sexta-feira, 4 de junho de 2021

Ricardo Noblat - Desta vez, a bomba estourou no colo de um general

- Blog do Noblat / Metrópoles

Atentado aos valores mais cultuados pelo Exército tem um culpado: o próprio comandante da Arma, o general Paulo Sérgio Noronha

Era quinta-feira, 30 de abril de 1981, quando por volta das 21h30 a redação da Veja, em São Paulo, onde eu trabalhava como editor-assistente de política, foi sacudida pela notícia de que uma ou mais bombas haviam estourado no Riocentro, no Rio, onde um show de música celebrava a chegada do 1º de Maio, Dia do Trabalho.

Quinta e sexta-feira eram dias geralmente nervosos de fechamento da revista que começava a ser impressa na madrugada do sábado para começar a ser distribuída depois do meio-dia. Dali a mais uma hora, já se sabia que duas pessoas saíram feridas, e antes da meia noite, que eram militares, passageiros de um carro.

Uma das bombas estourou na miniestação elétrica que fornecia energia ao local. A outra, no colo do sargento do Exército Guilherme Pereira do Rosário que morreu na hora. Ao seu lado, no lugar reservado ao motorista, estava o capitão do Exército Wilson Dias Machado, removido para um hospital gravemente ferido.

Fora um atentado terrorista, mais um cometido por militares naquele ano, que seria atribuído pelo Exército a organizações de esquerda que lutavam com armas nas mãos contra a ditadura militar de 64. Dias Machado sobreviveu e hoje mora em Brasília. Nem ele e nem ninguém jamais foi punido pelo que aconteceu.

Atentou-se, ontem, contra os valores mais cultuados pelo Exército – a disciplina, a hierarquia, seus códigos internos, e desta vez a bomba estourou no colo de um general, Paulo Sérgio Noronha, Comandante da Arma, que se negou a punir outro general, Eduardo Pazuello, cupincha do presidente Jair Bolsonaro.

Noronha tinha apoio da maioria dos seus colegas do Estado Maior do Exército para aplicar uma pena severa a Pazuello que, como general da ativa, não poderia participar de manifestação político-partidária. Por que não o fez? Porque concluiu que Bolsonaro anularia seu ato, enfraquecendo-o ou provocando sua renúncia.

Ele pode até manter-se como comandante, mas um comandante fraco, que emporcalhou a própria imagem e desmoralizou o Exército. Por muito tempo ainda ecoará o barulho da bomba que Noronha preferiu abraçar. Nunca mais será o general que tanto se esforçou para construir uma biografia a salvo de pecados.

Mandetta, de mudança para o Rio de Janeiro

A política no Mato Grosso do Sul está congestionada demais para o ex-ministro da Saúde. No Rio, mora uma de suas filhas

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta ainda evita a admitir em público que planeja transferir seu título eleitoral do Mato Grosso do Sul, onde se elegeu deputado federal, para o Rio de Janeiro.

Mas é de fato o que poderá fazer para ser candidato pelo DEM a presidente da República, ou a governador do Rio, ou a senador, ou até mesmo a deputado federal outra vez.

A política do Mato Grosso do Sul está congestionada. Ali, mandam os Trad – Nelsinho, senador, Fábio, deputado federal, e Marquinhos, prefeito de Campo Grande.

São filhos do ex-deputado federal Nelson Trad. Mandetta é primo deles, o que não lhe assegura automaticamente o apoio da família. O Rio costuma ser terra de ninguém e gosta de novidades.

 

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