O Estado de S. Paulo
Síntese da política, Kassab está com Lula, Pacheco, Leite ou com Bolsonaro?
No centro da barafunda eleitoral, o
ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, líder inconteste do PSD, não é
candidato a nada, mas interfere no tabuleiro, embaralha as peças e mexe com os
nervos de quem disputa a Presidência da República. Por que? Porque é capaz de
tudo.
Kassab blefa o tempo todo e deixa aliados e
adversários, reais ou potenciais, sem entender o que ele pretende. Logo, com a
pulga atrás da orelha, ora se esforçando para tirar proveito, ora para escapar
da manipulação.
Em meio às articulações, análises de pesquisas e definições de estratégia, o mundo político se dedica a uma tertúlia político-psicológica: afinal, qual é a jogada de Kassab? Cada um arrisca um palpite, envolvendo seu palpite com ares de verdade absoluta.
Na percepção geral, Kassab previu há tempos
a vitória do ex-presidente Lula, do PT, e já pulou no barco. Sem anunciar. Até
diz que não descarta o apoio a Lula no primeiro turno, deixando claro o apoio
no segundo, mas não admite com todas as letras.
O motivo é simples, já os desdobramentos
são complexos. Kassab não pode fechar desde já com Lula porque líderes do PSD
têm ojeriza ao petista e ao PT, sobretudo no Sul. Racharia o partido, que é
tudo o que ele não quer.
Como desdobramento, é preciso fazer
contorcionismos que só ele sabe fazer. Lançou o nome do presidente do Senado,
Rodrigo Pacheco, para sossegar o PSD. Agora, deixa Pacheco em banho Maria,
enquanto aquece a vaidade do governador Eduardo Leite (RS), ainda tucano.
Afinal, Kassab trabalha para construir uma
terceira via com Eduardo Leite, usa o gaúcho justamente como bucha de canhão
para implodir o centro e deixar o caminho livre para o embate direto entre Lula
e o presidente Jair Bolsonaro, do PL, como, aliás, os dois lados querem?
As apostas dividem o próprio PSDB.
Adversários de João Dória, que venceu as prévias, se dizem convencidos de que
as intenções de Kassab são honestas e ele está genuinamente empenhado em dar
nome, cara e forma à alternativa de centro.
Já a linha de frente de Dória tem certeza
do oposto, de que Kassab opera para prestar dois serviços para Lula: usando
Leite para (1) rachar ainda mais o centro e (2) unir o PSD para dar de presente
para o petista e fazer uma robusta bancada em 2023.
Porém… Assim como está com Lula enquanto o
petista é favorito e sacode a terceira via enquanto ela ainda tem um mínimo de
viabilidade, Kassab terá crise moral para aderir a Bolsonaro, se ele virar o
jogo?! Difícil, mas por que não? Se Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
“exigirem”…
PS: O Kassab dessa história não é só
Kassab, é a política como ela é.
Kassab sabe das coisas.
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