sexta-feira, 22 de abril de 2022

Sem acordo com PT, PSD de Minas acena para Ciro

Petistas insistem em lançar candidato próprio ao Senado

Por Cibelle Bouças /Valor Econômico

Belo Horizonte - A falta de consenso com o PT para candidato ao Senado por Minas Gerais tem levado o PSD a avaliar uma mudança da esquerda para o centro. Não por acaso, o pré-candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, tem se aproximado mais do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Se PT e PSD não chegarem a um acordo nos próximos dias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficará fora do palanque do ex-prefeito e candidato ao governo do Estado Alexandre Kalil (PSD).

O partido de Gilberto Kassab já decidiu competir com chapa pura em Minas Gerais, tendo Kalil concorrendo ao governo estadual, o deputado Agostinho Patrus, como vice, e o senador Alexandre Silveira buscando a reeleição. O PT impôs como condição para Lula apoiar Kalil a candidatura do deputado Reginaldo Lopes ao Senado.

Nesta semana, o PSD começou a divulgar propaganda apresentando o histórico político de Alexandre Silveira e sua atuação no Senado. “Alexandre Silveira é nosso candidato à reeleição no Senado. Isso já está fechado”, disse o secretário-geral do PSD de Minas, deputado Cássio Soares. De acordo com Soares, o PSD ainda considera “muito possível” obter o apoio do PT: “O Lula precisa do Kalil e o Kalil precisa do Lula. Não creio que uma candidatura ao Senado vá atrapalhar essa relação. Creio que isso vá se resolver nos próximos dias.”

Soares também disse que o PSD não vai admitir duas candidaturas no mesmo campo político, caso o PT decida apoiar informalmente Kalil ao governo e lançar Reginaldo Lopes ao Senado.

Na visão do deputado do PSD, as duas candidaturas dividiriam os eleitores e facilitaria a vitória dos adversários. “Hoje é muito importante para o PSD mineiro a reeleição do Alexandre Silveira. Ele é presidente do partido em Minas e secretário-geral do PSD nacional. Seria um bom gesto o Lula compreender que isso é maior do que qualquer pretensão de um deputado do PT almejando vaga no Senado”, disse Soares.

O deputado estadual Cristiano Silveira, presidente do PT em Minas Gerais, disse que há uma divergência sobre a aliança com o PT nas falas de Kalil e do presidente do PSD, Gilberto Kassab. “O PSD precisa definir se quer o apoio de Lula e do PT ou não. Ainda estamos dispostos a dialogar sobre um apoio mútuo Kalil e Lula. Mas, se não quiserem, iremos construir o nosso caminho”, afirmou o petista.

Silveira acrescentou que Reginaldo Lopes é o candidato de Lula em Minas para o Senado. Em relação ao candidato a senador do PSD, Silveira disse que o PT não tem veto ao nome dele, mas o partido não abrirá mão de Lopes. “Então os dois saem candidatos”, afirmou.

O PT fez uma consulta à Justiça Eleitoral para saber se é possível a mesma chapa lançar dois candidatos ao Senado e ainda aguarda o parecer. Se não for permitido, o partido avalia um apoio informal a Kalil.

Questionado sobre a possibilidade de o PSD não admitir as duas candidaturas para o Senado, Silveira disse que, nesse caso, o PT vai discutir com a federação e com a direção nacional do partido a possibilidade de ter candidato próprio ao governo no Estado. “Tanto o PT, quanto o PV e o PCdoB possuem bons quadros que poderão estar à disposição da federação”, afirmou.

Kalil foi procurado para comentar a respeito do possível apoio a Lula ou a Ciro. Em nota, o ex-prefeito informou que está conversando com diversos partidos para a formatação de alianças. Por enquanto, o PSB e o Democracia Cristã (DC) demonstraram interesse em apoiar formalmente Kalil, além do PT.

Em relação a um possível apoio do PSD a Ciro Gomes, Cássio Soares observou que o ex-prefeito Kalil tem uma boa relação com o presidenciável do PDT, mas garantiu que essa possibilidade ainda não foi colocada na mesa para discussão. “A prioridade é esgotar as possibilidades de apoio mútuo entre Lula e Kalil. Caso não avance, vamos ao plano B”, afirmou o deputado.

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