sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Mulher de Bolsonaro vira alvo de investigação por cheque de Queiroz

Por André Guilherme Vieira | Valor Econômico

SÃO PAULO - A primeira-dama Michelle Bolsonaro terá seu sigilo fiscal averiguado pela Receita Federal, apurou o Valor. No procedimento fiscal aberto pela Receita, ontem, a partir das informações reveladas por levantamentos financeiros do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o Fisco passou a investigar 27 deputados estaduais do Rio de Janeiro e 75 servidores da Assembleia Legislativa fluminense que tiveram movimentações bancárias classificadas como atípicas ou suspeitas pelo Coaf – a unidade de inteligência financeira é vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, chefiado por Sergio Moro.

O Coaf recebe informes de bancos e instituições financeiras quando operações efetuadas no sistema bancário apresentam características que sugerem tentativa de burla.

Ocorre que um dos investigados pelo Coaf e agora pela Receita, Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito e ainda deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) – também investigado pela Receita --, realizou depósito em cheque no valor de R$ 24 mil na conta corrente de Michelle Bolsonaro.

O presidente Jair Bolsonaro já buscou justificar a operação, dizendo tratar-se do pagamento de um empréstimo que ele teria feito a Queiroz e que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro quitou por meio de depósito na conta de Michelle.

Bolsonaro alegou não ter tempo para ir ao banco. Em tese, o presidente poderá dar explicações à Receita caso o empréstimo a que se referiu não conste de sua declaração de imposto de renda. Michelle não é alvo central da apuração do Fisco. Mas foi atingida por ter recebido pagamento de um dos principais investigados, Queiroz.

Ex-policial militar e espécie de faz-tudo dos Bolsonaro há anos, Queiroz movimentou, entre retiradas, pagamentos e depósitos, R$ 1,2 milhão em conta bancária dele entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. No domingo, o jornal “O Globo” informou que os arquivos do Coaf apontavam movimentações de outros R$ 5,8 milhões entre 2014 e 2015.

Consulta pública a registros de cartórios de imóveis do Rio de Janeiro mostram que Flávio Bolsonaro adquiriu dois imóveis no Rio por custo declarado de R$ 4,2 milhões. O Coaf identificou ainda pagamento de título da Caixa Econômica Federal por Flávio Bolsonaro no valor de R$ 1 milhão. O parlamentar justificou se tratar de um pagamento relacionado a imóvel.

O senador eleito ainda apresentou evolução patrimonial acima de R$ 1 milhão entre as eleições de 2014 e 2018, segundo a declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral.

Um comentário:

  1. A Micheque Bolsonaro vai ter que se explicar,nem que seja fazendo gestos,rs.

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