Folha de S. Paulo
Aliados do ex-presidente falam em ter
petista no comando da Casa para reduzir influência do centrão
Lula e o PT parecem convencidos de que
ganhar a eleição não será suficiente para governar. No último encontro entre o
ex-presidente e Geraldo Alckmin, a dupla discutiu as dificuldades que o próximo
ocupante do Palácio do Planalto deve ter com um
Congresso cada vez mais poderoso. O foco das preocupações tem nome e
sobrenome: Arthur Lira.
Petistas veem uma espécie de terceiro turno no horizonte caso Lula vença a disputa nacional. O partido quer ampliar um bloco de deputados de esquerda e formar alianças com legendas como o PSD para eleger um novo presidente da Câmara em fevereiro de 2023 –a preferência é por um nome do próprio PT. Por enquanto, uma composição com Lira não está nos planos.
O atual chefe da Câmara adota um tom de
desconfiança em relação ao líder das pesquisas. Em
entrevista ao Valor Econômico, Lira insinuou que Lula encontrará obstáculos
se o Congresso mantiver uma maioria de centro-direita (o que inclui a massa
fluida de deputados do centrão).
O PT teve o apoio desse grupo em seus
quatro governos, mas o equilíbrio entre presidente e Congresso mudou desde
então. O centrão ganhou peso com a expansão bilionária das emendas
parlamentares e passou a depender menos da boa vontade do Planalto. Sem força
para acabar com essa festa, Lula procura alternativas para o jogo.
Segundo cálculos feitos por petistas, uma
federação PT-PSB-PC do B-PV poderia
eleger até 140 deputados. É pouco para escolher o presidente da Câmara. A ideia
é engordar a coalizão com legendas como PSD e MDB (as duas siglas poderiam se
revezar na presidência do Senado). Nem mesmo uma conversa com o PL de Valdemar
Costa Neto estaria descartada. Derrotado, Jair Bolsonaro seria página virada em
2023.
Além do poder absoluto sobre processos de
impeachment, o chefe da Câmara controla a agenda de votações e, na prática,
determina se o governo anda para a frente ou não. Uma aposta nessa disputa pode
determinar o destino de um presidente.
Arthur Lira precisa ser varrido da presidência da câmara na sequência do expurgo de Bolsonaro.
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