quarta-feira, 7 de julho de 2021

Ricardo Noblat - A vida não está fácil para Barros, líder do governo na Câmara

Blog do Noblat / Metrópoles

Negócios passados e presentes deixam mal o deputado que irá depor à CPI da Covid-19

Quanto mais vira e mexe pior fica a descoberta feita pela CPI da Covid-19 de que o Ministério da Saúde virou um balcão de negócios sujos na compra de vacinas para combater a pandemia e encher de dinheiro o bolso ainda não se sabe de quem ao certo.

O Ministério da Saúde, segundo a Folha de São Paulo, apontou que o mesmo grupo empresarial que vendeu a vacina indiana Covaxin havia enganado o governo federal em um negócio de R$ 20 milhões feito em 2017 por medicamentos jamais entregues.

O que liga o passado ao presente: o contrato foi firmado com a empresa Global Gestão em Saúde, sócia da Precisa Medicamentos, quando o ministro era Ricardo Barros, hoje deputado (PP-PR) e líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara.

Em 2019, quando cobrava a devolução da verba, o ministério afirmou que a Global havia usado “expedientes procrastinatórios e obscuros” e induzido o governo a acreditar que os medicamentos seriam entregues. Só R$ 2,8 milhões foram ressarcidos até hoje.

Barros diz ser inocente, mas está sem sorte. A Receita Federal o acusa de ter montado uma “engenharia” com empresas para simular operações financeiras e não ter comprovado a origem de depósitos bancários que somam R$ 2,2 milhões, de 2013 a 2015.

O fisco impôs a Barros uma multa de 150% sobre o valor do imposto devido, índice que é aplicado em casos de sonegação, fraude ou conluio. A cobrança contra ele, que inclui juros de mora, totaliza R$ 3,7 milhões. A Polícia Federal abriu inquérito.

Suspeita-se da prática de lavagem de dinheiro decorrente de corrupção, ante “o grande volume de valores não justificados, em sua maioria em espécie, depositados na conta corrente do investigado”.

Foi Bolsonaro quem, recentemente, pôs o nome de Barros na roda de moer reputações. Em conversa com os irmãos Miranda, ao ser informado sobre a compra superfaturada da Covaxin, ele disse que por trás de tudo poderia estar Barros. A vida dele não está fácil.

O que têm em comum as pesquisas sobre as eleições do ano que vem

Lula vence, a rejeição a Bolsonaro bate recordes, mas é bom lembrar que ainda faltam 16 meses até lá

Lembre-se que pesquisa de intenção de voto é um retrato do momento, que ainda faltam 16 meses para a eleição presidencial do ano que vem, e que nem sequer todos os possíveis candidatos foram lançados, etc. e tal. Posto isso, e uma vez que rara é a semana sem pesquisa desde janeiro último, o que elas têm em comum?

Primeiro, que Lula venceria Jair Bolsonaro se a eleição fosse hoje. Segundo, que ele poderia ser eleito ainda no primeiro turno. Terceiro, que Bolsonaro está ladeira abaixo em termos de aprovação, e não somente ele, mas seu governo também. Quarto, que haveria espaço para um candidato “nem nem”.

Candidato nem Lula nem Bolsonaro. É por essa brecha que o governador gay, e não o gay governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), pretende infiltrar-se. Ele está em alta dentro do seu partido, quando nada porque João Doria (PSDB-SP) é outra unanimidade das pesquisas: não consegue sair do chão.

Nas últimas 48 horas, vieram à luz mais duas pesquisas que ouviram brasileiros em todo o país. A da CNT/MDA revelou que 44,3% dos entrevistados classificam como ruins ou péssimas as opções de candidatos disponíveis numa lista com os nomes de Lula, Bolsonaro, Doria, Ciro, Sérgio Moro e Henrique Mandetta.

Bolsonaro é o campeão de rejeição. Seis em cada 10 eleitores afirmam que não votariam nele de jeito nenhum. Seu desempenho como presidente no combate à pandemia é desaprovado por 62,5% dos entrevistados. Para 45,1%, o mais importante é que Bolsonaro não seja reeleito. Sua base de eleitores fiéis é de 22,8%.

A rejeição a Lula é 17 pontos percentuais menor que a de Bolsonaro. Doria é caso a parte. O pai da vacina, como ele gosta de ser chamado, amarga uma rejeição de 57,9%, só abaixo da de Bolsonaro, e bem acima da de Lula. A rejeição a Moro é de 56,7%; a Mandetta, de 51,5%; e a Ciro, de 52,4%.

Pesquisa Ipsos confere que Bolsonaro dificilmente seguirá no Planalto em um eventual segundo turno das eleições. Contra Lula, ele perderia de 58% a 25%. Votos brancos e nulos somam 13% e os entrevistados que não responderam são 4%. Lula derrotaria Moro (57% a 20%), Ciro (57% a 14%) e Mandetta (60% a 12%)

Moro derrotaria Bolsonaro no segundo turno (29% a 27%). Ciro Gomes derrotaria Bolsonaro (30% a 29%). Bolsonaro venceria Mandetta (29% a 24%). Enquanto 59% dos entrevistados disseram que não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro, 33% disseram a mesma coisa em relação a Lula.

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