quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Bruno Boghossian: O arsenal do capitão

Folha de S. Paulo

Com desempenho anêmico nas pesquisas e poucas realizações, presidente repete plataforma envelhecida

Jair Bolsonaro buscou um arsenal sucateado para tentar reerguer sua candidatura à reeleição. Em menos de 24 horas, o presidente voltou a procurar briga com ministros do STF, fugiu da responsabilidade por problemas na economia, renovou sua estratégia de propagação intencional da Covid e reciclou falsas suspeitas de interferência nas eleições.

Com desempenho anêmico nas pesquisas, poucas realizações e um cenário econômico que deve dificultar sua vida, Bolsonaro mostrou que tem poucas armas para a campanha. Uma delas já é clássica: culpar outras autoridades e até a população pelos problemas que ele deveria resolver.

No dia em que a Petrobras aumentou o diesel e a gasolina pela primeira vez em 2022, Bolsonaro voltou a insinuar que a responsabilidade era dos governadores. Sobre a inflação, ele mirou aqueles que respeitaram medidas de restrição para limitar a morte em massa de brasileiros. "O cara ficou em casa, apoiou e agora quer me culpar pela inflação", disse.

Bolsonaro também atualizou a política de disseminação proposital do coronavírus, saudando a explosão da variante ômicron. O presidente se opõe à vacinação e não oferece planos para ajudar o país a enfrentar o aumento de infectados, mas diz que a nova cepa "é bem-vinda".

O figurino do político perseguido pelos poderosos também foi tirado do armário mais uma vez. Bolsonaro acusou os ministros Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso de trabalharem a favor da candidatura de Lula. De quebra, reproduziu a informação falsa de que houve manipulação das urnas eletrônicas em 2018 para beneficiar o PT.

A antipolítica ainda é o expediente favorito de Bolsonaro. Nesta quarta (12), ele reclamou de um Brasil do passado em que a corrupção reinava e parlamentares cobravam propina para agendar reuniões em órgãos do governo. O presidente deve ter esquecido que, no fim de 2020, seu filho Jair Renan abriu as portas do Ministério do Desenvolvimento Regional para um dos patrocinadores de sua empresa de eventos.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário