quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

João Doria* - Mais vacinas já!

- O Estado de S. Paulo

Com elas retomaremos a vida normal e a motivação para encarar novos desafios

Muitos países vivem hoje o paradoxo da pandemia com a chegada de vacinas contra a covid-19, mas enfrentando a segunda onda do novo coronavírus. O cenário nunca foi tão preocupante. É um quadro que aumenta a responsabilidade dos governos. Ao mesmo tempo que adotamos medidas para reduzir taxas de transmissão, concentramos esforços para comprar e aplicar o maior número possível de vacinas.

No Brasil, o cenário é ainda mais acentuado pela desastrosa ação do governo negacionista de Jair Bolsonaro. Não por acaso, um estudo internacional apontou que o Brasil teve a pior gestão da pandemia entre 98 países. Bolsonaro desdenhou da crise e combateu medidas de isolamento social e de uso de máscaras. Foi letárgico no processo de compra de vacinas e entusiasta da cloroquina. Errou em tudo.

Desde o início, Bolsonaro colocou-se na contramão da medicina e da vida. Gastou recursos preciosos com drogas inócuas e chegou ao absurdo de incitar a invasão de hospitais. O governo federal foi incapaz de garantir o suprimento de oxigênio para os pacientes de Manaus, mesmo tendo sido avisado com antecedência. A má gestão de Bolsonaro agravou os problemas da pandemia. Os péssimos resultados são hoje um fato: em 2020 o Brasil viveu a pior recessão da sua História. E tornou-se o segundo país do mundo com maior número de mortes pela covid-19.

Passados 11 meses do primeiro caso no Brasil, a boa notícia é que os cientistas produziram, em tempo recorde, vacinas seguras e eficazes. O governo de São Paulo, por meio do Instituto Butantan, foi pioneiro no desenvolvimento da Coronavac com o laboratório Sinovac. Essa parceria bem-sucedida garante a oferta de 100 milhões de doses para o Programa Nacional de Imunizações. Graças ao esforço da ciência de São Paulo, já temos mais de 2,2 milhões de brasileiros vacinados. E a vacina do Butantan responde por 85% das imunizações dos brasileiros. A cada dez vacinados no Brasil, ao menos oito receberam a vacina do Butantan.

Iniciamos as obras de uma nova fábrica de vacinas do Instituto Butantan. Contamos com a solidariedade de empresas privadas que financiaram integralmente a obra. Hoje, esse esforço contabiliza R$ 162 milhões em doações. A unidade terá produção exclusiva de vacinas contra o coronavírus e será inaugurada em outubro.

O Brasil precisa de mais de 320 milhões de doses para vacinar sua população. Para garantir a imunização geral até o final do ano teríamos de aplicar mais de 1 milhão de vacinas por dia. Há esse esforço de São Paulo em favor de todos os brasileiros. Mas precisamos do mesmo comprometimento em nível federal. A campanha Vacina Já, da administração paulista, sinaliza também que o País deve ter mais vacinas já. O governo federal precisa fazer a sua parte.

Com vacinas retomaremos a vida normal e a motivação para enfrentar novos desafios. A pandemia ampliou o desemprego, a desigualdade social e o déficit público. Há também um enorme desafio na área da educação, para recuperar aprendizados comprometidos pelo longo período sem aulas presenciais.

Diante de tais obstáculos, há um campo fértil para vendedores de ilusões, especialmente no plano econômico. Para evitar que isso aconteça devemo-nos concentrar em propostas que ofereçam resultados na redução das desigualdades. Em São Paulo, estamos fazendo reformas estruturais desde o início do nosso governo. Fizemos profundas mudanças no sistema previdenciário e administrativo do Estado. E não foi uma tarefa fácil.

Grandes projetos confirmam o acerto desse modelo de desenvolvimento com parcerias público-privadas. Temos um portfólio de R$ 31 bilhões de investimentos. Fizemos a maior concessão rodoviária do Brasil, o lote Piracicaba-Panorama. Destravamos o maior projeto de infraestrutura do País, a Linha 6 do Metrô. E estamos acelerando o maior programa de saneamento do Brasil com o Novo Rio Pinheiros.

Ao mesmo tempo que precisamos intensificar a busca por vacinas, o Brasil precisa se firmar como economia de mercado, com menos regulações e mais segurança jurídica. Esse é o melhor caminho para o País progredir.

As reformas produzem resultados. São Paulo cresceu duas vezes e meia a média nacional em 2019. Em 2020, o impacto econômico da crise sanitária foi menor em São Paulo do que no Brasil e me vários países desenvolvidos. Nos próximos dois anos, a previsão é de que São Paulo voltará a ter resultados melhores que os do Brasil.

Antes e durante a pandemia, São Paulo oferece um exemplo positivo para os brasileiros. Aliamos investimentos, tecnologia, empregos, respeito ao meio ambiente e compromisso com a ciência e a vida, além de respeito à democracia. Um modelo liberal que une a agilidade da iniciativa privada às obrigações essenciais do Estado para o progresso de todos, especialmente da parcela mais humilde e desvalida de nossa sociedade, ainda tão desigual.

Nosso projeto valoriza o desenvolvimento econômico, a geração de empregos e renda, a defesa da saúde e da vida, a confiança na ciência e a proteção social do Estado aos que mais precisam. Apesar de tudo, o Brasil tem solução.

*Governador do Estado de São Paulo

 

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