Folha de S. Paulo
O corno bolsonarista não recebe nada em
troca por sua fidelidade bovina
O Brasil é um país de cornos. E não me
refiro ao histórico conjugal do presidente. Refiro-me ao corno de político, e
esse merece toda traição. O pior tipo de chifrudo. Aquele que é usado,
enganado, descobre a traição, vê as provas, uma, duas, três vezes e bota a
culpa no mensageiro.
Escrevi isso em 2017, mas não poderia ser
mais atual. O corno bolsonarista, no entanto, consegue se submeter aos piores
tipos de humilhação sem receber nada em troca por sua fidelidade bovina.
Milhares de pessoas foram às ruas defender o quê? Um governo incompetente e um
presidente golpista, responsáveis por inflação alta, gasolina cara, luz
elétrica com bandeira vermelha, desemprego, fome, crise sanitária e política.
O corno bolsonarista levou semanas se preparando para que seu grande líder desse o tal grito de independência no 7 de setembro —seja lá o que isso signifique— e só ouviu seu presidente falando sobre ele mesmo: não serei preso. Nenhuma palavra sobre o país, sobre as questões que são de interesse do povo. É tudo sobre ele. Sobre Jair. Sobre ser perseguido, sobre ser o escolhido, sobre ser a salvação do corno. O corno aplaude.
E o corno é fiel. Nenhuma surpresa de que
Brasília não enchesse a Esplanada, mas que a Paulista impressionaria.
A aprovação a Jair Bolsonaro, verificada por pesquisas, é suficiente para
encher algumas quadras. Apesar de o corno bolsonarista falar grosso, não houve
violência, ministros presos ou golpe. Mas o fato é que a Constituição continua
sendo asfixiada pela agenda antidemocrática do presidente.
O que não deixa de ser irônico é que uma
das imagens emblemáticas das manifestações desta terça (7) seja a de uma piroca
flácida. O corno bolsonarista, tão zeloso de sua masculinidade, mirou no
formato de uma bala de revólver para demonstrar seu patriotismo e sua
virilidade e acertou no que mais representa este governo meia bomba.
Povo sem noção, ESTÚPIDO e ANALFABETO POLÍTICO ... O Brasil não tem solução em curto e médio prazos ... Tem que começar do zero
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