Folha de S. Paulo
Presidente pediu apoio em dois encontros
para reduzir vantagem de Lula com eleitor mais pobre
Durante uma feijoada
num apartamento do Morumbi, há duas semanas, um convidado perguntou a Jair
Bolsonaro como os empresários poderiam ajudar sua campanha à reeleição. O
presidente chamou os funcionários da cozinha, falou sobre os perigos de uma
vitória da esquerda em outubro e pediu aos endinheirados que fizessem o mesmo com
outros trabalhadores.
Quem contou a história foi o próprio
Bolsonaro. Dias depois daquele almoço, ele foi a um
evento com donos de supermercados e sugeriu que eles falassem com
"os mais humildes" em suas lojas. "É reunir pelo menos uma vez
por semana com o pessoal no canto e dar a palavra: 'Onde está apertando o calo
de cada um de vocês?'. Para ganhar a confiança."
Bolsonaro sabe onde seu calo aperta nesta eleição. Quando pediu apoio dos mais ricos na feijoada do Morumbi, o presidente se referiu aos trabalhadores da cozinha como um "pessoal que ganha, em média, R$ 2.000 por mês", segmento em que ele enfrenta uma desvantagem arrasadora.
Os
últimos números do Datafolha mostram que Lula supera Bolsonaro no
primeiro turno por 56% a 20% entre os eleitores mais pobres. No segundo turno,
a margem é ainda maior: 66% a 25% a favor do petista.
A turma do andar de cima, em contraste, já
deu demonstrações reiteradas de simpatia pelo presidente. Mas o grupo
representa só uma fração do eleitorado brasileiro. Bolsonaro espera, então, que
os mais ricos exerçam alguma influência sobre o segmento de baixa renda —que
concentra metade dos votos do país.
O presidente quer os empresários como
sócios. Além de participarem de campanhas de arrecadação, eles devem falar com
seus funcionários sobre os perigos do comunismo para convencê-los a votar
contra o PT.
Bolsonaro parece interessado em reproduzir
o modelo Havan. Em 2018, o empresário Luciano Hang fez pressão para que
trabalhadores votassem no capitão e insinuou que faria
demissões em caso de vitória da esquerda. A ameaça lhe rendeu uma
condenação na Justiça do Trabalho.
A elite econômica do Brasil tem o presidente que merece,cruzes!
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