terça-feira, 17 de novembro de 2020

Claudio de Oliveira* - A centro-esquerda e a extrema-esquerda em São Paulo. O Macron e o Melénchon do Brasil.

- Reformista

Os eleitores paulistanos colocaram no segundo turno duas candidaturas bem definidas. De uma lado, Bruno Covas, do PSDB, busca situar sua candidatura entre o centro e a centro-esquerda. De outro lado, Guilherme Boulos, do PSOL, tenta sair dos limites da esquerda e da extrema-esquerda em que está o seu partido. 

Guardada as devidas diferenças de realidade, resolvemos fazer um paralelo entre a presente eleição em São Paulo e a eleição para presidente da República na França em 2017. Naquele ano, Emannuel Macron e Marine Le Pen foram ao segundo turno das eleições presidenciais. Macron era assim descrito: “No geral, Macron é visto como um centrista. Alguns observadores o qualificam como um social liberal, enquanto outros o descrevem como um social democrata. Durante seu tempo no Partido Socialista Francês, ele pertencia a ala centrista [...], cujas políticas eram descritas como de ‘terceira via’, uma visão normalmente associada a políticos como Bill Clinton, Tony Blair e Gerhard Schröder [1]”. Como social liberal ou social democrata, Macron estaria entre o centro e a centro-esquerda. 

Já Marine Le Pen e o seu partido, a Frente Nacional, fundado pelo seu pai, eram considerados de extrema-direita. Em terceiro lugar havia ficado François Fillon, dos Republicanos, de centro-direita. Em quarto, ficou Jean-Luc Mélenchon, da coligação França Insubmissa, que reuniu a esquerda e a extrema-esquerda, em aliança com o Partido Comunista Francês. Em quinto lugar ficou o candidato do Partido Socialista, Benoît Hamom, de centro-esquerda. 

Fazendo uma comparação com a presente eleição em São Paulo, Gilmar Tatto, do PT, ou Márcio França, do PSB, seriam equivalentes ao candidato Benoît Hamom, do PS Francês. Tanto PSB e PT, quanto o PSF, são filiados à Aliança Progressista, que é “uma aliança de partidos social-democratas, grande parte deles antigos membros da Internacional Socialista, fundada a 22 de Maio de 2013 [2]”.

Já Bruno Covas, do PSDB, seria o equivalente a Emmanuel Macron e o seu partido Em Marcha! Guilherme Boulos, do PSOL, seria o equivalente ao candidato Jean-Luc Mélenchon, da França Insubmissa [3], que reúne correntes trotskystas. O PSOL também reúne diversas correntes trotskystas e comunistas [4].

Mélenchon, o candidato da extrema-esquerda, é assim descrito: “Com discurso eurocético, anti-Otan e antiliberal, Mélenchon elogia Hugo Chávez. Como candidato à presidência da França em 2017, propôs [...] abandonar a energia nuclear, responsável por cerca de 75% da eletricidade gerada na França, e reestatizar o grupo nacional de energia EDF, parcialmente privatizado [5].” Sobre as ideias políticas de Macron: “Durante a campanha presidencial, Macron dizia-se disposto a harmonizar ‘eficiência’ – reformas econômicas liberais que dinamizassem a economia francesa – com ‘justiça’ – manutenção do Estado de bem-estar social e apoio a medidas consideradas progressistas, tal como o casamento igualitário [1]”.

Portanto, o segundo turno das eleições para prefeitura de São Paulo será entre um candidato de perfil de centro e centro-esquerda, um social-democrata de “terceira via”, Bruno Covas, do PSDB [6], e outro, Guilherme Boulos, do PSOL, situado entre a esquerda e a extrema-esquerda, socialista próximo das ideias comunistas. 

*Claudio de Oliveira, Jornalista e chargistas

Nenhum comentário:

Postar um comentário