Donald Trump parece predisposto a rejeitar resultados que não o favoreçam
A democracia funciona porque favorece trocas pacíficas de poder. O grupo que perde a eleição tende a aceitar os resultados, confiando que os rivais terão a mesma atitude quando a situação se inverter.
Pois é justamente esse mecanismo que pode estar em xeque nos EUA. Donald
Trump vem emitindo sinais cada vez mais inquietantes de que poderá não acatar
um fracasso nas urnas. Não é incomum que lideranças
populistas contestem o sistema eleitoral. Bolsonaro também
flerta com o discurso de fraude.
O problema, no caso dos
EUA, é que a predisposição de Trump a rejeitar resultados que não o favoreçam,
somada às idiossincrasias do sistema eleitoral americano, pode levar a uma
situação de incerteza, judicialização e crise constitucional.
Nos EUA, porém, o que vale
é o colégio eleitoral, que “pica” a corrida presidencial em 50 eleições
estaduais majoritárias, da qual sai vitorioso o candidato que
obtiver uma combinação de resultados que lhe garanta a maioria dos delegados. O
espaço para contestações, legítimas ou arquitetadas, se amplia enormemente.
Pior, neste ano, por causa
da pandemia, espera-se um aumento dos votos pelo
correio, que, às vezes, chegam depois do dia do pleito, colocando em
câmera lenta o processo de apuração. Não é impossível que o candidato que
desponte como vitorioso num estado-chave na
noite da eleição se torne o derrotado uma semana depois. Militantes exaltados
não teriam dificuldade para gritar “fraude”.
É no cenário de caos que Trump parece apostar, enquanto se esforça para formar maioria na Suprema Corte. Seria um desenlace melancólico para o país que já pretendeu ser o farol da democracia.
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