sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

O que pensa a mídia: Editoriais / Opiniões

EDITORIAIS

Golpismo derrotado

Folha de S. Paulo

Arquitetura da democracia resiste a Bolsonaro; cumpre proteger setores cruciais

Encerra-se um ano particularmente tumultuoso na política nacional, sobretudo pelo comportamento anômalo do presidente da República. Apesar dos percalços e da dissipação de energia cívica, a arquitetura da democracia brasileira resistiu ao golpismo aloprado.

O apogeu da cavalgada autoritária aconteceu nas manifestações do Dia da Independência, mas ela foi desmoralizada em menos de 48 horas por ausência de materialidade.

Jair Bolsonaro ameaçou o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, com algo que nem soube enunciar —porque não há nada que o chefe de Estado possa fazer contra a autonomia de um Poder sob a Constituição de 1988.

Atiçou a massa de fanáticos com mentiras sobre a urna eletrônica e com bravatas sobre sair morto do Palácio do Planalto. As eleições de 2022 ocorrerão normalmente sob a égide das urnas eletrônicas, e Bolsonaro sairá da sede do governo derrotado, não martirizado, caso falhe a tentativa de reeleger-se, como hoje apontam as pesquisas.

Ao final da epifania restou uma chusma de caminhoneiros dispostos a sabotar os canais de abastecimento de 214 milhões de brasileiros. Até Bolsonaro percebeu que deixá-los agir seria abrir caminho para a anarquia e o impeachment.

Assim terminou o devaneio autocrático que só a lunáticos pareceu fazer sentido. Restou a face real de Bolsonaro, a de um presidente que não sabe e não quer governar.

A súbita elevação de um deputado patrono de corporativismos, insolente e inepto ao posto de dirigente político máximo dá-se bem a ver nas imagens finais de 2021. Enquanto uma catástrofe humanitária ocorria no sul da Bahia, castigado por inundações e deslizamentos em decorrência de fortíssimas tempestades, o presidente passeava de jet ski em Santa Catarina.

Se gasta seu tempo com assuntos de interesse geral, é para obstruir, com alegações de profunda ignorância científica, a urgentíssima vacinação de crianças contra a Covid, num quadro de nova escalada mundial das infecções.

A aventura de Jair Bolsonaro, que felizmente parece encaminhar-se para seu ocaso, deixa evidenciada a fortaleza dos pilares da democracia brasileira diante do teste mais desafiador sob esta Constituição.

Esse trauma político também deveria incentivar iniciativas reformistas para evitar que áreas cruciais da política pública, como saúde, educação, proteção aos vulneráveis e ao ambiente, fiquem à mercê de piromaníacos eventuais.

Do mesmo modo que o país soube proteger a gestão da moeda de apetites imediatistas de governantes, há de conseguir blindar o futuro de suas crianças e o bem-estar de sua população dos saqueadores e dos que bailam com a morte.

Imprensa na mira

Folha de S. Paulo

Não surpreende que regimes autoritários liderem recorde de jornalistas preso

O ano de 2021 chega ao fim com um dado sombrio para o jornalismo independente e crítico. Nunca tantos profissionais de imprensa estiveram presos em razão de seu ofício, aponta o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ, na sigla inglesa), organização que há três décadas produz esse levantamento.

Segundo o relatório do CPJ, pelo menos 293 jornalistas encontram-se encarcerados em todo o mundo, 13 a mais do que em 2020. Além disso, outros 24 terminaram mortos —19 deles em retaliação ao trabalho que desenvolviam.

A maior parte das detenções, não surpreende, concentra-se em ditaduras ou países de extração autoritária. Para se manterem no poder e não serem questionados, autocratas não hesitam em tentar controlar e manipular aquilo que é dito e escrito pela imprensa.

O primeiro posto é ocupado pela China, com o recorde de 50 profissionais presos no ano passado. A cifra computa 8 jornalistas detidos em Hong Kong, território que vem conhecendo um avanço expressivo da repressão e da censura devido a uma nova lei de segurança nacional imposta por Pequim.

