segunda-feira, 1 de julho de 2019

Leandro Colon: Seis meses de Bolsonaro

- Folha de S. Paulo

Na política, governo derrapa. E economia aposta tudo na reforma da Previdência

O governo de Jair Bolsonaro completa seis meses nesta segunda-feira (1º). Abaixo, segue uma breve avaliação em seis pontos.

1. Na política, Bolsonaro patina, derrapa, escorrega quase todo dia. Em seis meses, não conseguiu formar uma base de apoio no Congresso. Cometeu erros primários na relação com o Legislativo e quis medir forças com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Perdeu terreno na negociação da reforma da Previdência, cedendo espaço e protagonismo na sua possível aprovação.

2. O partido do presidente, o PSL, mais atrapalhou do que ajudou. Foi pivô do principal escândalo até aqui, o caso das candidaturas de laranjas nas eleições passadas, que levou à queda de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral e transformou o único ministro da sigla, o do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, em um morto-vivo na Esplanada. No Congresso, o PSL arrumou confusões desnecessárias, expôs divisões na bancada e nada fez para liderar uma base aliada.

3. O modelo de Bolsonaro governar emitiu sinais trocados de janeiro para cá. Começou parecendo uma gestão descentralizada, com núcleos delineados (militares, Moro, Guedes, entre outros). Nos tempos recentes, no entanto, Bolsonaro tomou as rédeas e, muitas vezes de maneira atabalhoada, tem dado as cartas, trocando peças e anunciando medidas.

4. A política externa não surpreende. É tacanha, da veneração ao governo Trump (EUA) a retóricas ideológicas. No G20, porém, Bolsonaro entrou no jogo: teve de puxar o freio do blá-blá-blá bravateiro para se enquadrar na liturgia do diálogo.

5. Na economia, o governo comemora o acordo Mercosul-União Europeia. Mesmo tendo a digital de gestões passadas, o mérito de quem o celebrou fica. De resto, as fichas estão na Previdência, enquanto o PIB está em baixa e outras medidas adormecem no escaninho de Guedes.

6. Fiador ético do governo, Sergio Moro está nas cordas com as mensagens graves da Lava Jato. Será defendido por Bolsonaro até quando não for mais útil para o presidente.

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