Cloroquina é o símbolo deste governo que sempre tem falsos remédios com efeitos tóxicos para os problemas do país. O Brasil está diante de um devastador retrocesso na educação por causa da pandemia, e a proposta pela qual o governo Bolsonaro se bate é o homeschooling . O país vive uma grave crise na democracia, em parte criada por este governo, mas Bolsonaro exige a volta do voto impresso e por ele ameaça até a realização das eleições. Em vez de uma política de segurança, o projeto que tem sido posto em prática é a liberação das armas. Para o trânsito, o projeto, felizmente atenuado no Congresso, foi o da menor punição para infratores e o fim da cadeirinha das crianças. Em cada área pode-se encontrar a solução “cloroquina”, um falso remédio, que é, na verdade, um veneno.
Na
semana passada, a CPI mostrou o efeito da cloroquina na política de saúde
brasileira. Ela impede que se desenvolvam boas práticas para enfrentar a pior
pandemia em um século, passou a ser a peça central da política pública, a única
questão que mobiliza o presidente e o entorno do Palácio. Por ela, um ministro
foi demitido, outro pediu demissão, o terceiro se escondeu atrás do Exército e
o quarto engasgou. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) fez seis vezes a mesma
pergunta ao ministro Marcelo Queiroga, o senador Omar Aziz (PSD-AM), outras
duas vezes. Queiroga não conseguia desengasgar e dizer se compartilhava ou não
compartilhava da opinião do presidente sobre a cloroquina. “Apego ao cargo”,
concluiu o senador Otto Alencar (PSD-BA). O remédio usado em caso de malária e
lupus, com ineficácia comprovada para Covid-19, traz para o Brasil o pior dos
efeitos colaterais. Por causa da obsessão do presidente, o país deixou de ter
uma política de combate à pandemia. “Canalha”, disse Bolsonaro para definir
quem discorda do uso da cloroquina. Um espelho o ajudaria a encontrar um bom
destinatário para o adjetivo.
Foi
uma semana dilacerante. O país perdeu um artista querido que lotava cinemas e
teatros, que nos fazia rir em momento que tanto precisamos. Perdemos Paulo
Gustavo com 42 anos e uma vida pela frente e isso nos lembra que a morte por
Covid está ficando mais jovem. No dia mesmo em que seu corpo era cremado, o Rio
viu mais uma chacina. Jacarezinho foi palco de um horror de país em guerra. O
governador Claudio Castro disse que a operação da Policia Civil, que vitimou um
policial e 27 moradores, foi fruto de ação de inteligência. A identidade dos
moradores mortos não havia ainda sido divulgada, e o vice-presidente, Hamilton
Mourão, definiu-os como “tudo bandido”. Mais tarde, repetiu que eram todos
“marginais”. Se forem, então, podem ser executados, sem direito a um processo?
As leis brasileiras não têm pena de morte, mas para o vice-presidente pessoas
podem ser mortas, sem direito a um processo. Para completar, Mourão disse que
no Rio “é a mesma coisa que se a gente tivesse combatendo no país inimigo.
Quase a mesma coisa.”
A
solução cloroquina que ele oferece aqui é letal. Em vez de uma política de
segurança, execução em massa, suspensão do devido processo legal, e a
transformação do Rio em território inimigo. Mourão pelo visto quer mostrar a
Bolsonaro que merece continuar sendo seu vice. Compartilha dos mesmos valores.
Resta perguntar à dupla o que fazer com a milícia nesse “país inimigo”.
Durante
a semana em que a CPI exibiu uma radiografia de como o governo tem contribuído
para o aumento do contágio e das mortes por Covid-19, Bolsonaro esteve sob o
comando do filho Carlos. Para tentar desviar a atenção posta na CPI, Bolsonaro
empilhou absurdos. Ameaçou baixar um decreto autoritário, atacou o principal
parceiro comercial do Brasil e fornecedor de insumos para vacinas e disse que
pode não haver eleições, se não for aprovado e implantado o voto impresso.
Bolsonaro quer impor uma pauta estranha às urgências do país, em todas as áreas. Mais de cinco milhões de crianças e adolescentes não tiveram acesso à educação durante a pandemia, e, quanto mais pobre, menos o aluno está aprendendo. Estamos vivendo uma tragédia que recai sobre uma geração inteira de estudantes. Mas a solução cloroquina é permitir que um grupo de fanáticos tenha o direito de aprisionar a cabeça dos filhos numa educação medieval, que elimina a escola. Assim é o governo Bolsonaro. Tóxico.
"Durante a semana em que a CPI exibiu uma radiografia de como o governo tem contribuído para o aumento do contágio e das mortes por Covid-19, Bolsonaro esteve sob o comando do filho Carlos. Para tentar desviar a atenção posta na CPI, Bolsonaro empilhou absurdos..."
ResponderExcluiracrescento eu:
E acho tempo para passear do moto com o Véio da Havan.