O Globo
Não há mais a menor dúvida de que o
surgimento de Sergio Moro como pré-candidato à Presidência da República pelo
Podemos provocou, no mínimo, um toque de alerta nos até agora favoritos, o ex-
presidente Lula e o presidente Bolsonaro. Os dois se preparam para lutar entre
si, cada um achando que o outro é o adversário mais fácil de ser derrotado.
Basta ver que tanto petistas quanto bolsonaristas escolheram Moro como alvo
principal da campanha que finge não ter começado ainda, mas está a pleno vapor,
comendo etapas num processo acelerado. O PT começou um movimento para garantir
a eleição de Lula no primeiro turno, igualando Moro a Bolsonaro, e aí mora o
perigo.
Moro virou herói de milhões de brasileiros ao lutar contra a corrupção
institucionalizada, enfrentando os poderosos da época, leia-se Lula e o PT.
Para esses, Moro como juiz construiu sua reputação e realizou sua grande obra,
a Operação Lava-Jato. Com a publicação de seu livro e as várias entrevistas que
tem dado, Moro já se mostrou disposto a encarar o grande desafio de enfrentar a
campanha de desmoralização que foi armada contra ele, “com Supremo, com tudo”,
como pregava o ex-líder de todos os governos Romero Jucá.
Como mostram também as pesquisas de opinião, há um grande contingente de
eleitores que não compraram a narrativa de que houve injustiça contra o
ex-presidente Lula e de que o então juiz Moro foi parcial nos julgamentos. A
campanha se encarregará de relembrar os acontecimentos. Caberá a ele confirmar
a fidelidade desses que empolgou como juiz e agora busca cativar como
candidato. Há uma grande variedade, entretanto, nesse nicho em que Moro terá de
buscar votos.
Há os que estão desenganados pela atuação de Bolsonaro, que recuou em todos os
compromissos assumidos de combate à corrupção; há os que votaram contra o PT, e
não a favor de Bolsonaro, e hoje estão abertos a uma alternativa que veste bem
em Moro; há as viúvas do PSDB original, sem alternativa a esta altura, que
levam em consideração até mesmo votar em Lula contra Bolsonaro; e há os que
gostariam de ver em Moro um Bolsonaro 2.0, a versão original do justiceiro que
elegeram em 2018 e depois se entregou ao Centrão.
Há ainda eleitores que sempre votaram no PSDB porque não havia alternativa
eleitoralmente viável mais à direita, liberal-conservadora, e preferem votar em
Bolsonaro a apoiar um candidato simpático a ideias que consideram de esquerda,
como as políticas identitárias. Mas nunca confiaram realmente nos tucanos como
adversários do petismo e, como o ministro Paulo Guedes diz, os consideram
sociais-democratas da mesma linhagem dos petistas.
“Será que, como político, veremos a mesma coragem e coerência do juiz?”,
perguntam-se alguns. Muitos não veem em Moro a capacidade política de enfrentar
em vantagem Lula e o PT, ficam em dúvida ao constatar o que classificam de
“timidez” diante daqueles que, no Supremo e na Procuradoria-Geral da República,
trabalharam para desfazer sua obra e conspurcar sua biografia.
Para esse grupo, se o candidato Moro espera efetivamente conquistar um espaço
político na centro-direita capaz de lhe alçar ao segundo turno, terá de
demonstrar, com ênfase, sua indignação contra os que envergonharam a Justiça
brasileira. As manifestações do 7 de Setembro, que acobertaram uma clara
tentativa de golpe autoritário contra o Supremo, que se contrapunha à
distribuição em massa de fake news e aos avanços de grupos autoritários sobre a
democracia instigados por Bolsonaro, tinham como bandeiras principais, na
definição desse nicho direitista, a defesa da liberdade de expressão e críticas
a ações que consideravam eticamente vexaminosas e autoritárias do Supremo.
Se o candidato Moro se dispuser a vestir a fantasia de Bolsonaro 2.0, poderá
tirar eleitores do presidente, mas pode também se confundir com os extremistas.
Para avançar no campo da centro-direita, terá de se contrapor ao Bolsonaro de
2022 e reafirmar compromissos que foram abandonados por ele em 2018. Terá de
trilhar esse caminho delicado com o cuidado de um equilibrista. Coisa de quem
tira a meia sem tirar o sapato, como se diz de políticos hábeis.
Desde quando você vira heroi por prender pessoas sem provas concretas e ainda prejudicar a economia de um país.
ResponderExcluirVamos dizer que tudo que ele disse fosse verdade, ele não passaria de um juíz fazendo seu serviço, seu trabalho, ele ganha pra isso, o que não o torna um heroi.
Moro é apenas uma reles pessoa que manipulou a mídia para chegar a cadeira de presidente. Vocês sabem o nome disso muito bem. Napolião, Júlio Cesar, hitler, etc.