sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Ricardo Noblat - No país de Bolsonaro vai tudo bem, obrigado, para ele e os filhos

- Blog do Noblat | Veja

Pandemia está no fim e prospera o negócio do Zero Quatro

Uma vez que são escassos os elogios à sua obra, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou uma viagem ao Rio Grande do Sul para dizer, ontem, que o Brasil vive “o finalzinho da pandemia” e que seu governo, “levando-se em conta os de outros países, foi o que melhor se saiu ou um dos melhores no tocante à economia”.

No finalzinho da pandemia, 21 dos 26 Estados registraram alta no número de casos da Covid-19, e em 7 capitais as UTIs estavam lotadas. Foram mais 769 mortes e 53.359 pessoas vítimas da doença no espaço de 24 horas. O total de mortos desde março último deverá ultrapassar, hoje, a casa dos 180 mil.

É muita gente que perdeu a vida. No mundo, o Brasil só está atrás dos Estados Unidos em número de mortos pelo vírus que Bolsonaro chamou de gripezinha. Na Guerra do Paraguai, o conflito armado mais sangrento da história da América Latina que completou 150 anos, morreram cerca de 50 mil brasileiros.

Quanto ao desempenho da economia durante a pandemia, Bolsonaro não se preocupou em apresentar dados para sustentar o que disse. Aproveitou a ocasião para também deixar sem resposta a denúncia de que uma empresa que tem contrato com seu governo trabalhou de graça para Renan Bolsonaro, o Zero Quatro.

Segundo a Folha de S. Paulo, a produtora Astronautas Filmes, que só este ano recebeu 1,4 milhão de reais do governo Bolsonaro por filmes publicitários para os ministérios da Saúde e da Educação, fez gratuitamente a cobertura com fotos e vídeos da festa de inauguração da empresa de eventos de Renan em outubro passado.

As construtoras Odebrecht e OAS, duas das maiores clientes do governo do presidente Lula, reformaram sem nada cobrar o apartamento que Lula nega ter comprado na praia do Guarujá, em São Paulo, e o sítio de Atibaia que ele frequentava junto com a família. Lula foi condenado nos dois processos. Qual a diferença?

Se o filho de uma autoridade pública, mesmo não sendo servidor público, “recebe um benefício de uma empresa beneficiada por decisões de órgãos subordinados à autoridade, isso pode configurar uma violação séria à ética pública”, diz Mauro Menezes, ex-presidente da Comissão de Ética da Presidência da República.

O Zero Quatro está se dando bem por ser filho de quem é, mas sabe retribuir favores. Um grupo de empresários do Espírito Santo que o ajudou na montagem de sua empresa conseguiu por meio dele uma audiência com o ministro do Desenvolvimento Regional para apresentar um projeto de construção de casas populares.

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