Folha de S. Paulo
Até que ponto os cúmplices que Bolsonaro
implantou no sistema impedirão que ele pague por seus crimes?
Jair Bolsonaro acaba de nomear mais um aliado para um cargo-chave na administração. Desta vez, trata-se de um indivíduo com autoridade para bloquear, ignorar ou mesmo apagar as investigações contra um de seus filhos pela extorsão de funcionários chamada "rachadinha". Qual é a novidade? Todo dia, Bolsonaro infiltra em cargos-chave elementos de sua confiança. É sua prerrogativa, mas nunca um presidente amarrou tão bem o sistema visando a proteger-se, assegurar impunidade ou eternizar-se no cargo.
Bolsonaro já se garantiu na rede de
procuradorias, corregedorias, controladorias, delegacias, órgãos públicos de
busca e informação e até no STF, no qual implantou dois pinos. Tem pelo menos
um cúmplice em cada tribunal. Foi fazendo isso aos poucos, em silêncio,
enquanto nos distraía com a chusma de militares, nem tão decisivos, que transplantou
para o governo. O resultado desse enraizamento está na tranquilidade com que
afronta diariamente a lei e sai assobiando, como se se soubesse fora do alcance
dela.
A literatura e o cinema criaram dois
personagens igualmente sinistros: o professor Moriarty, arqui-inimigo de
Sherlock Holmes, e o Dr. Mabuse, imortalizado em três filmes de Fritz Lang. O
primeiro controlava Londres; o segundo, a partir de Berlim, fitava o mundo. O
alcance de ambos compreendia desde uma carteira furtada no metrô até a
manipulação de leis, passando pelo hipnotismo de gente influente, espionagem
eletrônica e controle de organismos essenciais.
Quando, ao fim de uma história, achava-se
que Moriarty e Mabuse estavam mortos ou derrotados, crimes como os deles
continuavam acontecendo. Eram de seus auxiliares deixados impunes ou de
estudiosos de seus métodos e que conseguiam replicá-los. O terror não tinha
fim.
Bolsonaro, um dia, descerá da cadeira e responderá por seus crimes. Resta ver até que ponto os homens que impregnou no sistema impedirão que pague por eles.
Eu acho que ele vai fugir do Brasil,vai ser um foragido.
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