Foi se valendo desse draconiano diploma que o regime de Xi Jinping conseguiu prender, no ano passado, o magnata da mídia Jimmy Lai e fechar seu popular tabloide honconguês, o Apple Daily.

No segundo lugar da lista figura Mianmar, que prendeu ao menos 26 jornalistas após um golpe de Estado. Em seguida aparecem Egito, Vietnã e Belarus.

O Brasil também está presente na lista —em março, o jornalista esportivo Paulo Cezar de Andrade Prado foi condenado a cinco meses de prisão em regime semiaberto por difamação.

O país também conheceu uma série de outras formas de agressão à prática jornalística, por meio do uso da agora extinta Lei de Segurança Nacional, de tentativas de assédio judicial, de pressão sobre anunciantes ou de declarações hostis de autoridades —a começar pelo presidente da República.

Segundo levantamento da Agência Lupa, Jair Bolsonaro atacou a imprensa em nada menos que 42 das 49 lives de 2021.

São inegáveis erros e mesmo abusos no trabalho cotidiano dos inúmeros veículos e profissionais de imprensa, no Brasil e no restante do mundo. Entretanto não é esse o alvo do roteiro autoritário, que simplesmente busca rebaixar a função jornalística, pespegando-lhe a pecha de inimiga.

As mídias sociais e o futuro da democracia

O Estado de S. Paulo.

Especialistas se dividem entre os efeitos benéficos e maléficos do espaço virtual. O certo é que ele precisará de alguma forma de regulação

O espaço público virtual precisa de alguma regulação. É a única alternativa à anarquia.

Boa parte das angústias das pessoas que se preocupam com o futuro da democracia advém do impacto dos espaços digitais sobre o tecido social e a capacidade de deliberação dos cidadãos. A invasão do Capitólio nos Estados Unidos tornou-se um ícone dos efeitos deletérios da desinformação e dos discursos tóxicos, intensificando a apreensão sobre o papel das redes sociais.

Neste contexto, o Pew Research Center inquiriu mais de 800 inovadores, executivos, gestores e pesquisadores do campo da tecnologia a propósito do futuro dos espaços digitais e seu papel na democracia. A grande maioria (70%) acredita que a revolução digital tem em igual medida aspectos positivos e negativos; 18% veem uma predominância dos negativos; e 10% dos positivos. Perguntados se, num arco de 15 anos, os espaços digitais serão ou não utilizados de maneira que servirão significativamente ao bem comum, 61% afirmaram que sim e 39%, que não.

Os pessimistas apontam que as fragilidades e perversidades humanas tendem a se amplificar com as novas tecnologias. Humanos são autocentrados e têm a visão curta; logo, são fáceis de manipular. Muitos temem que as instituições humanas não sejam capazes de acompanhar o ritmo e a complexidade das comunicações digitais. Alguns preveem mesmo uma espiral distópica com os avanços na Inteligência Artificial, hipervigilância, a “dataficação” de cada aspecto da vida ou engenharias comportamentais abastecidas pelo autoritarismo e magnificadas pela desinformação.

É um dado que, para maximizar os lucros, os atuais algoritmos das mídias sociais são programados para acelerar o engajamento dos usuários. O problema é que, mais ou menos deliberadamente, eles acabam favorecendo meios de engajamento eficazes, mas socialmente destrutivos, como o extremismo, o ódio e a mentira.

Diante disso, os otimistas ancoram suas melhores esperanças no redesenho dos algoritmos a fim de qualificar a interação dos indivíduos e robustecer o debate democrático. Há um anseio difuso por uma regulação que promova o discurso cívico e reprima a desinformação. Mas ele se depara com a questão crucial: quem seria responsável pelos critérios e sua execução: os governos? As próprias mídias? Os usuários?

