A omissão e o escapismo das lideranças e partidos que acabaram entregando o país à extrema-direita foram de tal monta que correram da raia tanto a facção de esquerda que ocupava o governo e que - exatamente por estar no governo - havia sido atingida pelos primeiros petardos da Lava-Jato, quanto as facções de centro e de direita que se uniram pelo impeachment de uma presidente já caída em desgraça pela rejeição popular e foram igualmente alcançadas, na sequência, pela perversidade de uma operação que degenerou, como se sabe, em toda sorte de arbitrariedades. Omitiu-se o grupo governante até 2016 ao fazer ouvidos moucos aos protestos de 2013 (que legitimamente e pacificamente cobravam eficácia e transparência do governo na prestação de serviços públicos) e ao tentar refratá-los pelo despiste para uma fictícia reforma política, chegando ao ponto de ameaçar a Carta de 1988 com uma insólita ideia de Constituinte. Já os grupos que apearam do poder aquele grupo governante também se omitiram ao negarem ao governo de transição que criaram o apoio e a solidariedade necessários para que se desse em clima de unidade a travessia até as urnas, hora em que os litigantes prestariam contas aos eleitores. As forças derrotadas na batalha do impeachment tentaram escapar pela narrativa do “golpe” e as vencedoras por um salve-se-quem-puder que fugia à responsabilidade política pela solução encontrada. Da combinação desses escapismos resultou a catástrofe atual.
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
domingo, 31 de outubro de 2021
Paulo Fábio Dantas Neto* - Mais Brasil e mais Brasília: a via política como solução
Merval Pereira - Sem lugar de fala
Elio Gaspari - O aviso do xerife de 2022
Folha de S. Paulo / O Globo
Moraes sabe como funcionam as milícias e
quem as financia e como rola o dinheiro
Um ano antes do pleito de 2022, o Tribunal
Superior Eleitoral escreveu uma boa página de sua história. Livrou a chapa de
Jair Bolsonaro da cassação e avisou aos interessados que se repetirem o golpe
das notícias falsas e das milícias eletrônicas, pagarão pelos seus delitos. Nas
palavras do ministro Alexandre de Moraes, que presidirá a Corte em 2020: “Irão
para a cadeia”.
A decisão unânime do TSE acompanhou o voto
de 51 páginas do corregedor Luiz Felipe Salomão. No ambiente envenenado da
política nacional, Salomão apresentou uma peça redonda e cirúrgica na
demonstração das malfeitorias cometidas e equilibrada na conclusão de que
faltaram provas e as impressões digitais necessárias para justificar a cassação
de uma chapa três anos depois de sua posse. O magistrado mostrou a letalidade
do vírus e abriu o caminho para a advertência de Moraes.
Passados três anos do festival de patranhas
de 20018, Alexandre de Moraes chegará à presidência do TSE em agosto, com a
estrela de xerife no peito. Salomão fez sua carreira na magistratura; Moraes,
no Ministério Público, com uma passagem pela Secretaria de Segurança de São
Paulo. Além disso, na condução do inquérito das notícias falsas conhece as
obras e pompas das milícias eletrônicas e mostrou-se rápido no gatilho ao
mandar delinquentes para a cadeia. Zé Trovão, o caminhoneiro foragido, decidiu
entregar-se à Polícia Federal. Na estrela de xerife de Moraes brilha o destempero
com que Jair Bolsonaro investiu contra ele, chamando-o de “canalha”.
Moraes sabe como funcionam as milícias e
quem as financia e como rola o dinheiro. Salomão, por seu turno, já firmou a
jurisprudência que congela os recursos que as alimentam. As conexões
internacionais dessas milícias, um fato que há três anos estavam no campo da
ficção cibernética, hoje estão mapeadas. Se há um ano elas tinham o beneplácito
do governo americano, hoje têm o FBI no seu encalço.
Com Moraes na presidência do TSE é possível prever que entre o início dos disparos propagadores de mentiras e a chegada dos responsáveis à carceragem passarão apenas dias ou, no máximo, poucas semanas. Basta ler o voto de Salomão e acompanhar as decisões de Moraes para se perceber que os reis das patranhas de 2018 são hoje sócios de colônias de nudismo.
