sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Chamado de próximo presidente, Huck diz que Brasil precisa ser mais bem representado

Declaração ocorreu em reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos, nesta quinta-feira (23)

Luciana Coelho, Alexa Salomão | Folha de S. Paulo

DAVOS - O apresentador Luciano Huck atraiu a maior parte das atenções nesta quinta-feira (23) durante o painel que participou sobre os protestos de rua na América Latina na reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos, mas evitou polêmicas.

Discorrendo sobre desigualdade, educação e ambiente, foi chamado em voz alta ao menos duas vezes de “próximo presidente do Brasil” — pelo escritor e youtuber brasileiro Raiam Santos e pela secretária executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe da ONU, Alicia Bárcena Ibarra.

Huck, que é visto como potencial candidato à Presidência em 2022, desviou do epíteto. Indagado após o evento sobre os temas que abordou no almoço e as ações do Brasil na área, disse que o Brasil merecia representação melhor no exterior “O Brasil precisa ser mais bem representado, para além da economia”, afirmou.

“Quando você lê a carta do professor [Klaus] Schwab desta edição do Fórum Econômico e ela claramente aponta para discutir ideias que possam gerar crescimento econômico com redução da desigualdade, eu adoraria poder ver o país bem representado em painéis além dos painéis econômicos”, afirmou, aludindo ao ministro Paulo Guedes (Economia), celebrado por investidores no Fórum.

“Sem dúvida a gente entregou números importantes do ponto de vista econômico, mas a gente estava fora dos painéis de educação, desigualdade e Amazônia.”

Durante o almoço, ao qual também estava presente o cocriador do movimento anarquista americano Occupy, Micah White, e outros líderes da sociedade civil, Huck contou uma história de superação que registrou em seu programa, falou da importância da educação e esboçou um ponto de vista sobre ambiente, um dos eixos do encontro deste ano.

“Temos 80% da Amazônia que não sabemos a quem pertence, estão em uma zona cinzenta, então temos que pensar na Amazônia também nas pessoas, não nas árvores” disse aos convidados, sem elaborar, aparentemente referindo-se à área protegida da floresta.

É uma opinião consonante com a do governo Jair Bolsonaro, que vem defendendo maior desenvolvimento econômico para a região da floresta, mas é criticado por sua inação ambiental. O ministro Ricardo Salles (Ambiente) não viajou para Davos.

Na plateia, estavam executivos brasileiros como Wilson Ferreira Junior, presidente da Eletrobras, e o vice-presidente do Bradesco, Mauricio Minas —ambos sentados à mesa com Huck.

Aliados de dois dos possíveis concorrentes de Huck caso ele se candidate em 2022 também estavam presentes: a secretária de desenvolvimento econômico de São Paulo, Patricia Ellen, que viajou a Davos com o governador João Doria (PSDB), e o presidente do BNDES sob Bolsonaro, Gustavo Montezano.

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