Revista IstoÉ
Antes, o pai sabia que seu filho teria uma vida melhor que a sua. O progresso não era só uma fala ideológica, era uma realidade concreta
A eleição de Jair Bolsonaro em 2018 foi o
ápice de um processo histórico que pode ser explicado por diversas razões que
nasceram no século XX. As últimas quatro décadas foram marcadas pela perda do
dinamismo econômico que caracterizou os anos 1930-1980, quando o Brasil foi o
País que mais cresceu no mundo ocidental. Não custa recordar que em 1980 o
Brasil tinha, no hemisfério sul, o maior parque industrial.
O processo de industrialização intensificado a partir da Revolução de 1930 construiu um Brasil moderno, em revolução permanente, com deslocamentos populacionais que não só mudaram a distribuição demográfica, mas – e principalmente – moldou uma dinâmica sociedade com o crescimento das cidades – algumas rapidamente chegando ao status de metrópoles – e enfrentando os grandes problemas nacionais. No otimismo dos anos 1930-1980 o pai sabia que seu filho teria uma vida melhor que a sua, assim como ele vivia em melhores condições que seu pai. O progresso não era só uma fala ideológica, era uma realidade concreta.
Com a crise dos anos 1980, o Brasil foi
perdendo o bom caminho do desenvolvimento. Ironicamente, aquela década foi
chamada de perdida, isso quando – hoje – com a distância histórica sabemos que
das últimas quatro décadas, aquela foi a que teve os melhores números em
relação ao crescimento do PIB.
Tínhamos durante os anos 1930-1980 elites
nas diferentes frações da sociedade e que entendiam o seu papel histórico. As
divergências eram sobre a forma como o Brasil cresceria e se tornaria um
protagonista na cena mundial. O entusiasmo era uma constante, mas estava
calcado em fatos e não em um discurso ufanista, frágil, panfletário.
Os rumos da política acabaram conduzindo a uma profunda reestruturação econômica. É inegável o êxito do agronegócio e do setor primário, em sentido mais amplo. Mas é inegável que a desindustrialização levou a Brasil a uma crise de difícil solução. Nas regiões metropolitanas onde vive boa parte da população, as alternativas econômicas são restritas, diferentemente do auge da industrialização. Hoje há milhões de brasileiros que sobrevivem fazendo “bicos”, sem uma relação formal de trabalho, além da geração “nem-nem”, nem trabalha, nem estuda. São bombas relógios sociais prontas para explodir.Achar o caminho do desenvolvimento é condição indispensável para o Brasil voltar a ser Brasil. Caso contrário, seremos o País do passado, do ontem.
O Villa só esqueceu de dizer que entre os anos 1930 e 80 tivemos duas ditaduras terríveis.
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