Folha de S. Paulo
Presidente recicla promessas para reter
apoio de policiais, conservadores e agronegócio
Os três últimos anos foram intensos para
Jair Bolsonaro. O presidente gastou toda a sua energia política e a verba
pública que tinha à disposição para se segurar no cargo, atacar adversários,
sabotar a vacinação e
passear de jet ski.
Faltou força para executar um programa de governo.
O Planalto decidiu reciclar as propostas feitas pelo capitão em 2018 e na permanente campanha pela reeleição que conduziu desde então. Numa portaria publicada na quarta-feira (9), o governo informou que daria prioridade a 45 projetos no Congresso nesta reta final de mandato. A lista foi feita sob medida para agitar alguns dos principais alvos de Bolsonaro na disputa eleitoral.
O pacote inclui desde os tradicionais
disparates bolsonaristas e ideias já rejeitadas até pontos da agenda econômica
que foram deixados ao relento pelo próprio presidente. Estão lá itens da
reforma tributária e a privatização dos Correios –uma tentativa tardia de
seduzir investidores para garantir seu
apoio a Bolsonaro em mais uma eleição.
O presidente também decidiu retomar
investidas que foram barradas no Supremo ou travadas pelo Congresso. Num aceno
a grupos conservadores, ele renovou promessas de flexibilização da posse de
armas de fogo, redução da maioridade penal e regulamentação do ensino
domiciliar. O governo voltou ainda a oferecer proteção
jurídica a policiais que matam em serviço.
Ninguém pode acusar Bolsonaro de ter
perdido o foco desde a última campanha eleitoral. Para manter a fidelidade de
eleitores ligados ao agronegócio e ao garimpo, o presidente deu destaque a
propostas que afrouxam a fiscalização dos agrotóxicos e limitam a demarcação de
terras indígenas –além de liberar a mineração nesses territórios.
Só há consenso e vontade política para
aprovar uma fração dessa agenda, mas Bolsonaro está mais interessado em jogar
com as expectativas de seu eleitorado. Em vez de governar o país, o presidente
prefere buscar votos com uma carta de princípios para um segundo mandato.
Bolsonaro jogar pra galera tem um ponto positivo e outro negativo,o positivo é garantir sua ida para o segundo turno,o negativo é perder fragorosamente na reta final.
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