e vão procurar, por aproximação, o seu candidato. Desta vez, há muitos que andam confusos nesse terreno do meio que parece estar desaparecendo na polarização agressiva que toma conta do país.

A opinião que provocou a fúria dos seguidores de Jair Bolsonaro repito aqui: os riscos à democracia não são equivalentes nos dois cenários eleitorais. São maiores com Bolsonaro. O PT cometeu os erros que — os que seguem esta coluna sabem — jamais deixei de criticar, mas o partido de fato fortaleceu a Polícia Federal, escolheu o primeiro da lista para o Ministério Público, nomeou ministros do Supremo que em sua maioria tiveram e têm posições de independência. Aprovou a Lei da Delação, da Ficha Limpa e do Acesso à Informação. O partido acabou vendo seus dirigentes denunciados pelo MP e condenados pela Justiça. Em vez de fazer autocrítica pelo vasto esquema de corrupção no qual se envolveu, o PT preferiu dizer que o julgamento não foi justo e que é perseguido por procuradores e por juízes. Também não reconheceu os erros que cometeu na economia e que levaram o país à recessão e ao desemprego.

Jair Bolsonaro, porém, fez, de forma sistemática, na sua carreira política, a apologia do regime ditatorial, exaltando inclusive os seus piores crimes como a tortura e a morte de adversários políticos. Isso é incontestável. Há palavras demais dele confirmando essa visão. Durante esta campanha, vinculou sua candidatura às Forças Armadas e elas nada fizeram para desfazer essa vinculação e deixar claro que, como instituição, não têm candidato. Pelo menos não deveriam ter, mas o silêncio é bem eloquente. Para piorar, seu candidato a vice, general Hamilton Mourão, lembrou da possibilidade do autogolpe, ato em que um presidente se sentindo ameaçado aumenta os próprios poderes. Bolsonaro desautorizou o general. Na terra do meio, muita gente não quer nem um, nem outro, e oscila entre o branco, o nulo e a abstenção.

Bernardo Mello Franco: Apologia do extermínio

- O Globo

Em discursos na Câmara, Bolsonaro defendeu a atuação de esquadrões da morte. Ele também elogiou as milícias, que dominam favelas e cobram taxas ilegais

Como seria apolítica de segurança de um governo Bolsonaro? O deputado já deixou pistas em seus discursos na Câmara. Em agosto de 2003, ele usou a tribuna para elogiar um grupo de extermínio que aterrorizava a Bahia. Acrescentou que o esquadrão da morte teria seu apoio se resolvesse migrar para o Rio. “Enquanto o Estado não tiver coragem de adota rape nade morte, o cri mede extermínio, no meu entender, será muito bem-vindo. Se não houver espaço para ele na Bahia, pode ir para o Rio de Janeiro. Se depender de mim, terão todo o meu apoio”, afirmou.

O capitão pregou a adoção de uma “rígida política de controle da natalidade”. Sem isso, seria “baboseira” investir em escolas e hospitais públicos. “Chega de vaselina, de baboseira, de falarem educação, em saúde, porque essa não é a nossa realidade primeira”, disse. Dois meses depois do discurso, o mecânico Gérson Jesus Bispo foi assassinado por denunciar a atuação do esquadrão da morte a uma missão da ONU. Ele acusava policiais militares de torturar e matar seu irmão. Em dezembro de 2008, Bolsonaro elogiou a atuação das milícias no Rio.

Elio Gaspari: O delegado viu paz e amor na suástica

- O Globo

Quem marcou a barriga da jovem inverteu a perna do S, mas sabia muito bem o que estava fazendo

Uma jovem de 19 anos contou na terça-feira à polícia de Porto Alegre que na noite anterior vestia uma camiseta com o slogan “Ele Não”, desceu de um ônibus e foi agredida por três pessoas. Contou ainda que, imobilizada, fizeram-lhe seis talhos na barriga, marcando-a com uma suástica.

Ainda não se conhecem as circunstâncias do episódio, e na quinta-feira a jovem, que não teve o nome revelado, desistiu da denúncia. A investigação prossegue. Um dia antes da desistência, o delegado Paulo César Jardim, tendo visto uma fotografia dos ferimentos, deu uma entrevista aos repórteres Kelly Matos e Pedro Quintana com suas observações preliminares.

Ele repetiu seis vezes que ali não havia uma suástica. Informando que é um “especialista nesta área”, revelou que a cruz gamada do nazismo não tem aquele formato, pois a perna do “S” estava invertida. Segundo Jardim, “o que temos é um símbolo milenar religioso budista, símbolo de amor, paz e harmonia”. (A fotografia está na rede, bem como os 16 minutos do áudio da entrevista.)

Quando lhe perguntaram se havia sentido em uma pessoa marcar a canivete um “símbolo de amor, paz e harmonia”, ele respondeu o seguinte: “Quem fez, foi, sei lá (...) Papai Noel, enfim, o que a gente tem é isto”. Categórico, acrescentou: “Não é uma suástica, isso eu afirmo com absoluta convicção”.

O delegado foi didático: “O movimento neonazista, quando ele iniciou, a partir de 1930, ele precisava ser representado por símbolo, um lado esotérico, (...) O que é que aquelas pessoas que circundavam Hitler decidiram? Decidiram que buscariam um símbolo que trouxesse confusão e trouxesse harmonia para o povo alemão. Então o que é que eles pegaram? Pegaram o símbolo budista de paz, amor e fraternidade e inverteram ele”.

Tudo errado. O nazismo (nada a ver com “neo”) bem como a suástica surgiram em 1920, e ela não chegou à Alemanha pelo caminho da cultura indiana. Até sua apropriação pelo Partido Nacional Socialista, tinha vários significados, inclusive o de trazer sorte. Para Hitler, tratava-se de um símbolo do arianismo e da pureza racial.

Sejam quais forem as circunstâncias do episódio, quando aparece uma pessoa com uma suástica na barriga e um delegado como o doutor Jardim diz o que ele disse, algo de muito ruim está acontecendo.

Merval Pereira: Minas e o Brasil

- O Globo

Resultado da eleição em Minas volta a repetir o perfil da votação em todo o país. O estado reproduz características do Brasil

O resultado da eleição presidencial em Minas Gerais continua sendo o espelho do resultado final da eleição do Brasil. Desta vez não foi diferente. Bolsonaro teve 48,31% em Minas e 46% no país. Haddad teve 27,65% em Minas e 29% no país.

O presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro identificou essa coincidência depois de muitos anos de pesquisa, assim como José Perigault, um dos fundadores do Ibope, descobriu certa vez que o Méier era a representação do Rio de Janeiro.

Hoje creio que já não seja, devido ao deslocamento geográfico da população do Rio por questões de segurança e alteração de padrão de vida, entre outras.

Minas continua espelhando o Brasil porque contém em seu território representação das diversas regiões, que já havia sido detectada por um mineiro ilustre, Afonso Arinos de Mello Franco, que explicou em linguagem poética o que os números frios das urnas definem:

"As suas terras tocam os climas do norte. Participa dos climas úmidos e florescentes da orla litorânea. A oeste, da civilização do couro. Ao sul, confina com a riqueza paulista. Daí a sua posição histórica, que é um imperativo geográfico, econômico, étnico".

Isso porque Minas tem sua parte Nordeste na região do Vale do Jequitinhonha, e por isso faz parte da Sudene; ao mesmo tempo, é a segunda economia do país (disputando com o Rio), tem uma região fortemente industrializada, grande influência paulista na divisa com São Paulo; Juiz de Fora é muito ligada ao Rio de Janeiro; e o Estado tem no agronegócio uma parte influente de sua economia.

Em alguns casos, o resultado local foi praticamente igual ao nacional. E quando isso não acontece, é certo que a tendência fica definida nas urnas mineiras: em 2006 Lula teve 50,80% (48,6% no país), contra 40,6% (41,6% no país) de Alckmin. Em 1989, Collor teve 36,1% em Minas (30,5% no país) contra 23,1% (17,2%) de Lula.

Em 2014, o mineiro Aécio Neves, achando que a eleição estava ganha no Estado que governara nos últimos anos, não deu prioridade à campanha por lá e acabou perdendo para Dilma, uma mineira extraviada cuja mineiridade era colocada em dúvida pelos mineiros, tanto que na eleição de agora ficou em quinto lugar na disputa pelo Senado, enterrando a lenda de que o impeachment foi um golpe.

Dilma teve no país 41,59% no primeiro turno e 43,48% em Minas, enquanto Aécio teve 39,75% em Minas e 33,45% no país. As primeiras pesquisas divulgadas no segundo turno mostram um crescimento de Bolsonaro, na mesma direção do candidato que o apóia ao governo de Minas, Romeu Zema, do Novo. Segundo o Instituto Paraná, Bolsonaro está com 69,6% dos votos em Minas, no mesmo patamar de Zema, que estaria com 73% dos votos. Amanhã o Ibope divulga sua primeira pesquisa de intenção de votos no segundo turno. A pesquisa do DataFolha, divulgada na quarta-feira, deu 58% para Bolsonaro e 42% para Haddad.

Hélio Schwartsman: Uma aposta metafísica

- Folha de S. Paulo

Com provável vitória de Bolsonaro, turma dos meio-liberais está em vias de chegar ao poder

No país da meia-entrada, não surpreende que prosperem também os meio-liberais, a turma que aceita os postulados do liberalismo na economia, mas os rejeita nas outras esferas da vida. Esse pessoal está em vias de chegar ao poder, com a provável vitória de Jair Bolsonaro.

Como liberal pleno, acredito que cada um deve ser tão livre quanto possível para fazer o que quiser, o que inclui misturar manga com leite, marxismo com teologia cristã e liberalismo com autoritarismo. Julgo, porém, que, em situações assim, é nosso dever apontar as contradições que tornam essas combinações incongruentes. Analisemos o caso de nossos meio-liberais.

O liberalismo aparece em diversos tamanhos e sabores. Inclui desde Kant até Stuart Mill, passando por Rawls e Keynes. De comum, todos eles fazem uma aposta metafísica na liberdade do indivíduo, seja como valor intrínseco, seja como ferramenta para resolver problemas.

No caso da economia, temos evidências de que a aposta instrumental é correta. Sistemas de mercado, em que cada agente atua de forma mais ou menos livre, funcionam melhor do que as economias organizadas por um planejador central.

E não temos nenhuma razão física ou metafísica para restringir ao campo da economia a aposta na liberdade. É no mínimo exótico achar que o indivíduo é o melhor juiz para escolher qual carreira ele deve seguir e onde vai vender seus produtos, mas não para decidir como e com quem vai fazer sexo consensual, que substâncias ingerirá e que livros poderá ler.

O meio-liberal que defende ou tolera restrições à liberdade sexual, intromissões do Estado na privacidade e censura precisa no mínimo explicar por que a aposta que ele exalta na economia não valeria para as outras dimensões da vida. Em outras palavras, precisa explicar como concilia seu liberalismo econômico com o iliberalismo comportamental tão escancarado na agenda de seu candidato.

Bruno Boghossian: Moinhos de vento

- Folha de S. Paulo

Mentiras e vilões imaginários afastam campanha do mundo real

Os problemas do Brasil são gigantes, mas há gente em campanha para derrotar moinhos de vento. Fantasmas, notícias falsas e teorias da conspiração vêm produzindo nesta eleição inimigos tão enganosos quanto os rivais imaginários que viviam na cabeça de Dom Quixote.

É mentira que um filho de Jair Bolsonaro tenha saído às ruas com uma camiseta com inscrição preconceituosa contra eleitores nordestinos. A montagem malfeita foi compartilhada 73 mil vezes por um único perfil no Facebook até ser contestada.

