terça-feira, 4 de junho de 2019

Opinião do dia: *Daron Acemoglu / **James A. Robinson

Existem dois motivos óbvios pelos quais esse populismo é ruim. Em primeiro lugar, seus elementos antipluralistas e excludentes minam as instituições democráticas e os direitos fundamentais; em segundo lugar, ele dá preferência a uma concentração excessiva de poder político e à desinstitucionalização, o que leva a um fornecimento precário de bens públicos e a um desempenho medíocre da economia.

No entanto, o populismo pode se tornar uma estratégia política atraente quando prevalecem três condições. Primeira, as acusações de domínio da elite têm de ser suficientemente plausíveis para que a população lhes dê crédito. Segunda, para que a população apoie alternativas radicais, as instituições em vigor têm de ter perdido sua legitimidade ou não ter conseguido enfrentar algum novo desafio. E terceira, uma estratégia populista tem de parecer factível, apesar de sua natureza excludente.

Todas essas três condições podem ser encontradas no mundo de hoje. O aumento da desigualdade nos últimos 30 anos permite concluir que o crescimento da economia beneficiou desproporcionalmente uma pequena elite. Mas o problema não é apenas desigualdade de renda e de riqueza: há também a crescente suspeita de que a distância social ente a elite e todos os demais aumentou.


*Daron Acemoglu é professor de economia no MIT.
**James A. Robinson é professor de governo na Harvard University. São coautores de Why Nations Fail: The Origins of Power, Prosperity, and Poverty. Copyright: Project Syndicate, 2019. ‘Como os populistas ganham?’, Valor Econômico, 3/6/2019.

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