sábado, 2 de outubro de 2021

Alvaro Costa e Silva - Steve Bannon, o comparsa

Folha de S. Paulo

Para quem expõe a população à morte, melar as eleições não será nada de mais

Os bandidos da velha Hollywood que depois de aplicar seus golpes fugiam para o Brasil em busca de praias paradisíacas e água de coco no canudinho tinham mais dignidade. Charme, então, nem se fala. Em "O Mistério da Torre" (1951), Alec Guinness faz o bancário que rouba um carregamento de ouro e voa para o Rio. James Mason, em "Cinco Dedos" (1952), é o funcionário da embaixada britânica que vende segredos de guerra e planeja se esconder aqui. Na vida real, Ronald Biggs assaltou um trem pagador de modo espetacular, como só se vê no cinema. Ao lado da mulher cearense, contando vantagem num boteco de Santa Teresa, Biggs era o típico gringo acariocado.

Como compará-los a Steve Bannon, o comparsa do deputado Eduardo Bolsonaro? Até para um filme noir dos anos 40 a figura dele é desprezível demais.

Cabelo seboso, barba por fazer, pançudo, cara de bebum, Bannon troca figurinhas com o filho 03 desde 2018. Tudo o que Bolsonaro copiou e tenta copiar de Trump —atacar as instituições e a imprensa, disseminar fake news, desconsiderar a gravidade da pandemia, questionar a lisura do voto— saiu da cabeça de Bannon, que admitiu ter planejado a invasão do Capitólio para impedir que Joe Biden assumisse a Presidência.

Preso sob acusação de fraude por sumir com o dinheiro arrecadado para levantar o muro entre os EUA e o México, Bannon pagou fiança de US$ 5 milhões e desde então tem apostado tudo no Brasil. Provavelmente está em seus planos construir um bunker no interior de Santa Catarina ou Mato Grosso do Sul.

Aqueles que engoliram a versão Bolsonaro após o Sete de Setembro devem acreditar que teremos um país sem sobressaltos em 2022. Pois sim. Quem deliberadamente expôs a população à morte a fim de manter a economia funcionando --na base do "óbito é alta"-- não irá se segurar na hora de promover desordens para melar as eleições.

 

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