É mentira que o PT tenha aprovado um “plano de dominação comunista”. A frase circula há anos, com base em teses de uma corrente do partido que nunca foram adotadas pela sigla ou por seus candidatos.

É mentira que Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro, tenha proposto o confisco de cadernetas de poupança no mesmo dia em que fez críticas ao 13º salário. Um blog publicou a informação falsa, que foi replicada por milhares de pessoas —incluindo um deputado federal.

Vinicius Torres Freire: Atenção para encrenca no Congresso

- Folha de S. Paulo

Maré da nova direita desmonta esquema de 25 anos na Câmara

Como tudo mais na política, o Congresso sofreu um nó nas tripas. A cirurgia para desobstruir a Câmara não é trivial. A depender da atitude do próximo presidente da República, pode dar em encrenca.

MDB, PSDB e DEM, que por um quarto de século conduziram acordos parlamentares ou com o Executivo, foram reduzidos à mediocridade quase nanica, apenas um dos aspectos da grande mudança. Sem aprovação de muita reforma, não haverá governo viável. Maiorias folgadas, estáveis e fiéis são ainda mais relevantes, mas a complicação vai além.

Dilma Rousseff (PT) começou a cair, entre tantos motivos, ainda em 2014. Foi quando Eduardo Cunha, do MDB, criou o blocão, 214 deputados que azucrinavam o governo.

Em 2016, o blocão seria ampliado no centrão, bancada de mais de 280 parlamentares, a infantaria do impeachment.

Não é preciso ir tão longe, deposição de presidente, para lembrar da importância das composições no Parlamento.

Não raro, disputas pela Presidência da Câmara deixam sequelas, dentro do Congresso ou na relação com o Executivo.

Uma solução para o problema é a compra direta de votos; outra, a divisão de poder, cargos, o nome que se dê, partilha que não satisfez Cunha e aliados, motivo da revolta de 2014.

Os operadores maiores desse sistema foram diminuídos nesta eleição.

Em relação a 2014, a bancada do MDB encolheu 51%, para 34 deputados; a do PSDB, 46%, para 29. O DEM até cresceu, mas apenas limitando a sua insignificância, para também 29 cadeiras. Juntos, contam com 92 parlamentares.

Samuel Pessôa: A hora maior do PT

- Folha de S. Paulo

Partido, porém, preferiu manter sua pureza ideológica na oposição

Em tom emotivo de “sangue, suor e lágrimas”, ecoando filme que recentemente saiu de cartaz sobre a luta de Churchill para convencer os políticos ingleses a não fazer acordo com Hitler, meu colega Celso Barros, na coluna de segunda-feira (8), fez chamamento ao PT: “Que seja digno de sua hora!”.

Que supere ressentimentos, reconheça erros, se distancie das ditaduras latino-americanas, e que seja capaz de construir um programa econômico que incorpore todas as forças democráticas, da centro-direita até a esquerda.

Esse programa envolveria, na minha visão: reforma da Previdência na linha da de Michel Temer; elevação da carga tributária sobre os mais ricos; congelamento por alguns anos dos salários nominais dos servidores; congelamento por alguns anos do valor real do salário mínimo; alguma flexibilização do teto do gasto para permitir elevação do investimento, na linha dos Planos Pilotos de Investimento do acordo que tínhamos com o FMI; entre tantas outras medidas.

Adicionalmente teriam de ser abandonadas ideias como ampliar a participação social no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), controle social da mídia, e outras formas de democracia direta.

Tudo isto para evitar que Fernando Haddad, e com ele as forças democráticas, seja derrotado no segundo turno pelas forças autoritárias.

O movimento teve início com a autocrítica de Tasso Jereissati (PSDB), propositalmente antes do primeiro turno. Evidentemente o PT não aceitou o gesto.

Celso não percebeu. Seu chamamento requer mais do que o PT pode dar. Renegar Cuba, Venezuela, Nicarágua e fazer um claro movimento para o centro significa, entre outras medidas, repensar toda a narrativa que foi construída sobre como chegamos até aqui.

