sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Bruno Boghossian - Revival petista

- Folha de S. Paulo

Acenos a Marta e Benedita são sinais de que petista tenta recuperar imagem da sigla

Nas últimas eleições municipais, o PT perdeu mais de metade de suas prefeituras. Dos 638 postos de 2012, o partido ficou com 254 em 2016. O fracasso foi, em parte, um efeito da onda que derrubou Dilma Rousseff. No ano que vem, a temperatura do antipetismo, que marcou o cenário político desde o impeachment, será testada novamente.

O cenário permanece nebuloso, com o poder de decisão concentrado nas mãos de Lula. O ex-presidente, aliás, tem dado sinais contraditórios. Já apontou que deve apoiar candidatos de outras legendas em cidades estratégicas para oxigenar os quadros da esquerda, mas também passou a estimular veteranos do PT, associados a esses nomes.

Apesar de ter dado palanque para a ascensão de nomes como Fernando Haddad e o governador baiano Rui Costa, o partido tropeçou em seus planos de renovação interna. Basta ver a dificuldade dos petistas em encontrar um candidato óbvio para a Prefeitura de São Paulo.

Diante da hesitação do próprio Haddad, derrotado com apenas 17% dos votos na última disputa, Lula fez acenos à ex-prefeita Marta Suplicy —que deixou o PT em 2015, concorreu à prefeitura no ano seguinte e ficou em quarto lugar, com 10% dos votos.

O movimento combina com a estratégia de polarização que o ex-presidente adotou desde que saiu da cadeia, em novembro. Marta pode ser candidata ou se filiar a outra sigla para ser vice de Haddad. Sua entrada na corrida seria o revival de uma personagem ainda identificada com o PT e com a base social da legenda.

Uma indicação semelhante pode ser vista no Rio, segunda maior cidade do país. Marcelo Freixo (PSOL) espera o apoio dos petistas, mas Lula disse a aliados que o partido reforçaria sua marca se lançasse um nome próprio. A candidata seria Benedita da Silva, quadro histórico da sigla.

A rejeição ao petismo marcou as duas últimas eleições, mas Lula parece interessado em explorar marcas do partido em algumas cidades para recuperar seu capital político, mesmo que não vença essas disputas.

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