segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Vinicius Mota - Notas sobre Lula livre

- Folha de S. Paulo

Ex-presidente e Bolsonaro iniciam uma maratona, numa relação de ganha-ganha

1. A Lava Jato minou o establishment político-partidário e ascendeu ao Executivo com Moro, mas agora paga por suas extravagâncias. O acerto de contas não acabou.

2. Bolsonaro também lucra com a poda das asas de autoridades investigativas, que chegaram à sua família e tangenciam o tema das milícias.

3. A relação entre Bolsonaro e Lula é do tipo ganha-ganha. Lula acumula forças ao criticar o presidente, que fica mais forte ao alvejar o petista e assim por diante. O ar se rarefaz para os que estão no meio, como Rui Costa, Ciro, Huck, Doria e Moro.

4. Lula melhorou muito sua condição política e tem boas chances de ser reabilitado para eleições no curto prazo. Parece ainda complicado seu caminho até 2022, no entanto.

5. O Supremo —inclusive a segunda turma, que revisa os processos do ex-presidente em Curitiba— tende a ficar cada vez mais “punitivista” a partir de novembro do ano que vem.

6. Lula foi competitivo nas cinco eleições presidenciais que disputou. Deve repetir a escrita se estiver apto a concorrer no próximo pleito.

7. No Brasil, a possibilidade da reeleição dá ao presidente uma competitividade quase natural. É improvável que isso mude com Bolsonaro.

8. Lula e Bolsonaro parecem às vezes disputar uma corrida de 100 metros rasos, mas na verdade estão no início de uma maratona. Muita água vai passar por baixo dessa ponte.

9. O vetor para a economia nos próximos anos aponta para melhora pelo menos discreta, com juros e inflação baixos e alguma recuperação do emprego. Liderado pelo setor privado, esse ciclo pode ter mais fôlego.

10. A oposição se fortalece nas ruas e ganha foco na opinião pública, mas não se sabe qual o impacto disso no Congresso, onde a maioria de centro-direita tem empurrado a agenda reformista com pouca resistência.

11. No ano que vem, Lula pode ser um ativo importante para o PT se recuperar da derrota que sofreu nas eleições municipais de 2016, quando o partido foi praticamente varrido das cidades mais populosas do país.

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