sábado, 1 de junho de 2019

Tucanos elegem presidente, mas veteranos permanecem

Bruno Araújo, aliado de Doria, assume comando do PSDB, mas governador de SP não evita antigos nomes na Executiva

Daniel Gullino e Natália Portinari / O Globo

A convenção nacional do PSDB conclamou, ontem, como novo presidente da sigla Bruno Araújo (PE), ex-ministro de Michel Temer (MDB) e ex-deputado federal. Aliado de João Doria, Araújo é peça chave na futura candidatura do governador de São Paulo à Presidência da República em 2022. Ele substitui o ex-governador e ex-candidato a presidente Geraldo Alckmin.

A nova vice-presidente do partido é a senadora Mara Gabrilli( SP ). Apesar deter emplacado seu aliado, porém, Doria não conseguiu tirar os ex-presidentes do partido da composição da Executiva, como planejava. Dessa forma, Alckmin, o deputado Aécio Neves (MG), o senador Tasso Jereissati (CE), o ex-governador Teotonio Vilela Filho (AL) e o ex-senador José Anibal continuarão participando da cúpula da sigla. Em seu discurso, Araújo mencionou que é o primeiro presidente que se formou politicamente dentro do PSDB, desde quando participava da Juventude da sigla.

Ele manifestou apoio à reforma da Previdência e citou João Doria como pré-candidato à Presidência, exaltando sua gestão no governo de São Paulo. —Quando o governador João Doria, naturalmente, é lembrado como pré-candidato a presidente da República, não é só pela importância do estado. Mas é sobretudo pelas sequências dos resultados que a administração de São Paulo já dá com tão pouco tempo de governo.

DISCURSO CONCILIADOR
Doria, por sua vez, adotou um discurso conciliador, elogiando tucanos com quem já teve rusgas no passado, como os senadores José Serra (SP) e Tasso Jereissati (CE), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o próprio Alckmin. O governador defendeu respeito às raízes do PSDB, mas também destacou que é preciso construir coisas novas.

— Não precisamos apagar nossa história. Precisamos também construir nossa história. É isso que o povo brasileiro espera do PSDB. Respeite a sua história, mas seja protagonista da história. Fernando Henrique não participou da convenção. Ele está no Brasil, mas avisou ter um compromisso particular que o impediu de comparecer à reunião, e enviou um vídeo.

Nas últimas três convenções, FH esteve no palco para discursar para a militância. A convenção também aprovou o Código de Ética do PSDB, última medida da gestão de Geraldo Alckmin. As novas regras punem com expulsão os condenados criminalmente com sentença transitada em julgado e quem cometer infidelidade partidária, entre outras penalidades.

Ao contrário do que era previsto inicialmente, porém, não deve suspender do partido réus criminais, como o deputado federal Aécio Neves (MG) e o ex-governador de Goiás Marconi Perillo. O senador Tasso Jereissati, presidente interino do partido em 2017, afirmou que o PSDB está superando um “período difícil” e ressaltou que a renovação não está só ligada à idade.

— O partido está em uma transição importante, superamos um período difícil. Agora temos uma nova Executiva que tem todas as condições de voltar o caminho natural do PSDB, que é de fazer História. Renovar não é só idade, é ideias. Cabeça nova, hábitos, comportamento político — disse, acrescentando que vê essas qualidades na nova Executiva:

— Tem muita gente nova. Muita gente boa, que têm condições de levar o partido no seu rumo verdadeiro. Durante sua gestão, Tasso cobrou uma autocrítica do PSDB, o que gerou um mal-estar em alguns setores do partido. Questionado se há clima para corrigir esses erros que foram apontados, o senador afirmou que isso é uma "obrigação". Ele diz que já havia sugerido, por exemplo, o código de ética que foi aprovado nesta sexta.

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