O Estado de S. Paulo
Guimarães, que ‘sonhou’ com o lugar de Guedes (o PG1), acumulou polêmicas na gestão da Caixa
Pedro Guimarães, o presidente demitido da
Caixa por assédio sexual, era chamado em Brasília de PG2. Foi nomeado pelo PG1,
o ministro da Economia, Paulo Guedes, com a chancela do “porteira fechada”. Na
época, isso significava “sem interferência política”. Era o começo do governo
do presidente que proclamava ter sido eleito para enterrar a velha política.
O PG2 não fugia desse receituário inicial
bolsonarista. Vindo do mercado financeiro, Guimarães se portava com prepotência
e ar de superioridade em relação aos agentes públicos.
Na grande sala onde se instalou no QG da transição, no CCBB, ele se dizia perseguido pelos políticos, integrantes do mercado e pela mídia por ser genro de Léo Pinheiro, ex-executivo da empreiteira OAS, condenado por pagar propinas na Lava Jato. Era comum nas conversas cair em prantos, situação que deixava desconfortáveis os seus interlocutores.
Sem provas, prometeu “devassa” nas contas
da Caixa, justamente após uma gestão do conselho de administração que
empreendeu esforços para recuperar as finanças do banco e construir regras
sólidas de governança.
Chegou a falar de forma preconceituosa como
se todos os políticos, especialmente os prefeitos, fossem corruptos. No início,
recusou-se a receber os parlamentares, o que gerou embaraços nas discussões da
reforma da Previdência.
Na primeira grande polêmica no cargo,
reduziu a concessão de novos empréstimos para o Nordeste, reduto tradicional da
oposição. Depois de o Estadão mostrar com números do próprio banco o que estava
acontecendo, acabou recuando.
Após esse episódio, a chave virou. Ficou
cada vez mais próximo da velha política. Passou a fazer viagens, lives ao lado
do presidente e apoiar políticas públicas para o banco na contramão do
receituário liberal do PG1, seu chefe imediato.
No início da pandemia da covid-19, aliou-se
de vez ao núcleo palaciano e às lideranças do Centrão que fritavam Guedes.
Frequentava todas as listas dos prováveis substitutos do ministro. Em certo
momento, chegou a espalhar dentro da
Caixa que ficaria com o cargo.
Não conseguiu. Mas à frente do banco com o
maior número de clientes e com imensa capilaridade depois do auxílio emergencial,
era um grande sócio do presidente na corrida pela reeleição.
Caiu porque funcionárias corajosas
enfrentaram o medo e denunciaram o assédio. Alçada à presidência da Caixa,
Daniella Marques não poderá fugir da missão de fazer uma limpa no banco
daqueles que compactuaram e abafaram as denúncias por tanto tempo.
É uma vergonheira atrás da outra.
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