Eliane Cantanhêde – Pedras lá, tapete cá
O Estado de S. Paulo
Ausente da COP26 e isolado no G20, o risco de Bolsonaro é, sim, levar ‘pedrada’
Com seu jeitão de caserna e a sinceridade
de (quase) sempre, o general e vice-presidente Hamilton Mourão explicou por que
o capitão e presidente Jair Bolsonaro, apesar de estar ali perto, na Itália, se
recusou a ir à COP 26, na Escócia: “Ele vai chegar num lugar em que todo mundo
vai jogar pedra nele?”
Mourão, que é responsável pela Amazônia,
mas foi dispensado da COP, ainda tentou ajeitar as coisas, justificando que
muitas críticas são “equivocadas”, por um certo viés ideológico e o peso do
interesse econômico. Mas, como todo o mundo, literalmente, sabe, há motivos aos
montes para “pedradas”.
Segundo o Observatório do Clima, o Brasil andou na contramão do mundo em 2020. Com pandemia e recuo na atividade econômica, a emissão de CO² teve uma redução média mundial de 7%, mas o País emitiu 10% a mais, um desastre na comparação internacional e também interna. Foi o pior resultado desde 2016. Por quê? Por causa do desmatamento da Amazônia, um marco da era Bolsonaro.
Luiz Carlos Azedo - Quando o conceito é fatal
Correio Braziliense / Estado de Minas
De agosto de 2020 a junho deste
ano, registramos os maiores índices de desmatamento. São Paulo, Goiás, Minas
Gerais e Mato Grosso registraram mudanças impressionantes
Houve uma mudança muito significativa na
conjuntura política. Em primeiro lugar, a ameaça de um golpe de Estado, que
deixou o país à beira de um ataque de nervos, desapareceu do horizonte próximo
após o 7 de Setembro. Não houve a adesão militar contra o Supremo Tribunal
Federal (STF) que o presidente Jair Bolsonaro esperava, as reações das
instituições políticas e da sociedade esvaziaram a mobilização golpista. Desde
então, o eixo da vida política nacional se deslocou da crise sanitária, cuja
crônica política e criminal está no relatório da Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) do Senado sobre a pandemia da covid-19, para a crise da nossa
economia, tendo por pano de fundo a antecipação da disputa eleitoral de 2022.
Especialistas em planejamento sabem que um erro de conceito pode ser fatal. Muitas vezes, o erro decorre de um falso diagnóstico; outras, de um conceito errado. A tempestade perfeita pode ser fabricada quando as duas coisas coincidem com uma concepção equivocada, por exemplo, o negativismo em relação à ciência. No caso da pandemia, o erro de diagnóstico foi considerar a covid-19 uma “gripezinha”; o de conceito, apostar na “imunização de rebanho” para manter a economia aquecida. Com isso, buscou-se toda sorte de atalhos para evitar a recessão, que passou a ser o objetivo do governo, em vez de salvar a vida das pessoas. A cloroquina entra nessa história como uma poção mágica. Havia outra solução simples para um problema tão complexo (acreditem, elas também existem) — a vacinação em massa.
Bruno Boghossian - A teoria do caos
Folha de S. Paulo
Presidente opera nessa frequência para
conseguir dividendos políticos sem muito trabalho
Quando caminhoneiros ameaçavam bloquear
estradas em protesto contra a disparada do preço do diesel, em 2018, Jair
Bolsonaro assumiu
o papel de padrinho político do movimento. Então pré-candidato ao Palácio
do Planalto, ele disse que só uma paralisação poderia "forçar o presidente
da República" a dar uma resposta aos motoristas.
Bolsonaro enxerga as questões econômicas pela lente do caos e das soluções mágicas. Naquela época, ele incentivou um ato que provocaria desabastecimento, acreditando que o governo seria obrigado a baixar o preço dos combustíveis numa canetada. Depois de chegar ao poder, o presidente mostrou que não tem outra doutrina para encarar os problemas que surgem pela frente.
Vinicius Torres Freire - Vai ter CPI das emendas parlamentares do 'Bolsolão'?
Folha de S. Paulo
Lira teme investigação do dinheiro que sela
o acordo governo-centrão, diz Calheiros
O senador Renan
Calheiros (MDB) disse que o deputado Arthur Lira
(PP) está preocupado "com o que pode vir de investigação"
sobre um certo tipo de emenda parlamentar, as ditas "emendas
de relator".
A fim de garantir dinheiro também para
essas emendas, Jair
Bolsonaro, Lira e o centrão querem aumentar o gasto federal em 2022 e decretar
moratória de parte dos precatórios.