Luiz Carlos Azedo: O mito positivista

- Correio Braziliense

“Bolsonaro está sendo obrigado a desdizer não somente seus auxiliares, como Paulo Guedes, futuro ministro da Fazenda, e o vice, general Mourão, mas principalmente a si próprio”

No cavalo de pau dado pela campanha do PT, em razão da inviabilidade do projeto de “democracia popular”, que foi derrotado no primeiro turno, o candidato à Presidência Fernando Haddad deveria procurar nos seus alfarrábios um velho livro de Karl Marx, O 18 Brumário de Luís Bonaparte, publicado em 1852. Talvez o professor de ciência política da Universidade de São Paulo, que virou clone do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, encontre uma explicação para o que aconteceu em 7 de outubro. O “cretinismo parlamentar” desgraçou boa parte da elite política da Câmara e, principalmente, do Senado; o “transformismo” de seu partido fez do antipetismo uma força eleitoral avassaladora a favor de Jair Bolsonaro (PSL), protagonista de uma possível “restauração conservadora”, tal qual “o lunático Luís Napoleão, com meia dúzia de oficiais desconhecidos e cheios de dívidas”, nas palavras de Friedrich Engels, em carta ao seu amigo Marx.

Ao estudar a história da França entre a Revolução de fevereiro de 1848, que pôs fim à monarquia constitucional de Luís Felipe, e a Comuna de Paris, de 1871, Marx conceituou o “bonapartismo”, que até hoje gera controvérsias entre acadêmicos de esquerda, porque seria um meio-termo entre a “democracia burguesa” e o “fascismo”. Durante a ditadura militar, aqui no Brasil, provocou muita polêmica entre intelectuais e militantes de oposição, que se dividiam entre os que caracterizavam o regime como fascista, por causa do terrorismo político de Estado, e os que rejeitavam essa caracterização, porque não havia um partido de massas como na Itália de Mussolini e na Alemanha de Hitler. A essência do bonapartismo é a autonomia do Estado em relação às classes sociais e a existência de um líder político carismático e populista.

O chefe de Estado concentra um poder desproporcional em relação ao Legislativo e ao Judiciário, promove a centralização política em relação aos demais níveis de poder. Para governar, apoia-se na burocracia e nas Forças Armadas; suprime liberdades e reprime com violência a oposição e os movimentos sociais. Luís Bonaparte eliminou o Parlamento e tentou restabelecer o Império, mas tudo não passou de uma farsa. Por isso, o golpe de Estado de 2 de dezembro de 1851 foi chamado de 18 Brumário por Marx, numa alusão ao golpe de Estado de Napoleão Bonaparte de 9 de novembro de 1799 (18 brumário no calendário da Revolução Francesa), que resultou no fim da Primeira República, proclamada em 1792, e no Consulado, que logo se transformaria no Império de Napoleão. Luís Bonaparte derrubou a república burguesa e instaurou o Segundo Império (1851-1870), no qual se proclamou Napoleão 3º, com a ambição de restaurar a obra de Napoleão 1º, seu suposto tio.

O projeto “bonapartista” subjacente no discurso de Bolsonaro, como a “democracia popular” de Haddad, pode ter sido derrotado no primeiro turno. Propostas de elaboração de uma Constituição por notáveis, a ser submetida a um referendo popular, e de alteração da composição do Supremo Tribunal Federal (STF), que ferem frontalmente a atual Constituição, já foram descartadas. Para vencer, Bolsonaro está sendo obrigado a desdizer não somente seus auxiliares, como Paulo Guedes, futuro ministro da Fazenda e do Planejamento, e o vice, general Hamilton Mourão, mas principalmente a si próprio. Sobram declarações e episódios que podem lhe tirar a vitória, se não forem renegados. O tema da violência, que catapultou sua candidatura, virou uma faca de dois gumes, porque a narrativa do duro combate ao crime organizado também alimenta a radicalização política e ideológica de seus partidários contra os adversários.

