Deputado federal também responde a afirmações do prefeito do Rio de que ele não teria experiência suficiente para assumir cargo no executivo e de que seria contra PPPs e as polícias
Arthur Leal / O Globo
RIO — O deputado federal Marcelo Freixo
(PSB), pré-candidato ao governo do RJ, reagiu, na tarde deste sábado (5), às
críticas feitas a ele e ao ex-presidente Lula pelo prefeito da cidade do Rio,
Eduardo Paes (PSD), em entrevista à
Valor Econômico. O chefe do executivo municipal carioca disse que
Lula estaria com uma postura de "salto alto" após declarar apoio a
Freixo na corrida eleitoral
pelo Palácio Guanabara. O parlamentar, que também recebeu críticas
por, segundo Paes, ser contra PPPs e a polícia, se disse surpreso com as
declarações e afirmou que o posicionamento "divide o estado" no
objetivo mútuo de derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas.
— Meu diálogo com o Lula é o melhor possível. Ele é quem vai nos garantir a democracia no Brasil, e vai ajudar a reerguer o Rio. Tenho muito orgulho de ter o apoio dele — disse Marcelo Freixo ao GLOBO. — Eu fiquei surpreso com a cegueira (de Paes) sobre a situação do Rio e do Brasil. Não adianta a gente falar que quer derrotar o Bolsonaro no Brasil e não enfrentá-lo devidamente no Rio de Janeiro, onde eles estão no governo, são do mesmo partido. Acho que dessa forma, o prefeito divide o Rio onde ele não deveria dividir. A minha candidatura tem esse espírito de união. Eu resolvi ser candidato exatamente por esse movimento de mudança que precisamos. Daí, todos os diálogos que estou fazendo e insistindo que são importantes. Nesse sentido, Lula é fundamental para o Rio.
Desde que deixou o PSOL e se filiou ao PSB,
Freixo vem tentando sinalizar uma inclinação ao centro. Para isso, contratou
para cuidar de sua comunicação o marqueteiro Renato Pereira, que atuou para
Paes e outros políticos do MDB fluminense em eleições anteriores. Delator da
Lava-Jato, Pereira afirmou ter recebido via caixa dois para fazer campanhas de
Paes e dos ex-governadores Sergio Cabral e Luiz Fernando Pezão.
Na pré-campanha, Freixo vem se
reposicionando, fazendo, por exemplo, acenos reiterados a policiais militares e
ao empresariado, à diferença da linha adotada pelo PSOL.
Na entrevista em questão, Eduardo Paes
também fez críticas diretas a Freixo, que concorre ao governo do rio com Felipe
Santa Cruz (PSD), presidente da OAB e companheiro de partido do prefeito do
Rio. Para Paes, o deputado federal não possui experiência para assumir cargo no
legislativo fluminense e, ainda segundo suas palavras, se posiciona contra as
Parcerias Público-Privadas e a Polícia Militar.
— Eu sempre defendi a boa polícia. Foi com
a ajuda dessa boa polícia que eu fiz a CPI das Milícias e a CPI do Tráfico de
Armas e Munições, que contribuíram muito para a segurança pública do Rio. Eu nunca
saí por aí defendendo milícia. Como deputado federal, em todos os andos
encaminhei emendas destinadas à polícia, o que reforça meu compromisso —
retrucou. — Temos um programa feito por gente muito qualificada das polícias
Militar e Civil, e tem como objetivo a valorização e a modernização das
polícias.
Freixo também negou ser contra as PPPs; na
entrevista, Paes cita que o deputado federal já declarou que o modelo de
parcerias com a iniciativa privada são "uma desgraça do capitalismo".
— Quero dizer que sou a favor das PPPs, porque não é possível reerguer o Rio de Janeiro sem a iniciativa privada como aliada. O que eu sou contra e sempre fui, é a promiscuidade pública privada, outra PPP. Essa eu sou contra e fez muito mal ao Rio nos últimos governos. Foi ela que afastou do Rio bons empresários, tirou daqui o investimento que a gente tanto precisa. Então, é bom separar as coisas — acrescentou. — Nós temos a visão para o Estado do Rio. Temos um plano para reerguer e recuperar o Rio, e temos uma equipe feita com o que há de melhor na sociedade, qualificada para tomar as medidas necessárias. Além disso, temos coragem para as atitudes que o Rio precisa.
Marcelo Freixo tem todo meu respeito e admiração.
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