"Isso [emendas de relator] vai causar
talvez o maior escândalo do Brasil de todos os tempos", disse Calheiros na
semana passada, em nova querela com Lira, seu inimigo em Alagoas.
Calheiros estava falando do quê? Foi apenas canelada ou conhecimento de causa? Essas emendas também são investigadas pelo Tribunal de Contas da União e serão examinadas pelo Supremo. São rolos dentro de rolos.
Bernardo Mello Franco – A Marinha e a chibata
O Globo
A Comissão de Educação e Cultura do Senado
aprovou a inscrição de João Cândido Felisberto no Livro de Heróis e Heroínas da
Pátria. O marujo morreu há 52 anos, foi anistiado duas vezes e é reconhecido
como um ícone da luta contra o racismo. Ainda assim, a Marinha tenta barrar a
homenagem.
Filho de escrava, João Cândido liderou a
Revolta da Chibata, movimento de marinheiros que parou o Rio em 1910. Os
rebeldes tomaram quatro navios na Baía de Guanabara e apontaram os canhões para
a cidade. Ameaçavam abrir fogo se as punições físicas não fossem abolidas.
Às vésperas do motim, o marujo Marcelino
Rodrigues Menezes havia sido castigado diante da tripulação do encouraçado
Minas Gerais. Foi amarrado ao mastro e levou 250 chibatadas.
A rebelião mobilizou 2.379 praças aos
gritos de “Viva a liberdade” e “Abaixo a chibata”. Em mensagem ao presidente
Hermes da Fonseca, eles protestaram contra a rotina de maus-tratos:
“Pedimos a V. Exª. abolir a chibata e os demais bárbaros castigos pelo direito da nossa liberdade, a fim de que a Marinha brasileira seja uma Armada de cidadãos, e não uma fazenda de escravos que só têm dos seus senhores o direito de serem chicoteados.”
Míriam Leitão - O país candidato a vilão em Glasglow
O Globo
A Conferência das Nações Unidas sobre o
Clima, COP-26, começa hoje com o Brasil sendo o mais óbvio candidato a vilão.O
país será acusado de violar o Acordo de Paris e, além disso, aumentou suas
emissões quando o mundo as reduziu. Os especialistas dizem que nada do que o
governo disse até agora faz sentido, porque não existe plano de implementação.
A direção da Conferência já disse, reservadamente, a alguns observadores, que
se o Brasil não atrapalhar já será bom. Um país na contramão do mundo e da
História. A única boa notícia é a ausência de Jair Bolsonaro na reunião de
líderes. Assim, não passaremos muita vergonha.
—O Brasil chega como vilão na COP por dois motivos. O primeiro pela pedalada climática que o GAP Report (divulgado pela ONU) deixou claro. Ela permite ao Brasil o aumento das emissões em relação ao que estava acordado. Outra coisa é que o mundo reduziu as emissões em 7%, e o Brasil subiu em 9%. Então esse é o desenho de um vilão. A gente chega como uma caricatura —disse a advogada Stela Herschmann, especialista em políticas climáticas do Observatório do Clima e que está em Glasgow.
Dorrit Harazim - O coral humano
O Globo
Fervilha o mundo da coreografia
geopolítica. A cúpula de líderes do G-20, em Roma, engatada na Conferência das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26), em Glasgow, pretende imprimir
um sentido de urgência e emergência para os múltiplos problemas que afligem a
Terra. Dado o estado de desesperança geral, o noticiário sobre os dois
conclaves está sendo caudaloso. E é bom que assim seja, pois, para a humanidade
que encerra 2021 com fome, falta de ar e futuro incerto, seria importante poder
confiar na existência de um ou mais líderes com visão e maturidade. Difícil.
Todos parecem trazer na bagagem poucos remédios, só fardos.
Por sorte, sempre podemos nos abrigar em
vozes humanistas que ajudam a não esquecer o ontem e a pensar no amanhã. Assim,
foi um bálsamo captar, por mero acaso, uma longa entrevista do dramaturgo Ariel
Dorfman ao programa Hard Talk, da BBC de Londres. Dorfman, aos 79 anos,
disserta sobre sua condição de cidadão em trânsito entre duas culturas, duas
línguas, dois mundos. Nascido na Argentina de pais imigrantes judeus, crescera
nos Estados Unidos, mas foi fincar raízes no Chile do presidente socialista
Salvador Allende, de quem se tornou conselheiro cultural. Ali desabrochou sua
carreira de escritor. Com o golpe militar de 1973, viu seus livros serem
banidos e queimados e retornou como exilado aos EUA — justamente o país que
havia desempenhado papel crucial para a instalação da ditadura no Chile.