Ricardo Noblat: Bolsonaro, raso como um pires

- Blog do Noblat | Veja

Por uma rede de postos Ipiranga

Jair Bolsonaro é tão raso como um pires. Ou uma tigela, se preferirem. Perguntaram-lhe ontem sobre seus projetos para a área de Saúde caso se elegesse presidente. Ele respondeu que o importante é criar empregos.

O capitão é ignorante em qualquer matéria, não só em economia. De fato, não tem projetos para nada – salvo frases feitas, lugares comuns e clichês que encantam seus devotos.

Não basta a Bolsonaro o Paulo “Posto Ipiranga” Guedes para dizer o que deve ser feito com a economia. Ele precisa de uma rede de postos.

O que Haddad diz não se escreve
Direito de pergunta

Fernando Haddad disse que deve ir para cadeia o dirigente do PT que tenha errado e desde que haja provas contra ele.

Por que não se pergunta a Haddad se o que ele disse vale também para Lula, condenado a 12 anos e um mês de cadeia e encarcerado em Curitiba?

E se não vale, quem deveria no lugar da Justiça ter julgado Lula?

A cautela dos partidos: Editorial | O Estado de S. Paulo

A nova dinâmica eleitoral, com uma massiva adesão ao antipetismo mais à direita, deixou parte considerável dos partidos políticos em compasso de espera. Em menos de 20 dias o eleitor voltará às urnas para escolher quem será o próximo presidente da República, com consequências decisivas sobre o rumo do País, e mesmo assim várias legendas optaram pela neutralidade em relação aos candidatos do PSL e do PT.

Na terça-feira passada, a Executiva Nacional do PSDB decidiu liberar o voto de seus filiados no segundo turno da eleição presidencial. “Essa é a posição coerente neste momento difícil que o País atravessa. Não apoiaremos nem Bolsonaro nem Haddad. Não nos sentimos representados nem por um nem por outro. Todos os filiados e líderes estão liberados para que decidam de acordo com suas convicções”, disse o presidente do partido, o ex-governador Geraldo Alckmin.

O Partido Novo, que estreou em eleição nacional, elegendo oito deputados federais, informou que “não apoiará nenhum candidato à Presidência, mas somos absolutamente contrários ao PT, que tem ideias e práticas opostas às nossas”.

Governo incerto: Editorial | Folha de S. Paulo

Declínio de partidos tradicionais eleva dúvidas sobre negociações de reformas no Congresso

Eleito o novo Congresso e definidos os dois finalistas na disputa pela Presidência da República, o país ainda se vê diante de grandes incógnitas quanto à agenda dos próximos anos e sua viabilidade.

Estão longe de claros os planos de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) para lidar com questões cruciais da crise econômica. Além do mais, mostra-se incerta a conformação política do novo Parlamento no que diz respeito a lideranças que possam organizar a base de apoio ao futuro presidente.

Houve grande mudança na Câmara dos Deputados. Embora tenha causado espécie a taxa de renovação, com presença maior de novos deputados, não é essa a novidade mais relevante.

Os recém-chegados são cerca de 52% da Câmara, taxa maior que as registradas de 1998 a 2014 —quando, no entanto, jamais caíram abaixo da casa dos 44%. Mais significativa tende a ser a nova correlação de forças entre os partidos.

A agenda pesada que espera o novo presidente: Editorial | O Globo

Decisões sobre despesas, com um Orçamento no vermelho, precisam ser tomadas ainda este ano

Amenos de 15 dias do segundo turno, Bolsonaro e Haddad estão, é claro, fixados no dia 28. Mas convém não se desgarrar do mundo real, em que espera o vencedor um número não desprezível de problemas, alguns deles com data certa para serem equacionados. Há os mais conhecidos, como a questão da Previdência. 

