O Estado de S. Paulo
O Projeto de Lei Complementar (PLP) 18/22,
que deve seguir para sanção presidencial, pode reduzir os preços dos
combustíveis nos postos por um fator adicional: por desestimular fraudes e
sonegação.
O senador Fernando Bezerra (MDB-PE),
relator do projeto no Senado, garante que a sonegação é de cerca de 30%, alguma
coisa perto dos R$ 14 bilhões por ano, conforme cálculo da Fundação Getulio
Vargas.
Ao impor o teto entre 17% e 18% na alíquota
do ICMS para os combustíveis, fraudes e sonegação deixam de valer a pena,
porque os ganhos ilícitos ficam mais baixos e não devem compensar os riscos,
como antes compensavam.
Como até agora os Estados vinham adotando
alíquotas com grande diferença entre elas, a fiscalização encontra dificuldades
para atuar e, assim, para coibir práticas ilícitas.
Estas se valem de vendas interestaduais fictícias, notas fiscais frias, canceladas ou duplicadas para uso em mais de uma operação. E isso não é tudo. As ilegalidades envolvem ainda roubo e furto de carga, até mesmo em dutos, adulteração da qualidade do combustível (com misturas acima da permitida por lei ou com produtos proibidos de menor tributação), fraude em bombas e ação de postos piratas.
A fronteira entre o Rio de Janeiro e São
Paulo é considerada o ponto mais sensível nessas distorções. O governo
fluminense adota alíquota do ICMS de 34% para a gasolina e de 32% para o
etanol. Do outro lado da fronteira, em São Paulo, as alíquotas são,
respectivamente, de 25% e de 13,3%. Esses tratamentos tributários díspares vêm
gerando diferenças de R$ 0,81 no preço final da gasolina e de R$ 1,18 no etanol
hidratado.
Entre as práticas ilícitas mais comuns na
divisa está a tredestinação, quando o combustível é vendido de São Paulo para
um revendedor em um Estado cuja carga tributária do ICMS é menor, como Minas
Gerais ou Espírito Santo, mas é entregue fisicamente no Rio de Janeiro, onde a
alíquota do ICMS é mais elevada. A falta de barreiras fiscais e o uso de vias
alternativas, como estradas vicinais, facilitam as fraudes que, de quebra,
promovem a concorrência desleal.
Outra fraude recorrente, principalmente no
mercado de etanol, é a atuação de empresas chamadas “barrigas de aluguel”, que
acumulam débitos tributários com emissão de notas frias de vendas diretas das usinas
para os postos.
Como relata Carlo Faccio, diretor do
Instituto Combustível Legal, problemas desse tipo também são enfrentados na
fronteira do Paraná e do Rio de Janeiro e na venda de etanol produzido no
Centro-Oeste para outras regiões do País, principalmente para o Nordeste.
Se sonegação e fraude devem cair, as tais perdas de arrecadação de Estados e municípios podem não ser tão significativas, como têm concluído algumas avaliações.
O brasileiro e seu eterno jeitinho.
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