segunda-feira, 3 de junho de 2019

Leandro Colon: Maluquices

- Folha de S. Paulo

Junho é decisivo para Previdência e presidente se preocupa com vaga no STF e multas de trânsito

O governo entrou em seu sexto mês com a dura missão de conseguir votar a reforma da Previdência até o fim de junho na Câmara, enquanto o presidente Jair Bolsonaro esbanja cada vez mais sinais de falta de foco e excesso de diversionismo.

Na manhã de sábado (1º), ele tirou fotos com simpatizantes que estavam na porta do Alvorada. "Gostaram do evangélico no Supremo?", perguntou em meio aos flashes.

Um dia antes, durante visita a uma igreja da Assembleia de Deus, em Goiânia, Bolsonaro defendeu a nomeação de um evangélico como ministro do STF. A declaração foi dada em contexto de crítica à maioria formada recentemente no tribunal pela criminalização da homofobia.

Não há qualquer perspectiva de mudança de membro do Supremo no curto prazo. Bolsonaro sabe disso. O decano Celso de Mello, se não pedir para sair antes, só deixará a toga suprema em novembro de 2020, quando completa o teto de 75 anos.

Portanto não há urgência em discutir uma nomeação para a corte.

Também no último sábado, Bolsonaro anunciou que o governo enviará até esta terça-feira (4) um projeto de lei que mexe na vida dos motoristas. Pela proposta (também fora de hora), a ser votada no Congresso, a validade da carteira de habilitação passará de cinco para dez anos.

O projeto prevê dobrar de 20 para 40 a pontuação mínima exigida para cassar a CNH de um infrator.
Bolsonaro diz que essas mudanças vão acabar com o que ele tem chamado de "indústria da multa".

"Você pega a Serra das Araras [no Rio de Janeiro], é 40 [km] por hora. Você acha que algum maluco vai descer a serra a 80 [km] por hora? Precisa botar uma lombada eletrônica? Não precisa. Ninguém é maluco de extrapolar", afirmou o presidente.

O que não falta por aí no trânsito é gente maluca. Como mostrou a Folha, Bolsonaro, três de seus filhos e sua mulher, Michelle, receberam ao menos 44 multas em cinco anos. E boa parte das infrações, inclusive as cometidas pelo presidente, foram por excesso de velocidade.

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