Queiram ou não os candidatos, a expansão sem controle dos gastos em aposentadorias e pensões é o que mais contribui para o déficit primário (exceto juros), razão pela qual a dívida pública, já na faixa dos 80% do PIB, sobe sem parar. Este índice é o dobro da média observada no bloco das economias emergentes. O sistema financeiro globalizado acompanha de forma atenta este indicador — será muito em função dele que as taxas de juros e de risco para o Brasil subirão ou cairão.

A agenda relacionada a despesas é diversificada, e começa já em 31 de dezembro, na véspera da posse do novo presidente, quando vence o subsídio de R$ 9,5 bilhões concedido ao diesel, por pressão dos caminhoneiros grevistas.

Faxina da cláusula de barreira precisa ser apenas o início: Editorial | O Globo

Levou-se uma década para o Brasil atender ao princípio de que, na democracia, é o voto que conta

Em bora pudesses ermais rápido, o aprendizado da democracia brasileira evolui. Nestas eleições, entrou em vigor, enfim, uma cláusula de barreira, ou desempenho, para acabar coma pulverização departidos nas Casas legislativas, com base em um critério que deveria ser indiscutível num regime democrático—o voto.

Praticado em democracias sólidas, o princípio de que só podem gozar de prerrogativas plenas no Legislativo partidos com uma quantidade mínima de votos foi adotado no Brasil em 1995, para entrar em vigor nas eleições de 2007, não fosse o Supremo ter derrubado a lei em dezembro de 2006.

Adiou-se, assim, por onze anos, o uso de um mecanismo que não cassa qualquer partido, nenhum direito constitucional, apenas estabelece o óbvio: na democracia representativa, quem tem voto conta com mais espaço de representação. Ministros do STF que atuaram naquele julgamento do final de 2006 terminaram reconhecendo o equívoco.

José Roberto Mendonça de Barros*: Muita confusão à vista

- O Estado de S.Paulo

Nem o candidato nem o seu ministro forte jamais chegaram perto do executivo

No primeiro turno das eleições ocorreu a polarização que se vislumbrou, com uma avalanche de votos úteis dados a Bolsonaro. A renovação do Congresso foi inesperadamente elevada.

Que podemos esperar para este segundo turno?

O PT vai tentar migrar para o centro, operando uma transformação instantânea, que começou na vestimenta do candidato e passa pela busca de apoio de vários líderes, tarefa a ser realizada por Jaques Wagner, especialmente.

Mais que isso, parte de seu programa será apagada, o que se iniciou com a negação da necessidade de uma Constituinte. Além disso, ao invés de rejeitar a existência de qualquer problema na Previdência, temos agora uma vaga menção a alguma reforma. Mas quem vai acreditar nisso, considerando que o responsável pelo programa registrado no TSE foi o próprio Fernando Haddad?

Na essência, sua proposta é ainda uma repetição de tudo que deu errado no passado, girando em torno de uma proposta para o uso da política fiscal e creditícia (aparentemente acrescida agora pelo programa de limpeza da inadimplência de alguns milhões de eleitores, do candidato Ciro Gomes) para relançar a economia e fazer o “ajuste” via crescimento.

A chance de este plano dar certo é, a meu juízo, próxima de zero.

Além disso, o partido tem uma longa história de não cumprir acordos, dada sua vocação hegemônica.

Bolsonaro vai reafirmar seu discurso. Não precisa atrair o centro, porque isso já ocorreu com seus eleitores. Precisa apenas do simbólico apoio de alguns líderes e, mais importante, não cometer nenhum erro, que o resto cai por gravidade. Sua vitória é altamente provável.

Vai continuar escondendo seu vice-presidente e seu programa econômico, que parece carregado de contradições, como a estimativa furada do valor de privatizações, a redução da carga tributária, sem CPMF, entre outras. Além disso, manifestações do candidato falam de empresas estratégicas que não poderão ser privatizadas, como a Eletrobrás, e de uma indefinida reforma da Previdência. Está mesmo nebuloso e confuso.

Manuel Bandeira: O rio

Ser como o rio que deflui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas no céu, refleti-las
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranquilas.