O Globo / Folha de S. Paulo
Na sua entrevista à repórter Jussara
Soares, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse quase tudo:
— Para mim, quem soltou o Lula foi o Moro.
Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, ele fez coisas que estavam
fora da lei. Era só ter cumprido a lei que o Lula estava preso até hoje.
Quase tudo, porque não há como garantir que, cumprindo-se a lei, Lula estaria preso. Quase tudo, porque também faltou lembrar o famoso tuíte do general Eduardo Villas Bôas. Mesmo assim, é certo que ao divulgar às vésperas do primeiro turno a colaboração do ex-ministro Antonio Palocci, Moro levou água para o moinho de Bolsonaro. Fortaleceu-o aceitando a costura de Paulo Guedes, ocorrida (sem divulgação) pouco antes do segundo turno.
Numa trapaça da sorte, Bolsonaro foi
ajudado primeiro pela colaboração premiada de um ex-ministro da Fazenda
(divulgada por Moro), e depois pelo futuro ministro da Economia, à época
chamado de Posto Ipiranga.
A entrevista do senador pareceu um momento
de moderação e, sobretudo, revelou a possibilidade de uma campanha na qual são
aceitas as regras do jogo, até mesmo da vacina. Referindo-se a manifestações
dos aliados do presidente que pediam o fechamento do Congresso e do Supremo,
ele disse que “se fosse chutar o balde, o Brasil afundaria”. Boas palavras,
admitindo-se que o tamanho do chute viraria o balde. De qualquer forma, vale a
conclusão: o Brasil afundaria.
Prever os próximos lances dos Bolsonaro é
coisa temerária, mas fica o registro de que essa entrevista do senador foi pelo
menos um momento de moderação.
Ele diz que o governo se comunica mal. Na
realidade, Jair Bolsonaro se comunica de forma eficaz para seus admiradores e
assim chegou à Presidência da República em 2019. A conjuntura era outra, e nela
teve não só a ajuda de Moro, mas também de um outro tipo de negacionismo, vindo
de seus adversários.
Se há um problema, não está na forma da
comunicação, mas no seu conteúdo.
Bolsonaro com o pé no acelerador
A entrevista do senador Flávio (01)
Bolsonaro estava nas ruas quando seu pai fez a live semanal e apontou para um
novo desentendimento com o Tribunal Superior Eleitoral.
Nas suas palavras:
“Nosso pessoal do Exército, da guerra
cibernética, buscou o TSE e começou a levantar possíveis vulnerabilidades.
Foram levantadas várias, dezenas de vulnerabilidades. Foi oficiado o TSE para que
pudesse responder às Forças Armadas. Passou o prazo e ficou um silêncio. O
prazo de 30 dias se esgotou no dia de hoje. Isso está nas mãos do ministro
Braga Netto (Defesa) para tratar desse assunto. E ele está tratando disso e vai
entrar em contato com o presidente do TSE. E as Forças Armadas vão analisar e
dar uma resposta”.
Além disso, prometeu para “os próximos
dias” algo para “nos salvar”.
Na véspera, o deputado Eduardo (03)
Bolsonaro, havia dito que “a gente vai dar um golpe que vai acabar com o Lula”.
A dificuldade de Doria
O governador João Doria definiu como
“jantar dos derrotados” o encontro em que estavam, entre outros tucanos de
muita plumagem, Tasso Jereissati, Eduardo Leite e Aécio Neves.
De fato, Doria derrotou-os na prévia do
partido, mas seu modesto desempenho nas pesquisas estimulou-os para costurar
alianças mais adiante, sobretudo com a senadora Simone Tebet, do MDB.
Menosprezar adversários do mesmo partido
sempre é uma política arriscada. A menos que Doria esteja em busca do título de
candidato derrotado.
O preço do nazismo
O deputado Kim Kataguiri disse que a
Alemanha errou ao criminalizar o nazismo. Depois, explicou-se, desculpando-se.
Para quem acha a mesma coisa, até mesmo em nome da liberdade de opinião, aqui
vai uma lembrança das boas razões que levaram os alemães a isso.
Se fosse possível esquecer o que o nazismo
fez com os outros, hoje completam-se 77 anos do dia em que as sirenes de
Dresden começaram a soar. Em 25 minutos, oitocentos aviões ingleses despejaram
cerca de duas mil toneladas de bombas sobre a cidade medieval. A “Florença do
rio Elba” foi bombardeada por outros dois dias. Uma tempestade de fogo derreteu
até estruturas de aço. Tudo o que poderia queimar, queimou e restou uma
paisagem lunar.
Os ingleses perderam apenas seis aviões, e
os americanos da segunda leva, um. Morreram cerca de 25 mil alemães.
(Nunca uma população civil tinha sofrido
ataques de tais proporções. Em março, os americanos queimaram parte de Tóquio,
e em agosto jogaram duas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki).
Os alemães criminalizaram o nazismo porque,
entre outros crimes, tendo iniciado a guerra, persistiu nos combates, mesmo
sabendo que sacrificava seu próprio povo.
A Alemanha criminalizou o nazismo por
vários motivos mas, acima de tudo, pelo mal que ele custou aos alemães.
Eremildo, o idiota
Eremildo é um idiota, nunca trabalhou na
vida nas encantou-se com o doutor Zezeco. José Medeiros Nicolau, diretor do
Departamento de Ordenamento, Parcerias e Concessões da Secretaria Nacional de
Atração de Investimentos do Ministério do Turismo, informava em sua agenda que
estava ocupado com “despachos internos”.
O repórter Patrik Camporez descobriu que
ele estava na região de Courchevel, nos Alpes franceses. Explicando-se, Zezeco
disse que trabalhou de forma remota e “nada parou”.
Eremildo vai a Brasília para ver se descola
uma boquinha em Courchevel e promete que nada haverá de parar.
De mão em mão
Vender aeroportos tem sido motivo de
orgulho para sucessivos governos brasileiros.
Falta explicar o que esses governos sentem
quando os compradores devolvem a mercadoria.
O aeroporto do Galeão foi vendido em 2013
para a Odebrecht, com financiamento do BNDES e do FGTS, mais a participação
minoritária da Changi, administradora do celebrado terminal de Cingapura, que
tem até piscina para os passageiros. Antes mesmo do impacto da pandemia, os
concessionários reclamavam do negócio, e em 2017 a Odebrecht foi-se embora.
Em outubro passado, a Changi começou a
negociar a venda da concessão, e na semana passada decidiu devolvê-la à Viúva.
Com isso, o Galeão será oferecido junto com
o aeroporto do Centro da cidade.
Os governos gostam de falar bem de tudo o
que fazem. Falta contar porque o Galeão virou um mico.
Trump
Vem aí, às vésperas da eleição americana de
novembro, um novo livro sobre Donald Trump, e o título já diz bastante:
“Confidence Man”, “Vigarista”, em tradução livre. A autora é Maggie Haberman,
repórter na Casa Branca durante o governo do presidente.
Ela já revelou que às vezes o pessoal da
limpeza encontrava papéis rasgados nas privadas do seu gabinete. No caso de
Trump, papéis em privadas são coisa suspeita, pois acredita-se que o doutor
destruía documentos que, por lei, deveria preservar. Já se sabe, por exemplo,
que Trump usava os celulares de assessores para não ser rastreado.
Puro palpite
Bolsonaro vai se vacinar.
Se o fizer, não tomará a vacina chinesa.
''Eremildo,o Idiota'',não entendi bulhufas.
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