Para muitos, o Estado, por meio de uma combinação de regulação e pressões brandas, teria o papel de induzir as empresas de tecnologia a adotar comportamentos mais éticos. Alguns apontam que, como em todos os avanços anteriores na comunicação humana, após um primeiro momento disruptivo, o letramento digital e a familiaridade com os aspectos mais tenebrosos da tecnologia trarão naturalmente melhoras.

Entre as propostas que têm sido aventadas para redesenhar o ambiente digital estão a introdução de mais competição no ecossistema de informações por meio de softwares que permitam às pessoas escolher algoritmos que priorizem conteúdos conforme seus padrões editoriais; sistemas eletivos online que favoreçam consensos ao invés da polarização entre grupos partidários; uma Declaração dos Direitos da Internet que permita uma soberania individual, garantindo o anonimato a cada pessoa, mas erradicando robôs; ou sistemas de comunicação construtivos que reduzam a voltagem do ódio e concilie divisões.

É possível apontar fragilidades e riscos em cada uma dessas estratégias. Possivelmente, o melhor caminho será uma combinação de todas – de maneira que as virtudes de umas compensem os vícios de outras –, orientada pelo princípio da subsidiariedade, ou seja, a primazia da regulação sobre o conteúdo caberia ao usuário e, subsidiariamente, às outras autoridades, das menos às mais centralizadas: as próprias mídias, os governos nacionais e, por fim, uma governança global.

O que parece incontroverso é que, tal como o espaço público físico, o virtual precisa de alguma regulação. É a única alternativa à anarquia. E se essa regulação não for implementada pela coletividade conforme os princípios e métodos democráticos, a história sugere que inevitavelmente o será conforme as ambições autocráticas ou plutocráticas de uns poucos.

A política precisa dos mais jovens

O Estado de S. Paulo.

A má qualidade do debate político, marcado pelo ódio ao diferente, tem afastado muitos jovens da política. É preciso resgatá-los

A um primeiro olhar, a grande presença dos jovens nas redes sociais, muitos pertencentes à chamada geração nativa digital, deveria servir para aproximá-los da política. Afinal, há um bom tempo, aplicativos como Facebook, Twitter, TikTok e Instagram, por exemplo, deixaram de estar voltados quase exclusivamente ao entretenimento e às relações pessoais para se converterem nos espaços públicos onde o debate político se dá de forma mais intensa e direta.

O que é aferido por pesquisas recentes, no entanto, é um movimento diametralmente oposto, e muito preocupante. Sem regulação pelo poder público das empresas de tecnologia por trás das redes sociais ou moderação efetiva do conteúdo de ódio e desinformação que circula por meio dos aplicativos, a virulência das discussões políticas e a disseminação de mentiras têm afastado os jovens de um debate que eles reconhecem dizer-lhes respeito, mas no qual muitos não se sentem à vontade para se engajar. Trata-se de algo extremamente ruim para qualquer país democrático, mas em particular para o Brasil, pois há quase uma década o País está aprisionado por uma cisão social que interdita o diálogo racional em torno de propostas para resolver mazelas históricas e projetar um futuro mais auspicioso para aqueles mesmos jovens.

A fim de entender as razões do afastamento de muitos jovens de 15 a 25 anos da política e, sobretudo, pensar em soluções para atraí-los para o bom debate político, a 11.ª turma do Curso Estadão de Jornalismo Econômico, em parceria com a Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas/São Paulo, criou o Pirililili, projeto de educação política voltado primordialmente aos adolescentes que votarão pela primeira vez. Os jornalistas do projeto Pirililili criaram uma enquete digital, à qual 604 adolescentes e jovens de todas as regiões do País responderam. Depois, foram abertos grupos de discussão pelo Zoom. Ao final do processo, foram realizadas entrevistas individuais. A maioria dos respondentes tinha 16 anos, idade em que o voto é facultativo. Mais da metade deles (54%), no entanto, afirmou que irá às urnas no ano que vem. Para 58%, “o voto é uma chance de mudar o futuro”.