Em parte devido a essas circunstâncias pessoais, acabou se tornando um voyeur que olha o mundo com compaixão. Nestes tempos de nacionalismos em ascensão e muros em profusão, Dorfman explica não precisar pertencer a lugar algum, pois fez da literatura seu lar e da família, amigos e imaginação, suas raízes. “Já vivi momentos de terror absoluto e de alegrias intensas... mas não sou pregador de nada, apenas tenho o privilégio da imaginação. Como intelectual, tenho o dever de fazer perguntas difíceis”, diz o autor da monumental “A morte e a donzela”, peça teatral que leva ao palco apenas uma mulher sentada frente a frente de seu presumível torturador.
José Roberto Mendonça de Barros - Descendo a ladeira
O Estado de S. Paulo
O desarranjo da política econômica solidifica nossa trajetória em direção à estagnação
A semana passada foi um marco em direção à
perda de sustentação da economia. O populismo econômico, que já domina a Câmara
e o Palácio do Planalto, finalmente conseguiu o aval do Ministério da Economia
para quebrar o teto de gastos, com a mentirosa desculpa de que não existe outra
forma para ajudar os pobres. Como inúmeros colegas já demonstraram, não existe
escassez de boas soluções, como a redução da escandalosa farra do boi com as
emendas parlamentares de todos os tipos, especialmente as secretas.
O relevante é que o regime fiscal foi destruído e está aberto o caminho para a volta da elevação do endividamento público, por meio da expansão eleitoreira dos gastos. A primeira rodada atinge algo como R$ 90 bilhões, sendo metade financiada pela redução dos pagamentos de precatórios, por meio de uma PEC específica, e que equivale a um calote parcial da dívida pública. A outra metade resultará da alteração do cálculo do valor nominal do teto, na qual a antiga fórmula (que pegava os 12 meses de inflação terminados em junho) foi substituída pela utilização da inflação no ano corrente.
Celso Ming - Descasamento de objetivos e a COP 26
O Estado de S. Paulo
A Conferência do Clima da ONU (COP 26) que
começa neste domingo, em Glasgow, Escócia, está mais carregada de ceticismo do
que de boas expectativas.
Os comentaristas já apontaram dificuldades
que comprometem seus resultados, como a pandemia, a ausência de importantes
chefes de Estado e de governo e a falta de recursos para as iniciativas dos
países em desenvolvimento.
Mas nenhuma explicação seria completa se
não começar pelo enorme descasamento entre os macro-objetivos da agenda
ambiental atual e da COP 26.
O primeiro é o que já foi definido no
Acordo de Paris, em 2015, que é de limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C
acima dos níveis pré-industriais.
Essa meta implica drástica substituição da energia de fonte fóssil por energia de fonte renovável. É por isso que a questão climática passa pelo equacionamento da transição energética e também por que as grandes negociações se concentram sobre a maneira de administrar essa transição.
Lourival Sant’Anna - Déficit de liderança generalizado
O Estado de S. Paulo
Bolsonaro não vai a Glasgow para não enfrentar hostilidade pela imagem de vilão do meio ambiente
A Conferência sobre Mudança Climática
(COP26) é um teste de liderança. É papel dos governantes convencer as
populações de que os sacrifícios para conter o aquecimento hoje são necessários
para evitar sofrimento maior no futuro. Entretanto, a COP-26 começa com um
déficit de liderança generalizado.
O presidente dos EUA, Joe Biden, não
conseguiu, antes de viajar, desatar o nó dentro da própria bancada democrata
para encaminhar a aprovação na Câmara do pacote de US$ 1 trilhão para
infraestrutura convencional, que por sua vez abriria caminho para a apreciação
dos programas sociais e ambientais no valor de US$ 1,75 trilhão – reduzido à
metade do montante inicial de US$ 3,5 trilhões.
O presidente da China, Xi Jinping, nem sequer vai à conferência, por causa das múltiplas crises que enfrenta em casa: escassez de energia – causada em parte pela brusca redução do uso do carvão –, estouro da bolha do setor imobiliário e desaceleração econômica. Vladimir Putin também ficará em Moscou, para enfrentar o surto de covid-19, que está mais uma vez fora de controle na Rússia.
Cristovam Buarque* - Coalizão Responsável
Blog do Noblat / Metrópoles
Os representantes da chamada “terceira via”
precisam entender que este não é um tempo de Nem Nem, mas de Não
Nesta semana, a terceira via apresentou seu
12º candidato à presidência da república, com poucas intenções de voto e sem
apresentar narrativas do que propõem para seus governos. Não se vê a construção
de um nome que possa enfrentar os dois polos e nenhum projeto que possibilite
minimamente conduzir o país à partir de 2023. Tampouco se percebe estratégia no
sentido de uma composição entre todos que se opõem a reeleição do atual
desgoverno, e tudo que isto representaria para o futuro do país.
A sensação é que o quadro político se
divide em três sectarismos: petistas, bolsonaristas e nem-nemistas, estes
fragmentados, até aqui, em 12 partes. A divisão e recusa dos nem-nemistas para
dialogar com o PT só se explica pela possibilidade de Bolsonaro ser excluído do
segundo turno. Alternativa que parece pouco provável. Contar com isto é uma
irresponsabilidade que precisa ser evitada.
Dificilmente qualquer dos 12 fragmentos da terceira via chegará ao segundo turno sem apoio do PT, e outra vez poderá ser difícil ao PT ganhar no segundo turno sem apoio explícito dos candidatos contrários ao Bolsonaro. Além disto, não será bom para o Brasil ser governado pelo PT sem apoio das demais forças democráticas responsáveis. Mas o silêncio do PT em relação à unidade no primeiro turno e à coalizão depois da eleição leva os democratas brasileiros temerem que 2022 repita 2018, e o PT perca a eleição por falta de apoio das demais forças, ou repita 2014, e o governo do PT se perca por falta das correções de rumo que permitam governar. Em 2018 o PT perdeu por falta de apoio, em 2014 por falta de coalizão responsável. O clima de antagonismo que se está vivendo e vai se agravar durante o primeiro turno pode inviabilizar aliança no segundo turno, levando à continuação da tragédia do atual desgoverno, e ao risco de um governo do PT fragilizado e radicalizado.
O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões
EDITORIAIS
O que o Brasil tem a ganhar com o sucesso
da COP-26
O Globo
De hoje até dia 12 de novembro, a cidade de Glasgow, na Escócia, receberá a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26). Todos aqueles que reconhecem a importância do aquecimento global, mas acompanham o tema à distância têm pelo menos dois bons motivos para prestar mais atenção desta vez. Primeiro, é possível que sejam tomadas decisões históricas, uma vez que grandes potências parecem convencidas da necessidade de avanço nas negociações rumo ao corte nas emissões. Segundo, o Brasil poderá ser um dos maiores beneficiários da evolução de uma economia global de baixo carbono.
Ao fim do encontro, ficará evidente quais
países fazem parte da solução e quais querem continuar sendo problema.
Desgraçadamente, há um risco nada desprezível de que o Brasil, sob o governo de
Jair Bolsonaro, seja incluído no segundo grupo. A última evidência veio à tona
na semana passada, quando o Relatório sobre Lacuna de Emissões 2021 confirmou
que o governo brasileiro tenta usar uma manobra contábil para, numa “pedalada
climática”, aumentar as emissões de gases causadores do efeito estufa até 2030,
em vez de reduzi-las no ritmo com que o país se comprometera antes.
Há um problema de fundo. Bolsonaro comunga a ideia retrógrada do tempo da ditadura militar, acreditando que a soberania sobre as áreas de floresta só pode ser exercida por meio de destruição e ocupação. Isso explica a vida fácil de grileiros, madeireiros e garimpeiros ilegais no seu governo. Se for essa a diretriz a nortear a delegação brasileira ao chegar em Glasgow, é certeza que perderemos uma grande chance.
Poesia | Graziela Melo - Apito final
Silêncio
na alma
medo
no coração!
É
o ponto
final,
a ultima
estação
dos que
nascemos
juntos,
dos que
vivemos
juntos,
da nossa
geração!
O jogo
Acabou,
o juiz
apitou,
sem
prorrogação...
Se foram
os amores
tardios
ficaram
os
recantos
vazios
e
a solidão!!!