quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Poesia | João Cabral de Melo Neto - O Fim do Mundo

No fim de um mundo melancólico
os homens lêem jornais.
Homens indiferentes a comer laranjas
que ardem como o sol.

Me deram uma maçã para lembrar
a morte. Sei que cidades telegrafam
pedindo querosene. O véu que olhei voar
caiu no deserto.

O poema final ninguém escreverá
desse mundo particular de doze horas.

Em vez de juízo final a mim preocupa
o sonho final.

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