A bem da verdade, embora indiquem maioria, ainda são porcentuais baixos. Tanto um resultado como outro devem servir de alerta para a necessidade de qualificação da educação política no Brasil e, em especial, para a qualificação do debate político travado nas redes sociais. Uma coisa depende essencialmente da outra. É difícil imaginar que as empresas de tecnologia mudarão a estrutura de seus algoritmos por boa vontade e espírito público. Há um sem-número de estudos mostrando que a polarização política extremada e mensagens de ódio e desinformação aumentam o tempo de permanência dos usuários nas redes, o que significa muito dinheiro para as Big Techs. Logo, o melhor antídoto para esse veneno é a educação digital dos cidadãos.

Cerca de 25% dos jovens ouvidos pelo Pirililili afirmaram se incomodar com o clima de “brigas e polarização” que marca o debate político nas redes sociais. Na idade em que a aceitação pelos pares e o pertencimento são críticos, muitos desses adolescentes manifestaram receio em se posicionar politicamente temendo ser vítimas de bullying ou da famigerada “cultura do cancelamento”, uma espécie de linchamento virtual. Um dos jovens de 16 anos que participaram da pesquisa, declarando-se alinhado ao centro-direita, disse ser tachado de “comunista” quando reconhece publicamente o “mérito de uma política de esquerda”. Outra participante, de 19 anos, classificou como “terrível” a polarização política extremada. De fato é. Pesquisa similar realizada pelo Ipec apurou que o medo do “cancelamento” foi o motivo alegado por 59% dos jovens entrevistados para evitar a participação no debate político nas redes sociais.

Os jovens querem participar da política. Isso precisa ser estimulado. Mas, hoje, a má qualidade do debate os repele. É preciso combater o ódio e resgatar consensos mínimos, como o respeito a visões de mundo e valores diferentes. E só a política pode servir à concertação civilizada entre eles.

País precisa acabar em definitivo com os lixões a céu aberto

O Globo

A pandemia que escancarou a desigualdade, sobrecarregou o Sistema Único de Saúde e aumentou a pobreza agravou outro problema crônico brasileiro: a destinação do lixo. Segundo relatório divulgado no início de dezembro pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a geração de resíduos sólidos aumentou 4% entre 2020 e 2021, chegando a 82,5 milhões de toneladas por ano. Entre outras razões, porque os brasileiros ficaram mais em casa, substituindo o consumo em restaurantes pela entrega domiciliar. Nos cinco anos anteriores, o aumento tinha sido em média de 1%.

Isso não seria tão dramático se quase 40% dos resíduos não fossem encaminhados inadequadamente a aterros sem controle ou lixões a céu aberto. São 30,3 milhões de toneladas, capazes de encher 765 estádios do Maracanã, causando prejuízo à saúde de 77,5 milhões de pessoas, segundo o “Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2021”.

O relatório da Abrelpe destaca que houve avanços, mas admite que dificilmente será alcançada em 2024 a meta de acabar com os lixões, substituindo-os por aterros sanitários, conforme determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Não será a primeira nem a última meta descumprida no Brasil, mas vale ressaltar que ela já deveria ter sido alcançada em 2014. Trata-se de adiamento de dez anos para algo urgente.

Os lixões causam estragos de toda ordem. Contribuem para o aquecimento global ao emitir metano, tornando ainda mais difícil para o Brasil cumprir o compromisso, assumido com mais de cem países na COP26, de reduzir as emissões do gás em 30% até 2030. Aterros também produzem o gás, mas são um avanço porque boa parte tem sistema de captação e aproveitamento, em que as emissões são mitigadas.

A decomposição dos resíduos deixados nos lixões sem o devido tratamento também atinge o solo e os lençóis subterrâneos de água. O vazamento de chorume e a ausência de captura de gases poluentes facilitam a reprodução de insetos transmissores de doenças.

