Bertolt Brecht foi o poeta inigualável de tempos sombrios que ele viveu na Alemanha nazista e no seu amargurado exílio, “trocando de países mais que de sapatos através das guerras e das lutas de classes, desesperados quando havia só injustiça e nenhuma revolta”. Em sua heroica luta contra a barbárie, em nome de uma “preparação do solo para a gentileza”, rogou aos pósteros “que se lembrassem de nós com benevolência”.
Almeida, companheiro de lutas dos ideais democráticos da sua geração, é um veterano da resistência em tempos sombrios, primeiro nos de 1964 a 1985, que atalhou sua mocidade, e agora nesses malfadados dias presentes que exigem dos membros da sua geração a mobilização das forças que ainda lhes restam para afastar a ameaça fascista que nos ronda.
Nesses dois tempos contamos com a presença de Almeida, sertanejo rijo como sua gente, articulador de pessoas e coisas na luta comum. Com ele já dissipamos no passado tempos sombrios, e com quem ainda contamos para buscar a saída desse maldito labirinto que nos empesteia a vida. Nas lutas sociais há os que se destacam em certos momentos, e por isso devem ser celebrados, mas os que dedicam sem pausa a sua história pessoal a essas lutas devem ser reverenciados por sua exemplar obstinação em perseguir a vitória.
*Luiz
Werneck Vianna, sociólogo, PUC-Rio