quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Opinião do dia: Gilberto Freyre - mística revolucionária, de messianismo

A nossa tradição revolucionária, liberal, demagógica, é antes aparente e limitada a focos de fácil profilaxia política: no íntimo, o que o grosso do que se pode chamar ‘povo brasileiro’ ainda goza é a pressão sobre ele de um governo másculo e corajosamente autocrático. Mesmo em sinceras expressões individuais – não de todos invulgares nesta espécie de Rússia americana que é o Brasil – de mística revolucionária, de messianismo, de identificação do redentor com a massa a redimir pelo sacrifício da vida ou de liberdade pessoal, sente-se o laivo ou resíduo masoquista: menos a vontade de reformar ou corrigir determinados vícios de organização política ou econômica que o puro gosto de sofrer, de ser vítima, ou de sacrificar-se”.

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*Gilberto Freyre, Casa-Grande & Senzala, 1933; citado por João Marcelo Ehlert Maia in "A Rússia americana", revista Sociedade e Estado, v. 20, n. 2, p. 427-450, maio/ago. 2005

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