Aumenta
o risco de Bolsonaro morrer na praia em 2022
Data
vênia aos demais ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, e por
extensão aos demais, Gilmar Mendes fez história ao comandar o pelotão de
fuzilamento da reputação do ex-juiz Sergio Moro, considerado suspeito de ter
sido parcial nos processos de condenação de Lula pela justiça de Curitiba.
Tiraram
Gilmar para dançar e deu nisso. Não foi por falta de aviso. No final de 2018,
quando Lula entrou no Supremo com o pedido de habeas-corpus para declarar Moro
suspeito, Gilmar propôs levá-lo direto ao exame do plenário do tribunal. Por 4
votos contra o dele, a Segunda Turma achou que caberia a ela julgar o pedido.
Então
Gilmar, como presidente da Segunda Turma, propôs a concessão de uma liminar
para libertar Lula. Foi derrotado por 3 votos contra dois – o dele e o do
ministro Ricardo Lewandowski. Inconformado, pediu vista e o julgamento acabou
suspenso. Lula só seria solto em novembro de 2019. Foram 580 dias preso.
Para salvar Moro da suspeição e preservar o que fosse possível da Operação Lava Jato, o ministro Edson Fachin decretou a anulação das condenações de Lula, alegando que o foro de Curitiba não era o mais adequado para julgá-lo. Calculou que a sua inviabilizaria qualquer posterior decisão da Segunda Turma contra Moro.
Deu
ruim para ele, Moro, os procuradores da República de Curitiba e quem mais
torcia por um desfecho contrário a Lula. Fachin mandou que os processos do
triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia fossem devolvidos à primeira instância
em Brasília, sem anular, porém, as provas que eles continham. Perdeu.
As
provas foram anuladas pela Segunda Turma. Os processos terão que recomeçar. Ou
serão arquivados. Lula, agora, está duas vezes livre – da cadeia e das
condenações que lhe pesavam. Três vezes livre, porque faltará tempo hábil para
que possa voltar a ser ficha suja antes das próximas eleições.
Agradeça
a Gilmar, em primeiro lugar, a Lewandowski, em segundo, e ao voto de desempate
da ministra Cármen Lúcia. Agradeça também a Fachin que lhe abriu as portas da
recuperação. E, se quiser, pode tripudiar sobre o ministro Nunes Marques, que
deve o emprego ao presidente Jair Bolsonaro, e foi voto vencido.
No
Supremo, já se viu muita coisa, até troca de desaforos de ministros aos berros
e golpes aplicados abaixo da cintura. Mas nunca se viu um ministro, no caso
Gilmar, reduzir a pó o voto do outro, no caso Nunes Marques, que saiu dali
humilhado do ponto de vista de conhecimentos jurídicos e com a pecha de
covarde.
O
governo passou recibo de pronto. Auxiliares do presidente da República
confidenciaram que ele não esperava o que aconteceu, e que isso fortalecerá a
pretensão de Lula de enfrentá-lo na eleição do ano que vem. A leitura da
situação está correta. É a mesma feita por articuladores de uma candidatura de
centro.
Cuide-se,
Bolsonaro. Aumentou o risco de sua reeleição ir pelo ralo já na disputa do
primeiro turno.
Vá
para casa, capitão Bolsonaro!
A
posse clandestina do ministro da Saúde
Na
época da Revolução dos Cravos, Portugal teve um 1º ministro com fama de
doidinho da silva – o Almirante Vasco Gonçalves. Um dia, a parede branca que
cercava o maior sanatório de Lisboa amanheceu pichada com a frase: “Volte para
casa, Almirante”. O Palácio do Planalto carece de paredes externas.
Nem
por isso deixa de abrigar a insensatez em alto grau . Nunca antes na história
dos governos, pelo menos desde a redemocratização do país, viu-se posse
clandestina de ministro de Estado. Ou melhor: não se viu. Aconteceu, ontem,
quando o médico Marcelo Queiroga tomou posse como ministro da Saúde.
O
distinto público não foi avisado com antecedência. A nomeação de Queiroga
sequer havia sido publicada no Diário Oficial. Na agenda do presidente Jair
Bolsonaro, distribuída todas as manhãs, não constava o ato de posse. Até o
início da madrugada de hoje não foi divulgada nenhuma fotografia da solenidade
excepcional.
O
que deu no presidente? Foi grande o desgaste que ele sofreu por ter mantido o
país sem ministro da Saúde por 8 dias em meio à pandemia. Há 8 dias, demitiu o
general Eduardo Pazuello da boca para fora, uma vez que ele continuou ministro.
E da boca para fora admitiu Queiroga, que continuou sem ser ministro.
Não
bastasse tal comportamento inédito e, convenhamos, esquisito, o fez ao longo de
uma pandemia que só bate recordes. Bateu mais um. Foi a primeira vez que em 24
horas, o número de mortes pela Covid-19 ultrapassou a casa dos 3 mil. Hoje, o
total de mortos vai atingir a marca inacreditável de 300 mil.
O
vírus já é a principal causa de óbitos no país, segundo o jornal O GLOBO.
Doenças cardiovasculares levam em média 3 dias para matar 3 mil pessoas; o
câncer, cinco dias; a violência, 19; e acidentes viários, 28. A dar-se crédito
a Bolsonaro, não passaria de uma “gripezinha” que, em dezembro, estava “no
finalzinho”.
Ignora-se,
por enquanto, o destino de Pazuello. Se não voltar a ser ministro, se não for
indicado para um cargo que lhe garanta o direito de só ser julgado pelo Supremo
Tribunal Federal, responderá a processos na primeira instância da justiça. E
qualquer juiz, de repente, poderá mandar prendê-lo.
Pense
na encrenca que seria um general, e ainda por cima da ativa, preso, mesmo que
solto depois. Bolsonaro carregará mais essa na sua folha corrida? Seu
aniversário de 66 anos foi comemorado no último domingo. Mas o inferno astral
cavado por ele não passou. Ao falar ao país, foi recepcionado com um panelaço.
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo, rejeitou a ação impetrada por Bolsonaro contra medidas de isolamento mais rígidas baixadas pelos governadores da Bahia, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. Bolsonaro disse outra vez que não deseja para ninguém o cargo que ocupa. Simples: vá pra casa, capitão!
Realmente senhor colunista, o senhor tem toda a razão quando repete ao final deste seu outro admirável texto/análise o que disse o servidor público, ora inquilino do Palácio do Planalto, sobre "não desejar para ninguém" o cargo que ocupa. Creio ser desnecessário concluir minha escrita, pois tenho que seus leitores são dotados de tirocínio, capacidade de análise e de alguma formação crítica no quesito política, para concluírem o óbvio acerca das vociferações amiúde lançadas pelo referido servidor público, ora inquilino do Palácio do Planalto.
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