O Estado de S. Paulo
A questão central para a eleição
presidencial de 2022 é se o tempo contará a favor ou contra Bolsonaro e Lula.
O presidente Jair Bolsonaro vai afundando
em denúncias e investigações na CPI da Covid, no Supremo, no Ministério Público
e na Polícia Federal e passa a conviver com manifestações nas ruas do País e
uma lista robusta de pedidos de impeachment. Porém, muita água ainda vai rolar
e a questão é se o tempo conta a favor ou contra Bolsonaro.
Para a oposição, cada vez mais ampliada e
ativa, Bolsonaro exagerou no seu negacionismo tacanho na pandemia, desdenhou
das agora mais de 520 mil mortes, disseminou a ameaça de golpe e se perdeu num
caminho sem volta.
Quanto mais o tempo passa e a CPI avança, mais demolidor será o arsenal de notícias e denúncias. A economia, com desemprego desesperador, não vai zerar a conta.
No cálculo da oposição, o melhor momento da
recuperação da economia é 2021, porque a base é muito baixa e infla o índice,
mas ainda assim essa recuperação é lenta e deve ser ainda mais lenta em 2022.
Além disso, o PIB é um dado subjetivo e o que pesa eleitoralmente são inflação,
que está acima da meta; juros, que bateram no menor índice da história, mas já
voltaram a subir e vão continuar subindo; e o desemprego, desesperador e
resiliente.
Já para o governo e os bolsonaristas, cada
vez mais restritos e belicosos, o tempo conta a favor de Bolsonaro. A pandemia
está passando. A recuperação econômica é frágil, mas é melhor do que o mercado
previa e a Bolsa já recebeu R$ 48 bilhões de capital estrangeiro. Bolsonaro,
que não dá a mínima para as contas públicas, vai despejar milhões, ou bilhões,
em bolsões estratégicos do eleitorado (policiais, evangélicos, mais pobres...)
E o fantasma do PT ainda é forte cabo eleitoral de Bolsonaro.
No cálculo governista, a questão chave é
vacina. Todo o desgaste está concentrado em 2021, com as mortes, a confirmação
do quanto Bolsonaro vetou a Coronavac e as revelações de como ele e seu governo
desprezaram a Pfizer e só contrataram o mínimo do consórcio Covax Facility, mas
correram alegremente atrás de vacinas mequetrefes, de origem estranha,
personagens estranhos, empresas estranhas e preços estratosféricos.
Para os bolsonaristas, “daqui pra frente,
tudo será diferente”, como canta Roberto Carlos. A vacinação completa, que
neste julho mal atinge 13% dos brasileiros, terá avançado muito e deverá chegar
a 2022 com 70% da população imunizada, impactando positivamente o humor
nacional, o número de mortes, a economia, os serviços e os empregos na “hora certa”.
A oposição focará nos erros evidentes, o governo tentará capitalizar os
resultados.
Falta combinar com dois adversários: a
variante Delta, que se alastra pelo mundo e é mais contagiosa, e Jair
Bolsonaro, que capricha em gol contra. Enquanto a oposição centra fogo no
desastre criminoso e documentado da contratação de vacinas, a saída óbvia de
Bolsonaro é atrair para ele o avanço da imunização.
Ele, porém, insiste até hoje em atacar a
Coronavac. Não fosse ela, a vacinação no Brasil teria começado muito tempo
depois e ainda mais gente morreria. Há dúvidas, também, se o tempo corre a
favor ou contra o ex-presidente Lula. Mesmo que Bolsonaro continue se
deteriorando, as condições dele igualmente tendem a piorar. Até aqui, Lula é
beneficiado por decisões do Supremo e por estar fora do foco. Quando a campanha
esquentar, volta tudo de novo, com força: junto com os inegáveis méritos dos
governos Lula, voltam Dilma Rousseff, mensalão, petrolão, fundos de pensão...
O pau quebra mesmo quando a eleição vai para as ruas, a TV e os algoritmos na internet. Bolsonaro e Lula já são vidraças e haverá estilhaços para todo lado, o que estimula, mas ainda não se configura, a tão esperada terceira via. Espaço há, mas falta o principal: quem, e com quem?
Eduardo Leite é a 3 via Viável
ResponderExcluirMostrou Coragem que os Verdadeiros Líderes e competência política e administrativa como governador do RS e prefeito de Pelotas