Ao contaminar a água, os resíduos, sejam eles oriundos de domicílios ou de atividades industriais, acabam encarecendo projetos de despoluição de rios e do mar, que podem se tornar inviáveis.

Os prejuízos sociais são imensos. É degradante ver nos lixões catadores dividindo espaço com ratos e urubus. Em vez disso, deveriam estar praticando a coleta seletiva dentro de critérios de salubridade, gerando renda sem pôr a própria saúde em risco.

Responsáveis pela coleta e destinação de lixo, os municípios alegam falta de dinheiro para investir em aterros sanitários. Mas, ao agir assim, agravam a própria crise financeira, já que o gasto com saúde aumenta.

Cenas como a de Gabriel da Silva, de 12 anos, que achou uma árvore de Natal ao revirar um lixão no município de Pinheiro, no Maranhão, deveriam ser parte do passado. Pelo jeito, o drama captado pela foto de João Paulo Guimarães, que viralizou nas redes sociais e comoveu o país, não terá terminado em 2024. E a solução não pode ser adiada mais uma vez.

Líder chinês encaminha terceiro mandato em 2022 de olho nos EUA

O Globo

O ano de 2022 deverá ser histórico para o líder chinês Xi Jinping. Já em fevereiro acontecem os Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim, sob o boicote diplomático da delegação americana. O objetivo dos Estados Unidos é chamar a atenção do mundo para as violações de direitos humanos dos muçulmanos, sobretudo uigures, na província de Xinjiang.

Mais relevante será o encontro do Partido Comunista da China (PCC) previsto para o final do ano, que deverá dar a Xi um terceiro mandato de cinco anos (uma hipótese considerada menos provável é que ele coloque alguém no cargo, mas continue ditando as regras). Mao Tsé-Tung governou o país como líder revolucionário por 27 anos. Deng Xiaoping, sem ocupar oficialmente o cargo máximo, deu as cartas por 19. Depois dele vieram Jiang Zemin e Hu Jintao, ambos por períodos de dez anos. Xi deu um sinal de suas pretensões em novembro, quando o Comitê Central do PCC aprovou uma resolução em que ele aparece no panteão dos grandes líderes, ao lado de Mao e Deng.

Desde que chegou ao poder, em 1949, o Partido Comunista usou diferentes estratégias para se manter no controle, entre elas o aprisionamento e a censura de elementos e grupos considerados “perigosos”. Mas a repressão por si só não teria sido suficiente para o êxito da empreitada. Em diferentes momentos, os comunistas investiram em autoridade carismática do “líder supremo”, imposição da ideologia, manipulação do sentimento de nacionalismo, leitura distorcida da História do país e crescimento econômico.

De todas essas condições, Xi só não tem podido contar com a forte expansão do PIB, que arrefeceu nos últimos anos. Para integrantes do PCC, mantê-lo no poder é a melhor maneira de encarar a ameaça americana. Em Pequim, os Estados Unidos são vistos como o maior desafio para a segurança interna, a soberania e a estabilidade da China.

Em novembro, Xi e o presidente americano, Joe Biden, cujo governo acredita que a China atua há anos para enfraquecer o poder geopolítico dos Estados Unidos, participaram de uma conversa virtual de mais de três horas e meia. O encontro começou com uma troca de palavras conciliadoras, mas, ao final, todos os temas espinhosos continuavam sem aparente solução: Taiwan, a corrida pela hegemonia militar na Ásia, rotas marítimas no Mar da China e disputas comerciais.

Em dezembro, a China fez de tudo para atacar a Cúpula da Democracia organizada por Biden. Lançou documentos e seminários ressaltando o que vê como as vantagens do sistema político chinês. Os comunistas não gostaram nem um pouco de Taiwan ter sido um dos convidados. Acima de tudo, ficaram irritados com a política de isolamento dos americanos. É muito provável que o próximo mandato de Xi seja marcado por embates cada vez mais espinhosos com os Estados Unidos.

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