A
construção do Brasil é tarefa dos brasileiros
No
excelente livro “Brasil, construtor de ruínas: Um olhar sobre o país, de Lula a
Bolsonaro” a jornalista escritora Eliane Blum escreveu que: “Como o mundo
regido pelo capital não ficaria encantado por um presidente que tornava os
ricos mais ricos e os pobres menos pobres sem precisar redistribuir a riqueza
nem ameaçar privilégios de classe?” […] “A mágica de Lula só era possível
devido ao aumento da exportação de matérias primas e movida especialmente pelo
crescimento acelerado da China”.
Outra vez é a China que está nos salvando com sua vacina, além de continuar como o grande parceiro comercial. Se não fosse a China, nossa situação sanitária estaria muito mais desesperadora. Mas quando a epidemia passar, o Brasil não estará bem, mesmo que tenha UTIs livres. Não vamos contar com a China para resolver os problemas do Brasil.
A
injeção de dólares vindos da China no período Lula permitiram aumentar a renda
e o consumo inclusive das camadas mais pobres, mas não se fez o que era preciso
para enfrentar o quadro real da pobreza: saneamento, educação de base com
qualidade universal, transporte público eficiente e confortável, garantia de
emprego, paz nas ruas. Os governos não iniciaram qualquer reforma estrutural
sobretudo na área social, a recessão, desemprego, inflação, e agora a epidemia,
desfizeram os ganhos puramente monetários e conjunturais. Sem as reformas na
educação, na saúde, na economia, a China não basta.
Estes
problemas são nossos e nos cabe enfrentar escolhendo governos que demonstrem
compromissos para resolver os problemas nacionais. Mas isto exigirá estratégias
de anos, por governos que entendam os problemas, tenham estratégias resolvê-los
e saibam coordenar e conduzir o país neste rumo.
Deste
caótico, negacionista, obtuso, antipatriota governo atual não se pode esperar
um rumo para o país. Para 2022, a tarefa é conseguir um novo governo que traga
de volta aceitação da ciência e respeito à verdade, recupere as bases da democracia,
enfrente as sequelas da epidemia, retome o prestígio do país no exterior,
proteja nossos recursos nacionais, especialmente nossas reservas florestais.
Para isto, é preciso uma unidade de todos que se opõem ao atual governo, como
foi proposto por um recente artigo assinado por Milton Seligman, Benjamin
Sicsú, Mauro Dutra. Eles propõem a unidade de todos os democratas na escolha de
um candidato único, e que este assuma o compromisso de ficar apenas um mandato,
e deixar para 2026 as disputas entre os diferentes programas e ideias para
construir o Brasil.
A
China foi decisiva para as realizações na primeira década dos anos 2.000,
graças ao Lula, está sendo decisiva com sua vacina, apesar do Bolsonaro, mas a
China não basta. A construção do Brasil é tarefa dos brasileiros, e o primeiro
passo será dos eleitores em 2022, impedindo a reeleição do atual desgoverno, um
passo anterior aos eleitores deverá ser dos líderes partidários escolhendo
candidatos que unifiquem e tenham baixa rejeição.
*Cristovam Buarque foi governador, ministro e senador
Cristovam Buarque não tem moral para falar mal de bostonaro porque ele votou a favor do impeachemant de Dilma.
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